Nas águas profundas de onde nasce a vida, Iemanjá reinava com uma beleza serena e infinita. Sua pele refletia o brilho da lua, e seus olhos traziam as marés e as profundezas do mar. Ela era mãe de todos os orixás e, ao mesmo tempo, uma entidade que inspirava admiração. Entre todos os que a reverenciavam, estava seu próprio filho, Orungã, espírito do ar, que desde pequeno se perdia na vastidão da presença de sua mãe.
Iemanjá, a deusa das águas, emanava uma sensualidade que era ao mesmo tempo sagrada e irresistível. Seu corpo, moldado como as ondas que dançam na superfície do mar, era uma celebração da feminilidade. As curvas de sua silhueta fluíam suavemente, como as marés que a cercavam, revelando seios voluptuosos que pareciam guardar os segredos do oceano. As pernas de Iemanjá, longas e esculpidas, eram como colunas de alabastro que sustentavam sua divindade, levando a uma pele que reluzia sob a luz da lua, refletindo a serenidade e a força das águas profundas
Orungã era o vento e o ar, a liberdade selvagem que corre sobre as águas, mas, diante dela, tornava-se pequeno, tomado por um sentimento que não compreendia. Ao lado de Iemanjá, seu peito ardia como o fogo escondido nas profundezas da terra. Orungã observava Iemanjá por horas, fascinado pelos movimentos de seus longos cabelos que se misturavam ao oceano, pela serenidade de seu olhar, e pelos segredos que ela carregava em silêncio.
Certo dia, tomado pelo desejo e pela audácia, Orungã finalmente se aproximou de Iemanjá com uma determinação que nunca antes havia sentido. Com um olhar intenso e o coração descompassado, ele declarou seu amor, sua ânsia em conhecê-la além dos da adoração e se despiu diante de sua mãe.
Iemanjá, percebendo a força daquele sentimento, recuou. O que ele sentia era como uma tempestade, e ela sabia que, se cedessem, esse amor consumiria tudo em volta – até eles mesmos.
Com o coração pesado, Iemanjá sussurrou:
Iemanjá: Orungã, meu filho, o que você sente é belo, mas é um caminho sem volta. Sou a água, e você é o vento; somos forças que não se misturam assim.
Mas Orungã, incapaz de conter o desejo, insistiu. Ele seguiu Iemanjá por toda a vastidão dos rios, sobrevoando as águas, tentando alcançar seu toque, sua pele, sua essência. Em cada tentativa, o ar parecia ser rejeitado pelas ondas, e Iemanjá tornava-se mais fugidia, até que sua energia foi se desgastando, e ela correu ainda mais fundo nas águas, querendo escapar desse amor proibido.
Foi então que Iemanjá, num último ato de proteção, chamou pelas forças que regiam o mundo. Em uma súplica silenciosa, entregou-se às águas, transformando-se no próprio oceano para impedir que Orungã a tocasse. De sua nova forma, surgiram muitos outros orixás, cada um com um aspecto de sua natureza, espalhados pela imensidão do mar.
Orungã, finalmente vencido pela dor e pelo respeito que sua mãe havia lhe ensinado, decidiu guardar para sempre a lembrança de Iemanjá em cada sopro de brisa que tocava o mar. Desde então, ele vagou pelo mundo dos ventos, acompanhando as marés, sempre na companhia da mãe que ele jamais poderia possuir.
E, até hoje, as águas sussurram histórias de um amor que nunca foi consumado, um amor que se transformou em mares e ventos, nas correntes que abraçam a terra e no ar que respira com saudade. Orungã, espírito do ar, ainda visita o mar, deixando beijos sutis sobre as ondas, eternamente apaixonado pela mulher que ele amará para sempre, mas que jamais será sua.
O tempo passou desde que Iemanjá se fundira com o oceano, e o coração de Orungã parecia cada vez mais árido. O espírito do ar, antes vibrante e forte, tornou-se como um ermitão perdido em si mesmo, seu amor agora transformado em um lamento que apenas os ventos mais remotos conseguiam ouvir. Durante noites intermináveis, ele vagava pelas montanhas e vales, entre os desertos, onde o calor do dia e o frio da noite faziam companhia à sua alma partida.
A ausência de Iemanjá era uma ferida que ele levava consigo. Na solidão, Orungã parecia definhar, até que, numa noite em que o céu estava mais escuro do que nunca, ele desapareceu, deixando todos acreditarem que o lamento o consumira por completo. Os orixás choraram, e até as águas de Iemanjá pareciam mais silenciosas, como se o próprio mar estivesse de luto.
Quando todos acreditavam que Orungã havia sido consumido pela tristeza, um silêncio solene pairou sobre o mar e o céu. Os ventos cessaram, como se o próprio espírito do ar estivesse em luto pela perda de si mesmo. As águas de Iemanjá pareciam calmas, mas guardavam em sua profundidade uma promessa não revelada.
