Antes de Marina começar ela perguntou a Carol se ela queria mesmo ficar. Carol disse que sim, que ela podia contar a história sem problemas e que não ia ter nenhuma crise. Que elas já tinham conversado e estava tudo resolvido. Marina disse que só iria contar coisas relevantes e nem ia tocar nesse detalhe que para ela não tinha relevância alguma. Carol deu um sorriso e um selinho nela e disse que tudo bem, ela tinha entendido.
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Marina: Eu fiquei uns quinze minutos ali esperando a detetive. Assim que ela chegou, ela se apresentou e disse que precisava me explicar algumas coisas. Ela me alertou que isso era confidencial e não podia sair daquela sala para não ter o risco de chegar aos ouvidos do Lucas. Ela me perguntou exatamente o que eu era dele. Eu disse que nada. Que eu era a melhor amiga da irmã dele. Ela ficou meio indecisa do que fazer e eu achei melhor deixar claro para ela que eu era uma das pessoas mais interessadas em por o Lucas atrás das grades. Eu comecei a contar como o conheci, meu envolvimento com ele, como eu te conheci, sobre a briga e o que isso causou. Depois expliquei mais ou menos o que tinha acontecido no último mês. Ela me disse que com certeza poderia confiar em mim, já que eu com certeza queria ferrar com Lucas e ela iria ajudar.
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Ela disse que Lucas apareceu no radar do Denarc a alguns meses atrás por causa de um cara que estava vendendo anabolizantes nas principais academias da cidade. A investigação começou por causa da morte de um jovem de 24 anos que fez uso dessas substâncias. A investigação foi feita pela unidade dela. Depois de algum tempo de investigação eles conseguiram provas o suficiente para prender o homem que fornecia esses anabolizantes. Porém alguns peixes pequenos acabaram escapando por falta de provas. Um deles era o Lucas. Ela disse que eles sabiam que Lucas era um dos funcionários desse cara que ia nas academias fazer negócios com os compradores. Porém as provas contra ele não foram suficientes e ele acabou sendo liberado para responder o processo em liberdade e provavelmente iria ser absolvido no julgamento.
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Ela disse que mesmo assim eles continuaram de olho nele e em mais alguns desses funcionários que conseguiram se safar. Ela falou que a uns vinte dias atrás eles pegaram um rapaz com cinquenta gramas de cocaína. Ele foi preso e depois de ser apertado pelos amigos dela, o rapaz resolveu fazer um acordo. Ele contou a eles sobre uma remessa de 20 quilos de cocaína que tinha chegado em um dos bairros da região em troca de liberarem ele. Aceitamos o acordo e falamos para ele que se caso ele estivesse mentindo a gente ia atrás dele. Ele nos contou que Lucas tinha conseguido uma grana alta e comprou 20 quilos de cocaína. Que Lucas estava vendendo aos poucos só para clientes selecionados.
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Ela falou que começaram a investigar o Lucas novamente. Com certeza ele tinha mudado de vida. Estava andando em um carro caro, usando roupas caras e saindo com prostitutas caras. Ela falou que ele alugou uma casa muito boa no mesmo bairro em que ele morava com a mãe. Sua equipe reconheceu mais dois amigos dele que sempre estavam com ele. Os dois já tinham passagens por roubo e tráfico. O único problema foi arrumar provas. Nesse tempo pegaram um usuário que disse que a droga era do Lucas. Porém só com a confissão deste usuário não daria para fechar ele por muito tempo. Se eles prendessem ele por isso um advogado liberaria ele rápido e claro que ele iria ficar espero. Eles queriam a droga e provavelmente estava na casa que Lucas alugou. Porém para entrar lá eles precisavam de provas o suficiente para um juiz liberar um mandado de busca, mas eles não tinham essas provas ainda. Mas eu tinha conseguido elas para eles.
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Ela disse que o amigo dela foi investigar a ficha do Lucas por causa da minha denúncia. Ele viu que Lucas tinha ficha criminal e foi verificar. Ele achou o processo que ela era a investigadora principal e ligou para ela falando da denúncia. Por isso ela estava ali. Ela queria usar as provas que eu tinha para conseguir um mandado de busca na casa do Lucas. Ela disse que com minhas provas do roubo e a confissão do usuário dava para conseguir o mandado. Eu disse que por mim tudo bem. Ela podia usar, ela me agradeceu e antes de sair ela perguntou como era o nome completo da irmã do Lucas. Eu disse seu nome e ela me falou que o carro que ele estava usando era o seu. Ela disse que achou que a irmã era só uma laranja. Mas já que não era ela achou melhor me avisar que o carro estava com uma prestação atrasada. Eu disse que era impossível porque eu sabia que a prestação era em débito automático na sua conta bancária, até porque eu fui a sua fiadora na compra. Ela disse que então você não tinha dinheiro na conta porque ela puxou tudo sobre o carro e a placa. Ela disse que tinha certeza que tinha uma prestação atrasada. Eu nessa hora fiquei sem entender, porque eu sabia que você tinha dinheiro na conta, e não era pouco não.
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Aline: Eu não acredito que aquele desgraçado roubou meu dinheiro! Marina, por favor me diga que meu dinheiro está salvo?
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Marina: Infelizmente não posso dizer isso minha amiga. Eu sinto muito!
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Aline: Meu Deus ele roubou o dinheiro que levei anos para juntar, era para eu te pagar o apartamento! Desgraçado!!!
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Marina: Calma. Eu já disse que o apartamento é seu. Eu passo ele pro seu nome e você fica com ele ou vende e recupera o dinheiro.
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Aline: Não é isso. Aquele dinheiro foi dias e dias de trabalho duro. Noites sem dormir estudamos processos. Era meu suor ali! Isso não é justo.
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Marina: Quais são as coisas que você mais ama na vida?
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Aline: Não entendi?
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Marina: Eu perguntei quais são as coisas que você mais ama na sua vida. Só responde.
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Aline: Você, Carla, Rafaela, minhas amizades como a Carol, a Maria, os seus pais. Acho que é isso.
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Marina: Qual dessas coisas você poderia comprar com dinheiro?
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Aline: Já entendi! Mas é que aquilo era fruto do meu trabalho.
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Marina: Você conquistou sucesso, conquistou respeito e fama na sua área. Comanda um dos maiores escritórios de advocacia da cidade. É comanda muito bem por sinal. O escritório aumentou os ganhos em 20% e o números de casos vencidos subiu 10%. Minha mãe é ótima no que fazia e você a superou. Isso sim é fruto do seu trabalho e esforço. Não o dinheiro, até porque você não precisa dele. Se você precisar, você sabe que tem onde arrumar e capacidade de ganhar muito mais quando sair daqui.
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Aline: Você provavelmente tem razão. Mas que dá muita raiva da! Mas por favor continuei e me desculpe por interromper.
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Marina: Eu sei que dá raiva, eu mesmo fiquei muito puta na hora. Tudo bem, vou continuar sim.
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Eu comecei a pensar qual era o motivo dessa parcela estar atrasada e o que a detetive falou fazia sentido. Mas porque você não tinha dinheiro na conta. Lógico que suspeitei do seu irmão, até porque com certeza, Michele não foi, se fosse ela provavelmente tinha morrido de overdose. Não demorou muito até eu entender o que tinha acontecido. Eu comecei a xingar um monte de palavrão e foi alto porque a detetive que tinha saído da sala voltou para ver o que tinha acontecido. Eu realmente pedi a compostura naquele momento. Quando me toquei, os detetives estavam me olhando com uma cara meio assustada. Eu pedi desculpas pelo descontrole e expliquei a eles o motivo. O Lucas tinha roubado o seu dinheiro e provavelmente usou ele para comprar a droga.
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Eu perguntei à detetive qual era o valor de 20 quilos de cocaína. Ela disse que era em torno de três milhões mais ou menos. Eu disse a ela que então ele não tinha comprado só 20 quilos ou então ele comprou outras drogas ou estava com dinheiro seu com ele ainda. A detetive me perguntou quanto você tinha na conta. Eu disse que você comentou com minha mãe que já tinha quase o dinheiro todo para pagar o apartamento meu que você morava, então provavelmente você tinha em torno de cinco ou seis milhões na sua conta. A detetive arregalou os olhos e perguntou o que você fazia da vida e eu expliquei.
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Depois ela me perguntou como eu sabia que Lucas tinha roubado seu dinheiro. Eu disse que ele esteve no hospital onde você estava em coma no segundo dia que você estava lá. Falei que foi ele e sua mãe, provavelmente ele pediu sua mãe para pegar seus objetos pessoais, na sua bolsa estava seu celular, seus documentos e seu cartão de crédito. Ele entrou no quarto e usou sua digital para acessar seu aplicativo do banco. No aplicativo ele provavelmente fez as transferências que ele conseguiu para alguma conta dele e configurou o seu cartão de crédito para funcionar por aproximação sem limite de transação. Era nessa bolsa também que estava a chave do carro, a chave do apartamento e o cartão do estacionamento. Eu disse a eles que Lucas tinha em mãos tudo que precisava para roubar praticamente tudo que você tinha.
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O outro detetive me perguntou como Lucas entrou no apartamento na parte da manhã, porque se o que falei para ele estivesse correto, na parte da manhã eu ainda não tinha as chaves do apartamento. Eu disse que ele estava com sua ex no quarto de hotel e ela tinha a chave do apartamento na bolsa dela. Provavelmente ele pegou sem ela perceber, depois que conseguiu a sua ele devolveu. A detetive disse que tudo fazia muito sentido, mas a maioria das coisas que eu disse eram só suposições, que infelizmente a gente não tinha provas. Ela tinha razão, provas mesmo a não ser os vídeos, a gente não tinha. Aí eu tive uma ideia, e rezei para você ainda usar a mesma senha tosca que você usava a uns anos atrás. Peguei meu celular e abri meu aplicativo do banco. Liguei para minha mãe e pedi para ela olhar o número do seu CPF. Ela perguntou porque e eu disse que em casa eu explicava porque eu estava na delegacia. Ela disse que mandava por mensagem o número do CPF.
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A detetive perguntou o que eu iria fazer, eu disse que iria tentar entrar na sua conta do banco. Como meu banco era o mesmo do seu e eu tinha o aplicativo talvez desse certo. Minha mãe mandou seu CPF, eu coloquei ele e sua senha. Não deu outra, você usava a mesma senha e eu entrei. Com seu histórico de transferências bancárias no celular a gente tinha a prova que foi Lucas que te roubou. A detetive pediu para eu ir com ela até o juiz. Eu fui e depois dele ver os vídeos, o extrato bancário e escutar o que eu tinha a dizer, ele disse que iria preparar o mandado. Dali eu voltei para a delegacia que eu estava. Dei um depoimento de quase duas horas. Tiraram fotos do seu extrato bancário e só assim eu pude ir para casa.
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Cheguei na minha casa já eram quase quatro da tarde. Fiz um lanche rápido e tomei um banho. Depois fui ao hospital, falei com Carlos e perguntei se não tinha como ele conseguir os vídeos dos corredores no dia da visita do Lucas. Ele perguntou o motivo e eu expliquei. Ele disse que infelizmente não podia, porque o Lucas poderia até processar o hospital depois, mas que não era difícil eu conseguir um mandado. Era só eu falar com os detetives do caso. Ele se desculpou e disse que ia pedir já para procurar os vídeos. Se eu conseguisse o mandado era só vir buscar. Eu disse que não tinha problema. Que eu entendia a situação dele e ia tentar conseguir o mandado.
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Depois eu vim te ver, não fiquei muito nesse dia porque eu estava muito cansada e logo fui para casa. Lembro que desci do quarto conversando com Carol e ela até tentou me alegrar, mas não deu muito certo. Fui para casa e contei para minha mãe e meu pai o que tinha acontecido. Depois de dormir no dia seguinte o detetive me ligou às oito da manhã. Ele disse que tudo tinha dado certo, Lucas estava preso e não sairia da cadeia tão cedo. Eu fiquei muito feliz com aquela notícia. A justiça tinha começado a ser feita.
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Bom eu achei que iria dar para te contar tudo hoje mas vou ter que deixar o resto para amanhã. Já está na minha hora.
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Aline: Tudo bem, só de saber que o Lucas está preso eu já fico feliz. Ele está preso, né?
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Marina: Está sim e não sai a tempo de ver meu filho com a Carol se formar não. 🤭
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Carol: Nosso filho? 🤔
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Marina: Sim, eu quero no mínimo um casal. Você não quer filhos não?
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Carol: Claro que quero amor. É que eu achei que primeiro você ia me pedir em casamento para depois a gente planejar ter filhos.
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Marina se levantou e ajoelhou na frente da Carol que colocou as duas mãos na boca. Eu fiz o mesmo, eu não podia acreditar que Marina iria fazer aquilo tão rápido. Marina fingiu estar amarrando seu tênis e depois se levantou.
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Marina: Vamos almoçar gente. Estou morrendo de fome.
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Carol: Eu juro que uma hora eu vou te xingar muito sua.. Sua.. Aff..
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Marina: O que? Você acha que uma princesa como você iria ser pedida em casamento desse jeito simples? Jamais, eu te amo e quero me casar com você, mas no dia do pedido você vai ter tudo que você merece ter.
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Carol: Eu não sei se te xingo ou te dou um beijo.
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Marina: Deixa para decidir hoje a noite que você pode fazer as duas coisas amor! 😏
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Aline: Kkkkkkkkkkk
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Carol: Gostei da ideia. Kkkkkkkk
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Aline: Tá bom, já chega. Vamos almoçar que é melhor. 🤭
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Marina acabou que nem almoçou com nós duas. Se despediu de mim e saiu com Carol que voltou com meu almoço. Nós duas almoçamos e ela me contou que Marina se desculpou com ela por causa da reação exagerada por causa do ciúme dela. E ela se desculpou pela crise de ciúmes, que explicou para ela que só tinha ciúmes porque a amava e não por duvidar dos seus sentimentos. Que Marina entendeu e as duas conversaram um pouco e entre algumas lágrimas e declarações de amor se entenderam. Eu fiquei feliz por elas. Carol perguntou se eu iria ir ver minha mãe. Eu disse que no momento não, mas iria pensar a respeito.
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Terminamos de almoçar e ficamos ali de papo. Carol me contou um pouco da vida dela. Das suas dificuldades por ser de família humilde e do apoio que sua mãe sempre deu a ela. Carol era uma pessoa boa e sem dúvidas era uma amiga incrível. Fomos interrompidas por Carla. Achei que ela estava em casa, mas ela teve que vir urgente para o hospital fazer um procedimento justo na minha mãe, a mulher que a processou a pouco tempo atrás. O mundo dá mesmo muitas voltas.
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper