Quero deixar aqui, registrado publicamente, o meu muito obrigado a essa parceira tão gentil, tão atenciosa e que sempre está disposta a doar seu tempo para ajudar autores que a procuram.
Ida querida, meu muito obrigado, de coração, por sua generosidade e parceria. Você é pica. Das grossas.
Vamos ao que interessa.
Fabiano:
O olhar de Reinaldo encontrou o meu, cheio de raiva e desespero. Eu não baixei a cabeça, o encarando com coragem e determinação. Ele sabia que eu tinha provas suficientes para destruir sua fachada.
As mãos de Reinaldo tremiam, enquanto ele, derrotado, devolvia as fotos.
— Onde você conseguiu isso? — Ele sussurrou, olhando nervosamente ao redor.
— Isso não importa. — Respondi, guardando as provas. — O importante é que Malu saiba a verdade. Você a usou, manipulou e enganou. E ela, uma mulher casada, se deixou seduzir. Vocês não valem nada.
Eu já tinha conseguido um dos meus objetivos, que era destruir sua satisfação, não deixando que ele me humilhasse. Era hora do “Grand Finale”.
O rosto dele se contorceu em raiva.
— Você está arriscando tudo, Fabiano. Seu emprego, sua reputação ...
— Sua ameaça vazia não me assusta. — Interrompi. — Poder, dinheiro, influência … você também não tem nada disso, seu babaca …
Fiz um sinal disfarçado para Luana e ela se aproximou.
— O que está acontecendo?
Reinaldo rapidamente se recompôs.
— Nada, apenas uma discussão sobre negócios.
Luana olhou para mim, segurando a vontade de rir. Eu apenas sorri, piscando para ela, o sinal definitivo. A verdade seria revelada logo.
— Pode ir buscá-los? Faria isso por mim? — Pedi, sorrindo para ela.
Luana nem pestanejou:
— Só se for agora.
Luana deixou o iate, sumindo entre as embarcações ancoradas, e todos, confusos e curiosos, encaravam Reinaldo e eu, sem se dar conta do que estava prestes a acontecer.
Malu se aproximou, confusa, com uma mistura de curiosidade e apreensão.
— O que está acontecendo, Fabiano?
Eu a encarei, meu olhar duro e firme, refletindo a dor da traição.
— Você sabe perfeitamente, Malu. Não finja inocência. Achou que eu não iria descobrir a verdade?
Malu franziu a testa, ainda tentando se mostrar inocente.
— Do que você está falando, Fabiano? Não estou entendendo.
Minha voz permaneceu calma, mas firme.
— Não adianta negar. Eu sei de tudo sobre você e Reinaldo. Chega de mentiras. Você não passa de uma marionete nas mãos dele. Uma traidora manipulada por suas próprias ambições.
Malu arregalou os olhos, tentando se mostrar surpresa, mas eu via o pânico por trás de sua máscara.
— Fabiano, você está louco! Não sei do que você está falando …
Eu sorri, sarcástico, me lembrando das promessas quebradas.
— Ah, Malu ... Chega de fingir. Chega dessa farsa. Acabou, já deu.
Tirei outro envelope do bolso e o joguei sobre ela com um gesto brusco.
— Estas imagens falam mais do que qualquer palavra. Veja por si mesma.
As fotos se espalharam pelo chão, mostrando cenas íntimas de Malu e Reinaldo em diferentes momentos. Algumas eram recentes, outras, mais antigas. A expressão de Malu mudou de surpresa para horror.
Ela empalideceu, a voz tremendo.
— Onde ... você conseguiu isso?
Resmunguei:
— Vocês se merecem … até a reação é a mesma.
Reinaldo interveio, desesperado, tentando salvar o que restava de sua reputação.
— Malu, não se deixe enganar. É ele que está tentando manipular você!
Mas era tarde demais. A verdade já havia sido revelada. Malu olhou para Reinaldo, depois para as fotos, e seu mundo desmoronou. Suas lágrimas silenciosas revelavam a dor e a vergonha.
Ela permaneceu em silêncio, seu olhar perdido entre as fotos, como se cada imagem fosse uma faca afiada perfurando sua alma.
