-Eu não entendo! - Z deu outro gole na bebida e bateu o copo com força na mesa, foi então que percebeu que já era hora de ir pra casa.
-Calma, deixa eu ver se eu entendi ela disse que quer ver você, ficando com outra, mas quando você flertou, ela ficou com ciúme? É porque ela acha que a outra garota quer roubar você! Ela deve ter dito no calor do momento, mas deve se sentir insegura. Deixa de ser lezo, esquece isso e continua- Mat falou mais alto do que Z gostaria, mas ele refletiu sobre o conselho.
-É ne, você tem razão, eu me empolguei como um adolescente! - os dois riram da atitude inocentemente ingênua de Z, depois se jogaram na cadeira, ambos entenderam que era hora de ir.
O bar não estava lotado, mas o álcool o fez parecer impossível de caminhar, os dois cambalearam até à frente enquanto cantavam alguma música em tons totalmente opostos ao da música real. Fazia anos que não se vial, se despediram entre xingamentos e abraços demorados até que Z foi jogado no banco de trás do Uber, ele ainda sorria antes de se lembrar do diálogo que teve no bar, Mat era o único amigo que tinha, estava com a situação entalada e convenhamos que não é um assunto que todos podem compreender sem julgar.
O banco estava macio e o teto balançava, o barulho dos carros ao redor, na maioria do tempo parados pelo engarrafamento, criou o ambiente perfeito para um embriagado adormecer, por isto Z tateou os bolsos até encontrar o celular, um pouco de luz.
O brilho invadiu os olhos, Z fechou forte, na escuridão da própria mente o flash branco trouxe uma memória rapidamente, um piscar de um dia que ele gostaria de esquecer, a mão envolta do pescoço de um garoto, as pessoas ao redor tentando contê-lo, sua ex gritando como ele estragava tudo.
-Você me bate e depois quer pedir desculpas?!
-Me desculpe! Mas você falou do meu irmão!
-Z é melhor você ir embora.
Os olhares, foi como se transportar para o dia, ele nunca entendeu por que as coisas tinham que ser assim, ele não queria precisar fazer o que fez, mas sabia que foi provocado primeiro então por que todos o olhavam daquela forma? Raiva? E hoje? Tantos anos depois? Ele abriu os olhos, fitou o teto do carro e pensou que hoje nenhuma daquelas pessoas fazem diferença em sua vida mais, sussurrou.
-bateria de novo.
-o Que disse filho? - perguntou o motorista entre tosses de algum cigarro barato
-nada! Foi o celular!
Abriu o primeiro aplicativo que apareceu, o Instagram, álcool e Instagram sempre foi um problema, já fazia anos que ele estava se isolando e sentindo cada vez menos interesse em pessoas.
Passeou por alguns vídeos, algumas notícias e registros de acidentes de trânsito, algo que sempre assistia durante o tédio, foi quando uma postagem lhe chamou atenção.
O dedo pairando sobre a tela, a poucos centímetros de tocar no ícone da garota com um batom preto na boca, se clicasse iria ver a mais recente postagem dela. Ele queria ver, mas já fazia dias que se debatia mentalmente para tentar manter os olhos afastados desta garota específica, ela ascende todos os fetiches de Z, mas o álcool empurrou o dedo, na postagem ela exibia uma roupa diferente, o cabelo preto, contrastando com a maquiagem pesada, olhos marcantes, uma boca que lhe fazia pensar o que seria capaz de fazer, mas o que mais chamou atenção estava entre os panos pretos, pequenas correntes penduradas como acessório, ela já havia postado alguns gostos diferentes, gostos em comum com ele, “mas nada se compara ao que fazemos, ela ainda é uma garota normal, não um doente como você” - Gritou uma voz grave na cabeça de Z- Mas mesmo com a tentativa de interromper o interesse nela, ele continuou olhando, ele sabia que talvez ela também compartilhasse coisas mais sombrias em comum, foi instantâneo, a mente de Z imergiu.
…
Uma lembrança… a visão turva, o cenário, demorou para reconhecer, era seu antigo quarto, iluminado pela lâmpada vermelha, uma música alta tocava no fundo, Z olhou para as palmas das mãos, em uma, a vela segurada com força começava a derreter, na outra, a ponta de uma corrente que se misturava com uma corda e se estendia até os braços da garota posicionara no sofá-divã a frente dele, a lembrança era lúcida.
A corda deixava a pequena garota imóvel, ela também não podia falar por conta da mordaça colocada, os braços para trás estavam vermelhos, posicionados sobre os joelhos, com o rosto no estofado e empinando sua bunda, nua e iluminada apenas pela cintilação da vela no quarto vermelho, era possível ouvir a garota respirando pesado, as correntes dançavam pelo corpo dela, foram bem amarradas.
