O ronco do motor soava como música para Axel, que sempre chegava à tarde no clube de natação. Ao estacionar a moto preta 150, sabia que os olhares dos colegas inevitavelmente se voltariam. O efeito era imediato, e Axel não se incomodava com essa atenção; na verdade, adorava. Sob os olhares que avaliavam seu corpo atlético, sentia-se confiante e orgulhoso.
Axel caminhava com segurança em direção a área de lazer. A camiseta regata justíssima valorizava seus ombros largos e peitorais bem definidos. Cada movimento dos braços era uma exposição sutil de seu baixo percentual de gordura, realçada pelas veias visíveis em seus braços. Ele sabia que não estava apenas lá para nadar; trazia consigo a admiração e, em alguns casos, o desejo de quem o observava.
Naquele dia, Axel treinou mais do que o necessário e, ao terminar, seguiu para o vestiário. Ele empurrou a porta de vidro e entrou com a familiaridade de quem conhece bem o espaço. Imediatamente, virou à direita em direção aos mictórios e cabines privadas, passando rapidamente por elas até alcançar o final do espaço e virar à esquerda, entrando no ambiente exclusivo para banho e troca de roupa.
Ao entrar na área, viu dois rapazes tomando banho, ocultos pela meia parede que separava o espaço dos armários dos chuveiros sem divisória. Axel se dirigiu a um banco encostado na meia parede, de costas para os rapazes e de frente para os armários. Colocou os fones de ouvido e começou a ouvir música para passar o tempo.
Depois de alguns minutos, os rapazes passaram por ele. "E aí, Axel!", cumprimentou um deles animadamente, enquanto o outro acenou. Axel, absorto na música, apenas balançou a cabeça em resposta e ficou imerso em sua música, com os olhos fechados.
Momentos depois, sentindo-se relaxado, abriu os olhos. Para sua surpresa, encontrou um jovem separando sua roupa em um dos armários. O susto fez Axel dar um leve pulo; ele não esperava ver alguém ali naquele horário.
Axel olhou para o jovem, sorrindo forçadamente em sinal de desculpas pela falta de atenção, e o avaliou dos pés à cabeça com curiosidade. Magro e pálido, seu corpo era esguio e não exibia traços musculares; porém, ele exibia certa confiança. Mas Axel logo desviou o olhar para o celular, buscando se concentrar na música novamente.
"Está tudo bem?" perguntou o jovem, quebrando o silêncio. Axel, ainda com um fone, apenas balançou a cabeça, não se dispondo a conversar. Percebendo o desconforto de Axel, o rapaz aproximou-se.
"Eu sou o Neto," disse ele, sorrindo. Axel hesitou, mantendo a cautela. Em vez de responder, estendeu a mão para um cumprimento, mas, sem se sentir à vontade para falar, baixou um pouco a sunga branca, mostrando uma tatuagem logo acima dos pelos pubianos, no lado direito, escrita 'Axel'.
Neto entendeu a apresentação e fixou o olhar no volume da sunga de Axel, observando a curvatura do membro adormecido de tamanho na média, mas que era valorizado pela cintura fina. Captando o olhar curioso, Axel perguntou: "É só pedir que eu mostro." Neto fingiu não entender, mas Axel, com uma expressão séria, disse que estava apenas brincando.
Um pouco sem jeito, o rapaz confessou que estava admirando o corpo de Axel. Este, ainda olhando para o celular, sorriu e respondeu: "Normal, eu me esforcei muito pra isso." Quando Neto perguntou sobre o segredo de seu corpo, Axel mencionou que abriu mão de muitas coisas.
Com ousadia e um pouco de humor, Neto comentou que seu único atributo notável era o pênis. Surpreso com o comentário inesperado, Axel não respondeu e se levantou, caminhando em direção aos chuveiros. Neto o acompanhou, mas se sentou em um banco voltado para o corredor de banho, tentando puxar assunto:
— Cara, faz poucos dias que me matriculei no clube e comecei na musculação.
— Nunca te vi por aqui, mesmo. — Axel respondeu indiferente, enquanto ligava o chuveiro.
— É porque só venho quando todos saem — explicou Neto.
— Por que isso? — Axel perguntou curioso.
— Eu gosto de nadar quando não tem ninguém — Neto respondeu, um pouco constrangido.
Axel parecia completamente à vontade. A água escorria pelo seu torso musculoso, realçando cada curva e definição.