Eu suspirei profundamente, sentindo uma mistura de tristeza, dor, mas também alívio.
— Nós compartilhamos bons momentos, anos felizes. Mas agora acabou. Não há mais volta.
Meu tom foi firme, mas sem raiva, apenas uma resignação profunda. Continuei:
— Você fez sua escolha, e agora precisa enfrentar as consequências. Não podemos continuar assim, vivendo uma mentira.
Reinaldo tentou intervir novamente, mas eu o interrompi, a mão em seu peito, minha voz cortante:
— Não, Reinaldo. Chega. Está na hora de arrancar sua máscara de vez. Você manipulou e destruiu vidas.
Malu olhou para mim, lágrimas nos olhos, desespero em seu rosto.
— Fabiano, por favor, acredite em mim ...
Cortei gentilmente, sem me exaltar:
— Não, Malu. Não há mais o que dizer. A verdade está aqui, nas fotos. É hora de assumir a responsabilidade pelas suas ações.
Entreguei-lhe outro envelope, o mesmo que mostrei a Reinaldo. Fotos dele com suas amantes.
— Este é o seu amante, ou melhor, seu e de outras quinze. É por esse cara que você destruiu nossa família?
Malu ficou estarrecida, olhando foto por foto. Lá estavam amigas, colegas de trabalho, e até subalternas, pessoas que trabalharam no projeto de marketing para Reinaldo.
— Isso é verdade? — Malu perguntou, olhando Reinaldo com ódio. — Você me usou, me enganou, acabou com meu casamento e por quê? O que eu fiz para merecer isso?
Interrompi novamente, minha voz cansada, sem emoção:
— Ele não acabou com nada. Você fez uma escolha. Era você a minha esposa, minha parceira. Foi você que acabou com nosso casamento, nossa confiança e nosso amor.
O silêncio que se seguiu foi pesado, carregado de dor e arrependimento. Malu sabia que não havia volta. Ela me conhecia muito bem.
Era hora de terminar com as revelações. Tirei um terceiro envelope do bolso, olhando diretamente para Cecília.
— Acho que você também vai querer ver isso.
Entreguei o envelope à Malu, que o abriu com as mãos trêmulas. Cecília se aproximou, colada ao ombro dela. O conteúdo era explosivo: fotos de Rafael com Reinaldo e imagens íntimas, recentes, de Rafael e Geovana.
— Nosso amigo Rafael, sempre solícito, não passa de um capacho do Reinaldo e um joguete da Geovana. — Eu disse, com desdém. — Os três se enganam mutuamente.
Malu e Cecília encararam Rafael com decepção, se sentindo traídas. Geovana tremia de raiva.
— Você me investigou? — Ela perguntou, em voz alta. — Como você ousou fazer isso?
Cortei sua fala, sarcástico:
— Você só queria me usar. Eu te usei também. Estamos quites. Obrigado por tudo, sem você, nada disso seria possível.
Reinaldo encarava Geovana com ódio. Rafael se colocou à frente dela, pronto para protegê-la.
Revelei detalhes da investigação:
— Rafael foi colocado por Reinaldo ao lado de Cecília, para manipular a ideia de casamento aberto.
Olhei para Malu:
— Você caiu na armadilha. Geovana e Rafael são comparsas, interesseiros. Eles nunca estiveram separados.
Reinaldo parecia ainda mais derrotado, seu mundo desmoronando.
Mulheres começaram a aparecer ao redor do iate, uma a uma. Agitadas, confusas e curiosas, se juntando, olhando umas para as outras em busca de respostas. A tensão era palpável. O véu das mentiras havia sido retirado.
Voltei ao deboche, observando Reinaldo em desespero:
— Reinaldo, suas amantes chegaram. Não vai recebê-las?
Uma mulher, visivelmente enfurecida, aproximou-se, subindo as escadas para o convés.
— Reinaldo, o que está acontecendo aqui? Quem são essas pessoas?
Tomando a frente, respondi com sarcasmo:
— Peço desculpas, mas só as conheço por números. Você é a amante número três. Essa – apontei para Geovana – ela é a amante número um. Ela pode lhe dar mais detalhes.
