Acordei sentindo o corpo relaxado havia sido uma noite incrível com o Edu, porém acordei com um leve incômodo anal, pela grossura do pau do Edu, nada que me incomodasse muito. Após um banho quente, me vesti e fui direto para o quarto do meu pai. Dei algumas batidas na porta e, ao abrir, ele já estava pronto, arrumado como sempre, impecável.
— Vamos descer? — Ele perguntou, olhando o relógio. — Tô morrendo de fome.
Seguimos juntos para o restaurante do hotel, e quando chegamos, fiquei impressionado com a mesa de café da manhã. Era uma verdadeira abundância de opções: pães de todos os tipos, croissants quentinhos, bolos decorados, frutas cortadas em formatos impecáveis, geleias, queijos finos, iogurtes, cereais e uma estação de omeletes feitos na hora. Ao lado, uma área com sucos naturais e cafés aromáticos.
— Pai, olha isso! É tipo um banquete. — Falei, já me servindo de um pão de queijo e uma fatia de bolo de cenoura.
— É, esses hotéis não brincam quando é café da manhã. Aproveita, filho. — Ele respondeu, enquanto pegava uma xícara de café preto e uma torrada.
Nos sentamos em uma mesa próxima à janela, de onde dava para ver um pouco da movimentação lá fora. Enquanto comíamos, a conversa fluiu. Meu pai parecia mais relaxado do que o normal, mas ainda com aquela postura de quem já estava pensando nos próximos passos.
— Rafa, quero te avisar uma coisa. — Ele começou, enquanto passava manteiga na torrada. — Vou precisar dar uma passada em São Paulo hoje ou amanhã.
— São Paulo? — Perguntei, levantando as sobrancelhas.
— Sim, vai ter uma feira de equipamentos médicos por lá. Tô precisando olhar umas novidades de neurocirurgia. Já finalizei o que tinha pra resolver aqui no Rio, então pensei em aproveitar a oportunidade.
— E quanto tempo você vai ficar por lá? — Questionei, um pouco desconfiado.
— Dois dias. — Ele respondeu, tomando um gole do café. — Tudo bem pra você ficar sozinho? Sei que você tá com o pessoal do congresso, então achei que não seria problema.
Respirei fundo, pegando um pedaço de mamão.
— Tudo bem, pai. Mas, sério, você só pensa em trabalho, né? — Falei, com um tom de leve bronca. — Olha onde você tá! No Rio de Janeiro! E a única coisa que você consegue pensar é numa feira em São Paulo.
Ele soltou uma risada baixa, mas parecia meio sem graça.
— Filho, é a minha cabeça... Eu sou assim. Já tô agoniado aqui, sem ter o que fazer.
— Agoniado? Pai, a gente tá no Rio! Tem praia, tem museu, tem passeio de barco! Sei lá, inventa alguma coisa.
Ele deu de ombros, parecendo sincero.
— É diferente pra mim, Rafa. Trabalho é o que me dá prazer, o que me movimenta. Mas faz o seguinte: quando eu voltar, a gente faz uns passeios por aqui. Fechado?
Eu sorri, balançando a cabeça.
— Tá bom, mas vou cobrar, viu? Quero praia, pão de açúcar, Cristo... tudo o que eu tiver direito.
— Combinado. — Ele respondeu, levantando a mão como se estivesse prometendo.
Terminamos o café com uma conversa mais leve. Apesar da irritação inicial, eu sabia que era o jeito do meu pai. E, mesmo com essa obsessão por trabalho, ele estava tentando se conectar comigo. Isso, por si só, já era um avanço enorme.
Meu pai viajou no final da tarde, avisando que voltaria em dois dias. A ideia era que, quando ele voltasse, faltasse apenas um dia para o término do congresso, e ainda teríamos mais dois dias para explorar o Rio juntos. Nos dias que se seguiram, me dediquei completamente ao congresso, assistindo a palestras e participando de debates. As noites, porém, eram reservadas para algo bem diferente: Edu sempre aparecia no meu hotel, e a gente transava todas as noites, criando uma rotina nossa que me fazia sentir confortável e animado.
No último dia do congresso, decidi não ir pela manhã. Estávamos planejando participar apenas da parte da tarde e da noite. Meu pai, que estava em São Paulo para uma feira de equipamentos médicos, enviou uma mensagem dizendo que precisaria estender sua viagem por mais um dia. Não fiquei incomodado — ele estava trabalhando, e eu também estava ocupado aproveitando cada momento no congresso e no Rio.
Naquela manhã, Edu e eu combinamos de encontrar alguns amigos para aproveitar o dia em Ipanema. Pegamos um táxi e fomos direto para a praia, ansiosos para relaxar e curtir.
Chegando lá, fui imediatamente arrebatado pela vista: a areia dourada se estendia como um convite, o mar azul brilhava sob o sol forte, e havia uma vibração única no ar. Fomos direto para o trecho conhecido como o "posto 8", e tudo ali parecia tirar meu fôlego. Homens de todos os estilos estavam espalhados pela areia, conversando, rindo, jogando vôlei e até dançando ao som que saía de uma JBL próxima. Era uma mistura de energia, liberdade e aceitação que eu nunca havia experimentado antes.
— Rafa, olha isso. — Edu cutucou meu braço, apontando para um grupo de caras jogando vôlei. Todos estavam de sunga, rindo e brincando com uma desenvoltura que parecia impossível de ver na minha cidade.
— Meu Deus, Edu… Aqui é um paraíso. — Respondi, completamente encantado.
Enquanto nos ajeitávamos na areia, alguém passou com capetinhas, e é claro que não resistimos. O drink gelado ajudou a quebrar ainda mais o gelo e deixou todo mundo mais solto. A música animada tocava alto, e nosso grupo foi se misturando a outros que estavam por ali, criando uma sensação de comunidade e descontração.
— Aqui é assim, Rafa. Todo mundo é livre. Você sente isso? — Edu disse, tomando um gole de sua bebida e sorrindo para mim.
Eu assenti. Sentia sim. Era algo que nunca havia experimentado antes: a liberdade de ser quem eu era, sem medo de olhares ou julgamentos.
Com o passar do dia, a música continuava, e as conversas fluíam. Foi nesse clima que conheci um rapaz simpático, que começou a conversar comigo. Ele tinha um jeito carismático e estava claramente interessado. Depois de alguns minutos de conversa, ele se aproximou, e logo estávamos nos beijando ali mesmo, sob o sol de Ipanema. Foi natural, sem pressa, e ao mesmo tempo libertador.
Quando nos afastamos, ri um pouco, meio envergonhado, e olhei para Edu, que já estava dando risada:
— Eu sabia que isso ia acontecer. Rafa, você está vivendo! — Ele brincou, erguendo a capetinha como se brindasse.
O clima continuou leve e descontraído. Eu percebi que ninguém ali se importava com quem estava beijando quem, com o que você estava vestindo ou de onde vinha. Ipanema era um espaço onde todos podiam ser eles mesmos, e isso era extraordinário para mim.
A vibração do dia tinha mudado de animada para algo mais íntimo e descontraído. A música tocava na JBL ao nosso lado, enquanto os risos e conversas fluíam entre a nossa rodinha. Estávamos todos de sunga, relaxados e completamente à vontade.
Edu, sempre charmoso e com aquele sorriso fácil, estava conversando com um cara loiro de olhos verdes, que tinha chegado há pouco e parecia se encaixar no nosso grupo como se já fosse parte dele há anos. Era impossível não notar como o loiro olhava para Edu — e, em alguns momentos, para mim também.
Enquanto eu bebia mais um gole de capetinha, ele se aproximou, puxando conversa casualmente:
— Vocês são daqui? — perguntou, olhando para mim e depois para Edu.
— Não, a gente tá aqui só por alguns dias, curtindo um pouco. — Respondi, sorrindo.
O loiro sorriu de volta, deixando os olhos brilharem em um flerte evidente. Ele se aproximou um pouco mais, invadindo o meu espaço de um jeito que parecia natural. Sem mais palavras, ele simplesmente inclinou o rosto na minha direção e me beijou. Foi um beijo cheio de confiança, mas ao mesmo tempo leve, como se o momento permitisse aquilo sem necessidade de explicação.
Quando nos afastamos, ouvi risos e aplausos de alguns dos nossos amigos que tinham notado a cena. Edu, com aquele jeito descontraído, aproveitou para puxar o loiro e também o beijar, deixando claro que ninguém ali estava levando nada muito a sério.
— Aí sim! — alguém comentou, enquanto todos riam e brindavam com suas bebidas.
O loiro, sem hesitar, começou a circular pela nossa rodinha, distribuindo beijos em quase todo mundo. A energia era completamente livre e divertida, sem qualquer tipo de julgamento ou constrangimento. Eu vi quando ele beijou um rapaz de cabelos cacheados e depois outro, de pele morena e tatuagens nos ombros. Todos estavam entrando na brincadeira de uma forma leve, sem pressão, apenas aproveitando a liberdade daquele dia.
Edu voltou para o meu lado, rindo:
— Isso aqui é outra vibe, Rafa. Não tem como não amar! — Ele disse, me puxando pelo braço para ficarmos mais próximos.
— É surreal. — Respondi, ainda meio embasbacado com o clima de descontração.
Quando menos esperava, outro rapaz da roda — um moreno alto de sorriso cativante — se aproximou de mim. Ele segurou a minha mão, me puxando de leve para perto dele e, antes que eu pudesse reagir, me beijou também. Foi um beijo mais intenso, e eu senti a energia da praia ao redor de nós, como se fosse parte daquele momento.
Edu, ao meu lado, riu e comentou:
— Rafa, eu acho que você vai sair daqui mais beijado do que eu!
— A gente não tá competindo, né? — Respondi, rindo e dando um empurrão de brincadeira nele.
A música continuava, e a energia ao nosso redor parecia apenas crescer. A roda inteira estava naquele clima leve de paquera e diversão, trocando olhares, risos e, claro, beijos. Quando o sol finalmente se pôs, tingindo o céu de lilás e azul escuro, todos nós nos jogamos na areia, cansados, mas completamente felizes.
Ipanema tinha algo mágico, um lugar onde tudo parecia possível e onde a liberdade de ser quem éramos nos fazia sentir parte de algo maior. Era como se, naquele dia, sob aquele céu e ao som daquela música, eu estivesse vivendo uma das melhores experiências da minha vida.. Estar ali, cercado de pessoas incríveis, aproveitando o Rio de Janeiro de uma forma tão autêntica e libertadora, era algo que eu nunca imaginaria vivenciar. Ipanema era mais do que uma praia — era um lugar onde eu finalmente me sentia completo.
Acabou que não fomos para o congresso, estávamos cansados e altos das capetinhas que havíamos tomado, só iríamos para a festa de encerramento do congresso que seria com uma cantora de axé que eu era apaixonado desde o show do Alto.
A festa de encerramento do congresso foi uma explosão de energia e diversão. Desde o momento em que chegamos, eu já sentia que aquela noite seria memorável. A cantora de axé, que eu adorava desde que fui ao meu primeiro show no Alto, incendiou o palco com sua presença. Edu, as meninas e eu nos jogamos completamente na vibe da festa. Pulei, cantei e dancei até a voz começar a falhar. Era o clima perfeito de despedida, com todo mundo mais solto, aproveitando o momento final do congresso.
Entre uma música e outra, trocávamos olhares e sorrisos com outros caras. Embora a pegação não fosse explícita, rolavam beijos discretos, especialmente entre aqueles que estavam mais confiantes — eu e Edu incluídos. Mesmo curtindo juntos como casal naquela noite, acabamos trocando alguns beijos com outros caras que se aproximavam. Tudo parecia leve, como se houvesse uma espécie de acordo implícito de aproveitar sem compromisso.
Depois do show, nosso grupinho decidiu esticar a noite em grande estilo. Seguimos para a Le Boy, uma das baladas gays mais famosas do Rio. Assim que entramos, a música alta e as luzes coloridas nos envolveram, e a animação só cresceu. Lá dentro, o lema era claro: "não sou daqui, nem vim pra ficar". A pegação estava a todo vapor, com muita dança, risadas e beijos sem fim.
Eu perdi a conta de quantos drinques tomei e quantas bocas eu beijei, mas lembro das sensações: o calor da pista de dança, o gosto da tequila, e a adrenalina de beijar vários caras incríveis. O Edu também estava na mesma vibe, desaparecendo na pista de vez em quando, mas sempre voltando para dançar comigo. Quando saímos de lá, já era quase manhã. A brisa fresca de Ipanema nos despertava um pouco enquanto voltávamos para o hotel, rindo de qualquer coisa e carregados pela euforia da noite.
Cheguei no hotel ainda meio zonzo, querendo só uma cama para desmaiar. Convidei Edu para ficar comigo, mas ele já tinha outros planos:
— Rafa, vou lá com o Gabriel — disse, referindo-se a um turista que conhecemos na balada.
— Ah, tá, safado! Vai lá então — respondi, rindo e dando um empurrão leve nele.
Abri a porta do quarto, e a surpresa me acertou em cheio: meu pai estava lá, acabando de desfazer as malas. Ele me olhou de cima a baixo, e só precisei de um segundo para perceber que estava completamente desarrumado e bêbado.
— Muito bonito, filhão! — ele disse, com um tom entre sério e brincalhão.
— Paaaaai, o senhor voltou! — falei alto, num misto de animação e embriaguez.
— Nossa, você tomou todas, hein?
Eu ri, me jogando nos braços dele:
— Ai, pai, te amo muito! — puxei-o para um abraço apertado, sentindo a segurança daquele gesto.
Ele retribuiu o abraço, mas logo me soltou, balançando a cabeça:
— Entra no quarto e fala baixo. Vai acabar acordando os outros.
Meu pai me olhou com um misto de preocupação e carinho enquanto me ajudava a se sentar na cama. O cheiro de bebida misturado com a bagunça no quarto denunciava a intensidade da noite anterior. Ele suspirou fundo, cruzando os braços.
— Rafael, eu sei que você tá crescendo e que tá aproveitando, mas assim também é demais, hein? — disse Silas, em tom de bronca leve, sem perder o cuidado. — Beber tudo isso e chegar nesse estado?
Ri meio torto, apoiando a cabeça nas mãos.
— Ai, pai, não faz isso agora. Tô com a cabeça girando...
— Pois é, e isso é culpa de quem? — retrucou meu pai, puxando uma cadeira para sentar ao lado dele. — Ficar andando por aí igual um doido, sem se cuidar. Você é novo, Rafa, mas tem que ter responsabilidade.
Antes que Rafael pudesse responder, ele ficou pálido de repente e levou a mão à boca.
— Pai... acho que vou vomitar.
Silas rapidamente o ajudou a levantar, levando-o até o banheiro. Rafael não conseguiu segurar e vomitou parte no chão e parte na pia. Silas prendeu a respiração, segurou os ombros do filho e disse com paciência:
— Calma, calma. Respira fundo.
Rafael tossiu, segurando-se no pai.
— Tô péssimo, pai...
— É, deu pra perceber. — Silas pegou toalhas limpas e começou a limpar o rosto do filho com cuidado. — Vamos tomar um banho pra você melhorar.
Ainda meio zonzo, Rafael deixou o pai guiá-lo até o chuveiro. Silas ligou a água na temperatura morna e ajudou o filho a se despir, sem reclamar da sujeira. Ele entrou junto comigo no box, apoiando-o quando ele cambaleava.
— Sabe, Rafa, essa viagem tá me fazendo perceber umas coisas — começou Silas, enquanto deixava a água escorrer sobre os ombros do filho. Ele passou a mão no cabelo molhado de Rafael, ajeitando os fios bagunçados. — Olha só, dando banho no meu filho grandão.
Eu abri um sorriso fraco, encostando a cabeça no ombro do pai.
— Eu amo como você cuida de mim pai.
— Agora, olha só. Tá sendo bom pra gente, sabe? — Silas deu uma risada leve. — Mesmo que você me dê trabalho desse jeito.
Depois do banho, meu pai me ajudou a se secar e colocou uma roupa limpa. O meu quarto ainda tinha vestígios da bagunça, então Silas decidiu:
— Vamos pro meu quarto. Você não vai conseguir dormir bem aqui nesse cheiro.
— Tá bom, pai...
Silas me levou para o quarto ao lado e o deitou na cama.
— Fica aqui comigo, pai? Só até eu dormir.
Silas suspirou, mas não resistiu. Deitou-se ao meu lado e começou a alisar minha cabeça.
— Claro que fico, Rafa. Descansa.
— Pai eu só gosto de dormir pelado – Disse isso tirando meu short
— Filho olha o respeito com seu pai.
— Faça o mesmo pai, não vejo nenhum problema em pai e filho dormirem pelados.
– Rafael, Rafael, você tá bêbado, para com essas coisas.
— Pai, para, eu tô normal já – puxei ele para um abraço, e ficamos frente a frente, ele me olhava e alisava minha cabeça, então fui fechando os olhos, relaxando sob o toque carinhoso do pai. Silas continuou alisando meu cabelo até perceber que eu tinha adormecido, sentindo-se em paz por estar cuidando de mim de um jeito que nunca havia feito.