Os ombros largos se destacavam enquanto a água realçava a definição dos músculos. O trapézio bem desenvolvido juntava-se aos bíceps tonificados, e a umidade acentuava ainda mais seus contornos.
Os dorsais se expandiam nas costas, atraindo o olhar de Neto, que seguia pela cintura fina até os glúteos bem desenhados e as coxas musculosas, com panturrilhas robustas e tonificadas.
Neto não pôde evitar admirar a confiança de Axel, que se banhava despreocupadamente, exibindo cada detalhe de suas conquistas físicas. A cena era inspiradora e, ao mesmo tempo, intimidante.
Neto sentiu uma onda de excitação, e logo sua sunga marcou o volume que carregava. O calor aumentou em sua pele enquanto seus olhos seguiam involuntariamente cada movimento de Axel.
Axel estava de costas para Neto, ainda sob o jorro da água quente do chuveiro. Ele sabia que estava sendo observado, e isso fazia um frio na barriga percorrer seu corpo.
Com um sorriso provocante, Axel virou-se lentamente, encarando Neto com um olhar que misturava provocação e despreocupação.
Percebendo o volume que o jovem tentava cobrir, Axel perguntou de forma casual: "Tá sem namorar, Neto?" Ele balançou a cabeça, negando, e pediu desculpas com o rosto ruborizado.
"Relaxa, Neto," disse Axel, sua voz soando como um convite. "Isso acontece. Não precisa ficar envergonhado."
Tentando recuperar o controle, Neto respondeu hesitante: "Não é por sua causa..."
Axel riu suavemente, com a confiança evidente. "Ah, não é? Claro."
O rosto de Neto ficou ainda mais vermelho. "Desculpa, é que seu corpo é muito..." ele murmurou, sem finalizar, com a voz envergonhada, mas os olhos sorrateiros e cheios de desejo.
Percebendo seu constrangimento, Axel tentou aliviar o clima, mas provocar ao mesmo tempo. — Então, Neto, é assim que você admira o corpo de um cara? — Perguntou Axel, deliberadamente ignorando o fato de que o jovem estava ali para se banhar também e voltando o olhar para a sunga dele, que marcava seu membro ereto.
Neto, sem conseguir desviar o olhar, engoliu em seco. — É difícil não admirar alguém como você. — Sua voz tremia um pouco, mas Axel percebeu a faísca de desejo em seus olhos. A cada troca de olhares, o clima parecia de mais intimidade.
— Você gosta de se motivar assim? — Axel conotou, lavando os cabelos, com a espuma escorrendo pelo seu rosto, tentando não tirar os olhos provocativos do jovem.
Neto, com um sorriso hesitante, decidiu colocar um pouco mais de ousadia nas palavras. — É, eu sempre gosto de motivação e... orientação. — Falava enquanto se levantava do banco em direção ao chuveiro ao lado de Axel.
— E mais o que você precisa pra se motivar? — Axel sorriu; o tom de provocação agora era claro. Ele deu um passo à frente, mais próximo do que queria, mantendo um olhar intenso focado em Neto, que pulsava, confundindo o nervosismo e a excitação, esquecendo de girar o registro do chuveiro.
— Tenho curiosidade de saber se um corpo assim se esforça o suficiente para manter a forma. — Neto provocava, mas ainda nervoso.
Axel inclinou-se ligeiramente, como se quisesse ouvir melhor a resposta de Neto. O convite estava nas entrelinhas, mas Axel era irresistível com as insinuações. — E como eu posso ajudar você?
“Escolha suas palavras com cuidado”, pensou o jovem, tentando reunir coragem pra avançar na investida. — Talvez uma demonstração disso tudo? — ele disse, desafiando Axel.
— Ah..., mas posso demonstrar de duas formas... — Axel disse, baixando sua vista para a sunga e com a mão fechada agarrando seu órgão ainda flácido. — Uma forma já está aqui; pra ver a outra, você tem que se esforçar também.
A capacidade de flertar estava fluindo naturalmente entre os dois e, para surpresa de Axel, Neto respondeu, pausando o ritmo da fala. — Eu tenho experiência com esforço... aguento tudo... Faço o que você quiser pra ter essa demonstração... Quero aprender...
Axel sorriu de lado, reconhecendo a bravura de Neto. Com um gesto sutil, ele puxou a própria sunga para baixo, revelando o contorno branco que a sunga cobria devido ao bronzeado rigoroso que Axel mantinha. — Então, talvez você devesse levar isso em consideração. Aprender observando e... indo devagar pra essa mudança acontecer...
A respiração de Neto ficou entrecortada. Ele se permitiu avaliar Axel, sentindo seu corpo tremer de expectativa. Com os olhos brilhando, ele finalmente murmurou: — E se alguém entrar?
— Se quiser, pode tirar a sunga também pra banhar. — Axel falou, mostrando curiosidade no que havia por debaixo da sunga de Neto, marcada por uma pressão demasiada. — Estamos só tomando uma ducha, né...? Ou você quer mais?
O olhar encorajador e sensual de Axel fez Neto ofegar e baixar a sunga rapidamente pelos cambitos finos. Axel ignorou a magreza exorbitante de Neto e, com um sorriso de leve admiração, observou o atributo dele apontado em sua direção.
Sem se conter, Neto murmurou: "Seu corpo é incrível, Axel."
"Gostou?" respondeu Axel, com um sorriso suave se formando e, sem tirar o olhar do pênis pulsante de Neto, se aproximou ainda mais dele. Neto, sem se conter, começou movimentos de vai e vem em si mesmo, sultimente.
A pele branca de Neto se arrepiava ainda mais com a proximidade, e Axel, percebendo seu nervosismo, pegou lentamente a mão solta de Neto, guiando-a até seu peito e depois deslizando até seu abdômen definido.
Os olhos do jovem, mordendo o lábio, seguiam cada contorno do corpo de Axel. Seus movimentos masturbatórios mudavam gradativamente de sutis para frenéticos.
"Aproveita, vai," incentivou Axel, que levantou um dos braços e flexionou o bíceps, conduzindo a mão de Neto até ele. "Sente como é firme."
Neto, cada vez mais confortável, deslizava sua mão pelo braço musculoso de Axel, sentindo o líquido pré-gozo sair pela glande e atingir um dos dedos de sua mão fechada.
— Tá gostando? — perguntou Axel, com a voz grave, enquanto guiava a mão de Neto novamente, desta vez em direção à sua cintura, contornando a região ao redor do seu membro, que agora já estava rígido.
Neto ofegava nos movimentos, e Axel logo pegou o pulso do braço que Neto usava para se masturbar e o conduziu pra perto de si, encaixando-o do outro lado da sua cintura.
O jovem deixou de lamber os lábios e os mordia como um animal faminto ao ver suas mãos na cintura de Axel, que encostou levemente seus 17 cm nos 23 cm do jovem.
Focado nesse beijo de membros, Neto despercebeu seus dedos sendo conduzidos aos pelos bem aparados e desenhados, sem marcas de alergia a gilete, de Axel, que perguntava, incansavelmente, se Neto gostava de tudo aquilo.
Quando Neto respondeu, Axel o colocou de joelhos, sem deixá-lo remover as mãos de sua cintura. "Bate uma, caralho!", ordenou, liberando uma das mãos de Neto.
O jovem, excitado, tentou agarrar o pênis de Axel, mas ele o impediu e complementou a ordem: "É pra socar punheta no seu cacete, porra!".
Neto, sem hesitar, começou os movimentos novamente enquanto a outra mão era mantida por Axel, que a fazia deslizar pelos gomos de músculo de seu abdômen.
Sentindo o desejo de Neto e sua respiração cada vez mais ofegante, Axel levava sua mão agarrada à de Neto pra sua virilha e, usando a sua outra mão, apertava a boca do jovem que gemia de prazer.
Axel deu um tapa muito leve no rosto dele, e quando viu seu olhar de frente a ele, puxou o prepúcio e expôs a glande vermelha, com um líquido branco saindo em pequena quantidade. Neto lambia e mordia os lábios de desejo e, impaciente, dizia, entre a respiração ofegante: "Delícia de macho gostoso."
— Sou o quê? O que você disse? — perguntou Axel, com um olhar provocante.
— Que você é um macho gostoso. — Neto respondeu, a voz trêmula com desejo. — Deixa eu engolir esse caralho delicioso.
Axel se aproximou, seu sorriso malicioso se ampliando. — Sente o cheiro da minha pica — sussurrou, conduzindo seu membro perto do rosto de Neto, mas recuando antes do toque.
— Quer gozar chupando esse pau quente? Quer? — perguntou Axel, encostando o membro babado no nariz de Neto.
— Quero, Axel! Me deixa engolir esse cacetão, vai! — Neto estava em chamas; a respiração era rápida e pesada.