A mulher, autoritária, aproximou-se do Reinaldo, exigindo explicações:
— Não vai falar nada? O que esse homem está dizendo, Reinaldo? Por que me chamou para vir aqui?
Reinaldo, finalmente, reagiu:
— Eu não te chamei! Nem sei o que você está fazendo aqui.
Mostrei um áudio no meu celular:
"Tô com saudade, minha branquinha. Quer velejar comigo no sábado? Me encontre no iate”.
A resposta dela ecoou:
“Você está doido, Reinaldo? Como vou sair de casa sem meu marido perceber, em pleno sábado?".
A voz de Reinaldo, fria e calculista, ressoou:
"Você é quem sabe. Se não quiser, vou encontrar quem queira".
A mulher, rendida, respondeu:
"Tá bom. Vou dar meu jeito".
As mulheres, agora cientes da verdadeira situação, começaram a se encarar, confusas e irritadas. Todos subiram e o caos tomou conta do convés.
Gargalhei, satisfeito.
— Ficou muito bom, Geovana. Você se superou!
Olhei para Reinaldo, sem conseguir parar de rir.
— O que uma boa Inteligência Artificial não faz ... A voz ficou perfeita. Impossível dizer que não foi você.
As mulheres, agora unidas em sua indignação, já que todas receberam áudios parecidos, achando que falavam com Reinaldo, partiram para cima dele. Algumas, esposas de amigos, nem se importavam mais com a minha presença.
Malu chorava desesperadamente, enquanto Cecília tentava consolá-la. Geovana se aproximou de mim, raivosa:
— Sacanagem! Você me fodeu.
— Para de graça. — Respondi, desdenhoso. — Você só queria me usar para os seus planos. Eu tinha os meus.
Malu se jogou aos meus pés, suplicando:
— Me perdoa, amor! Eu sei que errei, que te machuquei ... Nós ...
Cortei sua fala, parando de rir, finalmente:
— Chega, Malu. Você me traiu, mentiu, me manipulou ... Não existe 'nós'. Não mais.
Minha atuação quase cedeu. Estava emocionado, precisando desabafar:
— Eu amei você, Malu. Você era meu mundo. Eu faria qualquer coisa por você, até aceitar uma relação aberta, desde que fosse de forma honesta e conjunta. Mas assim, do jeito que você agiu, por mentiras e manipulações ... você me humilhou. Eu nunca mais poderia me olhar no espelho se aceitasse esse ultraje.
As mulheres continuavam a atacar Reinaldo, enfurecidas, exigindo uma explicação. Geovana e Rafael já haviam desaparecido, aproveitado o caos para fugir.
Luana finalmente chegou, como combinado, com a "tropa de maridos traídos".
— Demorei? — Ela me entregou um novo envelope e meu notebook. — Tudo certo!
— Timing perfeito, minha linda. Obrigado.
Eu chamei a atenção de todos, abrindo o notebook. Uma apresentação de slides preparada pelo investigador revelava cada traição. Cada esposa, desmascarada.
— Peço desculpas pelo espetáculo. — Eu disse. — Mas a verdade é necessária. As partes mais ... comprometedoras, foram enviadas para o e-mail de cada um de vocês. Façam o que acharem melhor.
A chegada dos maridos traídos mudou o cenário. Cada mulher tentou se justificar, implorar perdão … a maioria aos prantos, sendo ferozmente xingadas pelos maridos.
Alguns, indignados, arrastavam suas esposas infiéis. Outros partiram sozinhos, enquanto as mulheres corriam atrás, desesperadas. Alguns tentaram agredir Reinaldo, mas eu intervi:
— Não vale a pena. Vocês darão a ele o direito de processá-los, de sair por cima. Não sejam vítimas duas vezes.
Três amigos pessoais, maridos traídos, me abordaram, agradecendo:
— Obrigado, Fabiano. Você nos livrou de uma vida de mentiras.
Dois sócios do Reinaldo, irados, lhe deram um ultimato:
— Você está acabado, Reinaldo! Vai se afastar dos negócios ou vamos destruir você.
Um helicóptero surgia no horizonte, junto com uma mensagem no meu celular. Tentei acalmar os sócios:
— Relaxem, ainda há uma surpresa final. Peço que aguardem alguns minutos.
Duas amantes, iludidas, ainda permaneciam, esperando consolar Reinaldo. Malu, irreconhecível, chorava desesperadamente, apoiada por Cecília.
— Me espere no carro. — Eu disse para Luana. — Não quero você perto disso. Não vamos arriscar algum dano colateral.
Luana acatou meu pedido, sumindo novamente entre as embarcações ancoradas.
O barulho inconfundível do helicóptero, se preparando para pousar, abafava qualquer som, mesmo com a discussão entre Reinaldo e seus sócios a todo vapor.
Ele pousou no iate, no terceiro andar, e de dentro dele, acompanhada por seu advogado e por dois seguranças que mais pareciam duas montanhas de músculos, saiu Adriana, a “esposa” do Reinaldo.
A cara de velório do canalha era impagável. Ele não acreditava no que estava acontecendo. Ele me encarou pálido:
— Foi você? Por que fazer tudo isso?
Eu nem me dei ao trabalho de responder, pois Adriana, em sua cadeira de rodas motorizada, um modelo de última geração, que até era capaz de fazer com que ela ficasse ereta, em pé, olhava para Reinaldo em um misto de fúria e elegância.
— Falta de aviso, não foi … briguei com os poucos parentes que tinha, me devotei a você, o transformando no homem que é hoje. E o que eu recebo em troca? Traição, mentiras, desvios de dinheiro e manipulação …
Apesar da mobilidade reduzida, Adriana era uma mulher belíssima. Loira, esbelta, olhos verdes hipnotizantes … os traços nórdicos, a beleza europeia, a faziam parecer uma daquelas supermodelos que vemos em desfiles internacionais.
Reinaldo, totalmente acabado, cabeça baixa, olhar perdido, nem teve coragem de responder.
Ela se virou para mim:
— Sr. Fabiano, obrigado por ter aberto os meus olhos, me mostrado a verdade. Meu advogado cuidará de tudo de agora em diante. Entrarei em contato em breve, assim como combinamos.
Os dois brutamontes que a acompanhavam recolheram Reinaldo como se ele fosse um boneco de pano. Ele não ofereceu resistência. Adriana falou com os sócios, os acalmando, e todos entraram no helicóptero. O piloto levantou voo, sumindo no horizonte em poucos minutos.
Malu continuava no chão, chorando, incapaz de fazer outra coisa. Cecília permanecia ao seu lado, tentando acalmá-la. Me aproximei das duas, entregando para Malu o envelope que Luana tinha me trazido: a minuta do divórcio e também, nosso acordo pré-nupcial.
Ela se desesperou, chorando ainda mais forte. Malu olhou para cima, suplicando:
— Amor, por favor ... não me deixe! Eu sei que errei, mas eu te amo!
Eu me afastei, impassível:
— Malu, tudo acabou. Mesmo que você não mereça, serei justo.
Malu se levantou, trêmula, e tentou agarrar meu braço:
— Não, Fabiano! Não faça isso! Eu farei qualquer coisa para compensar!
Neguei com a cabeça:
— Nada pode compensar a traição e a mentira. Você escolheu esse caminho, agora enfrente as consequências.
Malu caiu de joelhos, implorando mais uma vez:
— Por favor, Fabiano! Não me abandone. Eu não posso viver sem você.
Mantive a calma:
— Você deveria ter pensado nisso antes de me trair. Assine os papéis, Malu. É o fim.
— Fabiano, não! Por favor, não me deixe! Eu farei qualquer coisa, tudo o que você quiser. Só …
Eu a afastei, firme.
— Nosso acordo pré-nupcial é claro, Malu. Sua família me obrigou a assiná-lo, lembra? Quem diria que ele hoje me protegeria?
Malu agarrou minhas pernas, suplicando novamente:
— Não me importo com os bens, fique com tudo. Eu só quero você. Eu te amo!
