Por Amor e Vingança — Capítulo Oito.

Um conto erótico de Ana do Diário
Categoria: Heterossexual
Contém 2089 palavras
Data: 21/03/2025 17:48:37

A alvorada procedia silenciosa sobre a propriedade. Na casa de hóspedes, Antônia recostou-se na janela, expondo suas curvas sob a luz lunar. Seu olhar estava tranquilo, observava Marcelo se vestir.

— “Sei que você quer explicações sobre ter me flagrado com a sua mãe na cama.” — Antônia moeu o silêncio, a voz suave e firme.

Marcelo alçou os olhos para ela, a mandíbula tensa, o calor da transa, ainda pulsava em sua mente, todavia, a mente formigava com a lembrança da cena que presenciara horas antes.

— “É... quero saber. Que porra foi aquilo?” — perguntou, o tom ríspido, a respiração rápida.

Antônia caminhou nua até o banheiro, sem qualquer afobação, sem qualquer pudor.

— “Eu e sua mãe somos adultas, Marcelo. Bebemos um pouco e... rolou. Simplesmente houve química.” — disse ela, ligando a torneira da pia, deixando a água fria escorrer entre os dedos antes de levar as mãos ao rosto.

Marcelo seguiu-a, encostando-se ao batente da porta. Em sua mão direita, segurava a bermuda, todavia, sua atenção estava fixada no reflexo da loira no espelho.

— “Mas você esqueceu que ela é casada com meu pai?” — sua voz saiu em tom alto, cheio de ressentimentos.

Antônia secou o rosto com numa toalha branca e virou-se lentamente para ele. Sua expressão era segura, os olhos brilhavam com uma treva de divertimento.

— “Aprenda uma coisa, Marcelo… ninguém é de ninguém nesta vida.”

A afirmação foi dita com a serenidade de quem alega um fato irrefutável. O jovem unificou os dentes, sentindo a frustração tomar conta de si. O olhar de Antônia era desarmante e natural.

— “Eu, agora, a minha mãe…” — sua voz fraquejou, mas logo retomou o tom firme. — “Você pretende também transar com o meu pai?”

A loira arqueou um supercílio, cruzando os braços, abaixo dos seios nus.

— “Não seja tão patético, Marcelo.” — Rebateu. Deu um passo em sua direção, estreitando a distância entre eles. — “Se quiser, eu vou embora e você se vira com as notas baixas sozinho.”

A ameaça fez Marcelo desviar o olhar. Ele não gostava da forma como Antônia sempre parecia ter o controle da situação. Respirou fundo, vestindo a bermuda.

— “Apenas te perguntei, dá pra responder.” — Retrucou, tentando recuperar algum terreno na discussão.

Antônia soltou um suspiro de desdém, balançando a cabeça.

— “Não seja infantil, Marcelo. Agora com a Tânia internada. Vocês precisam mais de mim do que eu de vocês.”

A viúva passou por ele, roçando propositalmente o ombro no dele ao sair do banheiro. Marcelo fumegou, sentindo o gosto picante da impotência diante daquela mulher. Ele calçou os chinelos, pronto para sair dali.

Quando já estava na porta, prestes a deixá-la para trás, a voz de Antônia ressoou novamente.

— “Não se atrase para darmos continuidade às aulas de reforço.”

Ele parou por um breve segundo, todavia, não se virou.

— “Tá bom.” — disse o jovem, fechando a porta atrás dele.

Antônia traçou um sorriso. Seus olhos brilhavam com a certeza de que, pouco a pouco, tinha aquela família inteira em suas mãos.

Algumas horas depois…

A manhã despontava ao canto dos pássaros. Na casa de hóspedes, Antônia situava-se sentada na beirada da cama, envolta apenas em um roupão de cetim sobre sua pele quente do banho.

Com um olhar atento, ela segurava o telefone entre os dedos, os cabelos loiros úmidos escorrendo sobre os ombros.

Quando a ligação foi atendida, seus dizeres se desenhou nos lábios ao falar com voz do outro lado da linha.

— “Suas dicas estão sendo de grande valor. Não sei como posso agradecer.” — disse a viúva, numa voz baixa.

A resposta veio rápida e direta, cortante como uma lâmina.

— “Você tem que ser rápida. A polícia está investigando o caso do Luiz Otávio.”

Os olhos de Antônia reluziram, uma negrura de impaciência cruzando seu rosto refletido no espelho. Ela passou a língua pelos lábios, debruçando levemente a cabeça antes de responder.

— “Decidi que será hoje. O Humberto não vai escapar.”

A Calmaria do outro lado da linha durou poucos segundos.

— “Não demore.”

A ligação foi encerrada abruptamente, deixando o som do bip prolongado no ar. Antônia soltou um suspiro, antes de se levantar. — Ela pegou a escova sobre a penteadeira e começou a pentear os cabelos, observando seu próprio reflexo.

Logo após, a Quietude foi interrompido por batidas firmes na porta.

A viúva pausou o movimento da escova, olhou para trás e caminhou até a entrada. Quando abriu, deu de cara com Humberto, trajado com seu usual terno impecável, a gravata e a maleta marrom na mão esquerda. O homem encontrava-se perfumado, e uma afabilidade surgiu em seus lábios ao ver a viúva.

— “Bom dia.” — Cumprimentou ele, olhando para o corpo dela.

— “Bom dia, Senhor Humberto.” — respondeu Antônia, se segurando contra o batente da porta, sem demonstrar surpresa com a visita.

Ele deu um passo à frente, aproximando-se o suficiente para que seu hálito quente tocasse levemente a pele dela. Seu olhar percorreu a silhueta da mulher, o tecido fino do roupão denunciando as curvas por baixo.

— “Vim parabenizá-la pelo desempenho de Marcelo na prova. Nota nove em matemática. Você realmente é uma excelente professora.”

O elogio era um pretexto, e Antônia soube disso no instante em que os olhos de Humberto desceram lentamente para seus lábios.

Ainda assim, ela sorriu, inclinando ligeiramente a cabeça para o lado.

— “Obrigada. Fiz como o combinado.” — respondeu, sua voz carregada de doçura, mas sem desviar o olhar.

Foi então que Humberto reduziu a distância entre os dois. Num movimento rápido, segurou-a pela cintura e a pressionou contra a parede ao lado da porta. O impacto fez com que ela soltasse um suspiro curto. Seus olhos se encontraram antes que ele tomasse seus lábios em um beijo faminto.

Os dedos grossos de Humberto escorregaram para os laços do roupão, prontos para desfazê-los, mas Antônia levou as mãos ao peito dele, afastando-o, sem romper completamente o contato.

Seus olhos brilharam com um agregado de provocação e comando.

— “Não aqui, pare, não agora.” — Murmurou contra os lábios dele.

Humberto, surpreso com a recusa da amante, ergueu as sobrancelhas, mas não completamente desapontado.

— “Não, más, por quê?

— “Podemos sair mais tarde… a sós.” — Sugeriu a loira, deslizando os dedos pela lapela do terno dele. — “Depois da aula de reforço do Marcelo, aí estarei livre.”

A ideia o agradou. Humberto esboçou um sorriso de canto, passando a língua pelos próprios lábios como se provasse o gosto do jogo que ela estava impondo.

— “Onde e que horas?”

Antônia levou a mão ao nó da gravata dele, ajeitando-o.

— “Venha me buscar, daí a gente vê pra onde iremos.”

Humberto aceitou a resposta da loira, porém, antes de sair, capturou os lábios dela em um beijo demorado, deixando sua marca antes de se afastar. Pegou a maleta, ajeitou o terno e caminhou porta afora.

Antônia observou-o ir embora, cruzando os braços e encostando na porta, mordendo levemente o canto do lábio inferior. Tudo estava saindo exatamente como planejado.

Com Humberto fora para o trabalho e a mansão vazia, a viúva aproveitou a oportunidade. Segurava entre os dedos a chave que Lilia lhe entregara dias atrás, um gesto de confiança, para que Antônia pudesse entrar para alimentar-se. Todavia, naquele instante, serviu a um propósito muito diferente do que a esposa de Humberto poderia imaginar.

A cozinha cheirava a café frio e pão amanhecido. Antônia ignorou a bagunça na mesa posta e seguiu direto para o escritório.

A viúva puxou os puxadores das gavetas, abrindo uma por uma. Documentos, contratos, algumas anotações à mão. Folheou páginas com olhar atento, procurando algo útil. O computador situava-se ligado sobre a mesa, mas a tela de login indicava que havia uma senha. Ela clicou algumas teclas sem sucesso antes de desistir.

A próxima parada foi o quarto do casal. O closet luxuoso guardava peças finas, ternos bem cortados e vestidos de grife.

Nas gavetas, perfumes importados misturavam seus aromas. Os lençóis recém-lavados da cama impecavelmente arrumada.

Uma pequena caixa de madeira chamou sua atenção. Ao abri-la, descobriu lindas joias, a maioria de valor, outras meramente simbólicas. Antônia passou os dedos sobre um colar de ouro, com o pensamento de se apossar dele, porém desistiu e o colocou de volta na caixa de joias. A loira buscava algo mais relevante, algo que pudesse beneficiá-la para sempre. Ela procurava o cofre, mas não estava à vista. Desistiu momentaneamente. Sem perder tempo, a viúva cruzou o corredor e entrou no quarto de Marcelo.

O cômodo tinha um cheiro de desodorante e lençóis desarrumados esquecidos na cama. O guarda-roupa desorganizado, como se as roupas tivessem sido jogadas ali sem muita paciência.

Sobre a mesa, o computador se encontrava ligado. Dessa vez, não havia senha para impedir o acesso. Bastaram alguns cliques para que as guias abertas e o histórico revelassem um padrão claro: Marcelo passava horas em sites pornográficos. Antônia sorriu de canto, uma expressão de cinismo. O jovem era previsível demais. Ela fechou o navegador e deixou tudo como estava.

Enquanto Antônia se aventurava nos segredos da mansão, Humberto enfrentava uma situação inesperada em seu escritório na imobiliária. Dois investigadores da polícia haviam aparecido sem aviso prévio. Sua expressão mudou quando eles entraram na sala.

Os ternos escuros dos agentes contrastavam com o ambiente bem-iluminado do lugar. Humberto manteve a postura séria e respondeu às perguntas com a calma de um homem experiente nos negócios.

Sofia, sua secretária, observava tudo de sua mesa. Antes, trabalhava para Luiz Otávio, o homem cuja morte agora se tornara motivo de investigação. O olhar da mulher se manteve fixo nos agentes quando foi chamada para depor.

Enquanto isso, a quilômetros dali, Lilia se ocupava com outra batalha. No Fórum da cidade, diante do juiz e do promotor, defendia seu cliente, que havia sonegado impostos. Lilia era uma advogada experiente. O tribunal e, naquele momento, o caso que apresentava exigia sua concentração.

Mais tarde, na mansão dos, ferreiras…

O aroma da comida perfazia o ar assim que Marcelo cruzou a porta da sala.

— “Oi, Amélia. Que cheiro bom… O que preparou?” — perguntou Marcelo, tirando a mochila dos ombros até a colocarsobre uma das cadeiras.

De avental, encostada na pia, Antônia o observava.

— “Carne cozida, arroz, feijão, salada e um delicioso suco de pêssego” — respondeu à viúva, o olhar fixo no rapaz enquanto mexia o líquido no copo.

— “Parece ótimo” — disse ele, puxando a cadeira e se acomodando à mesa.

— “Sente-se. Vou te servir.” — respondeu ela.

Antônia montou o prato com uma porção generosa e aproximou o copo para perto dela, adicionando dois cubos de gelo antes de empurrá-lo suavemente pela mesa.

Marcelo, faminto, agradeceu antes de levar a primeira garfada à boca. O tempero estava no ponto certo, a carne macia desmanchava ao toque dos dentes. Antônia também se serviu, mas escolheu um copo d’água em vez do suco.

A conversa foi interrompida pelo toque do celular de Marcelo. Ao atender, reconheceu a voz da mãe.

— “Vou ao hospital ver a Tânia, Marcelo. Não sei que horas volto” — informou Lilia do outro lado da linha.

