Sinceramente, se você deixa o cachorro dormir na cama não tem que reclamar das pulgas...
O relacionamento de Celo e Mari apesar de longo mostra problemas estruturais, o casal não se conhece como deveria, eles não tem liberdade para mostrar suas angústias, cada um as regurgita em silêncio e o cônjuge só vê as consequências sem entender suas causas. Definitivamente é surpreendente ainda estarem casados e, com toda certeza, como escreveu a Nanda, não estão prontos para se aventurar no mundo liberal.
Sempre que amigos e amigas que conhecem meu estilo de vida demonstram curiosidade eu deixo claro que antes de pensar na possibilidade eles devem, individualmente, buscar trabalhar esse desejo em uma boa e velha terapia. Tanto o homem como a mulher tem que ter claro os motivos que os levaram a ventilar a possibilidade de abrir o casamento e, a partir disso, discutir se é a melhor alternativa para o casal. Entrar em um relacionamento liberal com a terapia vencida é procurar sarna para se coçar.
Sei que não é consenso, mas, pela minha experiência, não gosto da ideia de um "casal tutor" que mostre os caminhos das pedras para os iniciantes. Claro que conversas sobre o tema sempre serão úteis, mas cada casal tem que construir seu relacionamento sem supervisão, aprendendo com os erros, comemorando os acertos. Uma experiência a dois!
Um terceiro, ou terceira, mesmo quando bem intencionado(a), nunca conseguirá captar todos as nuances, os problemas e inseguranças do casal que está se aventurando nesse novo mundo. O conto mostra como Paul, cheio de boas intenções, força a barra, leva Mari a desrespeitar o que foi combinado.
Não faço ideia do que as brilhantes autoras estão planejando para o casal, mas, na minha modesta opinião eles não tem futuro juntos. Um relacionamento longo, onde o casal se mostra desconectado dos sentimentos mais profundos um do outro, dificilmente sobrevive.