Parte 3 – A viagem escondida
Parei na esperança de que eles não me ouvissem, fiquei na porta do quarto atento a cada palavra.
- Você acabou com o meu casamento, seu irmão não olha na minha cara, minha filha me odeia e eu não sei o que fazer
- Acabou o seu casamento é o caralho sua vagabunda, você que traiu seu marido, e me fez trair a pessoa que eu mais amo nesse mundo.
- Pronto! Agora o santinho quer colocar tá culpa em mim? Eu seduzi o garoto pra dormi na minha cama, se foder Jonas, vai se foder!
- Eu te falei, larga ele e vamos embora, comprei as passagens e você escolheu ficarmos nessa porra dessa mentira, o João ia entender se você terminasse e fosse embora.
- Terminar ? Você acha que eu não amo o João ? Antes de casarmos éramos melhores amigos, minha vida inteira foi ao lado dele, não é só terminar e fugir seu filho da puta, eu tenho uma filha, uma família.
Nessa hora alguém eu tossiu e eles ouviram o barulho, desci as escadas correndo, e vi Camila vindo atrás de mim, entrei no carro e ela estava na porta de casa parada, ela me olhava e estava claro que ela sabia que eu ouvi a conversa.
Digerindo toda aquela história que acabei de ouvir percebi que Jonas e Camila eram amantes a algum tempo, e fiquei pensando se mais gente sabia, e minha vergonha, sentimento de humilhação tomaram conta de mim, nem eu conseguia me olhar no espelho.
Dirigi até a casa que era nossa, entrei e peguei tudo que era meu, quando mexia no guarda roupas achei as malditas passagens, ela ia realmente fugir com o meu irmão e largar nossa família.
Eu tomei a decisão de fugir, sabia que no puteiro da dona Evandra eles não me achariam, peguei tudo entrei no quarto da minha filha e deixei um celular com o meu número e pedi para que não contassem a ninguém que tinha contato comigo. Passei na casa da Jack e deixei uma carta que dizia que eu precisava sumir e que amava eles. Pedi que enviassem a Jéssica também a carta dela.
Passei no Jonas e joguei a carta pra ele por debaixo da porta, disse que naquele dia ele estava morto pra mim, e que me tratasse como morto também.
Por fim deixei uma carta para Camila, nela tinha apenas algumas palavras
“Eu te amo, como os pássaros amam a primavera, mas pássaros mortos não buscam flores”
Assim fui para dona Evandra, mudei de nome, agora me chamavam de Oz, e me apelidaram de O Professor, era conhecido pelo silêncio e a solidão, porém frio e calculista. Só sabiam da minha identidade a dona Evandra e a Lena, que eu passava dias secando mas ela não me dava bola.
Quase todos os dias eu falava com a minha filha pelo celular, e as vezes eu descia o morro para passar o dia com ela e o nosso acordo era não falar de ninguém além de nós, ela tava cada dia mais linda e mais inteligente.
Levava uma vida pacata trabalhando de segurança do puteiro, até o dia em que uma das meninas apareceu assustada.
- Dona Evandra !!! Dona Evandra!!! Um dos traficantes levou a Lena a força, ele vai estuprar ela, faz dias que ele vem tentando e ela ignorando, agora ele arrastou ele pra cima do morro.
Eu ouvindo tudo não pensei duas vezes e subi o morro, eu já era conhecido na área e não foi difícil chegar no chefe.
- 2N! Preciso falar contigo
- Qual foi professor, o que tu quer comigo? Me ensinar algo a essa altura do campeonato?
2N era o apelido Adriano, que virou Nandinho na infância e depois 2N como chefe do tráfico, cria da comunidade era um negro magro e alto, vestia ternos brancos e não era viciado, era justo com as regras que ele criou, e sabia que estuprador ali não se criava.
- Um dos teus pegou a força uma menina da Dona Evandra, quero sua autorização pra resolver isso.
Ele chamou dois rapazes e cochichou algo no ouvido deles e mandou sair
- Fala Professor, vai resolver como? Ensinando matemática para malandro ?
- Eu tenho meus métodos, só preciso da sua autorização
- Faz o seguinte, só não mata o garoto, se tiver vivo, traz ele pra mim e a gente conversa.
Sai de lá e não foi difícil achar a casa do moleque no morro, afinal um traficante arrastando uma garota chama muita atenção.
Andei em volta do barraco e pude ver Lena algemada encima de um colchão velho e ele com uma arma na mão dizendo que ela ia ser dele, bati na porta da casa, quando ele abriu eu já soquei a cara dele que caiu no chão e a arma para o lado, dei mais dois socos pra ele desmaiar amarrei ele com cadarços de tênis que estavam na casa.
Lena quando me viu começou a chorar compulsivamente, a abracei forte e acalmei acariciando seus cabelos, soltei ela das algemas e levei para Dona Evandra cuidar e voltei pra levar o moleque pro 2N.
- Está aí o vagabundo – empurrei ele amarrado e amordaçado
- Qual foi pivete, qual a regra no morro sobre estupro ?
- A morte! - gritava os outros que estavam em volta do 2N
- Mas eu não estuprei ela - falou o garoto com ledo
- Vai me tirar de otário ? Você acha que eu não tenho olhos e ouvidos aqui? Tua sorte é que o professor te achou, se fosse eu, tu tava numa vala
- Foi mal chefe, eu achei que ela queria e por isso... - O Pivete foi interrompido com um tapa na cara
- Já falei pra não me tirar de otário! Levem ele pro julgamento
O julgamento acontecia em um local deserto na mata atrás do morro, se condenado, que foi o caso do Pivete, era queimado vivo em pneus ali mesmo e os restos enterrados em uma vala comum apelidado de buraco do inferno ou só buraco.
