Amante Secreto - Parte 5: Desejos Latentes

Da série Amante Secreto
Um conto erótico de Fabio N.M
Categoria: Heterossexual
Contém 3530 palavras
Data: 24/12/2024 07:27:51

A academia do resort era digna de um centro de treinamento de elite. Grandes janelas de vidro permitiam a entrada de luz natural e ofereciam uma vista deslumbrante para o mar azul cintilante. As paredes eram decoradas com fotografias em preto e branco de atletas famosos, combinando com os equipamentos de última geração em tons de prata e preto. O chão era coberto com um revestimento macio de borracha, ideal para absorver impactos, e o som ambiente era preenchido por uma música eletrônica que estimulava o movimento.

Marcelo e Yasmim entraram no espaço, suas vozes animadas ecoando enquanto observavam os aparelhos. Ela estava vestida com um conjunto de top e leggings que acentuavam perfeitamente suas curvas, enquanto Marcelo usava uma regata que destacava seus braços musculosos.

— Isso aqui é incrível — disse Marcelo, olhando para as máquinas alinhadas — Acho que vou morar nessa academia.

Yasmim riu, cutucando o braço dele.

— Não duvido.

No centro da sala, um homem alto e de postura impecável estava se exercitando em uma máquina de cross trainer. Ele tinha cabelos castanhos curtos e bem penteados, seu corpo bem construído, como se tivesse sido esculpido pelas mãos de Michelangelo. Ele notou a entrada de Marcelo e Yasmim e interrompeu seus exercícios, caminhando até eles com um sorriso caloroso.

— Bom dia — ele disse, estendendo a mão — Sou Dante, personal trainer e instrutor do resort…

Dante começou a mostrar os aparelhos para o casal, explicando as funções de cada um com um entusiasmo que denotava paixão pelo que fazia.

— Esta aqui é a estação de musculação mais completa — disse ele, parando diante de um equipamento multifuncional — Ideal para treinos de força.

Marcelo testou a máquina, ajustando os pesos.

— Perfeita — comentou, enquanto começava sua série de exercícios.

Dante voltou-se para Yasmim, seus olhos percorrendo-a de forma breve, mas perceptível.

— E você, prefere cardio ou musculação?

— Um pouco dos dois — ela respondeu com um sorriso amigável.

— Ótimo — ele disse, conduzindo-a para uma esteira próxima — Vamos começar com um aquecimento. Posso ajustar o programa para você.

Dante ajustou os controles enquanto Yasmim subia na esteira. Ele ficou ao lado dela, comentando sobre a importância do ritmo e postura. Nada que ela mesma já não soubesse. Sua proximidade era sutil, mas notável, e seu tom de voz era tranquilizador, quase íntimo.

Enquanto se concentrava em seus próprios exercícios, Marcelo não pôde evitar observar Dante com Yasmim. Ele notou como o personal parecia encontrar desculpas para ficar perto dela, ajudando-a com ajustes que, na visão de Marcelo, não eram tão necessários.

Marcelo tentou ignorar, mas algo o incomodava. Não era apenas a atenção que Dante dava a Yasmim, mas o fato de ele próprio sentir uma mistura confusa de irritação e excitação ao vê-la ser alvo de tanta admiração.

Ele aumentou o peso na estação de musculação, tentando desviar a atenção de seus pensamentos. “Concentre-se,” murmurou para si mesmo, enquanto levantava os pesos.

Depois do aquecimento, Dante conduziu Yasmim para a área de pesos livres, oferecendo-lhe um par de halteres.

— Vamos trabalhar os braços agora — disse ele, posicionando-se atrás dela enquanto ela começava a série de elevações laterais.

— Assim? — perguntou Yasmim, movendo os braços com cuidado.

— Perfeito — Dante respondeu, colocando as mãos levemente nos cotovelos dela para corrigir a posição. Seus dedos resvalaram pela pele dela, o toque tão sutil quanto intencional.

Yasmim não disse nada, mas um pequeno sorriso curvou seus lábios. Ela não estava alheia à atenção de Dante, mas também não fazia nada para desencorajá-lo.

Marcelo, que havia terminado sua série, observou a cena com os olhos semicerrados. Ele viu os dedos de Dante tocarem os braços de Yasmim, os corpos deles quase se encostando enquanto ela movia os pesos. Um calor subiu pelo peito de Marcelo, e ele apertou as mãos contra os apoios da máquina que usava.

Marcelo tentou racionalizar o que sentia. Era ciúme? Raiva? Ou algo mais profundo e desconfortável? Parte dele queria intervir, afastar Dante de Yasmim e afirmar sua presença. Mas outra parte, uma que ele relutava em admitir, gostava de ver a situação se desenrolar.

Ele se levantou e caminhou até o bebedouro, tentando esfriar a cabeça. Enquanto bebia, lançou outro olhar para Yasmim e Dante, que agora estavam de pé em frente a uma máquina de remada.

— Tudo bem por aqui? — ele perguntou, com um tom que soava mais sério do que ele pretendia.

— Sim — respondeu Yasmim, sorrindo. — Dante está me ajudando a melhorar minha postura.

Marcelo assentiu, tentando parecer relaxado.

— Ótimo. Não queremos que você se machuque.

Dante sorriu de volta, aparentemente alheio à tensão no ar.

— Comigo aqui, ela está em boas mãos.

As palavras de Dante só aumentaram o conflito dentro de Marcelo. Ele voltou para a estação de musculação, mas não conseguia se concentrar nos exercícios. Seus pensamentos estavam presos na dinâmica entre Yasmim e Dante, e, mais perturbador, na forma como ele próprio se sentia ao vê-la ser tocada por outro homem. A tensão o invadia, uma mistura de irritação e excitação que ele não sabia como processar.

Enquanto isso, Yasmim começou a perceber os sinais. O olhar fixo dele enquanto a observava, as pausas mais longas entre os movimentos de musculação, o leve rubor que subia por seu pescoço, tudo indicava que algo nele havia sido despertado. Um sorriso provocador curvou os lábios dela. “Se ele estava gostando de assistir, por que não dar a ele um show?”, pensou.

Yasmim ajustou a posição na máquina de remada, empinando os quadris levemente para trás, de maneira que suas curvas ficassem mais acentuadas. Ela segurou as alças do equipamento e começou o exercício com movimentos lentos e controlados, cada repetição destacando os músculos tonificados de suas costas e os contornos perfeitos de seus glúteos, que eram realçados pela legging que parecia uma segunda pele.

— Estou fazendo certo, Dante? — ela perguntou, lançando um olhar por cima do ombro. Sua voz era suave, mas carregada de um tom sutilmente insinuante.

Dante, que estava ao lado, hesitou por um momento antes de responder.

— Sim, perfeito — disse ele, mas sua postura rígida traía o esforço para manter o profissionalismo. Ele tentou manter os olhos nos ombros dela, mas seu olhar era inevitavelmente atraído pelos movimentos hipnotizantes dos quadris de Yasmim.

Marcelo, do outro lado da academia, assistia em silêncio. Ele ajustou o peso na máquina que estava usando, mas seus olhos continuavam voltando para Yasmim e Dante. Ele notou o modo como Dante evitava olhar diretamente para ela, como se estivesse lutando contra algo. Essa luta apenas alimentava a excitação de Marcelo, algo que ele começava a admitir para si mesmo.

Yasmim continuou a série, mas agora seus movimentos eram ainda mais lentos, quase deliberados. Quando terminou, virou-se de frente para Dante, os olhos fixos nos dele enquanto enxugava o suor do pescoço com a toalha.

— E agora, o que você recomenda para mim? — perguntou, com um sorriso inocente que contrastava com a faísca nos olhos.

Dante engoliu em seco, tentando recuperar a compostura.

— Podemos fazer elevação de pernas na estação de glúteos — disse ele, conduzindo-a até o aparelho.

Ela subiu na máquina, posicionando-se de forma que ficava levemente inclinada para frente. Seus quadris estavam na altura dos olhos de Dante, e a postura acentuava ainda mais suas curvas. Enquanto ela começava o exercício, lançava olhares rápidos para Marcelo, percebendo como ele assistia cada movimento, incapaz de desviar o olhar.

— Estou fazendo certo? — ela perguntou novamente, girando ligeiramente a cabeça para olhar para Dante, mas claramente também falando com Marcelo.

Dante hesitou antes de se aproximar.

— Deixe-me ajustar a posição dos seus pés — disse ele, sua voz ligeiramente mais baixa.

Ele segurou o tornozelo de Yasmim, movendo-o apenas alguns centímetros, mas o toque prolongado foi impossível de ignorar.

Marcelo sentiu um nó apertar em seu estômago. Ele sabia que poderia intervir, que poderia chamar Yasmim ou mesmo confrontar Dante, mas algo o impedia. O calor em seu peito crescia, e ele percebeu que estava gostando mais do que deveria.

Yasmim aumentou o ritmo da série, seus movimentos tornando-se mais fluídos. Ela soltava pequenos suspiros, quase imperceptíveis, a cada repetição, sua respiração ofegante ecoando suavemente pela academia.

Dante estava ao lado dela, ostensivamente corrigindo sua postura, mas a proximidade entre os dois era inegável. O profissionalismo que ele tentava manter parecia escapar a cada momento, e Marcelo podia ver isso claramente.

Os olhos de Yasmim encontraram os de Marcelo novamente. Desta vez, ela sustentou o olhar por alguns segundos, um sorriso malicioso brincando em seus lábios. Era como se ela estivesse desafiando-o a admitir o que sentia.

Marcelo sentiu o coração disparar. Ele inclinou-se para frente no banco da máquina que usava, os cotovelos apoiados nos joelhos, como se precisasse de estabilidade para processar o que estava acontecendo.

Quando Yasmim terminou o exercício, ela desceu da máquina e virou-se para Dante.

— Você foi muito prestativo — disse, o tom ligeiramente doce demais — Acho que vou pedir sua ajuda mais vezes.

Dante sorriu, claramente desconfortável, mas incapaz de evitar a energia magnética de Yasmim.

— Sempre que precisar, estarei por aqui.

Yasmim caminhou em direção a Marcelo, balançando levemente os quadris, cada movimento feito para capturar sua atenção. Ela parou na frente dele, inclinando-se para pegar a garrafa de água que estava ao lado de sua cadeira.

— Você está bem quieto — ela comentou, tomando um gole antes de estender a garrafa para ele.

— Só… observando — respondeu Marcelo, a voz mais rouca do que ele pretendia.

— Espero que tenha gostado… da malhação — disse ela, com um sorriso provocador.

Marcelo não respondeu, mas o olhar que deu a Yasmim disse tudo o que ela precisava saber.

Enquanto o casal saía da academia, Dante observou-os, tentando entender o que exatamente havia acontecido ali. Ele se perguntou se tinha cruzado uma linha, mas o sorriso de Yasmim, que ainda estava claro em sua mente, fazia com que não sentisse arrependimento algum.

Marcelo, por outro lado, caminhava ao lado de Yasmim em silêncio, sua mente em turbilhão. Ele sabia que algo dentro dele havia mudado. Pela primeira vez, ele não sentiu ciúme ao ver Yasmim ser desejada por outro homem. Pelo contrário, ele se sentiu excitado, curioso e, acima de tudo, incapaz de ignorar o que aquele momento havia despertado nele.

O salão principal do resort, iluminado por luzes suaves e decorado com um estilo moderno e um enorme lustre central, parecia o cenário perfeito para uma reunião. A brisa da noite que caía soprava levemente pelas portas de vidro abertas que davam para a varanda, onde o som das ondas quebrando ao longe. No centro do salão, um grande sofá em forma de "U" e algumas poltronas formavam um semicírculo, proporcionando uma visão clara do anfitrião da noite.

Rodrigo, vestido com uma camisa de linho florida e calça de alfaiataria, estava em pé no centro do grupo, com um sorriso fácil no rosto. Fabíola, ao lado dele, irradiava confiança, vestindo um vestido preto justo que ressaltava sua figura esbelta.

Todos os casais estavam reunidos: Jorge e Alice, André e Lara, Marcelo e Yasmim. Cada um demonstrava uma mistura de curiosidade e apreensão. As conversas informais foram silenciadas quando Rodrigo levantou a mão, chamando a atenção.

— Meus queridos amigos — ele começou, sua voz suave, mas cheia de autoridade. — Espero que vocês estejam se sentindo tão à vontade quanto nós desejávamos. Esta noite, eu quero propor algo especial. Algo que, tenho certeza, será… inesquecível.

Fabíola sorriu, prosseguindo:

— Antes de mais nada, lembrem-se de que o que acontece aqui fica aqui. Somos todos amigos há muitos anos, e esta é uma oportunidade para nos divertirmos, nos conectarmos e, quem sabe, descobrirmos algo novo sobre nós mesmos e uns sobre os outros.

Os olhos de Rodrigo percorreram o grupo, pousando brevemente em cada casal.

— Quero apresentar a vocês o ‘Amante Secreto.’ É um jogo, mas não qualquer jogo. Este é projetado para quebrar barreiras, criar momentos de descontração e, acima de tudo, diversão entre amigos.

Rodrigo gesticulou para uma mesa próxima, onde uma fruteira moderna estava posicionada. Dentro dela, cartões eletrônicos de acesso brilhavam sob a luz ambiente. Ele deu dois passos em direção à mesa e pegou um dos cartões, exibindo-o ao grupo.

— É simples — começou ele — Dentro desta fruteira, temos cartões de acesso pretos e brancos. Cada mulher pegará um cartão preto, e cada homem pegará um cartão branco. Os cartões correspondem aos quartos no andar superior. O par correspondente ao seu cartão será o seu parceiro designado para o jogo.

Marcelo, com as sobrancelhas levantadas, interrompeu com uma risada nervosa.

— É um jogo de duplas ou algo assim?

— Calma, Marcelo — disse Fabíola, rindo suavemente — Por enquanto, o jogo é apenas para divertir. Vocês terão total controle sobre o quanto desejam ou não avançar.

Rodrigo continuou, com um tom tranquilizador.

— Caso alguém pegue o cartão correspondente ao seu próprio cônjuge, fazemos outro sorteio. E, claro, a participação é voluntária. Se alguém preferir não jogar, tudo bem.

Jorge inclinou-se para frente como se tentasse achar uma posição confortável para um desconforto interno, os cotovelos apoiados nos joelhos.

— E o que exatamente acontece neste jogo?

— Boa pergunta — disse Rodrigo, seu sorriso ampliando-se — O jogo é dividido em três fases. A primeira, que jogaremos esta noite, é um ‘Quebra-Gelo’. É uma maneira leve e divertida de começarmos.

Fabíola interveio.

— Nesta fase, cada casal deve compartilhar um fato erótico que já tenha feito e uma fantasia que nunca realizou. Os outros casais precisam adivinhar o que é fato e o que é fantasia. É tudo muito leve, mas ajuda a criar um clima descontraído e a abrir diálogos.

— E nas fases seguintes? — perguntou Lara, claramente tentando manter a compostura.

— Ah, as fases seguintes são um pouco mais… interativas — respondeu Rodrigo com um sorriso enigmático — Mas falaremos delas quando for a hora. Por enquanto, quero garantir que todos estejam à vontade com o que propomos esta noite.

O grupo ficou em silêncio por um momento, cada um absorvendo as informações. Alice olhou para Jorge, sua expressão denotando uma mistura de curiosidade e hesitação. Yasmim mordeu o lábio inferior, trocando olhares com Marcelo, que parecia desconfortável mas intrigado. Lara cruzou os braços, sua postura rígida indicando resistência, enquanto André parecia mais aberto à ideia.

— Não precisa ser nada além de diversão — disse Fabíola, sua voz calorosa — É uma chance de rirmos juntos, de nos desconectarmos do mundo lá fora e de simplesmente aproveitarmos o momento. Tudo com respeito e consentimento, é claro.

Rodrigo voltou a falar.

— Eu entendo que é uma proposta fora do comum, mas é exatamente isso que a torna tão especial. Não há pressão. O objetivo é criar memórias, não desconforto.

Marcelo foi o primeiro a falar.

— Bem, desde que seja só um jogo… por que não? Estamos aqui para nos divertir, afinal.

Yasmim, embora hesitante, assentiu para o marido.

— Se você acha que é uma boa ideia…

Jorge riu nervosamente, levantando as mãos em um gesto de rendição.

— Bem, não quero ser o chato que diz não. Vamos nessa.

Alice encolheu-se, claramente receosa.

— Eu não sei… talvez… acho que pode ser divertido.

André deu de ombros.

— Estou dentro. E você, Lara?

Todos os olhares se voltaram para Lara, que respirou fundo antes de responder.

— Se todos estão dispostos, acho que posso tentar. Mas vou deixar claro: não quero ultrapassar nenhum limite.

— Perfeito — disse Rodrigo, sua expressão satisfeita — Então, que comecemos.

Rodrigo e Fabíola organizaram os cartões, garantindo que fossem distribuídos de maneira aleatória. Enquanto isso, o grupo trocava olhares nervosos e risos contidos, a tensão no ar aumentando com cada segundo que passava.

— Antes de começarmos, lembrem-se — disse Fabíola, erguendo sua taça — Estamos aqui como amigos, para nos divertirmos e explorarmos sem julgamentos. Nada é obrigatório. Apenas sigam o fluxo e aproveitem.

Todos levantaram suas taças, brindando com sorrisos hesitantes mas curiosos.

— Vamos ao sorteio — disse Rodrigo, gesticulando para que as mulheres se aproximassem primeiro.

O salão principal estava mergulhado em um silêncio carregado de expectativa. As luzes quentes e indiretas criavam um clima íntimo, enquanto os casais encaravam a mesa onde Rodrigo e Fabíola haviam disposto a fruteira com os cartões eletrônicos. O jogo havia começado, e cada participante sentia a mistura de nervosismo e curiosidade crescendo à medida que o sorteio se desenrolava.

Alice foi a primeira a se aproximar. Seus passos eram hesitantes, e suas mãos trêmulas quando mergulhou os dedos na fruteira. O cartão preto que ela retirou parecia pesar em sua palma, como se carregasse consigo uma decisão maior do que ela havia imaginado ao concordar em participar. Ela voltou para sua poltrona, ajustando o vestido enquanto olhava para Jorge, que ofereceu um sorriso reconfortante. Alice tentou relaxar, mas sua mente voltou à massagem que Fabíola havia feito horas antes. O toque habilidoso e os estímulos profundos ainda ecoavam em seu corpo, deixando-a sensível e estranhamente aberta. “Respire fundo”, ela sussurrou para si mesma, fechando os olhos por um momento antes de voltar sua atenção para os outros.

Yasmim foi a seguinte. Diferente de Alice, ela parecia mais confiante, com passos decididos e um sorriso animado. Ela retirou seu cartão preto, segurando-o entre os dedos enquanto olhava discretamente para Marcelo, que estava sentado com as pernas cruzadas, observando-a atentamente. Ela piscou para ele, em parte buscando aprovação e em parte provocando-o. Marcelo sorriu de volta, mas seu sorriso era contido, como se estivesse processando todas as possibilidades que aquele jogo estava trazendo. Yasmim voltou ao seu lugar, colocando o cartão sobre o colo enquanto cruzava as pernas elegantemente.

Lara foi a terceira. Seus movimentos eram controlados, como os de alguém acostumada a manter a compostura em situações desafiadoras. Ela retirou o cartão com um olhar avaliador, observando o código no canto inferior direito. Lara sentiu uma pontada de apreensão misturada com curiosidade. Ela voltou ao seu lugar, seus olhos ocasionalmente pousando em André, que parecia mais relaxado do que o habitual, e em Fabíola, cuja expressão era de pura diversão.

Por fim, Fabíola aproximou-se da fruteira com passos lentos, sua presença magnética atraindo os olhares de todos. Ela pegou o último cartão preto e, em um gesto teatral, guardou-o no decote, deixando apenas um canto visível.

— Agora é a vez dos homens — disse ela, sorrindo para Rodrigo, que assentiu com aprovação.

Marcelo foi o primeiro a se levantar. Ele caminhou até a mesa com um pouco mais de hesitação do que normalmente demonstrava. Seu olhar passou pelas mulheres, detendo-se em cada uma por um momento antes de mergulhar a mão na fruteira e pegar um cartão branco. Enquanto voltava para sua poltrona, ele olhou discretamente para Fabíola, Lara e Alice, suas mentes brincando com as possibilidades. Ele tentou se concentrar, mas a visão de Yasmim provocando Dante mais cedo ainda estava fresca em sua memória, aumentando sua mistura de excitação e ansiedade.

Jorge foi o próximo. Ele pegou o cartão com um movimento rápido, quase como se quisesse evitar pensar demais sobre o que aquilo significava. Ele repetiu para si mesmo que era apenas um jogo inofensivo, algo para quebrar a rotina e criar histórias engraçadas para lembrar no futuro. Ao voltar para o seu lugar, ele notou a expressão pensativa de Alice e se inclinou levemente em sua direção.

— Vai ficar tudo bem — murmurou ele, tocando a mão dela brevemente.

André subiu à mesa com passos decididos, mas sua curiosidade transparecia claramente. Ele pegou o cartão branco e segurou-o com firmeza, os dedos tamborilando levemente na borda enquanto voltava para seu assento.

Finalmente, Rodrigo pegou o último cartão, deslizando-o sob a palma da mão com um sorriso confiante. Ele não disse nada, mas seu olhar dizia tudo: este era o ponto central de sua proposta, a peça que movimentaria o resto do jogo.

Os cartões agora estavam distribuídos, e a atmosfera no salão parecia ainda mais densa. Cada participante segurava seu cartão como se fosse um convite para um mistério ainda não desvendado. Rodrigo percebeu as expressões de hesitação misturadas com curiosidade e levantou-se novamente, erguendo sua taça.

— Amigos, relaxem — disse ele, com uma risada leve — Esta é apenas a primeira fase. Um aquecimento, por assim dizer. Quero que vocês se divirtam e, mais importante, se sintam à vontade.

Fabíola sorriu, levantando-se ao lado do marido.

— Para isso, vamos começar com uma dinâmica que chamamos de ‘Fato ou Fantasia’. Cada casal compartilhará um fato erótico que já viveu e uma fantasia que nunca realizou. Os demais casais tentarão adivinhar o que é verdade e o que não é. E lembrem-se: tudo é apenas um jogo.

Lara, sempre prática, cruzou os braços.

— E o que acontece se acertarmos ou errarmos?

— Ah, excelente pergunta — disse Rodrigo — Cada acerto vale dois pontos, e cada erro subtrai um ponto. No final de três rodadas, o casal com mais pontos será declarado o vencedor da fase.

Alice levantou uma sobrancelha.

— E o que o vencedor ganha?

Rodrigo sorriu enigmaticamente.

— Apenas a satisfação de ser o melhor jogador…

Os casais trocaram olhares, alguns mais relaxados, outros claramente mais tensos. Jorge inclinou-se para Alice.

— Não parece nada demais — sussurrou ele.

— Tem razão.

Os casais estavam prestes a iniciar a primeira rodada, suas mentes trabalhando em possíveis histórias para compartilhar e tentando decifrar as intenções de Rodrigo e Fabíola. A tensão e a expectativa estavam no auge, criando o clima perfeito para o desenrolar do jogo e o aumento das dinâmicas emocionais e eróticas entre os participantes.

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Comentários

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Fabio, excelente a continuação. Gosto do conto. Sinto falta de uma carga maior de erotismo, embora a parte da academia tenha sido bastante sutil e sugestiva. A destacar o cuidado do autor em elaborar uma situação peculiar condizente a cada casal e com sua relação, dentro daquele ambiente. Cuidadoso foi ao descrever os ambientes e as situações. A engenharia da trama, se encadeia muito bem. Mas, senti que tem horas que o autor apenas se delicia em criar textos (meio prolixos) para caracterizar cada situação, cada momento, cada gesto. Achei um pouco excessivo e desnecessário. Isso, na hora de pegar os cartões, me soou um pouco literário e prolixo demais, ao meu ver, não precisava, já que a personalidade de cada um dos personagens já está mais do que desenhada. Já sabemos como cada um reage. Pode parecer purismo meu mas tornou a leitura um pouco enfadonha. Ao contrário da situação da academia que trouxe de fato, um confronto de sentimentos e sensações diferentes e muito bem retratado. A reação como cada um viveu aquele momento. Acho que me entendeu. No mais, texto impecável e bem construído. Raros os autores que escrevem tão corretamente como você.

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A cena da academia é sensacional. A tensão entre os três era palpável.

Muito bom, os capítulos estão ficando cada vez mais interessantes

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Muito bom,o conto se desenrola sem pressas. Há muito o que acontecer ainda,no tempo certo.

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