Já eram 17:30h quando terminamos as gravações e saímos do Mirante.
Demos mais uma passada no CAT, para tomar uma água, usar o banheiro e pegar sinal de internet. Aproveitei também e fui à farmácia que fica ao lado da enfermaria e comprei um repelente de mosquitos e mais um pacote de camisinhas.
De lá fomos até o píer e vimos quando o navio das 18h estava partindo. Do alto do morro deu para ver meu pai, minha mãe, a Yeda, o Marcos, a Celine e os pais dela, todos dentro do barco, indo embora da ilha
Demos mais uma passeada e ficamos fazendo hora no restaurante até que chegou o barco das 19h.
Aquele dia todo ao lado da Claudia foi incrível, apesar das filmagens e de ter pensado em Celine
Deu tempo também para caminhamos pelas trilhas, rimos, aproveitamos a praia e foi uma bela foda atrás do Forte
Mas era hora de deixar a Ilha, embarcamos quando o sol já terminava de se por e o céu começava a ganhar contornos de um azul profundo, com a lua refletindo seu brilho prateado na superfície do mar. A travessia dura cerca de uma hora, mas é tão bonita que parece passar num instante.
O clima entre nós estava diferente, mais íntimo. O balançar suave do barco nos embalava, e pudemos ver alguns peixes saltando na água. Em um momento mágico, um golfinho apareceu, nadando ao nosso lado por alguns segundos antes de desaparecer nas ondas. Claudia sorriu encantada e pegou o celular, fazendo menção de filmar a cena, mas eu toquei de leve na sua mão e balancei a cabeça.
- Deixa isso pra lá — disse, olhando em seus olhos. — Vamos só aproveitar o momento.
Ela hesitou por um segundo, mas depois sorriu e guardou o celular. Ficamos ali, lado a lado, sentindo a brisa fresca do mar, sem precisar de palavras. Apenas nós dois, o mar e o luar.
No meio da travessia, o celular dela vibra. Ela suspira antes de olhar a tela. É uma mensagem do Marcos, seu irmão. Ele já chegou ao continente antes de nós, no barco das 18h.
- O que foi? — pergunto, vendo sua expressão de leve exasperação.
- Marcos… — ela revirou os olhos. — Ele conheceu uma garota na ilha e a levou pro nosso quarto. Está me pedindo pra não ir pra lá agora.
Não consegui evitar uma risada baixa.
- E o que você disse?
- Dei um prazo. Até as 22h30. — Ela desligou o celular e me encarou. — Preciso dormir cedo. Amanhã acordo cedo também para viajarmos para o evento.
- Justo — comentei, ainda sorrindo. – Ele falou o nome da menina, ou como ela é?
- Não, acho que ele tá ocupado demais para me passar esses detalhes agora – disse Claudia repousando a cabeça no meu colo – depois vejo com ele.
Eu senti o corpo todo com aquele cansaço gostoso, e segui admirando a paisagem! Eu me permito aproveitar cada segundo desse momento. Ainda deitada no meu colo, Claudia também está em silêncio, mas sei que sente o mesmo.
“Talvez seja o começo de algo novo entre nós” pensei. “O melhor é esquecer Celine”
Chegamos no continente as 20h, e a Claudia foi comigo até o restaurante da pousada para jantarmos juntos.
Diferente dos outros dias estava um barulho chato. Tinha um pessoal trabalhando até aquele horário para montar um palco perto da piscina para um evento que iria acontecer no dia seguinte no final da tarde.
De qualquer forma o jantar estava delicioso. Depois sentamos na área comum, onde Claudia aproveitou para postar os vídeos que filmamos a tarde em seu canal:
- Não precisa editar? Perguntei, com pouco conhecimento no assunto.
- Eu já performei de uma forma que evitasse ter de ficar editando. Já estou experiente no assunto.
- Você postou até mesmo o vídeo que eu apareço?
- Sim, algum problema? Vamos ver o que o pessoal acha do Apolo.
Para mim não tinha problema nenhum, eu tinha até gostado de aparecer no vídeo.
Para terminarmos a noite caminhei com a Claudia pela praia até a pousada dela,. A brisa soprava suave, e o som das ondas sempre me trazia tranquilidade. Cláudia andava ao meu lado, os pés descalços afundando levemente na areia fria, enquanto o brilho da lua iluminava seu rosto de um jeito que eu queria guardar na memória.
A gente se conheceu há menos de 24 horas, mas parecia mais. A conversa fluía fácil, o riso escapava sem esforço, e agora estávamos ali, como se nenhum de nós quisesse que a noite acabasse.
Ela parou, me encarou com aqueles olhos vivos e, com um sorriso meio ansioso, fez o convite:
— Amanhã vou cedinho pra Praia da Armação. O evento que marquei com meus seguidores vai ser ótimo! Vem comigo?
Olhei para o mar por um instante, sentindo o peso da resposta. Não era falta de vontade — de estar perto dela, de ver para onde isso poderia ir. Mas alguma coisa dentro de mim me prendia aqui. Não sei bem o que era, se era Celine, ou o medo de um compromisso mais sério, talvez fosse só o meu jeito.
- Fica pra próxima — respondi, a voz saindo mais baixa do que eu pretendia. — Mas... eu vou te procurar. Na sua cidade.
Os olhos dela buscaram os meus, como se tentassem decifrar se eu falava sério. Então, depois de um segundo que pareceu mais longo do que era, ela sorriu, um sorriso cheio de incerteza, mas também de algo parecido com esperança.