— Quer mesmo? — Axel questionou, arqueando as sobrancelhas enquanto observava cada reação que Neto tinha.
Neto fixou o olhar na tatuagem com o nome de Axel, suas palavras saindo em um sussurro ardente: — Porra, gostoso, essa tatuagem deveria ser: “me chupa”.
— E é...? Por quê? — indagou Axel, com um sorriso dançando em seus lábios.
— Porque toda vez que olho para essa madeira, isso é tudo que consigo ver.
— E você quer tirar cada gota de leite desse pau? — Axel provocou.
— Quero me engasgar com sua gala bem fundo na minha garganta — Neto exclamou, com o desejo fervendo dentro dele.
— Você vai querer sentir meu pau dentro do seu cuzinho também, vai? — Axel sugeriu, piscando para Neto.
— Vou, seu puto! Mete esse cacete no meu rabo também. Faça o que quiser com ele, macho gostoso. — Neto respondeu, com a voz já indo pra o desespero.
— E você realmente quer isso...? Quer...? — Axel questionou, seus olhos fixos em Neto, inebriados por ver o desejo ardente nos olhos do jovem.
— Quero, Axel! Quero que você enterre sua pomba até eu gozar. — Neto ofegou.
— E ainda quer lamber esse corpo suado depois de foder seu rabo, veado? — Axel provocou, desafiando Neto.
— Quero muito! Vou morder cada músculo suado desse corpo. — Neto falava, desejando tudo em sua mente.
— E por quê? — Axel perguntou, sussurrando, mordendo o lábio e fechando os olhos; instigando ainda mais.
— Porque você é gostoso, porra! — Neto disparou, à flor da pele.
— Exatamente isso! Eu sou gostoso, Veadinho — Axel concluiu, com um sorriso de permissão.
Quando o jovem avançou sua boca em direção ao pênis de Axel; ele, ligeiramente, se desviou pra trás, criando um espaço entre eles.
Axel soltou uma risadinha suave, despreocupada; enquanto se afastava, voltando ao chuveiro. "Desculpa, Neto, mas não vai rolar," disse ele, secamente.
— Como assim, cara? — Neto perguntou, a frustração transparecendo em seu tom. — Você estava querendo isso também!
— Já disse que não vai rolar — Axel manteve o olhar firme, deixando claro que, apesar do desejo, ele estava no controle.
— Mas por quê? — insistiu Neto, um misto de desejo e confusão na voz.
Axel se virou de costas, a água escorrendo por seu corpo enquanto Neto o observava, perdendo-se no tratamento inesperado de Axel, ainda com o desejo intocável.
— Volta aqui, cara! Vamos terminar isso. Deixa eu fazer você gozar — Neto exclamou, desejoso.
Quando Axel se virou, Neto percebeu que seu pênis já estava flácido. — Você estava excitado agorinha. O que foi? — perguntou Neto, confuso.
— Eu não sou um bicho do mato... sei me controlar — a voz de Axel soou fria, mas havia uma intensidade escondida ali. — Posso subir esse cacete quando eu quiser e descer também.
— Caralho, então sobe isso pra mim! — Neto disse, se aproximando de Axel com a mente repleta de fantasias fervorosas.
— Melhor ficar aí no seu canto... Se quiser, pode tocar uma me olhando — Axel disse calmamente, evitando o contato visual direto. — Isso é o máximo que vai ter de mim.
— Foi mal, eu pensei que você estava afim... — Neto começou, a vergonha enaltecendo suas palavras.
Axel soltou uma risadinha, um som provocador. — Você estava tão afim que eu pensei que ia gozar rapidinho...
— Eu estava me segurando pra você aproveitar também...
— Aproveitar? Você acha mesmo que eu ia aproveitar com você, moleque? — Axel disse, com um sorriso quase diabólico, desligando o chuveiro e passando por Neto de forma despreocupada.
— Achei sim! E por que não?! — Neto pressionou, agora claramente desafiador.
— Melhor deixar isso quieto — Axel respondeu, frio.
— Quero saber!
Axel se secava rapidamente e, quando percebeu que ele realmente esperava uma resposta, resolveu falar.
— Olha para mim e diga se você tem alguma chance de eu foder você... — Axel era incisivo e o mirava, esperando ele responder.
— Cara, se você não curte, era só dizer. Não precisa me ofender — Neto rebateu, tentando esconder a mágoa enquanto o desejo continuava.
— Não leve a mal... Você que insistiu. Poderia ter curtido de longe — Axel sugeriu, ajeitando o cabelo molhado.
— Mas outro dia você topa? — tentou barganhar o jovem.
— Não!
— Você não curte, né? — Neto estava perdido; a mente só pensava em consumar o desejo fervente por Axel.
— Não é isso — Axel respondeu, com suavidade. — Eu gosto de caras. Gosto de ser mamado e de socar fundo em um macho. Gosto de ver eles punhetando enquanto meto fundo neles até gozar.
— Então, por que não goza em mim? — implorava.
— Porque os caras que eu fodo têm que ter um corpo razoável, pelo menos. — Axel respondia insensível.
— Cara, eu sou magrão assim, mas me cuido! — A voz do jovem já havia absorvido a realidade.
— Não é o suficiente. Se você treinasse mais, eu até toparia sentar nessa vara que você tem...
Neto quase ejaculou ao ouvir a voz grave de Axel dizer isso; o desejo quase explodia dentro dele. — Entendi! Você curte de outro jeito...
— Caralho, mano. Eu já te disse: você não faz meu tipo... e, se quer saber, pra você não ficar tão mal assim, foi a primeira vez que eu senti vontade de sentar numa pica. Eu só curto foder, tá ligado?
Axel se vestia apressadamente, ansioso para sair daquela situação, mesmo sabendo que poderia encontrar Neto novamente no clube. Ele saiu da ala dos chuveiros sem prestar atenção em como Neto estava, pois já era sua rotina esnobar, quando possível, pessoas que não atendiam aos padrões mínimos que ele estabelecera para se relacionar.
Axel era superficial; contudo, por trás de seu exterior confiante e físico admirado, ele carregava histórias de decisões e caminhos inusitados. Essa aversão ao que a pessoa é por dentro tinha um significado e uma origem.
***
Bianca se aproximou suavemente de um quarto e bateu levemente na porta. Sem receber resposta, ela a abriu. Dentro, Diego e Marcus estavam deitados em um beliche, ambos absortos em seus celulares. Ao ouvir o ranger da porta, levantaram os olhos.
— Oi, rapazes! Levantem-se! A Sirena quer ver vocês — anunciou Bianca, com um tom amigável.
Marcus, um pouco nervoso, guardou o celular rapidamente e se sentou, enquanto Diego, mais descontraído, levantou-se lentamente, sem demonstrar grande entusiasmo.
Apesar de trabalharem juntos há algum tempo, a dinâmica entre eles era delicada. Marcus estava no cabaré há mais tempo, mas era claro que Sirena dedicava uma atenção especial a Diego. Ele era o que mais trazia lucro, sempre cativante ao conquistar os clientes, sabendo exatamente como agradá-los. Isso deixava Marcus um pouco desmotivado.
— O que houve? — perguntou Marcus, já se espreguiçando.
— Trabalho. O que mais seria? — respondeu Bianca, em pé na porta, os braços cruzados.
— Vamos logo, parceiro — murmurou Diego, percebendo o olhar preocupado de Marcus.
Os dois, em silêncio, seguiram Bianca até o quarto de Sirena. Ao chegarem, encontraram-na descontraída, ao celular, sem maquiagem pesada e com os cabelos presos, com uma aparência relaxada e distante de qualquer superioridade.
— Vou precisar que você trabalhe amanhã, Diego — anunciou Sirena, ainda concentrada em sua tela.
— Amanhã? Mas é meu dia de folga, Sirena — respondeu Diego, questionando a situação. Sirena, no entanto, não desviou o olhar do celular e permaneceu em silêncio.
— Um cliente importante estará aqui — Bianca interveio, explicando a situação.
— O Marcus pode ficar no meu lugar — Diego sugeriu, enquanto seu companheiro, em silêncio, apenas observava.
Sirena olhou para Marcus, colocando o celular de lado. — Poderia sim, mas não é o caso neste momento. — Ela virou os olhos para Diego. — O cliente quer uma peça que seja pura. Na casa, você é o único que atende a esse pedido.
Marcus, incomodado, não pôde se conter. — Como assim, pura? Você está dizendo isso por eu ser negro?
Bianca percebeu a intenção da fala de Sirena e achou seu modo de se expressar um tanto inadequado. — Não, Marcus, você é lindo e sua cor é perfeita. O que a Sirena está dizendo se refere a ser ativo ou passivo. O Diego é ativo desde sempre.
— Mas eu também sou hetero e ativo — retrucou Marcus.
Sirena franziu a testa e revirou os olhos. — Mas você precisou ser passivo com um cliente há algumas semanas, lembra? Isso não é ser 100% ativo, Marcus.
A defesa de Marcus foi firme. — Sou o mais antigo aqui da casa! Eu sei fingir, ok? — respondeu, tentando desviar o foco da conversa, mas não pôde evitar a risada de Diego.
— Ah, mas você também já foi passivo comigo, assim que nos conhecemos — Diego brincou, atacando diretamente o ego de Marcus. — E não foi só uma vez.
Bianca balançou a cabeça, corando ao ouvir a conversa. Marcus, envergonhado, desviou o olhar para o chão, tentando se justificar.
Finalmente, Sirena interrompeu com uma voz firme. — Independentemente do que aconteceu no passado, não há acordos. Preciso que Diego trabalhe amanhã. Ele é quem pode atender a esse cliente especial.
Marcus olhou para Diego, sua insatisfação evidente, mas Diego parecia tranquilo.
— Ok, vou estar lá — respondeu Diego, com um tom resoluto e confiante. — Então vou folgar hoje.
— Ótimo! Sei que sempre posso contar com você... — Sirena iniciou.
— Então, por que você me chamou, Sirena? Já que eu não sirvo para esse cliente? — Marcus interrompeu, sua frustração transparecendo.
— Deixe-me terminar, Marcus. Por favor, esse ciúme seu é broxante... e você é especial para mim — tentou Sirena, buscando acalmá-lo. — Por isso, amanhã preciso que você vá pegar os suprimentos dos clientes no lugar de Diego.
Diego discordou, afirmando que seu fornecedor não gostava de negociar com qualquer pessoa no apartamento dele. Marcus, embora concordasse, achou estranha a reação rápida de Diego.
— Eu posso ir hoje, sem problemas. Eu sempre aproveito o dia de folga pra ir fazer a coleta, mesmo — Diego argumentou, com um olhar firme.
Bianca sempre desconfiara de Diego e de como ele administrava os negócios obscuros do cabaré. Ela suspeitava que ele usasse seu dia de folga não apenas para abastecer a casa com drogas, mas também para fazer programas por fora, sem repassar a taxa da casa. Vendo uma oportunidade de aprofundar suas suspeitas, comentou: — Eu acho que seria uma boa ideia que Marcus te acompanhasse. Assim, ele saberia onde é e, caso precise de ajuda em um momento mais urgente, poderia cobrir você.
— É melhor o Marcus não ir. O cara é perigoso — disse Diego, olhando para Sirena, tentando reforçar sua posição e desfazer a sugestão de Bianca.
A tensão na sala cresceu, e Sirena balançou a cabeça, misturando frustração e nervosismo em sua expressão.
— Então, o cara é vendedor ou assassino? — Marcus perguntou, tentando aliviar a tensão com um toque de humor, mas a seriedade do ambiente não permitiu muitas risadas.
Bianca, decidida, respondeu: — O cara pode ser perigoso, mas ele vai estar negociando com a pessoa que mais dá lucro a ele. Certamente, não faria nada de ruim ao Marcus.
Diego ficou em silêncio por um momento, ponderando as palavras de Bianca, mas não conseguiu formular novos argumentos.
Sirena, parecendo exausta com a conversa, decidiu encerrar o assunto. — Vocês vão juntos! Hoje e agora!
Ainda desconfiado, Diego virou-se para Bianca e fez uma pergunta. — Você poderia me emprestar seu carro?
— Claro! Mas não demorem, que o Hiroshi e o Felipe vão precisar dele no final da tarde. — respondeu amigavelmente.
— O que o ‘Japa’ vai resolver mais tarde com o Pipoca? — Diego perguntou.
Sirena, sem paciência para mais detalhes, respondeu rapidamente: — É algo que apenas ele consegue fazer. E não é da sua conta!
Com a situação esclarecida e as ordens de Sirena claras, Diego e Marcus saíram. Eles sabiam que, por mais confusas que as coisas estivessem entre eles, a lealdade à casa e à Sirena era o que importava.
***
Axel olhou pela janela do seu quarto, no terceiro andar, enquanto respondia mensagens no celular. De cima, avistou um carro parar e dois jovens descerem: um rapaz negro com cabelos em rastafári, olhos azuis e um corpo impecável, e outro, um rapaz branco como a neve, de aparência britânica, tão esculpido quanto seu companheiro.
“Droga! Logo hoje isso”, murmurou Axel, apressando-se a desorganizar o ambiente. Ele tirou a camisa e bagunçou os cabelos. Quando ouviu a batida na porta, respirou fundo e, com um rosto expressivo de raiva, abriu a porta.
— Eu disse que não era pra você trazer ninguém! — rosnou Axel.
Diego deixou escapar um pedido de desculpas ao entrar, seguido por Marcus. Axel, visivelmente alterado, andava de um lado para o outro no apartamento, como um leão enjaulado.
— Podemos nos apressar, Diego? — perguntou Marcus, receoso do comportamento de Axel.
— Axel, a gente pode se apressar, cara? — questionou Diego, com hesitação na voz.
— Apressar o quê, porra? — Axel jogou um copo no chão, expressando sua frustração. — Você sabe que eu trabalho com calma. Pra não dar nada errado nas contas.
— Eu sei! Mas é que meu amigo aqui está um pouco apressado. Ele nunca veio aqui — disse Diego, em um tom manso, como se tentasse conquistar o respeito de Axel após o incidente.
Marcus se encolheu e permaneceu em silêncio, observando tudo com cautela.
Axel parou e olhou para Diego com um olhar gélido. — É melhor o seu amigo sair. Você trouxe o dinheiro da semana passada? Com ele aqui, eu não faço negócio.
Diego, apreensivo, lançou um olhar para Marcus, que assentiu e entregou uma bolsa que carregava. Axel olhou para Marcus com desdém.
— Não quero que você traga ninguém das calçadas para o meu apartamento. — Axel disse, seu tom ameaçador evidente.
Marcus, claramente nervoso, tentou suavizar a situação. — Foi mal, cara. Vou esperar lá embaixo. — Ele então saiu, lançando um olhar nervoso para Diego.
Assim que a porta se fechou, Diego encarou Axel. A respiração de Diego era pesada enquanto Axel se aproximava, a raiva quase transbordando.
— Quem é esse, cara? — Axel perguntou, a irritação clara em seu tom.
Sem hesitar, Axel se aproximou rapidamente de Diego, pegando-o pelo pescoço com uma força intimidante. Num movimento brusco, lançou-o na cama, que ficava em frente à porta do minúsculo apartamento.
— Eu disse que não era pra trazer ninguém aqui, seu merda! — gritava Axel, enquanto Diego exibia um semblante de medo.
Os dois trocavam xingamentos entre si, sem saber que alguém encostado à porta no corredor ouvia tudo com atenção, prendendo a respiração, prestes a entrar.
Marcus estava parado em silêncio, com os sentidos alerta e a respiração contida. De repente, risadas descompassadas vindas do quarto fizeram seu coração acelerar, seguidas por um estalo de beijo que ecoou no corredor. Ele prendeu a respiração, a curiosidade e a inquietação misturando-se à tentação de descobrir o que acontecia por trás daquela porta. “Te peguei, Diego!” sussurrou, antes de encostar ainda mais o ouvido na porta.
***
Axel era um jovem marcado pela amargura, mas sua transformação em um atleta dedicado e admirável mudou sua trajetória. Desde a infância, ele sofreu bullying por causa de seu peso, o que afetou sua autoestima e o levou à compulsão alimentar. Durante a adolescência, experimentou várias atividades físicas até se encontrar na natação, que, juntamente com a musculação e a calistenia, lhe trouxe disciplina, um corpo definido e uma nova identidade. No entanto, essa dedicação fez com que ele negligenciasse os estudos, e ele completou o ensino médio com notas medianas. Temendo não ser aceito em uma universidade pública, pediu aos pais que o matriculassem em uma faculdade particular, sendo enviado à capital. Contudo, sua paixão pelo corpo e pela vida noturna o levou a abandonar os estudos e a desviar os recursos enviados pelos pais para uma vida de excessos. As aventuras sexuais o conduziram ao tráfico de drogas, mesmo sem nunca usá-las.
Diego, por outro lado, tinha a melhor reputação no cabaré como um macho ativo, sendo uma figura atraente e cobiçada. Essa fama, porém, foi construída após muitas lutas; ele também carregava uma história de vida difícil, enfrentando apelidos e humilhações por ser magro demais quando jovem e ser de uma família pobre. Quando adolescente, fazia bicos e iniciou treinos de musculação com o pouco dinheiro que ganhava. Ao contrário de Axel, que encontrou motivação no amor próprio, Diego encontrou força no amor por alguém especial. No início, ele frequentava academias mais por obrigação do que por vontade própria. Tudo mudou quando conheceu Marcus, que o convidou a trabalhar como garoto de programa. Esse convite fez Diego ver uma nova perspectiva: motivado pela possibilidade de um retorno financeiro e pelo desejo de conquistar a aprovação de quem amava; ele não hesitou em sair de casa, deixando para trás seus pais, que lhe deram ao nascer, com todo amor, o nome de Diego Oliveira Neto.
***
Enquanto o sexo no quarto se intensificava, os sons guturais reverberavam pelo corredor, misturados a gemidos cada vez mais altos.
— Eu sabia que esse safado estava se envolvendo em programas por fora — murmurou Marcus para si mesmo, perplexo com a situação.
Uma mulher idosa passou pelo corredor e, ao avistar Marcus, franziu a testa com desaprovação. — Você deveria se envergonhar, rapaz.
Marcus sorriu de forma nervosa e, na ponta dos pés, alcançou a idosa. — Eu só estou esperando meu amigo.
Ela o olhou com desdém e respondeu: — Então ele arrumou outro devasso. Pensei que esses pecados eram só às quintas... Espero que não seja o dia todo, hoje... Deus salve essas almas perdidas!
— O que, senhora? Isso é toda quinta-feira? — disparou Marcus, mas a mulher já havia dobrado o corredor, ignorando a pergunta.
Intrigado, Marcus refletiu: "Ele deve ganhar muito dinheiro com esse traficante. Um dia inteiro de programa gera uma fortuna..." Seus pensamentos foram interrompidos pelo aumento gradual dos sons vindo do quarto. Chegando mais perto, ele encostou novamente o ouvido na porta, os olhos arregalados.
— Tá gostando, Neto? Vai, seu puto! — a voz de Axel ecoou do interior, causando um frio na barriga de Marcus.
“Neto? Quem é esse Neto?” A confusão dominava a mente de Marcus, enquanto não entendia se havia alguém a mais no quarto.
Marcus escutava uma voz fina e diferente, que claramente se entregava ao prazer. — Mete, porra, mete nesse cuzão! — gritou a pessoa desconhecida por Marcus.
“Por que Diego não diz nada? Ele sempre gosta de falar putaria...” A confusão de Marcus aumentou.
— Você é uma puta mesmo, Neto! Aquele otário sabe que você dá o cuzinho assim?
— Não... sabe não... — A resposta veio da voz fina, mas Marcus logo percebeu uma semelhança. Sentiu a respiração falhar ao criar uma hipótese.
— Ele já fodeu esse cuzinho?
A voz fina se alterou por um momento. — Eu que já fodi ele.
A revelação despertou Marcus de um transe, enquanto a verdade se desenrolava diante dele: Diego e Neto eram a mesma pessoa. Um frio percorreu sua espinha ao ouvir Diego exclamando, com a voz cheia de desejo:
— Faz tempo, macho... Eu macetava ele pensando em você, Axel.
— É...? Então deixa eu sentar na sua vara. — A resposta ágil de Axel ressoou, provocativa e desinibida.
Marcus mal conseguia imaginar a cena. Ele ficou inexpressivo, mas a voz de Diego o puxou para uma nova realidade.
— Não! Continua metendo, vai! Quero aproveitar logo, que vou ter que ir daqui a pouco.
Os sons dentro do quarto se intensificaram. Marcus se afastou da porta, com passos lentos, sua expressão mudando rapidamente de perplexidade para uma determinação sombria. Murmurou para si mesmo: — Ativo, né, Diego...? Espera só o que vou fazer...
Enquanto os gemidos de prazer se tornavam mais distantes aos ouvidos de Marcus, ele descia as escadas. Quando pegou o celular, com os dedos tremerosos, navegou pela agenda até encontrar o contato "Hiroshi GP."
.
Por R. Rômulo (Novatinho)
***
Se você chegou até aqui, agradeço pelo tempo. Se tiver um tempinho a mais, conseguiria votar e/ou comentar? Sua opinião é sempre bem—vinda. Abraços!
Aviso Importante ao Leitor:
Este conto é uma criação original e está protegido pela Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. O plágio, que é a cópia ou uso não autorizado deste material, é um crime e pode resultar em penalidades legais severas. A reprodução, distribuição ou qualquer outra forma de utilização deste conto sem a permissão expressa do autor é estritamente proibida.
Para obter permissão ou para mais informações, entre em contato pelo e—mail: novatinhocdc@outlook.com