Voltei para o meu quarto como quem foge de um incêndio. O problema é que o fogo continuava lá dentro, queimando devagar. Não importa o que eu faça, certas coisas grudam na cabeça como chiclete no tênis. Aquela conversa entre minha mãe e minha tia era um desses casos.
Sentei na beirada da cama e esfreguei o rosto. Já sabia sobre a história da minha mãe com aquele tio. Só que ouvir aquilo vindo da boca de Marcia, com o sarcasmo e a provocação que só ela sabe colocar, deu outro peso à coisa toda.
Deitei na cama por um tempo, tentando colocar os pensamentos em ordem. Deixei a conversa rodar na minha cabeça, analisando cada pausa, cada insinuação. Foi aí que percebi algo importante: se aquilo não era um problema para elas – laços de sangue e tudo mais –, então por que deveria ser para mim?
A ideia começou a ganhar forma. Primeiro como um pensamento ousado, depois como um plano deliberado. Se minha mãe não havia percebido minha ereção, talvez fosse hora de ser mais claro.
Levantei, fui até o espelho do quarto e me encarei. O short parecia... excessivo. Não ia ajudar no que eu queria.
Suspirei e o tirei, deixando-o sobre a cama. Cueca boxer apenas. Nada mais. Minha boxer preta não escondia muita coisa. Estava quente, e convenhamos, vestir mais do que isso seria desnecessário. Me encarei por um momento, ajeitei o cós com um movimento automático, quase distraído. Não havia nada de errado em andar assim pela casa, certo? Era natural, confortável. Ou pelo menos essa era a desculpa que eu me dava.
Mas, no fundo, a verdade era outra. Você sabe disso, e eu também. Depois daquela conversa, algo mudou. A ideia de testar os limites com minha mãe parecia... irresistível. Não era só sobre desejo; era sobre curiosidade, sobre essa dança silenciosa que, de repente, parecia estar acontecendo entre nós.
Olhei mais uma vez no espelho antes de sair. Meu corpo estava relaxado, mas a mente... ah, a mente estava em chamas. Aquelas palavras de Marcia continuavam reverberando. O que ela disse sobre Marta, o jeito que insinuou as coisas, e a naturalidade com que tudo aquilo foi tratado.
Abri a porta do quarto. Já tinha passado um tempo desde a conversa que ouvi. Era seguro presumir que Marcia já tivesse ido embora. E mesmo se ainda estivesse por ali, bem, a situação seria no mínimo interessante.
Caminhei pela casa, sentindo o frescor no corpo quase exposto. Passei pela cozinha – vazia.
Cheguei à sala e me joguei no sofá com a desenvoltura calculada de quem sabe o que está fazendo. As pernas abertas, o tronco relaxado. A boxer ajustava-se ao corpo como uma segunda pele. Era impossível não notar o contorno, e, sinceramente, eu sabia disso. Parte de mim se perguntava se Marta notaria também. E se notasse... o que faria?
A TV estava ligada em algum canal qualquer, mas minha atenção não estava nela. Eu estava testando. Experimentando. Peguei o controle remoto e comecei a mudar de canal, mais para ocupar as mãos do que por interesse. A tensão no ar era quase palpável. Não sabia quando minha mãe apareceria, mas sabia que era apenas uma questão de tempo.
E ali fiquei, esperando. O próximo movimento não era meu.
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