Personagens do Signo:
MARTINA (https://postimg.cc/9RSZS9Ns)
Outros Personagens:
Características Signo: Criativo, Briguento, Sincero, Rebelde, Capacidade analítica, Lógica e Objetiva, Original, Sociável
Elemento: Ar (Mental)
Continuando ...
[ADOLFO (POV)]
Depois do término do quase início de relacionamento com Geandra, decidi dar um tempo e focar nos meus filhos. Afinal eu estava, em casa, com um adolescente com os hormônios em ebulição, que quase se meteu numa roubada, e com uma adolescente que se achava adulta, e que já estava namorando.
O rapaz, Gabriel, ou apenas “Biel”, “Bielzinho” ou qualquer outro nome carinhoso que a minha filha o chamava, estava frequentando muito a minha casa.
Eu acredito ser um pai bem liberal e tranquilo, mas era a minha filha. Beijos e abraços estavam liberados, assim como uma pegação mais quente, também, mas dependia de onde as mãos estavam, e, claro, não na minha presença, né?
Adolfo – Suzy, olha essa mão, aí ... – Falei mesmo, afinal estou na minha casa.
Suzy – Ah, papai ... Não estamos fazendo nada demais.
Adolfo – Imagina se estivessem.
Biel – Desculpa, tio! É que eu me empolguei um pouco.
Adolfo – Eu tô de olho na sua empolgação.
Jonathan – Pai, vamos jogar um pouco?
Adolfo – Claro, filho! Traz o videogame e bota na TV da sala.
Suzy – Poxa, pai. Aí eu vou perder o meu namorado pro Mortal Kombat! – Disse minha filha, fazendo carinha de triste.
Adolfo – A intenção é essa, hahahaha.
Jonathan – Joga com a gente, Suzy! É bom que você aprende uns novos golpes pra praticar nos adversários!
Suzy – Eu vou é dar um fatality em você, pirralho!
Adolfo – Joga um pouquinho, Suzy! Prometo que, em seguida, a gente vê um filme ... Depois que eu der um fatality em você.
Suzy – Você já deu um “fatality” no meu namoro! – Disse Suzy, num tom sarcástico. – Vamos acabar logo com isso!
Todos rimos e meu filho começou a montar o jogo na sala, quando recebo uma ligação no celular.
Cida – Oi, Adolfo! Tudo bem, contigo!
Adolfo – Melhor agora, que estou ouvindo a sua voz. Como você está?
Cida – Estou bem, também. Eu queria saber o código do seu PIX!
Adolfo – Pra que?
Cida – Quero devolver o dinheiro que você deu ao meu pai naquele dia. Não tem nada a ver o meu pai ter pegado o dinheiro de você.
Adolfo – Cida, eu serei eternamente grato pelo que você fez! Isso é o mínimo, que eu poderia ter feito. E, ainda acho pouco.
Cida – Você quer me recompensar, então me convida pra jantar.
Adolfo – Eu ... é ...
Cida – Tudo bem, já entendi. Você já tem alguém, né? Desculpa, mas era só um jantar mesmo. Não quero lhe causar problemas.
Sai da sala e fui pro meu quarto, avisando que logo eu voltaria.
Adolfo – Cida, eu adoraria jantar contigo, mas eu preciso ser sincero. Eu sou recém-divorciado e estou tomando conta de dois adolescentes em tempo integral, porque a mãe deles está viajando, envolvida com a carreira profissional e, se isso já fosse pouco, eu sou alcoólatra, como você deve ter percebido naquele dia.
Cida – Todo mundo tem problemas, Adolfo, mas eu agradeço por você ter sido sincero.
Adolfo – Mesmo assim, você ainda quer jantar comigo?
Cida – É só jantar, com direito a sobremesa.
Eu ainda não conhecia nada sobre ela e por não ver suas expressões faciais, eu não sabia se havia algum contexto diferente na “sobremesa”. Achei melhor não fantasiar muito.
Ficamos conversando, decidindo onde seria o jantar e de repente se passou meia hora. Marcamos um local, num shopping de Nova Iguaçu e nos despedimos.
Voltei pra sala e meu filho estava jogando sozinho. Perguntei a ele, sobre a irmã e ele disse que ela e o namorado estavam no quarto.
Imediatamente eu fui até o quarto dela e quando cheguei próximo na porta, pude ouvir pequenos gemidos e ela falando “chega”, dizendo a ele que parasse, pois deviam retornar pra sala.
Fiquei puto com os dois, muito mais com ela, depois de tanto que eu falei.
Abri a porta e vi os dois em pé, recostados na parede. Ele estava encostado na parede e ela estava rebolando, esfregando a bunda na virilha dele. A mão dela estava pra trás e as dele estavam apertando um dos seios e a outra, dentro do short dela.
Abri a porta e tossi, assustando o “projeto de casal”. Eles trataram de se arrumar o mais rápido possível, mas mesmo assim, eu disse, bem sério pra Suzy, que queria conversar com ela no meu quarto.
Eu estava puto com a situação e voltei ao meu quarto, tentando controlar os meus nervos e fiquei aguardando-a. Em poucos minutos, ela apareceu.
Suzy – Foi mal, papai, mas bem que você poderia ter batido na porta!
Adolfo – O que eu falei sobre esse namoro, Suzana Di Capri Bandeira? – Perguntei a ela bem sério, mostrando todo o meu descontentamento.
Suzy – EITA!!! A gente não fez nada demais ... – Respondeu minha filha, assustada, não entendendo a minha insatisfação.
Adolfo – Por que eu estou em casa, né? Como eu vou confiar em você?
Suzy – Da mesma forma que eu confio em você, quando me diz que vai sair e não vai beber.
Adolfo – Isso é outro assunto. Não tenta inverter o jogo, que você sabe que está errada.
Suzy – Pai ... – Disse a minha filha, se aproximando até me abraçar – ... eu queria falar um negócio contigo, mas aconteceu tanta coisa ... Era pra eu ter falado isso no dia do meu aniversário.
Adolfo – Estou ouvindo ...
Suzy – Eu não sou mais a sua menininha ... Eu já sou uma mulher. Não sou mais virgem, entende?
Adolfo – O que? Isso é alguma piada? – Perguntei, indignado e quase revoltado. – Por favor, diz que isso é uma trollagem ...
Suzy – Pai, eu te amo! Você é o melhor pai do mundo e eu jamais vou mentir pra você ou ficar escondendo coisas importantes. Me desculpa por não ter falado antes, mas eu transei com o Biel um dia antes do meu aniversário.
Adolfo – Porra, Suzy!!!
Suzy – Ah, pai!!! Não fique assim ... Eu queria ter lhe contado antes, mas fiquei com medo de ser mais um problema pra você lidar. Na verdade, eu queria ter lhe contado, quando tomei a decisão de perder a virgindade.
Adolfo – Eu nem sei o que dizer, filha ... – Falei meio triste, abaixando a cabeça.
Suzy – Você queria que eu me casasse virgem? A gente não está mais vivendo na idade média.
Adolfo – Lógico que não, mas que você já estivesse pelo menos com uns 30 anos, formada e trabalhando.
Suzy – Hahahahaha.
Adolfo – Falando sério, eu esperava que você tivesse ao menos na faculdade. Que já fosse, pelo menos uma adulta.
Suzy – Mas eu já sou adulta.
Adolfo – Isso é questionável ... Você nem tem 18 anos, ainda.
Suzy – Eu sou mais responsável que a minha própria mãe ... eu já fui ao gineco, fiz exames, estou tomando anticoncepcional e já transei 3 vezes com penetração, todas elas com camisinha.
Adolfo – ÔÔÔÔÔUUUUUU pera lá ... é muita informação ... – Falei com espanto, diante de tanta sinceridade por parte dela.
Suzy – A gente combinou que não haveria mais segredos ... Por isso, eu não tranquei a porta. A gente não iria avançar mais do que aquilo e era só pra você ouvir e entender. No máximo bater na porta, mas não imaginei que fosse entrar daquela forma.
Adolfo – Não gostei, Suzy ... Eu deveria deixar você de castigo. – Falei sério com ela, quase aumentando a minha voz.
Suzy – Você está falando sério? – Perguntou minha filha assustada.
Adolfo – Estou, mas no que isso iria adiantar? Você já deu a perseguida mesmo.
Suzy – Hahahahaha, perseguida ... – Gargalhou minha filha, se jogando na minha cama.
Adolfo – Qual é a graça?
Suzy – É que tinha muita gente perseguindo a minha perseguida, mas só o Biel pegou.
Adolfo – Você é muito engraçadinha. Não sei a quem puxou. – Falei meio triste com uma pitadinha de cinismo.
Suzy – Então, Sr. Adolfo Bandeira Neto, já que estamos esclarecidos, podemos retomar a programação?
Adolfo – Qual?
Suzy – Eu com o Biel no meu quarto e o Senhor com o Jonathan jogando vídeo game.
Adolfo – Nem fodendo!!! – Falei me levantando da cama, olhando bravo pra ela – E nesse caso estou falando em todos os sentidos dessa palavra ...
Suzy – Você prefere que eu vá pra casa dele transar? Ou, quem sabe, no carro dos pais dele, ou no condomínio ... – Falou minha filha provocando e com ares de deboche.
Adolfo – Suzy, por que você está fazendo isso? Eu não quero saber onde você vai transar. Nem quero saber se vai transar ...
Suzy – Pai, no meu quarto, eu me sinto mais segura ... No motel deu muito trabalho e foi caro, mas foi o meu presente de aniversário, então foi legal, mas ...
Tive que me sentar na cama depois disso que ela falou e minha filha se sentou no meu colo.
Suzy – ... eu tive que me abaixar e me esconder no banco de trás ...
Adolfo – Filha, eu não quero saber das suas histórias sobre esse assunto. Eu já entendi e estou digerindo a notícia, mas eu ainda não estou preparado pra esse tipo de conversa.
Suzy – Eu sei, mas se não for aqui, vai ser em outro lugar. Aliás, o Biel poderia dormir comigo no quarto?
Adolfo – Hoje? – Perguntei assustado, provavelmente com os olhos arregalados que nem os do “Doutor Brown, do filme De Volta Para o Futuro”. – Só se você estiver a fim de me deixar maluco?
Suzy – Hoje, não ... Futuramente, mas eu queria namorar um pouco no quarto sem interrupções e sem olhares curiosos.
Adolfo – Namorar como?
Suzy – Ahhhh ... namorar, pai ... sem penetração ... Mais ou menos do jeito que a gente tava. Não vou nem tirar a roupa!
Adolfo – Ai, Suzy!!! Você quer me matar do coração? Sua mãe já deve saber disso tudo, né?
Suzy – Sabe sim, algumas coisas. Sabe que eu já transei, mas não sabe que foi no motel. Eu disse que foi na casa do Biel. E até foi, as outras duas vezes. Só a primeira que foi no motel, mas esta a mamãe nem sabe. Ela está cada vez mais distante de nós. Até parece que não tem interesse em saber.
Adolfo – Sem muitos detalhes, Suzy ...
Ela ria em cima do meu colo e me abraçava. Minha menininha no meu colo falando essas coisas ... Coisas que eu não queria ouvir.
E pensar, que agora ela já está se sentando em outro colo ... Diana devia ter me contado sobre este assunto. Acho que pensei alto, ou acabei resmungando, porque Suzy falou pra eu não ficar chateado, porque foi ela quem pediu à mãe, pra não me contar, pois ela queria me contar e conversar sobre isso.
Eu falei para ela que nós dois iriamos continuar aquele assunto depois e voltamos pra sala. O rapaz estava sentado numa cadeira, nos esperando voltar.
Olhei pra ele, puto da vida, por ter deflorado a minha filha e me sentei no sofá ao lado do meu filho.
Suzy sentou-se no colo dele, provavelmente pra quebrar o clima pesado e tranquilizar o namorado.
Jonathan – Quem quer jogar?
Adolfo – Minha vez! E eu quero jogar com o Gabriel!
Olhei pra ele, bem sério, e ele mesmo tirou a Suzy do colo e foi pegar o controle. Olhei para aquelas mãos cheias de dedos, que há uns minutos atrás, estavam dentro da xaninha da minha filha.
Adolfo, se controla ... Se controla.
Adolfo – Gabriel, você lavou essas mãos?
Gabriel – É ... Eu ... Vou lavar de novo ...
E ele saiu em disparada até o banheiro.
Suzy – Pai, você é muito malvado! – Falou minha filha, rindo da situação.
Adolfo – Você acha? Estou sendo até um pai maneiro, daqueles que são descolados e pra frente.
Jonathan – O que foi?
Suzy – Nada não, Jonathan ... Se liga no seu jogo aí, que a conversa é de adulto.
Jonathan – É sobre o Biel tá comendo a Suzy?
Suzy – Pooorra, Jonathan!!! Caralho! – Gritou minha filha, que se levantou e deu um tapa na cabeça do irmão.
Jonathan – Nooosssaaa!!! Tá parecendo até a Giulia.
Nisso, Biel volta do banheiro e está meio envergonhado, mas eu não vou facilitar pra esse moleque. Todo mundo sabendo, menos eu.
Adolfo – Quem te falou isso, Jonathan?
Jonathan – O Miguelzinho me disse que ouviu o irmão dele transando com a Suzy.
Gabriel – Eu vou arrebentar aquele pirralho! – Disse o “desvirginador”, batendo um dos punhos na sua outra mão.
Adolfo – Quem mais está sabendo disso?
Suzy – A Giulia sabe ... Ela até me ensinou uns negócios ...
Adolfo – Já falei que não quero detalhes. Gabriel, conversa com seu irmão, pra ele não ficar falando isso pra todo mundo. Vai pegar mal pra minha filha e pro meu filho também. Imaginar que vocês transam é uma coisa, mas saber e ainda ter detalhes é bem diferente.
Jonathan – Se ela não gemesse tão alto, o Miguelzinho não iria saber ... – Falou o meu filho, querendo manter assunto e ainda chateado por levar um tapa na cabeça.
Suzy – E se o papai não tivesse te ajudado, você estaria gemendo muito mais alto, com aquele trambolho do Luisão no teu cu. Não se mete na minha vida e boca fechada, entendeu?
Meu filho ficou com raiva e eu tive que intervir e acalmar os ânimos. Nessas horas, Diana saberia lidar com isso melhor do que eu. Depois de uns 10 segundos de silêncio, Gabriel começou a falar.
Gabriel – Tio, foi mal aí, essa situação toda, mas eu amo a sua filha e eu não vou sacaneá-la.
Adolfo – Acho bom ...
Gabriel – Eu amo a Suzy desde quando éramos mais crianças, mas ela nunca me deu mole e eu sempre fui meio tímido, mas quando o Luizão me mostrou a foto dela pelada no celular e disse que iria tirar a virgindade dela, eu quase quebrei a cara dele.
Suzy – Amor, isso você não me contou. – Disse minha filha toda amorosa, dando um abraço nele.
Gabriel – Já que estamos todos sendo sinceros, resolvi falar. Eu disse a ele, que se ele mostrasse as suas fotos pra mais alguém, que eu iria encher a cara dele de porrada e depois eu fiquei pensando. A Suzy não pode perder a virgindade com um mané daqueles que, além de machucar ela com aquele negócio, ainda iria usar de chantagem. Não era justo ela ter a primeira experiência dela desse jeito. Isso me fez criar coragem pra te chamar pra sair e te proteger dele.
Suzy – Eu te amo, Biel. Obrigada ...
Eles começaram a se beijar ali na minha frente e rapidamente a coisa foi ficando mais caliente e eu tive que intervir, dando aquela pigarreada bem clichê mesmo.
Suzy – Pai, posso ir só um pouquinho lá no quarto?
Adolfo – Antes eu quero jogar com o Biel. Se ele me ganhar, podem ir.
Suzy – Ganha dele, Biel! Dá um fatality nele. – Disse minha filha com o punho cerrado.
Adolfo – Torcendo pro namorado!!! OK!
Ela chegou perto de mim e falou baixinho.
Suzy – É a minha perseguida que está torcendo ... Sinto muito, pai.
E em seguida ficou rindo e eu tive que me controlar pra não rir, mas ela viu que eu estava sorrindo com os meus olhos.
Começamos a jogar, eu de Scorpion e ele de Goro. Ganhei de lavada, até porque eu queria mostrar quem mandava ali.
Foram 3 partidas seguidas e eu ganhei todas.
Gabriel – O Senhor joga muito, tio! Arrasou!
Adolfo – Me chama de Adolfo e agora vocês vão me dar licença, mas eu vou pro meu quarto me deitar um pouco.
Eu estava precisando me deitar e botar as ideias no lugar. Aceitar essa nova fase da Suzy ... Acho que é complicado pra qualquer pai ... Fiquei olhando pro teto, pensando numa época em que eles eram mais novinhos e tudo era mais fácil, mas Suzy ficou preocupada e apareceu lá.
Suzy – Tudo bem, pai? Você está com um olhar meio estranho.
Adolfo – Ah, filha ... É coisa de pai ... Só quando você tiver os seus filhos é que você vai sentir o que eu estou sentindo.
Suzy – Eu não queria te desapontar. Sinto muito.
Adolfo – Você não me desapontou, filha! Eu é que estou preso num outro século e fiquei com um pouco de medo.
Suzy – Não precisa ter medo. Eu estou bem.