Eu a segurei gentilmente, me livrando de suas mãos:
— Malu, pare. Eu quero apenas resolver isso sem dramas. Você me deve isso após tudo o que fez. Fique com a casa, foi um presente dos seus pais. Eu só quero o que é meu, minhas economias e investimentos. Nada além disso.
Malu se debatia, histérica.
— Eu não posso viver sem você … Eu morrerei sem você …
Minha voz permaneceu calma.
— Assine os papéis, Malu. É o fim. Não prolongue isso.
Cecília olhou para mim com lágrimas nos olhos, enquanto tentava conter Malu.
— Fabiano, eu ... eu sinto muito. Eu não sabia de nada disso.
Eu me aproximei, tranquilizando-a.
— Cecília, não se culpe. Você é a única pessoa limpa nessa história. Malu a enganou e a manipulou, tanto quanto a mim.
Cecília balançou a cabeça.
— Eu deveria ter visto ... Eu deveria ter desconfiado.
A acalmei com um gesto.
— Não, Cecília. Você foi uma amiga leal. Malu escolheu esconder a verdade. Não é sua culpa.
Cecília suspirou, aliviada.
— Obrigada, Fabiano. Você é muito generoso, até mesmo num momento como esse.
Eu sorri, estava realmente triste. Dez anos juntos não se apagam tão facilmente.
— A verdade é que você foi vítima também. Malu abusou da sua confiança. Ela usou você por interesse próprio.
Malu não desistia:
— Por favor, amor … eu imploro, me perdoa.
Fui honesto:
— Eu perdoo você, Malu. Não quero levar essa mágoa e rancor comigo para o futuro … — Vendo um olhar esperançoso nela, eu logo a trouxe de volta à realidade. — O que não quer dizer que manteremos esse casamento. Eu não confio em você, não a respeito mais.
Malu tentou falar, mas eu não tinha paciência para continuar aquele confronto. A raiva começava a tomar conta de mim.
— Chega. Não há mais o que discutir. Malu, assine os papéis ou vamos para o litigioso. Você escolhe. Você só continua me machucando, me ferindo. Isso não é amor, não tem como ser … não encerre nossa história dessa forma, me obrigando a …
Vendo a minha reação, entendendo que não havia mais esperança, Malu finalmente pegou a caneta e assinou.
Eu olhei para ela última vez, depois para Cecília, mas não disse nada. Não havia nada para dizer. Ao sair do iate, senti um alívio imenso.
Atravessei aquele labirinto de embarcações, indo direto até Luana, que me esperava no carro, preocupada.
— E aí, como foi? — Ela perguntou, ansiosa.
Respirei fundo.
— Foi como esperávamos. Malu se desesperou, implorou, mas assinou os papéis. Acabou!
Luana me abraçou, calorosamente.
— Você está bem?
Sorri, me sentindo vingado.
— Sim, estou livre.
A viagem de volta do litoral foi um misto de alívio e reflexão. Chegamos à casa de Luana e eu a agradeci:
— Obrigado. Você me deu forças nos momentos difíceis. Não sei o que faria sem você. — Beijei sua boca com paixão.
No entanto, ela percebeu que minha mente estava em outro lugar.
— E agora? O que pretende fazer?
— Não sei! Preciso tirar minhas coisas mais importantes daquela casa. Procurar um lugar provisório …
Esperançosa, ela me interrompeu:
— Fica comigo! Me deixa cuidar de você.
Hesitei para responder, mas ela não me pressionou.
Meu celular vibrou e eu o peguei para ver quem me ligava. Era Anderson, um bom amigo, um dos maridos traídos, também parceiro de trabalho. Atendi:
— Fabiano, podemos falar? Eu vi o e-mail que você mandou … como ela pôde fazer isso comigo … como ela …
Ouviu som de coisas se quebrando. Anderson precisava de mim.
— Não faça bobagens, cara. Chego aí em vinte minutos.
Desliguei a ligação e expliquei rapidamente para Luana minha preocupação com Anderson. Ele é um homem nervoso, pavio curto, capaz até de agredir a esposa.
Antes que ela saísse do carro, eu respondi:
— Eu aceito! Eu venho ficar com você. O que acha de uma viagem? Estamos a poucos dias do fim do projeto do shopping, talvez …
Luana sorriu lindamente, me beijando em seguida.