Seguimos caminhando, sem pressa. A maré subia devagar, lambendo nossos pés, até que chegou a mensagem do Marcos: o quarto tá liberado!
Terminamos o caminho até a pousada que ela estava hospedada. Prometi que a procuraria depois!
- O canal precisa muito do Apolo! Você foi muito bem! E eu preciso de você! – disse Claudia com um olhar apaixonado
Nos despedimos com um beijo bem gostoso e eu voltei para a pousada dos Amores cheio de dúvidas!
Cheguei no quarto já tarde, 22h40. Yeda já estava deitada, pronta para dormir. Assim que entrei, ela se mexeu um pouco na cama, talvez pelo barulho da porta.
- Foi mal, preciso tomar um banho rápido — falei baixinho.
Ela suspirou e virou um pouco na cama. O quarto estava quase no escuro, só a luz do corredor iluminava um pouco seu rosto cansado.
- Amanhã a eu acordo às 5h30 pra viajar, lembra? — murmurou, com aquela voz preguiçosa de quem já está quase dormindo. — Vamos pra Armação, tem um evento da Afrodite.
- Esse canal da Afrodite é bom? Dá dinheiro?
Yeda bocejou antes de responder:
— Tá crescendo… já deve dar algum dinheiro, sim.
Fiquei pensando nisso enquanto pegava minhas coisas. YouTube. Dinheiro. Era algo a se pensar. Nunca fui bom nos estudos mesmo… mas sei que sou carismático, levo jeito pra falar, e curto academia. Já vi vários caras ganhando uma grana só postando treino e motivação. Poderia ser um caminho pra mim.
Entrei no banheiro e deixei a água quente cair no corpo, sentindo o cansaço do dia se dissolver um pouco. Enquanto ensaboava o rosto, minha mente trabalhava rápido. Se eu começasse um canal de fitness? Postasse minha rotina de treinos? Poderia dar certo. Melhor do que ficar quebrando a cabeça com estudo, coisa que nunca foi minha praia.
Saí do banho e voltei pro quarto. Yeda parecia ainda meio acordada. Enquanto vestia a camiseta, perguntei:
— Você ainda tem aquele canal de francês?
Ela virou um pouco na cama, a voz ainda mais sonolenta:
— Tenho, mas não tenho tempo de alimentar… só 900 seguidores, pouca visualização.
Só 900. Mas ainda assim, ela já teve disciplina pra isso. Inteligente como sempre. Minha irmã, com dezoito anos era fluente em quatro idiomas! Eu, mal e mal, o português direito.
Apaguei a luz e deitei, olhando para o teto no escuro. A única saída pra mim é ser youtuber.
- Ah Yeda, você voltou no mesmo barco que o Marcos, né? O irmão da Afrodite. Ele voltou acompanhado de uma menina, né?
Yeda respondeu irritada:
- Sim Claudio, ele voltou acompanhado! Agora fecha a boca e me deixa dormir!
Fiz uma última tentativa:
- Mas essa menina, ela ...
- Porra Claudio! Já falei que preciso dormir! Fica quieto, pelo amor de Deus! Silêncio!
DIA 03
Acordei com o barulho do alarme do celular de Yeda, lá pelas 5:30 da manhã. Eu estava tão cansado, quase sem forças para abrir os olhos, mas já podia ouvir a movimentação dela. Ela se levantou, se espreguiçou e falou algo sobre a viagem para a praia da Armação. Ela me contou que nossos pais iam levá-la. Ela aprecia alegre e de bom humor e se desculpou por ter que acordar tão cedo. Perguntou se eu queria ir com ela, mas eu, ainda sonolento, respondi que não. Nem tive forças para dizer mais nada. Só queria continuar dormindo.
Yeda, então, se apressou a se arrumar, tentando ser silenciosa, mas até o silêncio dela parecia barulho para mim, que estava completamente desligado do mundo. Fiquei ali, deitado, ouvindo o som da mala dela sendo arrumada, os passos rápidos dela pela pousada, até que nossos pais chegaram no quarto para se despedir. Eles, como sempre, me deram um "bom dia" tímido e foram tomar café, antes de partir.
Fiquei ali, deitado, tentando pegar no sono novamente. Mas a cama já não parecia a mesma. Estava tudo silencioso e calmo, eu tentava fechar os olhos, mas meu cérebro estava a mil. Olhei para o relógio e vi que já passavam das 6:30h. Não consegui mais voltar a dormir. Respirei fundo, me levantei e fui até a área do café da pousada. O cheiro do café me despertou completamente. Era excelente, como sempre.
Quando voltei, passando pela recepção, o rapaz que estava ali me chamou. Ele parecia meio distraído, mexendo no computador, mas assim que me viu, perguntou se eu era o Claudio do quarto 31A. Respondi que sim, e ele então entregou um bilhete para mim, com uma letra feminina muito bonita com alguns erros de português, claramente de alguém que não falava muito bem a língua.
Mas consegui entender, dizia que se eu quisesse ter uma relação sexual prazerosa deveria ir até o quarto 31B
Não sabia o que pensar. Fiquei ali por alguns segundos, sem saber se era alguma brincadeira ou se tinha algum significado real. 31B era o quarto de Celine.
Fiquei tentando entender tudo que tinha acontecido e chegar numa conclusão.
Decidi então seguir até o quarto 31B, a sensação de incerteza me acompanhando enquanto o bilhete ainda estava em minhas mãos. O que me esperava lá?
Cheguei em frente a porta e toquei a campainha. Depois de alguns segundos a porta se abriu ... e foi uma grande surpresa!
Continua ...