Adolfo – Só toma cuidado, filha. Você ainda é muito jovem e tem muita coisa pra viver. Proteja-se e não arruma uma gravidez agora, pois, aí sim, ficarei desapontado.
Suzy – Relaxa, que eu vou me cuidar.
Adolfo – Deixa só eu me acostumar com a ideia e aí a gente vê essa questão de ele dormir aqui em casa ... Eu não quero ser hipócrita e eu tenho certeza de que se fosse o seu irmão me pedindo, pra fazer isso com uma namorada, eu iria deixar. Então, só me dá um tempinho.
Suzy – Eu vou “dar” sim ... – Disse minha filha num tom bem jocoso.
Adolfo – Suzy!!! – Falei sério, porque eu percebi perfeitamente a brincadeira de duplo sentido que ela fez.
Suzy – Que foi, papai? Eu disse que vou te dar um tempinho ... Obrigado por deixar.
Adolfo – Eu que tenho que te agradecer. Você tem me ajudado muito em todos os sentidos e eu estou relativamente bem, por sua causa, meu amorzinho.
Ela então se deitou ao meu lado na cama e disse que era uma pena, que as coisas não tenham dado certo com a Geandra, que ela parecia legal.
Adolfo – Ela é legal sim, mas estamos em momentos diferentes, filha. Ela tem todo um mundo pra conquistar e eu já conquistei.
Suzy – Reconquista! Você merece ser feliz também.
Adolfo – Tomara ... Eu acho que vou dormir. Pode ir se divertir com seu namorado, mas não quero ele até tarde aqui em casa. Pelo menos hoje.
Ela me deu um beijo e saiu do quarto. Fiquei pensando que dali a pouco tempo ela iria estar na faculdade, e Jonathan também, dali uns anos, e eu iria ficar, sozinho, sem esposa, sem os filhos, que vão arrumar namoros e ficarão cada vez mais ausentes. A vida é assim.
Meus olhos ficaram cheios d’água, e enxuguei com as mãos, aceitando o inevitável, quando, uns 30 minutos depois, sinto a cama se mexer um pouco e uma mão fazendo carinho no meu peito.
Abri os olhos, me virei pro lado e vi que a minha filha já estava com a roupa de dormir ao meu lado, com um sorriso que me alegrou a alma.
Adolfo – E o Biel?
Suzy – Dei uns beijinhos e fiz uns negocinhos pra ele ficar feliz e pedi a ele pra ir embora, porque eu queria ficar com o meu pai.
Adolfo – Suzy! – Falei seu nome emocionado, me segurando pra não chorar.
Suzy – Não chora, pai! Eu te amo!
Adolfo – Eu também.
Dormimos abraçados. Já fazia um bom tempo que eu não me sentia tão feliz e amado como eu estava sendo, naquele momento.
[DIANA (POV)]
Eu estava em uma situação muito complicada. Se, por um lado, poderia conseguir desestabilizar três dos relacionamentos do Ariano, obtendo informações sobre os esquemas contra os pais da Alba, da Agatha e da Megumi, eu estava sendo chantageada pela Letícia com as imagens dos meus filhos.
Eu precisava fazer alguma coisa para sair do julgo daquela maldita, mas o que eu poderia fazer? As imagens estavam no celular dela, e este poderia ser o mais fácil.
Eu poderia inutilizar o aparelho, jogando-o na água, ou coisa parecida. Mas, e o pen drive, ou as cópias na nuvem, ou no notebook dela? Estas seriam mais complicadas e eu estava desesperada.
Como eu aprendi na faculdade: “situações extremas exigem medidas extremas”. E eu entendi que precisava tomar uma medida extrema.
Na verdade impensada. Invadir o cofre da Letícia e, se não encontrasse o que eu queria, o do Ariano. Meu objetivo era destruir o pen drive e tentar, se possível, conseguir informações sobre o paradeiro dos pais da Megumi. Isto a faria vir para o meu time.
E também, se fosse possível, encontrar mais evidências de que, tanto a Letícia quanto o Ariano, estavam metidos em situações comprometedoras para conseguir as outras esposas. Se este era o modus operandi deles, é plausível pensar que o mesmo poderia ter acontecido com as outras.
Quem sabe eu não encontraria algo comprometedor em relação a Martina ou a Jordana?
Quem sabe eu não conseguiria encontrar informações para desestabilizar mais relacionamentos do Ariano? O meu objetivo principal era eliminar a ameaça da Letícia, mas isso também ajudaria muito às minhas pretensões.
Enquanto pensava em como fazer, me dei conta de que precisaria de ajuda. Naquele momento, eu só poderia contar com a Alba. Tudo bem que o interesse dela era só parte do meu. Para ela, era importante desestabilizar, e até eliminar, o relacionamento do Ariano com as outras esposas, quanto menos esposas, melhor, além do fato dela achar que eu já estava fazendo este trabalho para ela.
Para mim, ela mesma já havia deixado claro, o interesse dela pelo dinheiro. Entretanto, ela não tinha o conhecimento que eu precisava.
Eu iria precisar de ajuda especializada, principalmente em segurança e tecnologia. Eu não sabia se podia contar com a Megumi com a parte de tecnologia, mas nada poderia ser feito sem alguém que conhecesse muito a parte de segurança e a primeira pessoa que me veio à mente, foi o Adolfo. Infelizmente, descartei de imediato.
Ele, apesar de ser especialista em segurança, era muito desorganizado e passional. Se eu contasse para ele os meus motivos, ele, não só não aceitaria participar, como era capaz de me atrapalhar.
Resolvi que a única pessoa com quem eu poderia falar era o César. E rezar pra que conseguisse convencê-lo a não comentar, sobre o assunto, com o Adolfo. Caso contrário, tudo iria por água abaixo.
Por sorte, eu já tinha marcado uma reunião com ele, na parte da tarde, para discutir o projeto de segurança da minha nova empresa.
Contudo, ainda na parte da manhã, Soninha entrou na minha sala e me disse que haviam me deixado, um envelope.
Soninha – Diana, deixaram para você este envelope. Pela logomarca, é de um laboratório. Inclusive, nunca ouvi falar nesta empresa. Você andou fazendo exames? Está com algum problema de saúde que eu possa ajudar?
Diana – Ah, Soninha, obrigada. Eu estava esperando por estes resultados. Demorou, mas, ainda bem, que chegou.
Como eu não respondi à sua pergunta, ela me olhou desconfiada e eu disse que estava tudo bem. Eu não queria discutir aquele assunto com ela. Assim que ela saiu da minha sala, abri o envelope e fiquei impressionada com os resultados.
Na parte da tarde, fui me reunir com o César. Acabamos nos encontrando em uma outra cafeteria da rede do Ariano e, depois de contar o que pretendia fazer, e muito justificar, o César, até pelo carinho que tinha pelos meus filhos, aceitou me ajudar e, mais importante, não contar para o Adolfo. Agora era a hora de discutir o plano com a minha aliada na mansão.
No final de semana, retornei à mansão. E lá estava eu e a Alba no banheiro novamente. O pessoal que faz o monitoramento deve achar que somos amantes ou temos problemas intestinais ou de bexiga.
Diana – Está tudo certo então?
Alba – Tudo certo!
Diana – Eu já falei com o César e ele disse que consegue invadir a mansão, mas ele vai precisar de uma ajuda interna.
Alba – Eu já andei sondando e praticamente todos os funcionários estarão no evento. Somente o pessoal de segurança externa, que não tem permissão para entrar na mansão, estará na mansão. E, mesmo assim, uma equipe reduzida já que não vai haver ninguém na casa. Mas você tem certeza de que o César vai conseguir? Achei que o expert, no assunto segurança, fosse o Adolfo.
Diana – O Adolfo nunca concordaria em participar do que vamos fazer, mesmo sendo contra o Ariano e para salvar os nossos filhos.
Nesse período de ausência que o Adolfo não trabalhou, o César foi obrigado a se dedicar como nunca, e se especializou em vários itens nesse setor.
Alba – Vamos repassar então ... Você vai tomar um remedinho que vai te deixar indisposta por algumas horas ...
Diana – Eu tenho mesmo que tomar esse remédio? – Perguntei insatisfeita, mostrando que não estava fim.
Alba – Você se esqueceu que temos uma médica 24h, aqui na mansão? A Flávia vai querer te examinar e, se for mentira, ela vai perceber. Entendeu?
Diana – Tudo bem! – Respondi, revirando os olhos.
Alba – Todas nós iremos pra festa e você vai ficar praticamente sozinha aqui. Você já aprendeu a mexer no tablet?
Diana – Mais ou menos ... A Megumi não o larga, mesmo eu passando mais tempo com ela, e observando-a mexer no tablet, vai ser complicado ... Estou muito preocupada com essa parte do plano. Acho que vou ter que conversar com ela.
Alba – Mas você vai contar do plano? Você confia nela? – Perguntou Alba, preocupada.
Diana – Eu tenho um trunfo e vou sondá-la. Se funcionar, ela virá para o nosso time, se não funcionar ...
Alba – Bom, eu já imaginava que seria pouco tempo pra você aprender e, ainda temos o problema de como o César vai passar pelos seguranças na área externa da Mansão.
Diana – E o que faremos?
Alba – Eu vou ficar na mansão também e te ajudar.
Diana – Mas o Ariano quer todas as esposas no evento. Será que não vai levantar suspeitas?
Alba – Diana, você nunca entrou no meu quarto, né?
Diana – Ainda não ...
Alba então me fala para irmos até o quarto dela, pois ela queria me mostrar uma coisa. Saímos do banheiro da minha suíte e fomos até o quarto dela.
A princípio parecia um quarto bem simples, com uma cama Queen Size no meio dele. Num dos lados da cama, havia um móvel com vários objetos de decoração e uma parede bem colorida. Do outro lado da cama não tinha nada e a parede era num tom cinza. Não havia nenhuma decoração, mantendo um estilo mais minimalista.
Havia um grande armário numa parede e era só isso o quarto dela. Provavelmente, era um dos menores quartos que eu vi na Mansão.
Alba – Gostou do meu quarto, Diana? – Perguntou a geminiana, com um certo orgulho.
Diana – Estou acostumada com quartos grandiosos e o seu é bem ... simples.
Alba – Às vezes, a complexidade está nas coisas mais simples.
Alba foi até o armário e abriu uma das portas e me chamou pra entrar no armário com ela. Eu fiquei sem entender o que aquilo significava, quando ela mexeu num trinco, revelando que o fundo do armário era uma porta.
Alba – Além de você, somente Letícia e o Ariano conhecem esta porta falsa e a existência deste outro quarto. Entretanto, eu tenho certeza de que nenhum deles jamais veio ver este espaço, a não ser quando ele foi construído. Depois, nunca mais entraram aqui. Devem ter esquecido desse quarto.
Diana – O que você esconde aí?
Alba – Só há uma forma de você saber.
Alba passou pela porta falsa e eu fui atrás dela.
Era um outro quarto, talvez maior que o primeiro, com um enorme sofá, poltronas e almofadas. As paredes do quarto eram pretas e eu vi que havia um projetor ligado, transformando toda a parede numa grande tela, como se fosse uma sala de cinema.
Nas paredes, havia pôsteres de alguns filmes e algumas prateleiras com alguns objetos colecionáveis de filmes. Num dos cantos, havia uma geladeira com várias bebidas e um outro armário, estilo de cozinha, provavelmente com alguns alimentos. Havia uma porta também, que ela me disse ser do banheiro.
Diana – Mas Alba, a mansão já tem uma sala de cinema, enorme por sinal. Por que você pediu para construir outra no seu quarto?
Alba – Digamos que eu adoro cinema e preciso de um pouco de privacidade. – Disse ela piscando o olho para mim. – Vamos até o banheiro, que eu quero te mostrar uma coisa, mas vê se não surta e não grita.
Diana – Tudo bem.
Ela abriu a porta do banheiro e quando eu entrei, eu não acreditei no que os meus olhos viram.
Diana – QUE PORRA É ESSA?
Alba – Calma, Diana. Falei pra você não gritar. – Disse Alba, tapando a minha boca com as mãos.
Ali na minha frente havia uma outra pessoa, idêntica a Alba, inclusive, usando a mesma roupa que ela.
Diana – Mas ... Como ... Quem é você? – Perguntei atônita e aflita.
Alba – Eu sou a Alba, ué! – Respondeu a moça.
Blanca – Eu que “sou” a Alba, irmãzinha!
Alba – Blanca, pare de gracinha, que a Diana vai acabar achando que está louca. – Disse a moça, rindo e debochando de mim.
Diana – Blanca? Mas você ... Como isso é possível?
Blanca – Hahahaha, Blanca não existe mais. Ela é a Alba, e eu também “sou”, por enquanto. – Disse a Alba, que não era mais a Alba, abraçando a outra Alba.
Alba – Nós somos gêmeas, Diana!
Blanca – Na verdade somos e não somos gêmeas, porque nascemos em dias diferentes. Eu sou mais velha alguns minutos.
Diana – Não estou entendendo nada. Vocês são gêmeas ... ou não? – Perguntei totalmente confusa com a situação.
Alba – Somos ...
Blanca – ... e não somos. Hahaha. – Responderam as duas aos risos.
Blanca – Bom, quase gêmeas ... Eu nasci no dia 20 de maio, às 23h e 55min e a Alba nasceu no dia 21 de maio, às 00h e 05min.
Diana – Afinal de contas, vocês são ou não são gêmeas?
Alba – Tecnicamente, acho que somos gêmeas.
Blanca – Na verdade, isto não tem importância. O que importa é que somos idênticas, apesar de não sermos do mesmo signo, pois eu sou de Touro e ela é de Gêmeos.
Diana – Isso é tudo muito confuso. Quem é a Alba que está me ajudando?
Blanca – Eu sou a Alba, praticamente em todos os momentos e a minha irmã, a verdadeira Alba, só esteve contigo, uma ou duas vezes.
Alba – E você nem percebeu, hahahahaha ... – Disse Alba gargalhando.
Diana – Alguém mais sabe disso?
Blanca e Alba – Tá maluca? – Disseram as duas, preocupadas.
Blanca – Ninguém pode saber disso, por enquanto.
Alba – Diana, o Ariano não sabe que eu tenho uma irmã gêmea. Ele sabe que eu tenho uma irmã mais velha e uma irmã mais nova.
Blanca – A mais nova ele conheceu ...
Alba – Ela é alguns anos mais nova do que a gente e se chama Bianca.
Diana – E por que esse segredo?
Blanca – Meus pais ficaram com medo do Ariano querer se casar conosco ...
Blanca e Alba – ... com as duas. – Falaram elas em uníssono.
Alba – Já que eu sou de Gêmeos, ela é de Touro, e, na época, a Babi não estava no radar dele.
Blanca – Por este motivo, nunca comentaram que eu tinha uma irmã gêmea.
Diana – Então, ele nunca teve a verdadeira Alba? Ou seja, ele nunca teve uma esposa de Gêmeos?
Alba – Nunca. Nem se quer um beijo.
Blanca – Ariano é um pervertido. Imagina o que ele faria se tivesse a possibilidade de ter duas irmãs como esposas, para completar a coleção dele ...
Alba – E eu não tenho a mínima intenção de me casar com ele, pois sou apaixonada pelo meu noivo. – Disse a verdadeira geminiana, suspirando.
Blanca – Alba fica fora do radar, mas quando eu preciso falar com Adolfo, ou fazer alguma outra coisa fora da casa, pra não levantar suspeitas, Alba fica no meu lugar, fazendo papel dela mesma.
Diana – É muita informação pra assimilar, mas já que vocês me contaram a história de vocês, eu tenho que contar sobre o que a mãe da Agatha me falou.
Foquei no que me interessava contar. Expliquei a situação, dizendo que a mãe da ninfeta achava que o Ariano estaria apaixonado por mim.
Blanca – Faz sentido. Ariano está deixando a Letícia num estado de nervos ... e é tudo culpa sua, kkkk. Ele tem feito coisas que nunca tinha feito antes.
Diana – Tipo?
Blanca – Diana, veja bem, o Ariano é muito determinado e pragmático. Ele planeja tudo o que faz. Eu nunca vi o Ariano tomar uma decisão, ou melhor, mudar uma decisão, depois de tomada.
Diana – E quando ele fez isso?
Blanca – Você quer um exemplo bem didático?
Diana – Sim, por favor.
Blanca – Você se lembra, quando o Ariano te deu o biquini dourado?
Diana – Claro que me lembro. Eu fiquei muito constrangida.
Blanca – Você ficou constrangida ... e a Letícia ficou puta da vida.
Diana – Mas, por quê?
Blanca – Diana, o Ariano tinha mandado fazer aquele biquini sob encomenda, na Ásia, usando tecido mesclado com fios de ouro. Ele tem o par, a sunga. E deu de presente para a Letícia, como prova da importância dela para ele. Agora, imagine, ele pegar o presente de volta e dar para você!
Diana – Caramba, eu não sabia ... – Falei estarrecida, ao saber essa informação.
Blanca – Esse foi só um exemplo. Um que você presenciou. Tem vários outros como, mudar datas de eventos com as esposas, viagens não programadas, vixi, tem muita coisa que ele nunca tinha feito e agora está fazendo. Temos certeza de que é por sua causa. Apesar de que também acreditamos que você está apaixonada por ele.
Não respondi, pois não foi uma pergunta. Foi uma afirmação.
De qualquer forma, eu fiquei impressionada com o que ela tinha me relatado. Eu não fazia ideia do impacto que eu estava causando, não só no Ariano, como nas outras esposas.
Me alegrei muito, enquanto ouvia, e devo até ter colocado um sorriso no rosto, quando fui chamada de volta para a conversa
Alba – Gente, vamos ao que interessa...
Diana – Claro, desculpe.
Blanca – Primeira coisa ... esqueça o nome Blanca.
Alba – Isso! No momento, Blanca não existe mais.
Blanca – No dia da cerimônia, eu irei à festa e a Alba vai voltar para a mansão e ficar aqui contigo, pra te ajudar a botar o César pra dentro.
Diana – E ninguém vai perceber?
Alba – Já fizemos a troca, várias vezes, e, até hoje, ninguém desconfiou. Para você ver, algumas vezes, quando estamos almoçando ou jantando, eu digo que vou no banheiro e quem volta, pra terminar a refeição, ou repetir o prato, não sou eu, é ela. Mas, essas trocas são muito raras de acontecer dentro da mansão. É muito perigoso e tem que ser muito bem planejada. Normalmente a troca é feita do lado de fora. Quem está na mansão sai com o carro, fazemos a troca e a outra volta com o carro.
Diana – Por isso que de vez em quando, você faz um prato de peão de obra ... Eu jamais iria pensar isso.
As duas riram da minha cara e eu continuei as perguntas.
Diana – Mas ninguém nunca pegou vocês no vídeo?
Blanca – A gente sempre usa roupas iguais e, como dissemos, sempre temos os nossos movimentos, muito bem planejados. Nunca estamos juntas em nenhum lugar onde se tenha acesso via câmeras. Só teve uma vez que a Megumi comentou que as câmeras deviam estar com defeito, porque pegaram imagens da gente saindo, em horários diferentes.
Diana – E a Megumi não desconfiou?
Blanca – É que não há razão pra desconfiar. Nunca iriam imaginar que eu tenho uma irmã gêmea, se passando por mim.
Diana – Acho isso muito arriscado. Vocês são malucas! – Exclamei, fazendo um meio de cabeça, ainda admirada com essa carta na manga, que as Albas tinham.
Blanca – A gente é tão parecida que nem nossos pais sabem nos diferenciar, porque a gente sempre brincou de uma imitar a outra. Pode ser até que eu seja a verdadeira Alba, hahahaha.
Alba – De qualquer forma, não é sempre que eu fico aqui. Quando a mansão fica quase sem ninguém, eu ou ela, vamos pro nosso carro, e ficamos abaixadas no banco de trás.
Blanca – E depois a outra vai pra garagem e assume o volante. Se a gente encontra alguém pelo caminho, a gente diz que esqueceu alguma coisa e até hoje ninguém nunca desconfiou.
Blanca – Todas as mensagens que a gente manda pro Adolfo ou para o César, são do celular da Alba. O meu tem rastreador e é monitorado, assim como o celular das demais esposas.
Diana – Ainda estou passada, com a semelhança de vocês ...
Blanca – Vamos ao que interessa, que a gente já está há muito tempo aqui. No dia da cerimônia, eu irei com as outras esposas e você vai ficar aqui. Alba vai estar aqui por perto com César e ela vai voltar pra mansão. Se perguntarem alguma coisa, ela diz que esqueceu algo e veio pegar. Se isto acontecer, a Alba vai me avisar e eu ficarei sumida na festa, durante um tempo, pra gerar esse álibi, enquanto a minha irmã ajuda você e o César.
Alba – Não estou gostando disso. É muito arriscado.
Blanca – É a nossa melhor chance, irmãzinha. Não teremos outra oportunidade, assim tão cedo.
Diana – Nós temos que desarmar possíveis sensores de movimento, alterar as câmeras, abrir o cofre da Letícia e o do Ariano, invadir o computador do Ariano ... É muita coisa, mas eu preciso me livrar das imagens que a Letícia tem dos meus filhos.
Blanca – Vai ter que dar tempo ... Além do mais, temos que procurar informações que possamos usar para prejudicar outros relacionamentos do Ariano. Você sabe que o meu objetivo é financeiro, certo, Diana? Se conseguirmos ficar somente nós duas como esposas do Ariano, eu não me incomodo que você fique com ele e eu com o dinheiro, hahahaha.
Diana – Sim, eu sei. Mas temos também que colocar as escutas no quarto da Letícia, do Ariano e no escritório.
Alba – Eu estou com medo, Blanca. Isso está me parecendo muito “Missão Impossível”, e o César não é o Tom Cruise.
Diana – Pode ser, mas ele bem que parece aquele ator do velozes e furiosos.
Blanca – É mesmo ... Relaxa irmãzinha! Vai dar tudo certo.
Alba – Diana, você tem que nos prometer que vai guardar nosso segredo. Nem nossos pais sabem que a gente tá fazendo isso. Eles acham que eu estou em outro estado, fazendo faculdade. Se o Ariano descobre que foi enganado assim, não sei o que ele faria.
Abracei as duas e prometi guardar segredo. Me despedi delas e voltei pro meu quarto. Que loucura!
Aproveitei que estava no meu quarto e mandei uma mensagem para a Megumi, perguntando se ela queria conversar. Ela disse que queria muito conversar comigo e marcarmos para nos encontrar no quarto dela, naquele mesmo dia.
A nerd me disse que tinha ficado estarrecida com o áudio que eu enviei para ela. Que tinha sido difícil até disfarçar a raiva na presença da Letícia e do Ariano e que ela queria fazer alguma coisa para poder obter informações sobre o paradeiro dos pais.
Contei para ela sobre os meus planos de invadir a mansão e eliminar as evidências das imagens dos meus filhos.
Detalhei tudo o que foi possível e a japa, depois de pensar um pouco, me jogou um balde de água fria, dizendo que o meu plano tinha mais furos que um queijo suíço, mas que ela iria pensar em como fazer o plano dar certo.
Ela disse, para eu dar um jeito de pedir para o Ariano que ela fosse até o RJ para me ajudar com os novos equipamentos de tecnologia que haviam chegado.
Eu voltei pro RJ, pra me dedicar à minha empresa, mas eu agora tinha motorista e segurança, que não largavam do meu pé. Mesmo assim, eu consegui marcar uma reunião com o César.
Aproveitei e pedi para o Ariano me emprestar a Megumi e ele, prontamente, aceitou. Para a Alba seria só fazer mais uma troca, e ela viria para o RJ para conversarmos e detalharmos os planos da “Missão Mansão”.
A primeira parte da reunião foi com o César, sobre o projeto de segurança da empresa. Lógico que eu perguntava pra ele sobre o Adolfo e ele me dizia que estava bem e que estava namorando.
César – Diana! Você ainda está me ouvindo? – Perguntou César, me chamando a atenção.
Diana – Estou sim ... É que ... Nada não ...
César – Ela é uma boa pessoa, mas não é nada sério. Estão só ficando.
Diana – Como ela é?
César – Sério mesmo, Diana?
Diana – Deixa pra lá ... Faltam duas semanas pra festa da Babi e do Ariano, que vai ser em outra cidade. Isso é bom, porque teremos muitas horas pra poder fazer tudo.
César – Diana, eu não queria te desanimar, mas invadir um computador e arrombar um cofre não são coisas tão fáceis, ainda mais de pessoas muito ricas que devem ter todo tipo de segurança tecnológica de ponta.
Diana – A Alba disse que não seria tão difícil assim.
César – A Alba não entende nada de segurança. Ela acha que tudo que acontece nos filmes é fácil no mundo real.
Diana – Eu sei, mas não se preocupe, porque a Megumi estará com a gente. Ela é a responsável por tecnologia de todos os equipamentos do Ariano.
César – Agora, sim. Já fico mais tranquilo.
Diana – Mais uma coisa, César ... Como eu já te disse, o Adolfo não pode saber disso, de jeito nenhum. Eu até acho que ele é mais capaz do que você em se tratando desses assuntos, mas ele é muito desorganizado e passional.
César – Obrigado ... kkkk. – Disse o meu amigo, em tom de zoeira.
Diana – Não fica chateado.
César – Não estou.
Diana – Então, bico calado.
César – Pode deixar! Eu concordo com o seu objetivo. Eu também faria isso pra proteger o meu filho, e acho que você tem razão, embora eu seja melhor do que ele na parte de vigilância, câmeras, software, ele é dez mil vezes melhor do que eu na parte estrutural.
Diana – Mas você é mais safo e tem mais jogo de cintura. Você é mais ...
César – ... Cara de pau?
Nós rimos e paramos de falar, pois fomos interrompidos por Soninha, que me informou que eu teria uma outra reunião na agenda. Ela também disse que as duas pessoas que iriam participar da reunião já haviam chegado.
Pedi para a Soninha chamá-las para se juntar nós. Quando o fizeram, e fizemos os cumprimentos, Megumi começou a expor as suas ideias.
Megumi – Bom, gente, eu pensei sobre o que a Diana me falou e tenho algumas alternativas para deixar o plano mais seguro e factível.
Diana – Pode falar, Meg.
Megumi – A Diana vai ficar na casa depois de “se sentir mal” e deve ficar no quarto, na cama, com pouca luz e sem fazer grandes movimentos. Por exemplo, lendo um livro, até que o César e a Alba cheguem.
Diana – Por quê?
Megumi – Porque você vai colocar uma imagem em looping, exibindo a casa vazia e eu vou aproveitar para inserir, nesta imagem, alguns minutos de você no seu quarto, também em looping. Como você será a única na mansão, não será um problema se alguém quiser ver as câmeras internas.
Diana – Entendi.
Megumi – Outra coisa. Todas as esposas, exceto a Babi irão de Limo. A Alba tem que arrumar uma desculpa e ir com o carro dela. Sei lá, fala que teve um problema no vestido, que não vai conseguir chegar a tempo de ir de Limo e vai com o próprio carro. Assim, quando ela sair para ir buscar o César, os seguranças não irão estranhar quando ela voltar.
César – Não estamos focando no problema principal ... invadir o computador do Ariano pode ser muito complicado.
Megumi – Eu sei. Mas, pode deixar que eu estarei aqui neste momento e vou ajudar. Vocês comecem com as escutas nos quartos e no escritório e os cofres.
Diana – E como você vai fazer para vir para cá? Qual desculpa vai dar?
Megumi – Eu vou dizer que recebi uma mensagem estranha do sistema de segurança da mansão e tenho que ver pessoalmente.
Alba – E se o Ariano, ou alguém desconfiar?
Megumi – Eu digo que é só uma atualização que falhou e que voltarei logo. Todos vão estar tão entretidos com o casamento que ninguém vai perceber. Quando eu chegar, a Alba estará dispensada, podendo ir para o casamento. Quando terminarmos, o César se esconde no meu carro, desligamos o looping de imagens e eu volto para o casamento.
Diana – Meg, parece perfeito. Como você consegue pensar em tudo isso?
Ela, olhou para mim e respondeu:
Megumi – “Mada mada da ne”.
Terminamos a conversa e as acompanhei até os carros que as levaria ao aeroporto. Elas iriam separadas. Megumi estava com uma expressão enigmática, como se estivesse intrigada com algo.
Antes de Alba entrar no carro, Megumi segurou o braço dela e perguntou:
Megumi – Alba, me explica uma coisa. Quando eu saí da mansão, você ainda estava lá e quando eu cheguei aqui, você já estava aqui. Como você fez isso?
Alba olhou pra mim e depois pra ela, dizendo ...
Alba – Mada mada da ne.
Continua ...