**Ryan:**
(pensamento)
(enquanto observa a cidade passar pela janela do táxi)
Estou a caminho de buscar Bianca. Não faço ideia do que será da minha vida a partir deste momento. *Irmão... o que você queria que eu fosse? Um herói ou um covarde?* Não sei mais se fiz a coisa certa. Naquelas noites, cada toque, cada suspiro com Makena era um furacão que me arrastava para longe de mim mesmo. Agora, o que restou não é vento, é só terra arrasada. Como vou encarar os olhos dela? Os mesmos olhos que brilhavam quando eu prometi ser só seu...
*(A mão dele treme ao ajustar o bracelete tribal sob a manga, como se ele queimasse.)*
**Ryan:** *(pensamento, observando Bianca à distância no aeroporto. O som de anúncios de voo ecoa como um eco de seus dilemas.)*
Lá está ela. *Deus, como eu queria empurrá-la para dentro de um avião agora mesmo e sumir. Desaparecer como fumaça no horizonte, sem problemas, sem promessas...* Mas mesmo na fantasia, a culpa me arrasta de volta. *Saudades de Makena?* Não. Não é só saudade. É como se ela tivesse gravado fogo na minha pele, e eu agora dependesse das cinzas para respirar.
*(Ele aperta o passaporte no bolso até amassar, imaginando Makena rindo da sua covardia. Bianca se vira, perfeita como um retrato, e ele se pergunta*
Consigo ser só seu? Ou já me tornei um estranho que rouba segredos tribais e beijos no escuro?
*(O cheiro do perfume de Makena — terra molhada e incenso — invade suas narinas como um fantasma. Ele engole seco.)*
**Contexto:** *Aeroporto. Bianca usa um tailleur impecável, óculos de sol refletindo a multidão, enquanto Ryan segura suas malas com mãos suadas. O cheiro de café e desinfetante mistura-se ao perfume caro dela, que ele já achou viciante. Agora, só lembra Makena.*
**RYAN**
(beijando sua face rapidamente, voz melosa demais)
“Amor, que saudades! Você está deslumbrante... como sempre.”
*(A mão dele hesita perto do rosto dela, como se tocasse algo frágil.)*
**BIANCA**
(ajustando os óculos com um dedo, sem sorrir)
“Obrigada, Ryan. Pegue minhas malas. Quero ir para casa *imediatamente*.”
*(Ela caminha à frente, salto marcando o ritmo como um metrônomo. Ryan tropeça com as bagagens.)*
**RYAN**
(alcançando-a, voz suplicante)
“Espera... Não quer ir àquele restaurante francês? Podíamos conversar. Só nós dois.”
*(Os olhos dele fogem para o bracelete tribal sob a manga, imaginando Makena rindo.)*
**BIANCA**
(parando abruptamente, riso cortante)
“Ah, é mesmo! Esqueci que *privacidade* virou artigo de luxo na **minha** casa. A menos que sua... *cunhada*... tenha ocupado meu quarto também.”
*(A última palavra sai como um chicote. Passageiros olham de lado.)*
**RYAN**
(baixando a voz, constrangido)
“Bianca, por favor. Não fale dela assim. Você não é... isso.”
*(“Isso” soa vago. Ele não sabe mais quem ela é.)*
**BIANCA**
(aproximando-se, quase sussurrando)
“Já está defendendo a tribo, Ryan? Que fofo. Deveria ter mandado elas para um hotel. Ou para uma tenda, já que adoram tanto o exótico.”
*(O perfume dela, antes âmbar e jasmim, agora lembra álcool gel.)*
**RYAN**
(tocando o braço dela, desespero disfarçado de carinho)
“Eu só quero você. Só nós. Mas... Matheus fez eu prometer. Preciso honrar isso.”
*(A promessa soa falsa até para ele. Bianca ri, alta e vazia.)*
**BIANCA**
(retirando o braço com frieza)
“Honre à vontade. Só não espere que eu **me adapte** a uma realidade onde minha sala de jantar vira safari.”
*(Ela caminha rumo ao carro, deixando-o paralisado. Ryan olha para o bracelete, queimando como ferro em brasa.)*
**Contexto:** *Dentro do táxi. O motorista, um homem de meia-idade com um crucifixo no retrovisor, ouve atento. Bianca senta ereta, unhas batendo no celular. Ryan segura o bracelete tribal sob a manga, como se ele pulsasse.*
**RYAN**
(firme, mas com voz suavizada)
“Vamos ao restaurante. Precisamos conversar *antes* de chegar em casa. Não quero que você entre lá como um furacão.”
*(A mão dele se fecha sobre o joelho dela, não em carinho, mas em aviso.)*
**BIANCA**
(rindo seco, alto demais para o espaço pequeno)
“Ah, sim! Preciso chegar sorrindo e beijar os pés da rainha da selva, né? Ou será que ela prefere que eu *sirva* o jantar?”
*(O motorista desvia o olhar no retrovisor. Ryan aperta o joelho dela, quase doloroso.)*
**RYAN**
(voz baixa, cortante)
“Bianca. **Chega.** Você patrocinou escolas naquela aldeia. Vestiu isso como medalha em todos os jantares. Agrega moral agora, pelo menos.”
*(Ele solta ela, como se tocasse algo sujo. Bianca ri, mas os olhos dela tremem.)*
**BIANCA**
(sarcástica, inclinando-se para o motorista)
“Patrocinei até cirurgia de catarata em crianças, sabia? Mas não imaginei que uma delas viraria minha... *colega de quarto*.”
*(O motorista limpa a garganta, desconfortável. Ryan encara-o pelo retrovisor, desafiando-o a comentar.)*
**RYAN**
(interrompendo, voz elevada)
“Privacidade a gente conquista, Bianca. Portas fecham. Luzes se apagam. Como sempre fizemos.”
*(Pausa. Ele respira fundo, lembrando das noites mecânicas com ela: silêncio, escuridão, um ritual sem alma.)*
**BIANCA**
(sussurrando, furiosa)
“Como **ousa** comparar? Eu não sou uma das suas putas de quinta categoria, Ryan!”
*(As palavras ecoam. O motorista acelera, tentando fugir da cena.)*
**RYAN**
(segurando o pulso dela, não com força, mas com urgência)
“Eu te amo. Mas amar você não significa apagar quem eu devo ser. **Adeque-se.**”
*(A palavra soa estranha na boca dele. Bianca o encara, percebendo que ele nunca usou “adeque-se” antes. Era sempre ela quem ditava.)*
**BIANCA**
(soltando um riso sem graça, olhos vidrados)
“Tudo bem. Vamos ao seu restaurante. Mas não espere que eu engula lagosta como se nada estivesse podre.”
*(Ela vira o rosto para a janela. O bracelete de Ryan escorrega sob a manga, revelando um traço de tinta tribal. O motorista acelera mais.)*
**Contexto:** *Restaurante francês iluminado por velas. Talheres de prata tilintam contra louças finas. Bianca brinca com um pãozinho, migalhas caindo como acusações. Ryan ajusta o bracelete tribal sob a manga, que coça como uma ferida.*
**GARÇOM**
(com postura impecável)
“Estão preparados para pedir?”
**BIANCA**
(erguendo o cardápio como um troféu)
“Vocês servem *nyama choma*? Ou talvez... *ugali*? Meu marido anda com *paladar tribal*.”
*(Sorri docemente para Ryan, unhas batendo no cristal do copo.)*
**GARÇOM**
(confuso, piscando rápido)
“Lamento, madame. Somos um estabelecimento francês. Talvez o senhor queira nosso *coq au vin*?”
**RYAN**
(fechando o cardápio com força)
“Chega, Bianca. Vamos apenas... aproveitar a noite. *Por favor.*”
*(O “por favor” soa mais como uma ordem. Bianca arqueja uma sobrancelha.)*
**BIANCA**
(para o garçom, voz melíflua)
“Tragam o que for **mais francês**. Algo que não lembre *selva*.”
*(Ryan suspira, os dedos tamborilando a mesa num ritmo de guerra tribal.)*
**Após o pedido:**
**RYAN**
(inclinando-se, voz suave mas urgente)
“Precisamos reconectar, Bianca. Uma viagem, só nós dois. Bali, Paris... Onde você quiser.”
*(Ele mente. Paris era o sonho dela, não dele. Ela sabe.)*
**BIANCA**
(rindo, quase genuinamente)
“Uma viagem? Quer dar minha casa de presente pra *Nossa Senhora das Palmeiras*? Não sou trouxa, Ryan.”
*(A mão dela treme ao pegar o vinho. Ela bebe um gole longo, corando.)*
**RYAN**
(segurando o copo dela, impedindo-a de beber mais)
“Você está impossível. E impossivelmente linda. Quero você. **Só você.**”
*(A palavra “só” pesa no ar. Ele não a usava desde o noivado.)*
**BIANCA**
(soltando o copo, voz rouca)
“Me quer? Que honra. Deve ser difícil, com tantas... *distrações* em casa.”
*(O bracelete de Ryan escorrega, revelando um traço de tinta vermelha. Ela olha fixamente.)*
**RYAN**
(aproximando-se, sussurrando)
“Deixei nosso fogo esfriar. Foi meu erro. Mas juro que vou reacendê-lo.”
*(Ele quase acredita. Bianca também quase.)*
**BIANCA**
(voz quebradiça, olhando para o lado)
“Bem, eu... Eu não sou uma mulher fácil de se enganar, Ryan.”
*(Ela traça o dedo na borda do prato, imaginando-o com Makena. O garçom chega com os pratos, interrompendo o silêncio.)*
**GARÇOM**
(sorrindo, ignorando a tensão)
“*Coq au vin* para o casal. Bom appétit!”
**BIANCA**
(cortando o frango com força excessiva)
“Sabia que galo é símbolo de *infidelidade* na França? Coincidência engraçada, não?”
*(Ryan engasga. Ela sorri, triunfante, mas os olhos brilham como os do copo de vinho.)*
**Contexto:**
*O restaurante está quase vazio. A luz das velas acaricia o decote de Bianca, enquanto o som de um violino distante embala a tensão entre eles. Ryan, encorajado pela trégua frágil, ousa cruzar fronteiras que Bianca mantinha guardadas. Ela, entre o vinho e o deseho reprimido, luta para não se render.*
**RYAN**
(olhando para os lábios dela, voz rouca)
"Esse batom... É novo? Ou sempre foi tão vermelho e eu só agora percebi?"
*(A mão dele desliza pelo braço dela, o polegar traçando círculos lentos no pulso. Bianca segura a respiração.)*
**BIANCA**
(rindo, mas a voz falha)
"Vermelho é cor de alerta, Ryan. Para avisar que não sou... *fácil*."
*(Ela puxa o braço, mas o movimento é lento, quase um convite. Ryan sorri, capturando a mão dela sobre a mesa.)*
**RYAN**
(sussurrando, intenso)
"Fácil? Você é o desafio mais difícil que já tive. E eu adoro jogos que me fazem suar."
*(Os dedos dele entrelaçam-se nos dela, apertando até os nós dos dedos dela empalidecerem. Bianca morde o lábio, inadvertidamente.)*
**BIANCA**
(voz trêmula, tentando ironia)
"Suar? Lembra da nossa lua de mel em Dubai? Você quase desmaiou no quarto."
*(O comentário é uma fachada. Seus olhos fogem para a boca dele, e ela bebe mais vinho para esconder o tremor.)*
**RYAN**
(aproximando-se, o sopro quente no pescoço dela)
"Eu não desmaiei. Só fiquei sem ar de tanto te ver nesse lingerie prateado. Você lembra, né? Aquele que *brilhava* no escuro..."
*(A mão dele desce até o joelho dela, sob a mesa. Bianca salta, derrubando o garfo.)*
**BIANCA**
(sussurrando, entre o susto e o riso)
"Ryan! Parece um adolescente. E... pare."
*(A ordem soa frágil. Ela não move o joelho. Ryan pressiona levemente, os dedos subindo pela coxa.)*
**RYAN**
(voz suave, mas firme)
"Te faço sentir como uma adolescente? Porque eu me sinto assim. Como se fosse a primeira vez que te vi naquela galeria... toda de preto, falando francês com o curador."
*(A mão dele para a meio caminho da coxa. Bianca arfa, as pernas se fechando involuntariamente.)*
**BIANCA**
(respirando fundo, tentando controle)
"Eu... odiava aquele vestido. Era apertado. Me sufocava."
*(A mentira é óbvia. Ryan ri baixo, o polegar desenhando linhas quentes na pele dela.)*
**RYAN**
(sussurrando, quase nos lábios dela)
"Você estava linda. E me sufocou. Até hoje."
*(Ele beija o espaço abaixo da orelha dela, rápido demais para ela reagir. Bianca solta um gemido abafado.)*
**BIANCA**
(fechando os olhos, voz um sopro)
"Ryan... as pessoas estão olhando."
*(É mentira. O restaurante está vazio, mas ela precisa da desculpa. Ele ri, os lábios agora no ombro dela.)*
**RYAN**
(murmurando contra a pele)
"Deixa olhar. Quero que saibam que você é minha. **Só minha.**"
*(A mão dele sobe mais um centímetro. Bianca agarra seu braço, unhas cravando, mas não o empurra.)*
**BIANCA**
(voz quebrada, quase suplicando)
"Você... não pode fazer isso aqui."
*(Ela quer dizer "não pode me fazer sentir isso". Ryan entende. E aproveita.)*
**RYAN**
(retirando a mão lentamente, um sorriso vitorioso)
"Tudo bem. Temos toda a noite. E, Bianca?"
*(Ele segura o queixo dela, forçando-a a encará-lo. Seus olhos estão escuros, intensos.)*
"O quarto está longe. Mas o Motel é só nosso."
**BIANCA**
(corando até as orelhas, ri nervosa)
"Seu insolente. Acha que vou cair nessa?"
*(Ela se levanta abruptamente, quase derrubando a cadeira. Ryan segura seu pulso, puxando-a para perto.)*
**RYAN**
(sussurrando, os lábios a um fio dos dela)
"Você já caiu. Só não quer admitir que tá gostando do chão."
*(Bianca hesita. Por um segundo, parece que vai ceder. Então, vira o rosto com um riso forçado.)*
**BIANCA**
(afastando-se, voz recuperando a frieza)
"Levo você a sério quando parar de brincar de garoto fogueteiro. Vamos."
*(Ela caminha para a saída, mas a mão toca o pescoço onde ele beijou. Ryan sorri, sabendo que ganhou uma batalha.)*
**Contexto:**
*Dentro do táxi. A noite do Rio envolve o carro em luzes neon e sombras úmidas. Bianca segura a bolsa como um escudo, enquanto Ryan olha fixo pela janela, o pulso tribal exposto. O motorista acelera, desconfortável com a energia carregada.*
**BIANCA**
(olhando para fora, voz afiada)
“Para onde estamos indo, Ryan? Isso não é o caminho de casa.”
**RYAN**
(sem virar o rosto, tom calmo mas inegociável)
“Hoje é noite de Julina. Faz anos que não a vejo. Você vai conhecer quem me ensinou a... *respeitar mulheres*.”
*(A palavra “respeitar” soa ambígua. Bianca ri, nervosa.)*
**BIANCA**
(virando-se bruscamente, unhas cravando na bolsa)
“Você **não** pode ser sério. Eu não sou uma das suas *companhias de bordel*, Ryan!”
**RYAN**
(finalmente olhando para ela, olhos escuros)
“Foi num bordel que aprendi a ler. A amar. A sobreviver. Essas mulheres são minha família. E você é minha **esposa**.”
*(A mão dele agarra seu joelho, firme. Bianca estremece, mas não o empurra.)*
**BIANCA**
(voz trêmula, tentando autoridade)
“Eu exijo respeito! Não vou entrar num lugar onde—”
**RYAN**
(interrompendo, voz baixa e cortante)
“Onde **o que**, Bianca? Onde mulheres como você pagam pra fingir superioridade?”
*(Ele puxa ela para perto, os dedos pressionando sua nuca. Bianca arfa, sentindo o calor dele.)*
**BIANCA**
(sussurrando, raiva e confusão)
“Ryan, eu... Não sou—”
**RYAN**
(aproximando os lábios do dela, quase tocando)
“Calada. **Me beija.**”
*(É uma ordem, não um pedido. Bianca hesita, o perfume dele — madeira e suor — a intoxicando. Ela fecha os olhos, rendendo-se por um instante. O beijo é feroz, posse disfarçada de paixão. Quando ele puxa seu cabelo, ela geme baixo, as mãos agarrando seu casaco como âncora.)*
**BIANCA** *(pensamento)*
*Deus, ele nunca me beijou assim... Como se quisesse me engolir. Como se eu fosse **dele**.*
*(Ela se afasta, ofegante, o batom manchado. Ryan sorri, vendo através dela.)*
**RYAN**
(sussurrando, polegar limpando seu lábio)
“Sabia que você tinha fogo guardado aí. Só precisava de alguém que soubesse acender.”
*(A mão dele desce até seu pescoço, apertando levemente. Bianca não protesta. O táxi para em frente ao bordel, luzes vermelhas piscando como avisos.)*
**BIANCA**
(olhando para o prédio decadente, voz quebrada)
“Eu não... consigo entrar aí.”
**RYAN**
(abrindo a porta, estendendo a mão)
“Você entra. Porque é minha. E hoje vou te mostrar de onde vem **tudo que você ama em mim**.”
*(Bianca treme. Ele não disse “tudo que você ama”. Disse “tudo que você ama **em mim**”. A diferença é uma facada. Ela segura sua mão, as pernas falhando. O vestido dela — caro, imaculado — contrasta com a rua suja. Ryan a puxa para dentro, sem voltar atrás.)*
**"O Jogo dos Espelhos"**
### **Contexto Ambiental:**
O bordel respira sensualidade úmida. Luzes rubras iluminam cortinas de veludo desbotado, e o cheiro de cigarro e jasmim barato impregna o ar. No palco central, Julina dança com uma **calcinha de couro** e nada mais, seu corpo esculpido por décadas de provocação. Seus seios balançam ritmados, e sua bunda, ampla e firme, vira arma de guerra a cada rebolar. Bianca, em um vestido de seda que agora parece uma armadura ridícula, é arrastada por Ryan até uma mesa no canto, onde sombras escondem rostos, mas não os gemidos.
**RYAN**
(apontando para o palco, voz rouca de orgulho e desejo)
"Lá está ela. Julina. A primeira mulher que me ensinou como fazer uma gemer... e como calar a boca."
*(Bianca engole seco. Julina dança com os olhos fechados, mas parece sentir o peso do olhar deles. Abre as pernas num espacate lento, e Bianca desvia o rosto, corando.)*
**JULINA**
(abrindo um olho, sorriso de víbora)
"Ryan, meu garoto! Trouxe um *anjo* pra nossa festa? Cuidado, branquinha, as asas derretem aqui!"
*(Risos dos homens ao redor. Julina desce do palco, os quadris ondulando como serpente. Bianca aperta a bolsa até as juntas branquearem.)*
**BIANCA**
(sussurrando, envergonhada)
"Ryan, eu não... Por que me trouxe aqui?"
**RYAN**
(segurando seu queixo, forçando-a a olhar para Julina)
"Pra você ver de onde venho. E entender que **isso**... é parte de mim."
*(Julina chega à mesa, suando brilho e desafio. Seus seios quase tocam o rosto de Bianca.)*
**JULINA**
(rindo, para Bianca)
"Quer um drink, princesa? Ou quer aprender a dançar? Dou desconto pra esposa do meu menino."
*(Bianca encolhe-se, mas Ryan a puxa para seu colo, a mão firme em sua cintura. Julina arqueja uma sobrancelha, impressionada.)*
### **Entra Safira: O Gatilho de Bianca**
Uma dançarina nova surge — **Safira**, negra, pernas infinitas, vestindo um robe transparente que mal esconde seu corpo. Seus olhos brilham como o nome, e seu sorriso é uma faca.
**SAFIRA**
(deslizando até a mesa, voz melosa)
"Oi, queridos... Precisam de companhia? Ou só de um show *privado*?"
*(Bianca paralisa. Safira tem os lábios cheios de Makena, a postura altiva. Até o perfume é parecido — cravo e feromônios.)*
**BIANCA**
(gaguejando, olhos fixos em Safira)
"O que... o que ela quer, Ryan?"
**RYAN**
(ignorando Bianca, olhando Safira de alto a baixo)
"Safira, é? Não te vi aqui antes. Novata?"
**SAFIRA**
(sentando no colo dele, sem pedir licença)
"Novata em casa, experiente na cama. Quer testar?"
*(Bianca salta da cadeira, mas Ryan a segura pelo pulso. Safira ri, uma risada que ecoa Makena na África.)*
**BIANCA**
(voz estridente, apontando para Safira)
"Tire essa... essa **imitação** de cima dele!"
**JULINA**
(intervindo, segurando Safira pelo cabelo)
"Calma, novinha. Esse aí é meu garoto. E a patricinha é cliente *especial*."
*(Safira obedece, mas lança um olhar de desafio a Bianca. Julina se inclina sobre a mesa, os seios quase saindo do sutiã.)*
**JULINA**
(para Bianca, sussurrando veneno doce)
"Cuidado, princesa. Aqui, até as cópias são melhores que o original."
*(Bianca revira os olhos para Ryan, que parece hipnotizado por Safira. Julina puxa Safira para dançar, mas não sem antes cuspir no ouvido de Bianca:)*
"Seu marido gosta é de **fogo**, não de gelo. Toma cuidado pra não derreter sozinha."
**“O Quarto Vermelho”**
**Ambiente Detalhado:**
O quarto é uma caverna de veludo carmesim, iluminado por velas negras que projetam sombras dançantes nas paredes. Um espelho sem moldura reflete a cama redonda ao centro, coberta por lençóis de seda que brilham como sangue. Almofadas de penas e correntes douradas decoram os sofás em U ao redor. O ar é pesado com incenso de patchouli e jasmim, e uma música tribal ecoa baixo, como batidas de um coração acelerado. Safira está deitada na cama, nua exceto por um colar de pérolas falsas, as pernas abertas e os dedos traçando círculos lentos em seu próprio corpo.
**JULINA**
(abrindo a porta com um arco dramático, rindo rouca)
“Entrem, meus reizinhos! Aqui, até os santos viram pecadores... ou será o contrário?”
*(Puxa Bianca pelo braço, sentando-a num sofá próximo à cama. Ryan se acomoda ao lado, a perna pressionando a dela.)*
**BIANCA**
(sussurrando, olhos fixos em Safira)
“Ryan, eu... não consigo olhar.”
*(Sua mão treme ao segurar o copo de champanhe que Julina insiste em oferecer. Safira ri, alongando-se como uma pantera.)*
**RYAN**
(aproximando os lábios do ouvido dela, voz grave)
“Olhe. Você precisa entender que **isso**... é parte de quem eu sou.”
*(A mão dele desce até seu joelho, apertando. Bianca estremece, mas não se afasta.)*
**SAFIRA**
(erguendo-se na cama, voz melosa)
“Quer ajuda pra relaxar, branquinha? Dou desconto pra esposas... *nervosinhas*.”
*(Ela lambe os lábios, deliberadamente devagar. Bianca cora, os olhos cravados no colar de pérolas que balança entre os seios de Safira.)*
**JULINA**
(sentando na beirada da cama, acariciando a coxa de Safira)
“Calma, Safira. A patricinha ainda tá aprendendo a engolir... *orgulho*.”
*(Vira-se para Ryan, piscando.)*
“Ryan, lembra daquela vez que você e Matheus—”
**BIANCA**
(interrompendo, voz estridente)
“Chega! Não quero saber do que ele fazia aqui!”
*(Safira solta uma risada aguda. Julina sorri, vitoriosa.)*
**RYAN**
(segurando o queixo de Bianca, forçando-a a encará-lo)
“Você quer mesmo fugir? Ou tá com medo de descobrir que gosta?”
*(Seus dedos apertam levemente, e Bianca abre a boca, sem palavras. Safira aproveita para gemer alto, fingindo-se tocada por Julina.)*
**JULINA**
(encenando um beijo em Safira, os seios colados)
“Viu, branquinha? Aqui, a gente não esconde o que quer. Que tal você... *participar*?”
*(Estende a mão para Bianca, oferecendo um chicotinho de couro. Bianca recua, mas Ryan pega o objeto, colocando-o na mão dela.)*
**RYAN**
(sussurrando, provocante)
“Mostra pra ela que você manda em mim. Ou tem medo?”
*(Bianca segura o chicote como se fosse uma cobra. Safira se arrasta até a borda da cama, os seios quase tocando o colo de Bianca.)*
**SAFIRA**
(sussurrando, venenosa)
“Pode bater, princesa. Ele gosta. *Eu* ensino.”
*(Bianca ergue o chicote, os olhos cheios de lágrimas de raiva. Julina ri, animada. Ryan segura seu pulso, guiando o movimento.)*
**RYAN**
“Assim, amor. **Mais forte**.”
*(O chicote estala no ar, mas acerta o travesseiro ao lado de Safira. Bianca solta um grito abafado, jogando o chicote longe. Safira ri, mas Julina a silencia com um olhar.)*
**JULINA**
(para Ryan, sorrindo)
“Ela tem fogo, seu garoto. Só precisa de um... *empurrãozinho*.”
*(Abre uma gaveta e retira uma máscara de veludo. Oferece a Bianca.)*
“Coloca isso. Às vezes, é mais fácil ser outra pessoa.”
**BIANCA**
(segurando a máscara, os dedos tremendo)
“Eu não sou como vocês.”
**RYAN**
(tirando a máscara de sua mão e colocando-a no próprio rosto)
“Mas pode ser. **Por uma noite**.”
*(Puxa Bianca para um beijo selvagem, as mãos agarrando seu vestido. Safira e Julina aplaudem, rindo. Bianca fecha os olhos, perdida entre a vergonha e um deseho que a assusta.)*
**“A Dança da Dominação”**
**Ambiente Detalhado:**
O quarto vermelho parece pulsar com a luz das velas, projetando sombras de corpos entrelaçados nas paredes. Safira está deitada de costas, as pernas abertas sobre os ombros de Julina, que a acaricia com unhas pintadas de preto. O ar está carregado de suor e óleo de amêndoa, e o gemido de Safira ecoa como um desafio. Bianca, de vestido arregaçado até as coxas, encara o espelho e vê refletida não uma socialite, mas uma estranha com olhos famintos.
**RYAN**
(puxando Bianca pelo cinto, os dedos enterrados na carne dela)
“Se não botar essa gente no lugar aqui, como vai fazer em casa? Essas vagabundas cospem no seu medo. Quer mesmo virar piada?”
*(A mão dele sobe pela sua coxa, puxando o vestido até revelar a lingerie preta. Bianca arfa, mas não se mexe.)*
**BIANCA**
(olhando para o espelho, onde Julina lambe o pescoço de Safira)
“Eu... não tenho medo delas.”
*(Mente. Sua voz falha. Safira solta um gemido exagerado, rindo ao ver Bianca estremecer.)*
**RYAN**
(mordiscando sua orelha, voz rouca)
“Claro que não. Porque você é minha **esposa**. E aqui, esposa manda mais que puta.”
*(Ele gira Bianca para enfrentar Safira, as mãos firmes em seus quadris. Julina assovia, animada.)*
**JULINA**
(para Safira, rindo grosso)
“Olha só, novinha! A patricinha quer brincar de chicotear. Vai chorar ou vai gemer?”
*(Safira arqueja, fingindo susto, mas os olhos brilham de provocação. Bianca aperta o chicote.)*
**SAFIRA**
(erguendo os seios, os mamilos pintados de vermelho)
“Vem, branquinha. Mostra que você é braba... ou será que só sabe dar ordem pra empregada?”
*(Bianca treme. Ryan pressiona suas costas, sussurrando*
**RYAN**
“Ela tá rindo de você. **Dá o troco.**”
*(Bianca avança, o chicote estalando no ar. Erra de propósito, mas Ryan guia sua mão com força. O couro acerta a lateral do seio de Safira, deixando um vergão vermelho. Safira grita, mas é gemido de teatro.)*
**JULINA**
(rindo, batendo palmas)
“Caralho! A patricinha tem sangue nas veia! Ryan, ensinou bem ela, hein?”
*(Bianca respira fundo, surpresa com o próprio ato. Safira lambe os lábios, encorajando*
**SAFIRA**
“De novo, princesa. Dessa vez... *mais forte*.”
*(Bianca olha para Ryan, que acena com a cabeça. Ela ergue o chicote, imaginando Makena no lugar de Safira. O couro estala, e desta vez acerta o colchão. Safira ri, mas Bianca já não liga.)*
**BIANCA**
(jogando o chicote no chão, voz firme)
“Chega. Não sou uma de vocês.”
*(Safira vai protestar, mas Julina a silencia com um olhar. Ryan se aproxima, orgulhoso.)*
**RYAN**
(segurando o rosto dela, os dedos sujos de batom)
“Mas poderia ser. E que delícia seria.”
*(Bianca o empurra para o sofá, subindo em seu colo com uma ousadia nova. Ela o beija com raiva, os dentes rangendo, as mãos agarrando seu cabelo. Safira geme de verdade agora, e Julina ri.)*
**JULINA**
(para Ryan, enquanto Bianca domina o beijo)
“Cuidado, garoto. Essa daí vai te comer vivo. E você vai amar.”
*(Bianca interrompe o beijo, erguendo-se com dignidade quebrada. Ela ajusta o vestido e aponta para Safira*
**BIANCA**
(voz gelada, mas trêmula)
“Você... sai. **Agora.**”
*(Safira abre a boca para protestar, mas Julina a puxa pela perna, rindo.)*
**JULINA**
“Vaza, novinha. A patroa mandou.”
*(Safira sai, mas não sem cuspir no copo de Bianca. Ryan ri, impressionado. Bianca senta no sofá, as pernas tremendo, e sussurra*
**BIANCA**
(para Ryan)
“Você... você queria isso? Me ver igual a elas?”
**RYAN**
(afagando seu joelho, voz suave)
“Queria te ver **forte**. E você foi linda.”
*(Julina observa da porta, acendendo um cigarro. Bianca não sabe se ri ou chora. Mas o medo? O medo se foi.)*
**“A Intervenção de Jeane”**
### **Contexto Ambiental:**
Jeane entra no quarto como uma tempestade em vestido de seda cor pérola, seu cabelo loiro preso em um coque impecável. Seus olhos azuis — frios como gelo — varrem o ambiente, parando na cena: Bianca seminu, Ryan com as mãos ainda presas ao vestido dela, e Julina recostada na cama, cigarro pendurado nos lábios. O ar, antes pesado de desejo, agora gela.
**JEANE**
(voz calma, mas cortante como navalha)
“O que diabos está acontecendo aqui?”
*(Silêncio. Julina engasga com a fumaça, Ryan solta Bianca como se queimado, e Bianca puxa o vestido com mãos trêmulas.)*
**RYAN**
(erguendo-se rápido, voz infantilizada)
“Mãe Jeane! Eu... não sabia que você viria hoje.”
*(Jeane ignora-o, focando em Bianca, que encolhe-se sob seu olhar.)*
**JEANE**
(para Bianca, tom suave mas implacável)
“Você. A esposa. Por que permitiu que te trouxessem a este antro?”
*(Bianca balbucia culpando Ryan, os olhos cheios de lágrimas. Jeane avança, perfume de lavanda contrastando com o incenso barato.)*
**JULINA**
(tentando sorrir, escondendo o cigarro)
“Ah, Je, só estava mostrando à patricinha como a gente se diver—”
**JEANE**
(interrompendo, sem levantar a voz)
“Julina. Sai. **Agora.**”
*(Julina engole seco, obedecendo como uma criança repreendida. Na saída, lança um olhar de “boa sorte” a Ryan.)*
**JEANE**
(para Ryan, enquanto ajusta as mangas do vestido)
“Orgulho. Você acha que eu te criei para ter *orgulho* de ser produto de um bordel?”
*(Ryan abaixa a cabeça. Bianca observa, surpresa pela primeira vez.)*
**RYAN**
(sussurrando)
“Ela precisava entender de onde eu vim...”
**JEANE**
(cortando-o, voz finalmente elevando-se)
“Ela precisa é de um marido, não de um garoto perdido brincando de dono do inferno! Sai. **Agora.**”
*(Ryan hesita, mas um olhar de Jeane o faz recuar. Bianca agarra seu braço, desesperada.)*
**BIANCA**
(voz estridente, implorando)
“Não me deixe aqui com ela, Ryan! Por favor!”
**RYAN**
(soltando-se com um sorriso amargo)
“Há dois minutos, você me jogou aos lobos. Agora, se vira, *espertinha*.”
*(Sai, deixando Bianca sozinha com Jeane, que se senta no sofá, convidando-a com um gesto.)*
**JEANE**
(observando Bianca como um espécime raro)
“Você mentiu. Ele não te obrigou. Você veio porque queria provar algo. Para ele? Para si mesma?”
*(Bianca não responde, os olhos fixos no colar de pérolas de Jeane — igual ao seu, mas mais desbotado.)*
**JEANE**
(abre uma gaveta, tirando uma foto de Ryan criança ao lado de Matheus)
“Ele te contou como Matheus morreu? Não? Claro que não. Ryan corre de culpas como diabo da cruz.”
*(Estende a foto. Bianca vê Ryan sorrindo, segurando uma espada de brinquedo. Matheus, atrás, parece assustado.)*
**BIANCA**
(sussurrando)
“Por que está me mostrando isso?”
**JEANE**
(virando a foto: escrito atrás, “Prometi protegê-lo”)
“Porque você é igual a ele. Acha que amor é posse. Ryan não é um troféu, Bianca. É uma **criança assustada** com uma espada grande demais.”
*(Entrega-lhe uma chave dourada.)*
**JEANE**
“O quarto do fundo tem respostas. Se tiver coragem de virar a chave.”
*(Bianca segura a chave, sentindo-a fria como o olhar de Jeane. Antes de sair, Jeane sussurra*
“E Bianca? Cuidado com promessas de homens criados aqui. Eles só sabem amar... **quebrando**.”
**“As Cartas que o Tempo Não Apagou”**
### **Ambiente Detalhado:**
O quarto é uma cápsula do tempo: paredes descascadas com posters de super-heróis desbotados, duas camas pequenas encostadas uma na outra, e uma janela gradeada por onde entra um fio de luar. Na mesa de madeira rachada, os desenhos infantis de Ryan e Matheus estão preservados sob um vidro empoeirado. Ryan, sempre desenhado como um gigante de armadura, segura um escudo com o nome “Matheus” gravado. Matheus, em traços frágeis, é retratado como um menino sentado numa nuvem, sorrindo para um sol que Ryan segura como uma bola.
Bianca segura a carta de Matheus com mãos trêmulas, as lágrimas manchando o papel amarelado. O cheiro de mofo e lágrimas secas impregna o ar.
**BIANCA**
(sussurrando para si mesma, voz quebrada)
“Você carregou isso sozinho todo esse tempo, Ryan... Por que não me contou?”
*(Seus dedos tocam o desenho de Matheus — o sol nas mãos de Ryan agora parece uma bola de fogo prestes a queimar.)*
**JULINA**
(entrando em silêncio, vestindo um robe transparente que mal cobre as cicatrizes antigas nas coxas)
“Essa carta é maldição pura. Já falei pra Jeane tacar fogo nisso. Mas ela gosta de guardar coisas que machucam... igual você, né?”
*(Senta na cama de Ryan, as pernas abertas propositalmente, mas os olhos fixos na carta.)*
**BIANCA**
(sem olhar para ela, enxugando as lágrimas com o punho)
“Talvez pra ela seja uma lembrança. Algo que prova que eles existiram além dessa... *lugar*.”
**JULINA**
(rindo seco, acendendo um cigarro com mãos instáveis)
“O que **você** sabe sobre lembrança, hein? Você veio aqui hoje pela primeira vez e acha que entende a dor que tá grudada nessas paredes?”
*(Sopra a fumaça na direção de Bianca, que não se mexe. O braço de Julina treme ao segurar o cigarro.)*
**BIANCA**
(erguendo os olhos, desafiadora)
“Entendo que você tá com medo de eu ler isso. Medo de eu descobrir que o Ryan não é o monstro que você tentou pintar.”
**JULINA**
(levantando-se abruptamente, o robe abrindo-se para revelar marcas de queimaduras antigas nas coxas)
“Monstro? Eu ensinei ele a **sobreviver**! Enquanto você brincava de casinha na sua mansão, a gente tava aqui comendo resto e fingindo que gostava!”
*(A voz dela quebra. Bianca vê — pela primeira vez — o pânico nos olhos de Julina.)*
**BIANCA**
(aproximando-se, segurando a carta como um escudo)
“Você cuidou dele. E do Matheus. Mas não quer que ele lembre disso, né? Porque se ele lembrar... vai perceber que você também falhou.”
**JULINA**
(empurrando Bianca contra a parede, as unhas cravando em seus ombros)
“Cala a boca, sua puta burguesa! Você não sabe **nada**! Matheus era... ele era...”
*(As palavras morrem. Julina solta Bianca, recuando. No chão, uma foto desliza do envelope — Matheus e Ryan adolescentes, abraçados, com Julina ao fundo, sorrindo de verdade.)*
**BIANCA**
(pegando a foto, voz suave)
“Ele era frágil. E você amava ele. Assim como o Ryan.”
*(Julina cobre o rosto com as mãos, o cigarro caindo no chão. Bianca estende a foto, mas Julina a derruba com um golpe.)*
**JULINA**
(sussurrando, quase inaudível)
“Saia desse quarto. Antes que você **queime** igual a gente.”
*(Foge, deixando para trás o cheiro de cinzas e um batom manchado na maçaneta. Bianca pega a foto, guardando-a no decote, junto ao coração.)*
**Última Imagem:**
Bianca senta na cama de Ryan, a carta de Matheus aberta no colo. No silêncio, ela sussurra as palavras finais da carta, como uma prece:
*”‘Nem que eu tenha que ir no seu lugar.’ E ele foi... E você deixou, Ryan. Por quê?”*
Fora da janela, o Rio de Janeiro respira — um monstro que engoliu segredos demais para contar.
** “O Preço da Promessa” **
**Contexto Ambiental:**
O novo quarto de Jeane mantém sua atmosfera pura — paredes brancas, cortinas de linho e um crucifixo simples. O buquê de lavanda murcha no vaso e o cheiro de cera de abelha contrastam com a energia pesada do bordel. Jeane senta-se com postura rígida, mas seus olhos azuis revelam preocupação genuína. Ryan, diante dela, parece o menino assustado que ela um dia acolheu.
**Diálogos e Ações Detalhadas**
**JEANE**
(apontando para a cadeira, voz firme mas não cruel)
“Senta, Ryan. Não sou tua inimiga, mas precisamos falar sobre essa tempestade que você armou.”
**RYAN**
(sentando-se, os dedos nervosos no bracelete tribal)
“Por que trocou de quarto, mãe Jeane? Esse lugar parece... diferente.”
**JEANE**
(ignorando a pergunta, os olhos fixos nele)
“Por que trouxe Bianca aqui? Pra provar que ainda é o menino que eu catei da sarjeta? Ou pra machucar ela como você se machuca?”
**RYAN**
(aperta o bracelete, evitando seu olhar)
“Makena está na minha casa. Era a promessa que fiz a Matheus. Bianca não aceita, e eu... não sei como consertar.”
**JEANE**
(erguendo-se, o vestido de linho esvoaçando como um aviso)
“Matheus era meu filho tanto quanto você. E Makena... Makena é forte, mas não é brinquedo. Você acha que cumprir promessa é só dormir com a viúva do seu irmão?”
*(Sua mão pousa no bracelete tribal, expondo-o. Ryan encolhe-se.)*
**RYAN**
(voz trêmula)
“Eu só queria protegê-la, mãe. Como devia ter protegido ele.”
**JEANE**
(ri amargo, os dedos apertando o bracelete)
“Proteger? Makena não precisa de proteção. Ela precisa de respeito. E Bianca? Bianca precisa de um marido, não de um menino assustado brincando de herói.”
*(Solta o bracelete como se queimasse. Ryan segura o pulso, a marca vermelha latejando.)*
**RYAN**
(sussurrando)
“Matheus me pediu... Ele sabia que eu nunca negaria nada a ele.”
**JEANE**
(segurando seu rosto com força, mas sem violência)
“Matheus era sonhador, e você é teimoso. Mas agora tem duas mulheres dependendo de você: uma que jurou amar, e outra que jurou honrar. E você tá falhando com **ambas**.”
*(O tapa é rápido, seco. Ryan não desvia. A marca da mão dela queima, mas a culpa queima mais.)*
**JEANE**
(voz trêmula, lágrimas contidas)
“Traiu Bianca. E traiu Makena, reduzindo ela a um ritual. Achou que eu não sabia? Achou que não veria o cordão no seu pulso?”
*(Aponta para o bracelete, símbolo do ritual consumado. Ryan engole seco.)*
**JEANE**
(sussurrando, agora maternal)
“Makena merece mais que um homem dividido. E Bianca? Ela merece mais que migalhas de amor. Você é meu filho, Ryan... Mas tá me fazendo envergonhar da criação que te dei.”
**RYAN**
(de joelhos, cabeça baixa)
“Me perdoa, mãe. Eu... não sei ser o que todos precisam.”
**JEANE**
(virando-se, a sombra dela cobrindo-o)
“Então encontre. Porque se continuar assim, vai perder as duas. E a si mesmo.”
*(Sai, deixando a porta aberta. O cheiro de lavanda se mistura ao mofo. Ryan fica, imóvel, o bracelete uma algema invisível.)*
** “Provocação e Vergonha”**
### **Contexto Ambiental:**
O quarto mantém sua atmosfera pesada: luzes âmbar, cortinas pesadas retendo o cheio de cigarro e um espelho embaçado refletindo Bianca encurralada. Julina, com seu robe transparente e sorriso de felina, circula Bianca, que tenta manter compostura.
**BIANCA**
(recuando até a parede, voz trêmula)
“O que você está fazendo, Julina?”
**JULINA**
(rindo baixo, dedos traçando o colar de Bianca)
“Não posso tocar na rainha? Você acha que é melhor que a gente só porque usa vestido de grife?”
*(A mão dela desce até a barriga de Bianca, pressionando levemente. Bianca prende a respiração.)*
**BIANCA**
(empurrando-a com força)
“Sai! Você não me *conhece*!”
**JULINA**
(recuperando o equilíbrio, sorriso afiado)
“Conheço sim. Você é igual a todas as esposas que vieram aqui: cheia de nojo por fora, mas por dentro... *molhadinha*.”
*(Avança, prendendo Bianca contra a parede. Seus lábios quase tocam os dela.)*
**JULINA**
(sussurrando, hálito quente de cigarro)
“Eu criei ele, sabia? Ensinei como beijar, como tocar... como fazer uma mulher gemer até perder o fôlego.”
*(A mão dela desliza pelo vestido de Bianca, achando o zíper. Bianca geme, involuntariamente.)*
**BIANCA**
(voz rouca, misturando ódio e confusão)
“E mãe... faz sexo com o filho?”
*(A pergunta corta o ar. Julina congela, os olhos estreitando-se. Sua máscara racha por um segundo.)*
**JULINA**
(recuando com um riso forçado)
“Sexo? Quem disse que ele foi meu primeiro? Ryan aprendeu *observando*. E adorou.”
*(Avança novamente, agarrando o seio de Bianca com força calculada. Bianca arfa, os lábios entreabertos.)*
**JULINA**
(aproximando os lábios do dela)
“Foi por me ver com outros que ele sabe onde apertar... como fazer você tremer. Quer uma aula, *patricinha*?”
*(Bianca não responde, os olhos fechados num misto de repulsa e excitação. Julina ri, vitoriosa.)*
**BIANCA**
(de repente, empurrando Julina com força)
“Chega! Você só faz isso porque tá com medo de eu descobrir que você *falhou* com ele!”
**JULINA**
(olhos flamejantes, voz trêmula)
“Falhei? Eu salvei ele! Enquanto você brincava de casinha, eu tava aqui ensinando ele a **sobreviver**!”
*(A porta se abre. Jeane está na entrada, postura rígida, olhos frios.)*
**JEANE**
(voz calma, mas cortante)
“Bianca. Seu marido está te esperando. **Agora.**”
**BIANCA**
(sai rapidamente, evitando o olhar de Julina. No corredor, segura o batom manchado, confusa.)
**JULINA**
(deitando na cama, pernas abertas, tragando o cigarro)
“Makena seria melhor pra Ryan.”
**JEANE**
(entrando no quarto, fechando a porta)
“Ryan escolheu Bianca. E promessas não se quebram... só se cumprem. Até o fim.”
**JULINA**
(voz quebrada)
“Matheus... Por que ele armou tudo isso?”
**JEANE**
(sorrindo triste, ajustando o crucifixo na parede)
“Matheus amava Ryan mais que a própria vida. Amor assim é faca de dois gumes, Julina. Corta quem segura e quem é cortado.”
*(Sai, deixando Julina sozinha com o eco das palavras. No espelho, Julina vê o reflexo de Makena — ou é só sua culpa falando mais alto?)*
Tragam mais comentários com seus pontos de vista da história para que eu possa saber como vocês estão vendo a história!