Numa noite sem lua, enquanto as estrelas pareciam mais próximas da terra, Iemanjá emergiu do mar. Seu corpo era como uma miragem, envolta em brilho prateado e um véu de águas silenciosas, ela estava despida com uma nudez perfeita. Ela viera com um propósito: confortar o filho perdido, que sofria pela falta de seu amor e presença. Orungã, desgastado pela dor, sentiu uma brisa leve tocar seu rosto e abriu os olhos, descrente do que via.
Ali estava Iemanjá, sua mãe e sua amada, irradiando uma luz que aquecia suas feridas invisíveis. Ele a observou, sem saber se ela era um sonho ou um milagre. Iemanjá estendeu-lhe a mão e, com uma voz suave como o som das ondas, disse:
Iemanjá: Meu filho. Sou o mar que envolve a terra, sou as águas que alimentam os rios, e cada sopro de ar que te envolve, eu estou. Aguardei o momento em que você pudesse encontrar paz."
Orungã caiu aos pés de Iemanjá, deixando que suas lágrimas se misturassem às ondas. Ele sentiu o toque dela em seus cabelos, um afago que lhe trouxe de volta a calma. Naquele instante, toda a dor que sentira se dissolveu, e ele encontrou conforto na presença de sua mãe, que lhe mostrava que o amor verdadeiro nunca se extingue, apenas se transforma.
Ele mal acreditava na visão diante dele, temendo que sua mãe fosse apenas um sonho ou miragem. Mas Iemanjá estava ali, real, com o olhar profundo e suave, cheia da sabedoria e do amor que ele sempre ansiara tocar. Sua presença era a resposta ao lamento que ele carregava no coração.
Orungã, tomado pela devoção e pela dor de um amor reprimido, aproximou-se hesitante, as palavras presas na garganta. E foi quando Iemanjá, suavemente, tomou o rosto do filho entre as mãos e o olhou com uma compaixão infinita. Ela, que carregava todas as águas e era a mãe de todos os orixás, não conseguia mais suportar o sofrimento do filho que a amava de um modo tão intenso e proibido e então ela murmurou com a voz suave como o sussurro do mar:
Iemanjá: Filho, não posso mais vê-lo assim, consumido pelo que sente. A dor que te toma também me atinge. Hoje, eu deixarei que teu anseio encontre consolo. Por uma vez, permitirei que seu desejo toque as águas de minha carne.
Iemanjá, sabendo da profundidade desse sacrifício, entrelaçou-se ao filho numa entrega silenciosa e intensa. Naquele momento, o mar e o vento se encontraram, e o amor proibido se tornou algo maior em que a mãe finalmente se entrega para o filho.
Como o mar que acolhe o rio, entregando-se à imensidão do amor que nenhum dos dois conseguia resistir. O toque dela era suave como as ondas, e o corpo dele trazia o vigor dos ventos; juntos, criaram uma harmonia única, onde cada suspiro, cada gesto, parecia ecoar o que sentiam. Eles estavam além do mundo, numa dimensão em que o amor prevalecia sobre todas as regras.
Ele hesitava, receoso de que ela pudesse desaparecer a qualquer momento. Mas Iemanjá o observava com ternura, os olhos dela refletindo o brilho das estrelas e a profundidade de um amor que só uma mãe é capaz de nutrir. Com um gesto suave, ela estendeu a mão para ele. Orungã, com o coração pulsando no peito, segurou aquela mão delicada, sentindo a pele fria e macia de Iemanjá aquecer-se ao toque. Ela o puxou para perto, e, nesse instante, seus olhares se encontraram, revelando segredos e sentimentos que nunca haviam sido ditos.
Com um tremor contido, Orungã levou a mão ao rosto de sua mãe, acariciando-a com reverência. A pele dela era tão suave quanto ele imaginava, e o olhar dela estava repleto de uma doçura infinita, algo que ia além de mãe e filho. Ele se aproximou lentamente, hesitante, até que os lábios de ambos se tocaram. Aquele primeiro beijo era tímido e reverente, carregado de todas as palavras não ditas, como um encontro entre o rio e o mar que, finalmente, se mesclam.
Iemanjá: Meu filho, quero que teu desejo seja saciado e que possas encontrar paz. Estenda seu falo perante sua mãe para que eu possa confortá-lo.
Orungã: Benção, minha mãe. Bem aventurada seja sua piedade por mim.
Orungã estendeu seu enorme falo perante a mãe das águas, e ela se ajoelha para banhar a carne de seu filho com sua milagrosa saliva, trazendo consigo o amor incondicional de uma mãe. Com sua delicada boca, Iemanjá cercou o falo de Orungã que se deitou perante a pedra. A sua língua era como o bálsamo capaz de aliviar todas as dores e limpar todas as mágoas
A saliva de Iemanjá descia suave pelo falo de seu filho, como o toque de águas sagradas sobre a alma de Orungã, trazendo-lhe paz e serenidade. Era o consolo que acalmava sua inquietação, o abraço silencioso da mãe que acolhe e resgata. Orungã se entregava ao alívio, sentindo o peso da proteção e o toque de cura de sua mãe. Ao sentir o toque da boca de sua mãe em seu falo, Orungã foi tomado por uma sensação de calma e de êxtase.
Ela fez uma pausa, o olhar como um oceano calmo, mas intenso, e, com uma voz suave, perguntou:
Iemanjá: Orungã? Como você se sentes ao finalmente receber aquilo que tanto buscavas em mim?
Orungã: É muito mais do que imaginei, minha mãe. Sua boca é macia, como o toque de águas que acalmam.
Iemanjá sorriu suavemente, como uma brisa no mar, e foi retomando seus movimentos com sua boca, voltou a contemplar o falo de seu filho com o ato de felação com carinho e zelo.
Iemanjá o abraçou, o corpo dela se moldando ao dele, e ali, sob a imensidão do céu, entregaram-se ao amor que transbordava. A respiração de Orungã tornou-se mais forte, o peito subindo e descendo enquanto ele se permitia tocar cada centímetro do corpo dela, traçando os contornos de sua mãe e deusa, como se estivesse decorando aquele momento para a eternidade.
Ela envolveu seu rosto entre as mãos e o olhou profundamente, o olhar dizendo mais do que qualquer palavra poderia. Ele a segurou pela cintura, sentindo a suavidade da pele, o calor de um amor impossível que, ainda assim, se concretizava e penetrou o ventre materno com a carne de seu cajado. Cada toque do falo sobre as profundezas da deusa soava como um segredo revelado, um alívio para a dor que ele carregava por tanto tempo. A rainha dos mares com benevolência veio afagar as dores de Orungã do jeito que ele ambicionava.
A interação sexual das divindades durou três dias. Orungã penetrou as duas sagradas cavidades de sua mãe com um ímpeto sobrenatural que só pode ter sido cedido pela benção da Rainha dos Mares; Iemanjá apreciou o ritmo do seu filho e realizou tudo que ele tanto queria com ela.
Ao amanhecer, Iemanjá olhou para o filho com carinho e tristeza, e sussurrou em seu ouvido: “Agora, levas contigo o meu amor para sempre, Orungã. Que esta noite te dê a paz que procuravas.” E, como as águas que retornam ao oceano, ela desapareceu, deixando-o com a lembrança daquele momento único.
Orungã permanecia ali, solitário na beira do oceano, sentindo o toque do vento sobre a pele, como um reflexo da presença de sua mãe. Iemanjá havia partido, como a maré que se retira da praia, mas o amor que ela havia compartilhado com ele não desapareceria. Ela se desvaneceu nas águas, deixando-o com o peso de um segredo que ele seria o único a carregar.
Os outros não sabiam. O mundo não sabia. Iemanjá, todos pensavam, havia sido tragada pelas profundezas do mar, como se a força das águas tivesse a consumido para sempre. Mas Orungã sabia a verdade. Ele sabia que sua mãe estava viva, que o amor entre eles havia transcendido qualquer limite, qualquer barreira, e que ela ainda o observava, protegendo-o mesmo à distância.
O coração de Orungã estava pesado, dividido entre a dor de manter aquele segredo e a paz que ele agora carregava, uma paz que ninguém mais entenderia. Ele se lembrava da suavidade do toque de Iemanjá, de cada palavra sussurrada em seu ouvido, de cada movimento no calor da noite que haviam compartilhado. A promessa dela, de que ele levaria seu amor para sempre, ecoava em sua mente como uma melodia que não se podia esquecer.
Mas, para o mundo, nada disso existia. Iemanjá tinha desaparecido e, com ela, a possibilidade de um amor impossível, um amor entre mãe e filho que se manteve oculto nas sombras da realidade. Orungã não sabia se seria capaz de viver com esse fardo por toda a sua existência. Como poderia? Como ele poderia caminhar entre os outros, fingir que o que vivera não era real, que o que sentira não havia sido profundo o suficiente para mudar sua essência?
Enquanto ele atravessava o mundo, sentia a presença dela em tudo o que fazia, nas marés que vinham e iam, no vento que passava suavemente por seu rosto. Iemanjá jamais o deixaria, ele sabia disso, e isso trazia uma sensação de consolo. Mas a solidão que acompanhava esse conhecimento era imensa.
Orungã olhava para o mar com um misto de melancolia e aceitação. Embora o mundo não soubesse da verdade, ele a carregava em sua alma. A memória do toque dela, do calor de seu corpo, da sua língua macia, da suavidade de sua voz e da sua pele, estavam gravadas em cada célula de seu ser. Iemanjá ainda estava viva nele, mais viva do que qualquer outro ser poderia compreender.
E assim ele seguiu, com o peso do segredo repousando em seu peito. Ele sabia que, ao carregar esse amor, ele também carregava a força e a beleza da mãe que o amara de maneira que o mundo jamais entenderia. Mas, naquele silêncio, ele não precisava de mais nada. O amor de Iemanjá seria seu farol, seu guia eterno, mesmo que o mundo nunca soubesse a verdade.