O som do portão se fechando atrás de Camila a fez perceber que estava, de fato, na casa de Isabela. O ambiente era diferente de tudo o que ela estava acostumada. O estilo da casa exibia o luxo discreto da família de Isabela, com móveis modernos e um ar de sofisticação em cada canto. Camila se sentia um pouco deslocada, como se estivesse invadindo um espaço que não era seu. Mas, ao mesmo tempo, havia algo ali que a deixava curiosa.
Isabela a guiou até uma sala de estudos bem organizada, com uma mesa grande no centro, cercada por estantes repletas de livros. Isabela colocou as anotações e os materiais sobre a mesa, para que fizessem o trabalho o mais rápido possível e ela se livrasse da presença de Camila, pelo menos era o que ela dizia pra si mesma.. A sala tinha uma janela ampla, com uma vista para o jardim, e uma iluminação suave que tornava o ambiente ainda mais acolhedor. Isabela se sentou de um lado da mesa e gesticulou para Camila se sentar do outro.
Isabela: Acho melhor começarmos logo, né? Não temos muito tempo. — disse, com aquele tom de voz que, por algum motivo, parecia se equilibrar entre o comando e a indiferença.
Camila: Claro. Não queria perder meu tempo fazendo um trabalho de futsal, mas não vou te deixar sozinha nesse inferno também. — respondeu Camila, jogando o olhar desafiador para Isabela.
Isabela não respondeu de imediato, mas seus olhos brilharam de algo que Camila não conseguiu identificar, nem queria tentar. Ambas se concentram no trabalho, virando algumas páginas de um livro e pegando anotações, mas logo a voz de Camila interrompe os estudos, mais baixa, mas com um tom provocador.
Camila: Sabe, Isabela, eu sempre me perguntei uma coisa… — começou, deixando a frase no ar enquanto olhava diretamente para ela. — Como uma garota como você se sente sendo tão… perfeita? Tem algum defeito? Algo que te deixe vulnerável?
Isabela franziu a testa, mas sua reação foi bem mais sutil do que o esperado. Ela não respondeu de imediato, o que fez Camila sentir que havia acertado em algum ponto. A curiosidade e o desafio estavam no ar, sem que elas precisassem dizer mais.
Isabela: E você, Camila? — respondeu, seus olhos agora focados em Camila. — Você acha que é a rebelde que todos temem? A garota do "não estou nem aí"? Como se isso fosse o suficiente para ser interessante.
Camila se inclinou para frente, quase se apoiando na mesa, com um sorriso cheio de sarcasmo.
Camila: Talvez eu não precise ser perfeita para ser interessante. — disse, o sorriso se alargando. — Mas você... tem algum segredo, Isabela? Algo que você tenta esconder? Ou será que é só uma fachada de garota certinha?
Isabela olhou para ela, o rosto com uma expressão um pouco mais séria. A tensão entre as duas estava cada vez mais palpável, como se a conversa fosse um jogo de sedução disfarçado de provocação. As palavras que trocavam se tornavam mais afiadas, mas ninguém dava o braço a torcer. Camila sabia o que estava fazendo; ela queria ver até onde poderia levar aquela provocação, até onde Isabela aguentaria sem se entregar.
Camila: Sabe, eu me pergunto se você já se entregou a algum dos seus... encantos. — continuou, com um olhar desafiador. — Será que você já se deixou levar por alguém, talvez uma pessoa que você não queira admitir? Ou será que a perfeição toda na fachada te faz perder algo tão essencial em você?
Isabela parou de escrever, como se a provocação a tivesse atingido de algum jeito. Ela olhou para Camila, os olhos ligeiramente mais baixos agora, um tom de cor aparecendo em suas bochechas.
Isabela: Não sei de onde você tirou isso, mas… — ela se levantou da cadeira, sua postura ainda rígida, mas com algo mais suave no olhar. — Acho que você está apenas tentando me provocar. Isso não vai funcionar.
Camila, percebendo que havia conseguido tocá-la, não parou. Pelo contrário, ela se aproximou mais de Isabela, sem hesitar, ainda com um sorriso desafiador no rosto.
Camila: Provocar? Talvez... — disse, se inclinando ainda mais, agora a poucos centímetros de Isabela. — Ou talvez eu só queira ver até onde você vai se esconder de si mesma. Talvez você queira se esconder atrás de tudo o que tenta ser, mas eu vejo o que está por trás dessa fachada. Será que você consegue me dizer o que está realmente se passando?
Isabela ficou ali, imóvel, como se uma guerra estivesse travando dentro dela. Seus olhos brilhavam com uma mistura de raiva e algo mais, algo que Camila não conseguia identificar. Por um momento, o ar ao redor delas parecia se tornar espesso, carregado de uma tensão sexual que nenhum dos dois estava disposto a admitir.
As mãos de Isabela estavam inquietas, e seus dedos tocaram a mesa com leveza, como se ela estivesse tentando se manter em controle. Mas, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Camila deu um passo à frente, colocando uma mão no braço de Isabela, tocando-a suavemente. O toque era intenso o suficiente para fazer o corpo de Isabela congelar por um segundo.
Camila: Eu só quero saber… será que você já se sentiu alguma vez… atraída por alguém como eu? — A voz de Camila era baixa e carregada de um tom desafiador, mas também de curiosidade.
Isabela, sem saber o que fazer, permaneceu ali, seu olhar fixo no de Camila. O momento estava carregado de uma energia inusitada, o tipo de energia que fazia os corações baterem mais rápido, os corpos se aproximarem de forma quase instintiva. Elas estavam tão próximas agora que os lábios de Camila pareciam ao alcance de Isabela. A respiração de ambas estava entrecortada, como se o beijo fosse algo iminente.
E foi quando, em um movimento abrupto, Isabela afastou-se, claramente lutando contra algo dentro de si.
Isabela: Você é… insuportável! — resmungou, afastando-se da mesa, deixando o ambiente mais frio novamente.
Camila permaneceu onde estava, com um sorriso sutil, sabendo que, naquele momento, ela havia tocado algo profundo em Isabela, algo que ainda estava por se revelar.
