Quando acordei, o dia já estava claro, olhei do meu lado e Carla não estava. Provavelmente não deu para ela me visitar. Quando levantei meu rosto, vi Carol sentada no sofá mexendo no celular. Ela viu que eu tinha acordado e veio me dar meu abraço e meu beijo de bom dia. Ela disse que já estava indo buscar o meu café. Eu fui ao banheiro fazer minha higiene pessoal e fui tomar meu café. Carol me disse que Marina mandou mensagem pedindo para me avisar que a ordem de restrição da Carla foi derrubada. Que o processo que minha mãe e meu irmão movia contra a Carla foi arquivado. E que se Carla quisesse poderia até processar minha família, mas ela não quis. Então estava tudo encerrado. Eu disse que era bom saber disso, mas eu queria ter tido o prazer de testemunhar nesse processo. Carol disse que realmente seria bem interessante meu testemunho.
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Estava terminando o café quando Carlos apareceu no quarto. Era incrível a semelhança dele e da Carla. Com certeza ele era o homem mais bonito que eu já tinha visto na vida. 🤭
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Ele me cumprimentou e perguntou como eu estava. Eu disse que muito bem e o agradeci pelo tratamento que eu estava recebendo no hospital. Ele disse que eu devia agradecer a Carla. Eu disse que eu já tinha feito isso e iria continuar fazendo. Ele disse que pelo que ficou sabendo, não tinha dúvidas disso e deu um sorriso. Carol simplesmente deu uma gargalhada. Depois pediu desculpas e saiu com a mão na boca. Eu não sabia onde enfiar a cara. Ele ficou rindo da Carol e depois disse que só passou rápido porque Carla pediu para avisar que não apareceu porque teve um imprevisto na operação que ela foi fazer, mas que no início da noite iria vir me ver e explicaria tudo. Eu falei que não tudo bem. Ele disse que a Nina também pediu para avisar que não iria vir ao hospital naquele dia. Mas que na segunda ela estaria de volta.
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Eu fiquei olhando ele com uma cara de interrogação, ele sorriu e disse que a doutora Catarina não viria trabalhar e sorriu. Ele disse que o filho deles estava resfriado e ela preferiu ficar com ele no final de semana. Eu disse que tudo bem, eu tinha entendido. Ele se despediu e se foi. Carol voltou para perto de mim e pediu desculpas pela gargalhada, eu disse que tudo bem. Perguntei a ela que dia era da semana e ela disse que era sábado. Eu não tinha ideia de que dia era. Perdi a noção dos dias da semana e do mês ali no hospital. Ficamos ali de papo e praticamos alguns exercícios que tínhamos abandonado nos últimos dias. Na hora do almoço Marina apareceu e me confirmou as notícias que Carol tinha me dado. Ela disse que iria me contar mais umas coisas que aconteceram durante meu sono de seis meses.
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Marina: Depois deixei Michele na clínica, eu liguei para meu pai e perguntei de quem era o prédio que ele tinha comprado o apartamento em que você morava. Ele disse que era de um amigo dele, eu falei para ele que precisava de um favor. Expliquei a ele o que eu precisava e ele disse que não seria problema. Voltei para o prédio e o síndico já me esperava na entrada. Ele me levou até uma sala e explicou que as imagens das câmeras eram gravadas em nuvens, elas ficavam salvas por três meses e eram excluídas automaticamente. Eu perguntei a ele se tinha como ele me mostrar as imagens da semana após o acidente na porta do prédio. Ele disse que sim, mas eram muitas horas de filmagens. Eu nessa hora imaginei que o'que eu queria ia ser mais difícil do que eu imaginei. Ele me explicou que se eu soubesse o dia e a câmera em questão seria mais fácil. Eu comecei a pensar. Michele não tinha o cartão das cancelas do estacionamento. E para Lucas ter levado o que levou ele precisaria de um carro. Pedi para o síndico esperar e liguei para Carla.
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Eu perguntei a Carla se seus pertences pessoais estavam no hospital. Ela disse que não sabia, mas poderia verificar. Depois de uns três minutos ela me ligou de volta e disse que sua mãe tinha pegado suas coisas no segundo dia que você estava internada. Eu perguntei se foi no mesmo dia que seu irmão te visitou. Ela disse que não tinha certeza absoluta, mas achava que sim. Pedi para ela verificar para mim e olhar o horário da visita. Ela perguntou o que estava acontecendo, eu disse que seu apartamento foi roubado e eu tinha quase certeza que tinha sido seu irmão. Ela disse que já me ligava de novo. Carla demorou um pouco, mas me ligou e confirmou que foi no mesmo dia e me confirmou o horário da visita. Eu pedi ao síndico para ver a câmera da entrada do estacionamento, dei a data e falei que eu queria ver só as imagens depois das treze horas. Ele disse que era melhor ele ligar para alguém da empresa de segurança vir ajudar, porque provavelmente eu iria querer as imagens se eu achasse o que eu estava procurando. Eu disse que sim, ele ligou e explicou a situação. Depois foi para frente do computador e me perguntou em nome de quem estava o cartão do estacionamento. Eu disse que no meu nome, mas minha amiga que estava usando é morando no meu apartamento. Ela perguntou o meu nome completo. Depois começou a mexer no computador. Ele tinha as datas e horários que o cartão foi usado.
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Com aquela informação foi mais fácil de achar o momento exato no vídeo que seu irmão e mais dois homens entraram no estacionamento em uma caminhonete pequena, ficaram um pouco mais de uma hora e saíram com algumas coisas na traseira na caminhonete. Mas o síndico falou que o cartão tinha sido usado em dois dias após o acidente e depois não tinha mais registro. Ele foi procurar no vídeo do outro dia e no horário de uso. Seu irmão estava sozinho e sem carro. Ele entrou e ficou no prédio uma hora mais ou menos e saiu no seu carro. Eu perguntei se tinha mais câmeras que poderiam ter filmado eles. O síndico disse que tinha outras no estacionamento, no elevador e nos corredores do prédio. Eu perguntei se tinha como ele verificar e salvar todos os vídeos que eles apareciam. Ele disse que sim, mas iria levar muito tempo e ele iria precisar de ajuda para salvar tudo, por isso ele chamou o técnico da empresa de segurança. Eu disse a ele que se ele é o técnico conseguisse fazer isso eu daria mil reais para cada um deles. Mas pedi para ele verificar a câmera da entrada do prédio no primeiro dia depois do acidente, na parte da manhã, porque talvez o rapaz tivesse vindo no prédio mais cedo. Ele disse que com certeza eles iriam fazer isso. Eu passei meu numero para ele e falei para ele me avisar assim que estivesse pronto.
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Sai dali e fui direto para minha casa, eu precisava pensar no que fazer e claro fui pedir conselhos a minha minha mãe. Quando cheguei em casa meu pai perguntou se tinha dado certo o que eu queria. Eu disse que sim, e que graças a ele, porque sem a autorização do dono do prédio eu iria precisar de um mandado para ter acesso aos vídeos. Isso levaria muito tempo, eu teria que fazer uma denuncia e sem provas. Provavelmente eu nem conseguiria, ele pediu para eu explicar direito o que estava acontecendo. Eu perguntei onde minha mãe estava e o chamei para vir comigo que eu iria explicar tudo.
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Minha mãe disse que o que Lucas fez mesmo com as chaves era crime, porque ele não tinha sua autorização para retirar nada do prédio. Para ele fazer isso legalmente ele teria que ter entrado com um pedido para ser seu curador, já que você estava sem condições de tomar decisões. Isso iria levar tempo, mas talvez ele até conseguisse. Mas da forma que ele fez, era furto. Porém isso nem cadeia daria se ele fosse primário. Eu disse que seu irmão não era, que ele já tinha sido preso por roubo. Minha mãe falou que então ele com certeza seria preso, mas que como não era flagrante, iria demorar. Isso se ele fosse condenado. Já que com certeza ele iria alegar que você tinha pedido ele para retirar as coisas antes. Mas que mesmo assim ela achava que valeria a pena arriscar fazer a denúncia.
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Eu disse que eu faria sim, mesmo que seu irmão não fosse preso na hora, poderia ser depois e ainda tinha a Michele. O que ela me contou poderia complicar seu irmão com a justiça. Eu só não tinha certeza se valeria a pena fazer ela passar por isso logo depois dela ser internada na clínica. Fiquei meio em dúvida do que fazer e vim te visitar no outro dia. Tive uma crise de choro no seu quarto, Carol que me consolou. Acho que foi a primeira vez que a vi não só como uma mulher bonita, mas também como uma pessoa atenciosa. Naquele dia nos aproximamos mais e não foi só com ela que peguei mais intimidade. Quando fui sair do hospital encontrei Carla que estava chegando. Ela veio falar comigo, ela estava preocupada por causa das ligações. Expliquei para ela o que estava acontecendo e ela falou que o que eu precisasse era só avisar que ela iria ajudar. Mais uma vez ela foi muito gentil comigo e vi que ela realmente se preocupava com você.
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No outro dia eu me lembrei do que Michelle tinha me pedido. Liguei para o ex dela e contei o que ela tinha pedido. Ele queria saber o que exatamente tinha acontecido. Marcamos um almoço e tivemos uma conversa bem difícil. Eu contei toda a verdade para ele do que houve com a Michele. Ele me confirmou toda a história que ela contou, era realmente verdade, ela não tinha mentido sobre o que ele viveu com ele. Eu vi aquele homem chorar igual uma criança na minha frente. Foi de cortar o coração ver ele naquelas condições. Ele disse que ia fazer o que ela pediu e pediu para eu avisar se caso você acordasse. Ele disse que tentaram te visitar, mas não deixaram eles entrarem. Eu falei para ele que eu avisaria e pedi para ele não levar a Rafaela no hospital. Não seria saudável para a cabeça dela ver você como você estava naquela época. Ele disse que iria fazer isso e me agradeceu por avisar ele da Michele.
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Na parte da tarde o síndico me ligou e disse para eu ir no prédio que estava tudo pronto. Quando cheguei estava ele e o técnico. Eles disseram que tinha passado todas as imagens para um pen-drive. Que tinha todas as imagens do roubo e do dia que seu irmão foi sozinho. E que olharam o que eu pedi e seu irmão tinha ido de manhã no prédio. Ele chegou, conversou algo com o porteiro e subiu. Ficou no apartamento um tempo, depois saiu com uma mochila e foi embora. O síndico disse que perguntou ao porteiro que estava no dia e ele se lembrava bem só seu irmão. Que ele se identificou com seu irmão e avisou que tinha ido pegar umas roupas para levar para você no hospital. Eu disse ao síndico que tinha falado com o porteiro e ele não mencionou isso. O síndico disse que o porteiro que estava no dia, era o que trabalha durante a noite, e naquele dia eles tinham trocado de horário por algum motivo. Que às vezes eles faziam isso. Eu disse que tinha entendido. Ele me deu o pen-drive e eu paguei o dinheiro que combinei para os dois. Sai dali e fui para a delegacia civil mais próxima.
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Falei com um detetive que foi muito atencioso. Ele disse que minha denúncia tinha fundamento. Pediu para eu entregar o pen-drive como prova para ele verificar. Me disse que ia investigar o caso e me manteria informada. Eu fiquei com receio de entregar o pen-drive e ele percebeu. Ele deu um sorriso e abriu uma gaveta. Tirou um outro pen-drive e perguntou se pelo menos uma cópia ele podia fazer. Eu fiquei sem graça com aquela situação. Mas ele me disse que eu estava certa em querer proteger a maior prova que eu tinha. E não tinha problema algum eu ficar com o pen-drive. Que ele entendia que ser um policial não era critério para provar que ele era honesto e infelizmente a polícia nos dias atuais não era confiável. Eu sorri meio sem graça e deixei ele fazer uma cópia do pen-drive. Ele pediu meu número e falou que me ligaria assim que tivesse novidades.
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Eu fui para casa e à noite ele me ligou. Disse que era para eu ir na delegacia no outro dia sem falta que precisava falar comigo urgente sobre o caso. Mas que tinha que ser pessoalmente. Eu falei que às oito eu estaria lá. E assim eu fiz, o detetive me disse que eu tinha entregado um pote de ouro para ele. Que uma amiga dele do Denarc precisava falar comigo. Eu perguntei se ele poderia me adiantar o assunto. Ele me disse que seu irmão estava sendo investigado por outros crimes e que a amiga dele iria me explicar melhor.
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Bom, por hoje chega. Está quase na hora de eu ir embora e queria saber como você está. Você se importa que eu termine amanhã? Acho que posso terminar tudo ou pelo menos quase terminar de te contar tudo que eu sei.
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Aline: Tudo bem. Eu estou morrendo de curiosidade, mas não tem como você terminar hoje mesmo. Amanhã você termina.
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Carol: Eu sei porque ela não quer terminar hoje! Vai chegar na parte da namoradinha dela 😒
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Marina: Eu não namorei com ela. Nós ficamos duas vezes e nunca mais a vi. E eu nunca te escondi isso amor. Nós não estávamos juntos na época, mas mesmo assim me desculpe, ok?
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Carol: Eu sei. Foi só meu ciúme falando. Eu que lhe devo desculpas.
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Aline: O que eu perdi?
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Marina: Eu fiquei com a detetive que investigou seu irmão, foi isso.
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Aline: Entendi. Bom, vamos mudar de assunto então.
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Marina: Na verdade eu preciso ir. Amanhã eu volto.
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Marina me deu um beijo rápido e saiu. Vi que ela estava chateada. Marina é do tipo que é super sincera com quem ela ama, mas odeia quando alguém duvida dela e principalmente dos seus sentimentos. Ela saiu e Carol me olhou com uma carinha triste.
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Carol: Pisei na bola né?
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Aline: Eu até te entendo. Quando a gente gosta de alguém, a gente tem ciúmes, o problema é que ela vê isso de forma diferente. Ela te ama e deixou isso claro. Você demonstrar ciúmes para ela é o mesmo que duvidar dos sentimentos dela. Acho que isso é algo para vocês sentarem, conversarem e tentar chegar em um acordo.
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Carol: Vou fazer isso. Mas vou deixar ela se acalmar primeiro.
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Ficou aquele clima chato ali no quarto. Carol estava visivelmente triste. Era uma situação complicada. Eu entendia o lado das duas e estava torcendo para que elas se entendessem também.
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper