Um dia de chuva

Um conto erótico de Ás de Espadas
Categoria: Heterossexual
Contém 1881 palavras
Data: 15/11/2024 13:47:36
Última revisão: 15/11/2024 14:04:40

Um pequeno aviso à navegação: O texto é publicado em português de Portugal e com grafia anterior ao acordo ortográfico, que o autor não segue. Lamento antecipadamente se alguns leitores não perceberem um ou outro termo, mas creio que com o desenrolar da narrativa entenderão tudo. Esta é uma estória de ficção, ainda que baseada em factos reais vividos pelo autor e não um relato. Espero que compreendam e desculpem.

-Sim, às Doze e trinta. Claro, no local de sempre. Aguardo…sim,sss…siiim, claro! Pá, sabes do que eu gosto…sim, o motel será o mesmo. Um presente? P’ra mim?! Mas ela é já, per si, um presente dos deuses! Sim, ‘tá bem, como queiras; No local e à hora. Na esplanada não, que com este tempo não dá…Sim, sim, dentro do “Leão de Ouro”, na mesa do cantinho, o Casimiro fará as honras, como sempre. Simmmmm, sabes que o gajo fica doido quando a vê vir encontrar-se comigo…ahahahah, até se baba, o bom do Casimiro; É um gajo porreiro…e um túmulo! Vá, ok, fica bem, sim, sim, abração…claro que ‘tou curioso com o presente, já ‘tou em pulgas; ãhn? Sim…vai, tenho que desligar! Abraço, abraço, ciao.

Chovia que Deus a dava! Aliviava pró lado do carregado, pensava ele, com um risinho pateta; Está a aliviar de cima pensou ainda e os lábios abriram-se num sorriso bem disposto. Eram 09.00 horas da manhã; Tinha ainda três horas e meia até que ela se fosse encontrar com ele. Acabou de tomar o pequeno almoço (que teria que ser reforçado nesse dia, pensou) e foi ficando excitado com a expectativa da surpresa que o marido dela lhe enviaria. De repente vieram-lhe ao pensamento as coisas mais estapafúrdias e sem nexo, ela vestida de coelhinha, ela montada num alazão russo, nua; Apenas “vestida” com umas botas com o cano sobre o joelho e uns saltos estupidamente altos…A sua mente ia divagando, com pequenas parvoíces, como para si lhe chamou, mas o certo é que ao contrário das outras vezes, hoje estava tão animado que se sentia um adolescente.

Terminou a refeição, pagou o consumo a Casimiro, vestiu a gabardina preta de bom corte, subiu a gola contra a trunfa enorme e encaracolada que era a sua imagem de marca e passou a porta para a rua. Chovia muito, mas a temperatura estava amena, fazendo lembrar um qualquer país da África subsariana, ou mesmo o Nordeste brasileiro. “Húmido já está”, pensou a sorrir quando entrava no escritório. “Vens muito contente, hoje”, disse-lhe a colega Lina, também ela sorridente. Lina era uma mulher de cerca de 35 anos, bem feita, com tudo no sítio, como ele lhe dizia quando uma vez por outra caiam os dois na mesma cama. Cúmplice em algumas escapadelas mútuas do serviço, a duo ou com parceiros diferentes, eram aquilo a que se chama de verdadeiros compinchas, embora esse tipo de relação se visse mais entre homens.

Carlos, o marido, estava a par de tudo e não só aprovava, como incentivava a conduta de Lina. Excitava-o saber que a esposa entrava na cama de outros homens e a maior excitação era só disso tomar conhecimento quando ela lho contava, quando chegava a casa com odor a sexo e se lhe oferecia com luxúria; Era o maior prazer de Carlos, fazer amor com Lina sentindo o odor de outros machos na sua pele. Amava-a dessa forma e era correspondido; os outros eram um mero instrumento de prazer para Lina e para ele próprio, que a servia com reverência.

Bom, ele era um pouco mais que esse instrumento, ele era o seu alimento espiritual, para além do sexo extraordinário que sempre lhe proporcionava, era aquele que estava sempre disponível, o ombro onde se podia encostar sempre que estava em baixo. ”Sim, ‘tou muiiiitooooo contente!” disse, mostrando um riso aberto e eufórico. “Hummmm, temos festa hoje?...” perguntou-lhe ela. “Ao meio-dia e meia, em ponto!” respondeu-lhe. “Já sabes que à tarde…” ”Sim, ‘tá descansado, eu seguro as pontas por aqui. Quem é ela, conheço?”

Ele afastou-se em direcção ao seu gabinete de trabalho, virando-se para trás e olhando-a nos olhos, quis dizer “conheces!”, mas respondeu com um som ininteligível que ela interpretou como um não. Há segredos que mesmo aos compinchas, ou sobretudo aos compinchas, não se revelam e este era um deles. Lena era a irmã de Lina e a relação entre as duas era, digamos…difícil, desde que Lina, mais nova dois anos que Lena, lhe “roubara” Carlos, andavam todos na Faculdade de Direito de Lisboa. Nunca mais se relacionaram, uns encontros esporádicos em festas de família e pouco mais.

Lena era a fotocópia autenticada de Lina mas em bom, riu-se para dentro, em muito bom mesmo!

A manhã passou num ápice, entre papel e uma ou outra visita de Lina, que curiosa, tentava sacar alguma coisa dele (confessava p’ra si própria que sentia uma pontinha de inveja da misteriosa “acompanhante” ). Chegou até a fazer alguma pequena chantagem, um perfume entre os seios e a oferta do seu belo decote agora; A saia um pouco mais levantada depois; Um lápis deixado cair no chão em frente à secretária dele que apanhou sem curvar as pernas mais logo, mas ele não lhe ligou “pevas” nesse dia. “Grrrrrr, que irritação! O cabrão não se descai!” “tá fodidinha ‘pa saber quem é, eheheh”, pensou ele com um riso trocista.

Meio-dia! Ctrl+alt+del no portátil, gabardina vestida “´té logoooo princesa, aguenta aí o barco…um beijinho. Não?! – tá mesmo mosca – ‘tá bem, eu depois conto-te como foi…na cama, claro! Ãhn?? Queres que filme ‘pa fazer-mos igual? – porra, são mesmo fotocópias- tá bem, tu mandas –mas eu edito as imagens, eheh, não vais ver quem é, sua sacana- fui!”

- Casimiro, guarda-me um bom bife do lombo para as três e picos, dá? Não incomoda na cozinha? Fazes tu mesmo, boa! Gracias companheiro. Traz-me uma água ali pó cantinho.

Sentou-se na “sua” mesa e esperou que o empregado e amigo o servisse; Estava apenas a meio da água gaseificada quando avistou o carro deles, fustigado pela chuva que se intensificara. A viatura parou mesmo junto à porta do “Leão Dourado”, Artur saiu do carro e correu para o restaurante. “ Dassss, tá cá um dilúvio…tudo bem desde manhã?” apertando-lhe a mão com força. “Tudo!” correspondendo à saudação de Artur. “Então até logo, ela está ansiosa...acho que vou almoçar por aqui.” “O bife, como sabes, é um espectáculo, mas tu não precisas, ahah…o Casimiro trata de ti; Casimiro! Como sempre, o melhor para o Artur! Ciao meu caro, espero devolver-ta inteira” e olhou Artur nos olhos com uma simpática travessura que o outro entendeu e, até, aprovou. “Se for como de costume, vai chegar cansadita…”,riu; “Casimiro, pode ser nesta mesa? Sim, aceito a sua sugestão, seja o bife Roquefort”. Casimiro tratou de fazer andar o pedido e foi pensando para si que aquelas “modernices” não eram para ele e para a sua Alzira “coitada, também quem é que a quer? E a mim? Dois velhos!” pensou e sorriu.

Subiu a gola da gabardina, abriu a porta e deu uma breve corrida. Ela empurrou a porta do “pendura” e deixou-o entrar. “Entra! Está a entrar chuva, despacha-te!” mas ele ficou ali especado à chuva, deixando a água ensopar-lhe o cabelo e os sapatos, com a boca entreaberta, espantado. “Entra, porra!”. Entrou finalmente e continuou silencioso, com o olhar fixo nela, que estava linda. Artur tinha-lhe prometido um presente/surpresa e conseguiu ambos! Ela vestia uma gabardina azul escura, que se encontrava como que casualmente aberta, permitindo-lhe ver o seu corpo soberbo. Calçava uns Louboutin, salto de 10 cm, plataforma (estranhamente, abertos contrariando o tempo de chuva), complementados por uma tornozeleira , com dois pendentes com as letras H e W na perna direita. As unhas com um verniz vermelho combinavam com o batôn que usara nos lábios, “Rouge” de Chanel. Poinnn!! Ficou imediatamente rijo. Anteviu, sob a gabardina, um top e uma saia azuis, de renda, que mais deixava ver que tapava o corpo que ele já desejava mesmo ali…

“Calma…” disse-lhe ela, “andiamo?” “sim, claro!” respondeu ele e ela arrancou, abrindo ainda mais a gabardina e subindo a saia, o que lhe deu uma visão sublime da sua vagina, onde viu já um brilho de tesão e desejo. Não resistiu e estendeu o braço, tocando-a. “Cuidado, olha que ainda nos estampamos. O Artur morria, se ficasse sem o seu “menino”, disse ela rindo. Avançaram pela cidade sob chuva intensa, o que fez com que a atmosfera interior se condensasse e os vidros ficassem embaciados e ele aproveitou para subir a mão até aos seios que estavam livres sob o top. Pressionou-lhe os mamilos, rodou-os entre os dedos, sentindo-a relaxar um pouco; Acariciou-lhe o rosto, inclinou-se para ela e roçou-lhe a orelha com os lábios, sussurrando algo que ela não entende. ”Pára, olha o trânsito…” disse, lânguida. Mas ele não parou durante a curta viagem até ao motel, onde ela, já reposta a postura, se começou a despir para ele, o que o levou ao céu…

Duas horas e meia depois, sorridente, entrou no “Leão Dourado”. “Casimiro, o meu amigo?” “Lá dentro, no salão” apontou Casimiro para uma porta larga envidraçada, com um enorme Leão ao centro. “Então Artur, ainda aqui?” “Pois! Queria saber se gostaste do presente”. “Do quê, da fatiota ou do “recheio”?” perguntou. “Da fatiota, claro! O “recheio” é teu.”, disse Artur. “Adorei, meu amigo, ela estava um tesão, obrigado por a teres “vestido” assim, adorei o presente! ‘Tás atento a tudo! Ouviste-me dizer uma vez que adorava que ma trouxesses apenas com um casaco comprido, botas e cinto de ligas com meias rendadas e mesmo variando um pouco conseguiste surpreender-me! Adorei, adorei, a-do-rei!” “Vou andando, pá, quero que ela me conte tudo…” e saiu correndo, notando-se o volume nas suas calças do pénis desejoso de se deliciar com aquela vagina que durante essa mesma tarde “oferecera” em bandeja dourada. “Próxima vez entras na dança, Arturzinho, parece que sentes alguma saudade aqui do amiguinho de baixo”. Artur virou a cabeça para trás e os seus olhos responderam aceitando o trio proposto e ser comido. Adorava o pau do amigo, admitiu.

“Boa tarde princesa!”

“Olá meu querido, que radiante…correu bem, pelos vistos…”

“Maravilhosamente”, respondeu.

“E a reportagem, fizeste?” perguntou, piscando-lhe o olho.

“Sim” respondeu já entrando no gabinete e elevando um pouco mais a voz.

“Posso ver?” perguntou com ar guloso.

“Estão no telemóvel…não tenho cabo de dados aqui…amanhã trago, prometo! “queres saber quem é, não é sua putinha?” pensou. “Tudo OK por aqui?” perguntou para dizer qualquer coisa.

“Sim, sem problema, tudo calmo”. Não lhe disse que essa calma apenas se passou no escritório, porque ela esteve toda a tarde a caminho do WC. “Que querem, é mais forte que eu…”, pensou quando se lembrou que se foi masturbar algumas vezes, sempre que o imaginava no motel com a outra. Estava com o tesão a mil.

Não resistiu. Entrou no gabinete dele, fechou atrás de si a porta, abriu o casaco executivo deixando livres uns seios lindos. Baixou a saia, deixou cair o fio dental preto, ficando apenas com aquelas botas sobre os joelhos como indumentária e num sussurro provocante pediu:

“fode-me…”

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Comentários

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Adorei o conto e ainda bem que é em português de Portugal fico à espera de mais contos

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Muito bom, fico a aguardar a próxima estória, um abraço deste seu leitor de Azeitão,

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Muito interessante! O primeiro termo que eu prrcebi foi a preposição "per", que, por aqui, caiu em desuso, apesar de que ainda a usamos, frequentemente, na contração prepositiva: per+o(a)=pelo(pela)(preposição+artigo) dentre outras curiosidades, que se nos apresenteram no desenrolar do texto.

3 estrelas, também pelo conteúdo do texto.

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Obrigado pelo retorno. Optei por escrever desta forma, mesmo sabendo que uma enorme maioria dos leitores é brasileira, do que correr o risco de inventar e o texto ficar incompreensível no meu português do Brasil. Com tempo publicarei mais algumas coisas.

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