— Posso planejar? Posso escolher o destino?
— Claro. De preferência, um destino romântico, para curtir a dois.
Luana me beijou novamente, saindo do carro em seguida.
— Vou tentar não demorar, tá bom?
Curiosa, ela perguntou:
— Vai passar na sua casa?
— Hoje não … outra hora. Tenho algumas roupas para emergência no carro, justamente preparadas para esse momento. Elas são o suficiente para alguns dias.
Me despedi de Luana e dirigi até a casa do Anderson sem demora. Ele estava no jardim da frente, com uma garrafa de cerveja na mão. Cascos de vidro espalhados à sua frente. Foram as garrafas quebradas contra o muro, que eu escutei durante a ligação.
Mesmo me vendo, fazendo sinal para eu entrar, ele permaneceu na mesma posição.
— Desculpa pela forma que tudo ocorreu, mas eu não sabia outra forma de expor aquele canalha, de contar a verdade para você. — Eu disse, receoso.
Ele não me culpou:
— Eu entendo, cara. Você não tem culpa de nada. Você abriu os meus olhos, me mostrou a verdade …
Ele me olhou com tristeza:
— Como você descobriu? Malu e Cláudia tinham o mesmo amante, isso eu já entendi. Mas como você ficou sabendo de tudo?
Primeiro expliquei sobre o pedido de Malu por uma relação aberta e como, inicialmente, por medo de perdê-la, eu aceitei. Depois contei sobre Geovana, o telefonema misterioso e debochado, nosso encontro e como ela revelou a verdade.
Anderson ouvia tudo sem interromper, afogado em sua dor. Continuei:
— Eu percebi que a Geovana tinha uma agenda própria, mas estava interessado em ajudá-la e desmascarar Malu no processo.
Peguei uma cerveja que ele me ofereceu, dei um gole e voltei a falar.
— Contratei um detetive particular para documentar a traição. Como eu tinha um contrato pré-nupcial com Malu, achei que era importante ter tudo devidamente registrado para o divórcio.
Anderson terminou sua cerveja e novamente arremessou a garrafa contra o muro, abrindo outra na sequência. Eu me assustei momentaneamente, não esperava, mas voltei a contar.
— O que ele descobriu, a sujeira que envolvia Reinaldo, era demais para deixar passar. Foi então que eu bolei meu plano, um encontro entre todas as amantes e também os maridos traídos.
Anderson parecia morto por dentro enquanto eu explicava.
— O surgimento de uma companheira, uma mulher muito rica que o financiava, foi uma completa surpresa. Foder com a relação e a vidinha de luxo que ele ostentava, às custas da idiota rica e apaixonada, foi apenas a cereja do bolo. Caras como ele, só sentem dor no bolso. É a única coisa que os atinge.
Tentando animá-lo, brinquei com a situação:
— Rapaz, a mulher é linda. Mesmo com os problemas que ela tem.
Mostrei para ele a foto do perfil do aplicativo de mensagens. Mesmo assim, ele continuava apático, sem reação. Perguntei:
— E aí? Vai fazer o quê? Vai se separar da Cláudia? Sabe que pode contar comigo. Estou aqui por você.
Anderson finalmente reagiu, me surpreendendo:
— Não sei, cara … Eu amo demais aquela vagabunda. Não sei se estou pronto para desistir …
Realmente, Anderson era completamente louco por Cláudia. Eu jamais iria julgá-lo, independentemente da escolha que ele fizesse. Fui solidário:
— Essa é uma decisão que apenas …
Ele me interrompeu, tentando se justificar:
— Nós temos dois filhos pequenos … preciso pensar nas crianças …
— Você não me deve satisfações, amigo. Faça o que achar melhor para a sua vida.
Conversamos por quase duas horas, tomamos mais algumas cervejas e eu me despedi dele. Só na hora de ir embora, percebi que Cláudia estava em casa, me olhando com ódio pela janela, por uma fresta na cortina.
Voltei para Luana, para meu novo lar provisório e para a promessa de um novo futuro, sem mentiras e manipulações. Ela me recebeu nua, de banho tomado, linda como sempre. Ataquei aquela bucetinha cheirosa com ardor, sugando e lambendo com um desejo animal.