— “Entendi, mãe. Amélia preparou o almoço” — disse ele, entre uma garfada e outra.

— “Agradeça por mim.” — pedia Lilia, falando do Fórum.

A chamada se encerrou, e Marcelo voltou sua atenção ao prato. Quando terminou a refeição, empurrou o prato para o lado e se esticou na cadeira, saciado.

— “Tome um banho e se prepare para a aula de reforço” — pedia Antônia, recolhendo os pratos para lavá-lo.

Marcelo obedeceu à loira e subiu para o quarto para tomar banho.

Na medida que se lavava, um cansaço repentino pesava sobre os músculos do rapaz. O calor que antes parecia revigorante agora se tornava exaustivo. Um torpor incomum nublava suas vistas.

Desligou o chuveiro com muita dificuldade e saiu do box, apoiando-se na parede para não perder o equilíbrio. Cada passo em direção à cama exigia esforço dobrado. Na sua visão, o quarto girava ao seu redor. O corpo cedeu antes que pudesse reagir, o colchão recebeu seu corpo nu. O peito subia e descia em um ritmo desacelerado. Os olhos lutavam para permanecer abertos, porém a resistência durou poucos segundos antes que o sono absoluto o engolisse.

Do lado de fora, Antônia subia as escadas, atravessando o corredor com uma frieza. O olhar percorreu o corpo de Marcelo, inerte sobre a cama. O efeito do sonífero era certeiro.

Sem demonstrar qualquer perplexidade, virou-se e desceu novamente, os saltos tocando o piso. Ao cruzar a porta da cozinha, o sorriso voltou a se desenhar em seus lábios.

De volta à casa de hóspedes, Antônia abriu o armário, escolheu seu melhor vestido e se preparou para o encontro com Humberto.

— Seguimos para o penúltimo capítulo —

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Foto de perfil de Ana do DiárioAna do DiárioContos: 69Seguidores: 119Seguindo: 1Mensagem Meu nome é Ana do Diário, e aos meus 32 anos de idade, carrego uma vida repleta de experiências que moldaram quem sou hoje. Ser mãe de um filho é uma das bênçãos mais preciosas que já recebi, e encontro nele uma fonte inesgotável de amor e inspiração. Desde muito jovem, descobri minha paixão pela escrita. Sou uma escritora amadora, mas minhas palavras têm o poder de transportar os leitores para outros mundos e despertar emoções profundas. Minha mente é um caldeirão de ideias e minha imaginação corre livremente em cada página que escrevo. No entanto, nem sempre foi fácil trilhar esse caminho. Antes de seguir minha vocação literária, enfrentei obstáculos como ex-garota de programa. Essa fase da minha vida me proporcionou uma visão única sobre o mundo e me ensinou a valorizar cada oportunidade de transformação e crescimento pessoal. Acredito que é fundamental abraçar nossa história e aprender com ela. Minhas experiências passadas me deram coragem para desafiar estereótipos e quebrar tabus. Por meio da minha escrita, busco empoderar outras mulheres e combater o estigma social, compartilhando histórias de superação e força interior. Ser mãe é uma dádiva que me impulsiona a ser a melhor versão de mim mesma. Meu filho me ensina diariamente sobre a importância do amor incondicional e da dedicação. É por ele que enfrento os desafios da vida com coragem e determinação, lutando para criar um mundo melhor para ele e para as futuras gerações. Hoje, sou uma mulher resiliente e destemida. Uso minhas palavras como uma arma poderosa para inspirar e motivar os outros. Cada linha que escrevo é uma expressão autêntica do meu ser, uma voz que desafia limites e derruba barreiras. Acredito que, mesmo nas adversidades, podemos encontrar beleza e crescimento. Minha jornada é um testemunho vivo disso. Sigo em frente, compartilhando minha história de superação, mostrando que é possível transformar as dificuldades em triunfos e escrever cada capítulo da vida com coragem, esperança e amor.

Comentários

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Humm.....Curioso aqui....o que acontecerá com o Humberto....Qual será o desfecho....

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confesso que estou curiosa para saber como ela vai matá-lo e por qual motivo ela teve para vingar a morte do marido.

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