Z se aproximou, uma gota de cera quente escorreu da vela até sua mão, mas o arder apenas aumentou o calor que o consumia, aquela garota, ali, frágil, entregue as mãos dele, Z puxou a corrente apertando mais ainda o corpo da menina que soltou um pequeno gemido, posicionara no centro do quarto, de bunda empinada, Z começou a acariciar aquela pele branca e delicada, decorreu os dedos por cada canto possível, ele queria senti-la, queria mapear aquele corpo, era como se estivesse gravando ela memória, ele andou alguns passos para trás e deu o primeiro tapa, não foi forte, não esperou muito, deu outro tapa, este foi forte, a marca da mão ficou desenhada com vermelhidão na pele branca dela.
Ela respirava de forma pesada, Z chegou perto da garota, subiu sua perna e pisou na cabeça dela, o rosto da menina afundou no estofado negro. Ele sussurrou.
-Pai, me perdoe pelo pecado que vou cometer.
Ele estendeu a vela sobre a garota enquanto pisava a cabeça da menina, virou devagar o objeto, as ceras quentes e derretidas começaram a atingir a costela dela, a garota gemeu alto e se contorceu, Z puxou as correntes com mais força! O prazer de ver aquela pele sendo apertada, mais cera caiu, era como se cada gota esquentasse ainda mais aquela sensação de prazer, ele queria consumi-la, ela gemeu mais uma vez, mais um tapa forte foi lançado, o estalo ecoou no quarto junto com a música, ela estava arrepiada por completa, a sensação de domina-la, ela merecia sentir dor, ela queria que Z ficasse satisfeito, aquela garota quis se entregar para o prazer dele, como um monstro se alimentando de uma presa voluntária, “não” pensou “um monstro não! um Demônio”, Z derramou outra gota da cera quente e puxou as cordas, “Como você pode se entregar para mim, um lado obscuro e demoníaco que quer se alimentar da sua dor, eu quero destruir você enquanto te fodo, como isto não lhe assusta, garota…” A chama ardeu, Z estava com todas as sensações a flor da pele, aquela garota, a corda apertando ada vez mais, as gotas da vela, seu pé pressionando aquela cabeça frágil e doce, a dor intensificando o prazer, ele estava duro como nunca, até que retirou o pé e puxou novamente as cordas acompanhado de outra tapa, desta vez naquela buceta molhada que implorava para ser fodida, mas desta vez ela acabou virando a cabeça para ele, mas algo estava diferente, de repente a lembrança se transformou em um sonho e aquela já não era a mesma garota de anos atrás, Z enfiou seu pau na buceta dela de uma vez, com a estocada firme ela se debateu e tirou a mordaça, gemeu alto, ele metia e derramava a cera quente nas costas dela, a música ensurdecia qualquer um, era pesada, para combinar com o ritmo do momento, mas uma pergunta sondava “quem é esta garota?” Ele apertava e puxava ela pelas cordas, a deixando pendurada, mostrando que ali ela não era nada além de um mero brinquedo de prazer, ele sentia sua buceta escorregar, cada contato de pele gritava junto com a dor.
Mas a pergunta se repetia à medida que ele fodia ela no sonho, até que por fim ela olhou para ele “Ela?!”
Z acordou assustado, o carro parado, o motorista o olhou pelo retrovisor e disse:
-chegamos!
…
Ao sair do carro ele sacudiu sua cabeça, como poderia estar sonhando acordado com a garota do Instagram, uma antiga conhecida. Ela despertava lembranças de uma vida que ninguém sabia que ele tinha, isto estava mexendo com ele. Z entrou em casa e decidiu por tomar um banho e deitar, mas a lembrança do sonho no banco de trás do Uber ficou lúcida em sua mente, naquela noite, ele fodeu sua namorada com força, a amarrou com o cinto da calça e o lençol da cama, mas ninguém sabia o real motivo que despertou o tesao daquela noite, a foda cotidiana não foi suficente, os videos de gore voltaram a ser assistidos, Z voltou a imaginar coisas, o lado que estava contido à um bom tempo pela quantidade de problemas que lhe causou, ardeu como fogo, o demônio que ele tanto esconde, após muitos anos, parecia ter se interessado em alguém, mas lembrou da conversa que teve no bar com o amigo, talvez não devesse se permitir pensar demais em certas coisas, pois sabe que não é bom com seres humanos, sempre se sentiu uma espécie de bicho do submundo perdido nesta vida e a medida que envelhece percebe com mais força que tem a habilidade de machucar pessoas com facilidade, por isto retornou aos videos de ponografia pesada, para tentar saciar os desejos e não precisar escutar os pensamentos, mas aquele não foi o último dia que Z sonhou com a garota, memórias passaram a voltar, o demônio teria acordado.