- Então professor, você deu aula né ?
- Sim durante muito tempo, de história com foco em Direitos Humanos.
- Se liga, o que acha de trabalhar com os jovens da comunidade? Nosso projeto precisa de gente igual ao senhor, pensa no assunto.
- Vou pensar, agora preciso ver como Lena está
- Diga a Dona Evandra que mandei lembranças e desculpas pelo ocorrido.
Cheguei no puteiro e Lena estava no quarto, bati na porta pedindo para entrar, a porta abriu, e ela estava encolhida em posição fetal, chorando ainda. Botei uma almofada no meu colo e deitei a cabeça dela na almofada e fiquei fazendo carinho até ela adormecer, quando ela dormiu, deixei ela no quarto e fui para o meu.
Quando eu peguei no sono ela entrou com baby Doll amarelo que deixava muito gostosa, deitou com rabo virado pra mim e ficamos de conchinha, dormimos um pouco mas acordei de pau duro, tentei de tudo para ela não sentir, não me parecia certo.
Mas Lena botou a mão pra trás para sentir ele e com um leve sorriso olhou pra mim
- Parece que tem alguém animado aqui?
- Não tem como, você é muito gostosa, me desculpe.
- Teu sonho é me comer né ?
- Não vou mentir de pau duro, é sim.
- E se eu deixar, você vai me abandonar ?
- Se você deixar eu vou querer mais
Ela colocou meu pau pra fora e virando pra mim, nos beijávamos enquanto ela me masturbava
- Porra Lena, não faz isso comigo, não me deixa passar vontade
Ela mordia meu queixo, beijava meu pescoço e foi no pé do meu ouvido
- Me come...
Botei ela deitada e beijava seu pescoço e seus peitos, arranquei aquela roupa toda, e fiquei admirando aquela gostosa
- Não vai me comer?
- Estou admirando antes, você é uma deusa, muito gostosa
Desci até aquela buceta melada e na primeira lambida ela gemeu mordendo os lábios. Não parei de explorar ela, subi e devagar empurrei dentro
- Caralho, que tesão, se soubesse tinha te dado antes, me come gostoso.
Comecei meter abraçado com ela e seus gemidos baixos e ofegantes ficavam ao pé do ouvido. Ela anunciou o gozo
- Aiiiiiiiii vou gozar no seu pau – travou as pernas e arranhou minhas costas.
- Gostou safado, de me vê gozar?
- Gostei, mas eu ainda não gozei, fica de quatro, fica?
- Hoje não, hoje tô cansada, me da aqui que vou te mamar até gozar
E assim ela fez, entre boquete e punheta eu gozei na boca dela, tomamos banho e voltamos a dormir.
De manhã dona Evandra me chamou num canto e eu já sabia a conversa.
- Meu amigo, não brinque com ela, ela não é uma das putas daqui.
- Não faria isso com ela e nem contigo minha velha.
- Agora outra coisa, tem um cara perguntando sobre você no morro, já veio aqui umas três vezes, como mudou de nome, ele não te identificou ainda.
- Como é esse cara?
- Branco, alto de óculos, claramente policial
- Deixa comigo dona Evandra, eu resolvo
Passei a ficar a espreita, observando cada movimento, levantei a ficha dele com velhos amigos da polícia, até o dia que ele voltou ao puteiro atrás de mim, pedi uma das meninas para levar ele pro quarto.
Quando ele entrou eu já estava esperando
- Então? O que quer de mim?
Ele demorou a responder avaliando as palavras
- Não tenho porque esconder, sua esposa me contratou para te achar
- Ex-esposa, o que aquela filha da puta quer?
- Isso você vai ter que perguntar a ela, o meu trabalho eu já fiz e te achei.
- Não, você não me achou, e vai falar isso pra ela.
- E porque eu faria isso?
- Porque eu te conheço, Celso Marinho, investigador da polícia civil, casado com Fernanda Marinho, ou Fagundes, nome de solteira, tem uma filha de cinco anos, mora em um apartamento na zona sul, tem uma amante também policial, vocês transam durante o dia enquanto diz para sua esposa que está trabalhando. É por isso que você não vai contar onde eu estou
- Seu filho de uma puta se você mexer com minha família... – falou colocando a mão na cintura
- Nem pense em puxar essa arma, se não quer que sua esposa fique viúva, eu não farei nada, só quero ficar em paz e longe daquela desgraçada, estou fazendo pedido de colega para colega.
Ele se acalmou e avaliando a situação decidiu dizer que eu sumi. Com os bons contatos na polícia, não foi difícil descobrir se tinha mais alguém me procurando.
Liguei para a minha filha e contei o que aconteceu.
- Pai, ela acha que o senhor morreu e a culpa é dela, está falando em se matar, eu não sei mais o que eu faço.
- Diz que eu estou vivo, e não quero contato com ela, mostra uma foto nossa juntos.
Cometi um erro quando disse para ela fazer isso, e em breve esse erro bateria a minha porta.
- Tá bom pai
Desliguei o celular e Lena entrou no puteiro com uma menina que eu conhecia bem...
Continua...
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