Chupei os grandes lábios, massageei o grelinho com os dedos, depois com a língua. Chupei cada parte daquela xoxota deliciosa, ouvindo os gemidos alucinados:
— Ah, caralho … assim que eu gosto, seu puto … chupa essa buceta … Ahhhh …
Ela gozou aos berros, inundando minha boca com seu mel abundante.
— Ahhhh …. Meu amor … isso é incrível … Ahhhhh … que tesão … que delícia …
Fodi a safada de quatro, de ladinho, no papai e mamãe, deixei que ela montasse sobre mim … fodemos a noite toda, de todas as formas possíveis e imagináveis … nossa vida a dois estava apenas começando.
Demorei quase duas semanas para voltar à minha antiga casa, num horário que Malu estivesse no trabalho. Peguei documentos importantes, meu computador pessoal, minhas ferramentas e as roupas que eu mais gostava, além das que usava para trabalhar.
Deixei as chaves da casa e minha aliança sobre o aparador do corredor de entrada, junto com um bilhete, com o horário marcado no cartório, para sacramentar de vez o divórcio.
Nós nos encontramos três dias depois no cartório. Malu parecia outra pessoa, magra e abatida, um fantasma daquela mulher linda e de bem com a vida de outrora. Ao seu lado, Cecília e o advogado. Trocamos olhares, fomos educados, mas eu não deixei que a conversa fugisse do essencial.
Os procedimentos foram rápidos, já que o único bem em comum era a casa, que eu deixei para ela. Nossos carros estavam no nome de cada um e eram modelos de valor semelhante. Nunca tivemos contas conjuntas, já que eu pagava, na prática, por tudo.
Malu nunca foi uma pessoa egoísta financeiramente. Eu pagava por tudo por achar que era a minha obrigação de homem, por ter sido criado dessa maneira. Em compensação, Malu me calçava e vestia, sempre com roupas de ótima qualidade. Ela também pagava por viagens, por jantares e passeios.
Apesar da sua traição, um ano e meio de mentiras e manipulações, foram oito anos de uma relação sólida e feliz. Isso contando apenas o tempo de casados. Prefiro guardar na memória a Malu de antes, a mulher dedicada e que me ajudou a crescer como homem e como profissional. Devo muito do que sou a ela, para o bem ou para o mal.
Pessoas traem, mentem, manipulam, isso é uma coisa comum, a regra, não a exceção. Eu não posso deixar essa passagem lamentável definir todo o resto da minha vida.
Eu posso ser feliz de novo. Tenho alguém merecedora do melhor de mim. Deixar a mágoa e o rancor se instalarem no meu coração, seria uma decisão errada, um veneno que me consumiria, de forma lenta.
O que aconteceu com Reinaldo? Sinceramente, não sei. Não me importo. Eu nunca mais o vi, ninguém sabe realmente dele. O que sei, de concreto, é que Adriana me ofereceu a administração de uma parte de seus negócios. Mas não da forma que vocês pensam. Tenho chefes e devo satisfação. Se a vi duas vezes, depois do ocorrido no iate, foi muito. Ela mora em outro estado e após minha atitude de confrontar Reinaldo, expor suas safadezas, acabei caindo em sua graça.
Uns dizem que, hoje em dia, Reinaldo não passa de um corretor de imóveis, um trabalhador comum. Outros dizem que ele foi preso, após tentar aplicar golpes financeiros em antigos conhecidos. Outros ainda, contaram que ele se mudou do país, imigrando ilegalmente para Portugal, tentando recomeçar a vida onde ninguém o conhece.
Tudo isso não passa de especulação, fofoca, ninguém realmente tem uma informação cem por cento confiável.
Geovana e Rafael sumiram de vez, ninguém que eu conheça os viu de novo. Ainda bem.
Eu ainda tenho coisas a contar sobre Luana e eu. E também sobre Malu. Mas isso fica para o epílogo, na semana que vem.
Obrigado a todos por acompanharem a minha história.
Fim!!!
Revisão e consultoria: Id@