O que ficou 1

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 4190 palavras
Data: 22/03/2025 02:26:26
Última revisão: 22/03/2025 02:33:01
Assuntos: Gay

Rúbens

Cheguei a pensar que meu noivo voltaria atrás e que me ligaria no dia seguinte, porém os dias foram passando e comecei ficar preocupado, Juh me aconselhou a não ligar para ele e de fato lhe dar o tempo e espaço que me pediu, mesmo assim disque seu número muitas vezes durante esses dias — e a tentação de verificar suas redes não ajudou muito também — mas no fim nem liguei e nem mandei mensagem.

— Como você está? — Juh entra no meu quarto com café e bolo de laranja pra mim — mamãe tá começando a estranhar esse seu comportamento.

— Como você acha que eu estou, tem duas semanas e tudo que tive dele foi uma mensagem dizendo que ainda não estava pronto pra me ter de novo em sua vida.

— Porro ele meteu essa, sabia que a ideia de casar com esse cara era um erro — Juh apoiava e até era amiga dele no início do nosso namoro, mas aí Mariano começou a implicar comigo dizendo que eu mimava muito a minha irmã.

— Julia, por favor, respeite meu noivo — digo com seriedade.

— Você quer dizer ex noivo né Rubens até porque tempo não existe — estou encarando-a incrédulo do que acabei de ouvir, mesmo assim ela continua a dar sua opinião não solicitada — você mesmo disse que já tem duas semanas e que ele estava saindo com outro, é meio que óbvio que ele não vai voltar.

Antes que possa lhe dar uma resposta atravessada e a expulse do meu quarto e também local de trabalho recebi um e-mail da floricultura me enviando o contratos junto ao boleto referente ao nosso pedido, isso me deixou sem chão, a incerteza me tomou muito fortemente.

— O que foi, você ficou pálido de repente — Julia muda a postura ao me ver em choque prestes a desmoronar.

— Sai daqui, eu preciso trabalhar — digo sem desviar minha visão da tela do meu monitor, ela pensa em dizer algo, mas acaba desistindo e saindo me deixando sozinho.

Preciso de uma resposta, não consigo mais esperar, mando uma mensagem para o Mariano dizendo que precisamos decidir o que faremos com os preparativos do casamento, para minha surpresa e alívio ele me responde marcando de nos encontrarmos hoje a noite para um jantar, por um momento, mesmo até breve tenho esperança de que isso é um bom sinal.

Avisei meu chefe que não faria hora extra hoje para não me atrasar no nosso jantar, tomei um banho demorado, vesti minhas camisa social azul clara que ele adora e uma calça jeans preta, até o perfume foi uma escolha pensada para agradá-lo, ele me fez comprar justo por amar o cheiro, é bem caro, mas valeu a pena pois me rendeu fodas muito gostosa com ele na época e espero que hoje não seja diferente.

Cheguei cedo no lugar, antes dele até, o restante que ele escolheu é um desses caros, estranhei pois nunca viemos aqui antes, mas não me importo em gastar um pouco a mais se for pra agradar meu amor e recuperar nossa relação, quase sete anos não pode acabar assim do nada. É verdade que andamos meio afastados a uns meses, mas é que eu tenho trabalhado muito e quando estou livre é o horário onde ele costuma está trabalhando então temos nos desencontrado bastante esses tempos, mas tudo isso irá mudar, vou me esforçar e ser um namorado melhor, porque o Mariano merece todo meu amor e dedicação.

Quando ele chega tomo um susto, estava olhando para a porta, para vê-lo assim que entrasse, mas ele me pegou de surpresa, já deveria está no local mais eu não o vi, já que ele não entrou pela porta, levanto para beijá-lo, mas ele vira o rosto e beijo sua bochecha.

— Você está bonito — ele diz me enchendo de esperança.

— Obrigado, você também — ele está usando uma polo vermelha que fica linda em seu corpo esculpido, uma calça jeans, seu perfume é novo, até que gosto.

— Amor, estou começando a receber os contratos dos preparativos do casamento, quero saber em que pé estamos para fechar e continuar os preparativos — ele desvia o olhar e o conhece bem para saber que algo o está incomodando.

— Rúbens eu estou muito confuso — o ar me escapa e não consigo mais respirar — eu te amo, você é tudo na minha vida a seis anos que não pensava em outra pessoa que não fosse vocês, mas agora eu estou muito dividido.

— Como assim Mariano?

— Eu pensei que seria só uma coisa de momento, um sexo de raiva sei lá, é que esse outro cara ele me trata de uma forma.

— Que porra é essa Mariano, você mau pediu um tempo e está transando com outro cara, como assim? — Sabia que ele iria acabar saindo com alguém, mas pensei mesmo que não teria coragem de transar com mais ninguém, até porque eu jamais conseguiria com alguém sem ser ele.

— Desculpa.

— E a gente, droga cara você vai jogar seis anos de relacionamento no lixo por causa de uma aventura? — Meus olhos estão ardendo em brasa, mas seguro as lágrimas.

— Não sei, mas acho que não é só uma aventura — essa frase entra no meu coração como uma faca — preciso de mais tempo.

— Mais tempo, quanto tempo, o que você quer que eu faça, tu faço, você termina com esse cara e seguimos com nosso casamento.

— O que eu quero você não pode me dar Rubens.

— Peça, por você eu faço qualquer coisa Mariano — ele me encara nos olhos, está mais difícil não chorar agora.

— Quero sua mãe e seus irmãos no nosso casamento, quero uma sogra Rubens, quero casar com alguém sem me sentir uma amante suja, quero ser bem mais que a só a outra família que você concilia com a sua — meu sangue esfria e minha vista escurece, meu coração bate tão forte que posso ouvi-lo estourando em meus ouvidos, ele espera por uma resposta, mas não posso lhe prometer isso. — eu te amo, mas não consigo competir com seu trabalho e nem com sua família Rubens, desculpa mais não consigo casar com você agora.

Ficamos em silêncio apenas nos encarando, ele tem razão eu sei que tem, mas não consigo, minha mãe é muito homofóbica, meu irmão é militar não vai me aceitar de forma alguma, por mais que eu ame o Mariano e Deus é testemunha do quanto amo esse cara, não consigo falar com minha mãe sobre isso, me mata não poder dar a única coisa de que meu noivo deseja, uma família normal e amorosa, ele nunca vai ser bem recebido na minha casa como sou na dele, como posso reverter isso? Pra ele nunca foi um problema, mas o casamento deve ter despertado sentimentos que ele ocultou de mim esse tempo todo.

— Eu sinto muito — digo com lágrimas escorrendo pelo meus olhos então como uma última facada ele retira o anel de noivado que lhe dei do bolso e coloca em cima da mesa na minha frente.

— Fica com ele, ele é seu — eu o pego e o coloco de volta em sua mão.

Levanto da mesa e saiu completamente sem rumo e atordoado do local, a ficha não caiu ainda, meu primeiro e único namorado se foi e a culpa é minha, ele encontrou alguém que pode fazê-lo feliz, mais do que eu fiz, como posso competir com isso, andei sem rumo pela rua até me cansar e voltar pra casa, entrei em um ônibus qualquer que estava passando e por sorte era para os lados de onde moro.

Os próximos dias fui tomado por uma tristeza sem fim, cancelar o casamento foi a coisa mais difícil que já fiz na vida, Mariano me mandou mensagem se oferecendo para pagar pelos prejuízos que tive — nem todos os serviços que contratei davam reembolso, principalmente o valor inicial do espaço que paguei no dia em que terminamos — recusei seu dinheiro não por orgulho e nem nada disso, não ligo pro dinheiro e sei que ele não tem tanta grana assim, seria um gasto foda pra ele e realmente não é algo que vai me fazer tanta falta assim, afinal já tinha me programado pra pagar esses coisas e ainda tinha muitas coisas que não havia contratado ainda então poderia ter sido pior caso tivesse sido largado no altar. Os meses de antecedência me salvaram de gastar o preço de um carro popular em vão.

Bem que meu problema poderia ser só pagar pelo casamento que não vai acontecer, nem tem um dia em que não acordei sentindo falta dele, ontem cai na besteira de ver seus story e me arrependi profundamente quando descobri que ele está saindo com o dono do restaurante em que nós encontramos naquele dia.

— Filha da puta, ele já devia está te traindo, quem termina uma relação já entrando em outra logo em seguida? — Júlia diz vendo o IG do meu noivo.

— Julia por favor me deixe sozinho — estou tentando não desviar os olhos do computador.

— Rubens supera cara e parte para outra já tem um mês e o seu ex acabou de postar uma foto jantando com a família dele e o atual namorado — meus olhos buscam o seu pedindo que isso seja só uma de suas provocações, mas ela vira o celular em minha direção com a foto e a legenda “jantar em família”.

— Julia sai da merda do meu quarto agora.

Ela respira fundo e sai me deixando mais uma vez sozinho. Um mês passou e para mim parece que foram anos, dois meses sem o Mariano e parecia que o buraco no meu peito jamais iria se recuperar, pra minha saúde mental parei de ver suas postagens e até sai das redes sociais, fiquei tanto no trabalho que não foi raro virar noites trabalhando em demandas além das minhas, até freelancer peguei para tentar ocupar minha mente completamente. Minha mãe tentou conversar comigo, saber o motivo do meu desânimo, mas não abriu espaço pra diálogos, mesmo assim ela tentou e tentou, até recorrer ao meu irmão em um almoço de domingo, Ben veio e dessa vez trouxe Vanessa com ele.

— Então Vanessa quando vou ter netos? — Minha mãe não perdia uma oportunidade de mexer com a garota.

— Benjamin e eu trabalhamos muito sogra então não é um bom momento.

— Quando vocês se casarem você pode parar de trabalhar, meu filho ganha o suficiente pra sustentar a família e você pode se dedicar a cuidar dos filhos.

— Mãe por favor — Ben pede mesmo sabendo que será inútil.

— Não entendo por que ter filhos, o mundo vai acabar por conta do clima em alguns anos mesmo, eu é que não vou condenar meu filho ao sofrimento de viver um mundo apocalíptico — Julia lança sua opinião polêmica na mesa como se não fosse nada para tentar desviar a raiva da nossa mãe para ela, assim Ben e Vanessa podem ter um respiro.

— Você é inacreditável Julia, você não tem respeito por mim, que menina desmiolada meu Deus, isso é culpa do seu finado pai até deixava você muito solta, era pra ter tido mais pulso com você.

— Não entendo por que a senhora ainda toca nesse assunto, mãe eu nasci para ser livre, uma mulher independente, não quero lavar cueca de macho e nem ter que ficar em casa cuidando de menino — Quando elas começam é só questão de tempo até a gritaria começar, minha mãe citando a bíblia e minha irmã provocando do outro lado com suas ideia feministas radicais, eu apoio minha irmã cegamente, porém quando começa a brigar com a mamãe eu sei que ela vai em extremos que nem a mesma concorda, mas não abre não de uma boa briga.

— Porra, podemos ter um almoço normal nessa merda! — Normalmente fico na minha, mas tem dias até não durmo e nem como direito, só consigo pensar no meu noivo com outro cara, estou total sem paciência, enfim meu grito é o bastante pra continuarmos o almoço em silêncio até que minha mãe começa um novo assunto menos espinhoso.

— Seus avós chegam hoje, filho, você lembrou de marcar as consultas deles? — Ela fala com Ben que gesticula que sim, meu avô é militar da reserva e até hoje é atendido no hospital do exército quando precisa.

— Vovô tá doente? — Lembro de minha mãe te digo algo, mas estava tão dentro do meu luto que não prestei atenção.

— Te falei, você e sua irmã são dois desmiolados deus que me perdoe de ter uns filhos que só me dão desgosto — pronto começou as reclamações — quero ver se um dia eu sumisse no mundo o que seria de vocês.

— E a gente tem essa sorte — Júlia provoca, mas é Ben quem a repreende dessa vez.

— O vovô vai fazer uma cirurgia de hérnia, ele estava tratando, mas agora o médico falou que vai ter que operar — Ben me explica e meio que me lembro da mamãe falar algo sobre só que não ouvi direito pois estava muito perdido nos meus próprios pensamentos.

— Desculpa mãe, eu ando trabalhando muito e me desliguei totalmente esses dias.

— Eu sei, você anda até virando a noite naquele computador — minha mãe sabe de tudo até acontece nessa casa desde pequenos nunca vi seguimos esconder nada dela — só a minha homossexualidade.

— Por que você está virando noites trabalhando? — Ben me pergunta com seu tom autoritário do exército.

— Muita demanda senhor — bato continência para irritá-lo, vou fazer isso até ele parar de me tratar como um dos seus subordinados.

— Meninos — nossa mãe já briga antes que Ben responda algo pela provocação — tem certeza que eles vão ficar bem na sua casa filho.

— Por que o vovô e a vovó vão ficar na casa do Benjamin? — Pergunto.

— Porque o vovô não pode dormir de rede e eu tenho um quarto de hóspedes que dá pra ele e a vovó ficarem — meu irmão sempre foi mais apegado com nossos avós justo por ter tido mais convivência com eles.

— Seu apartamento é um ovo, irmão, tem certeza que não é melhor eles virem pra cá mesmo? — Júlia diz demonstrando uma genuína preocupação.

— Eles vão ficar a onde, no sofá? — Minha mãe pergunta pra minha irmã, o quarto da Júlia só tem uma cama solteirão e a mamãe não dorme de rede por ter problema nas costas também.

Ouvindo a conversa deles algo né ocorreu, meus avós moram na serra de Tianguá um lugar bonito, é na zona rural, uns nove km da cidade, algo tranquilo, lá tem energia elétrica, água encanada e até internet, mas acima de tudo lá tem o principal paz e distância do meu noivo, tudo de que preciso agora. Em questão de conforto minha cama é King Size tem espaço pro meus avós que sobra e fora o conforto pra alguém que vai ter que passar pelo pós operatório, meu quarto tem ar-condicionado, banheiro e uma cama hiper confortável.

— Eles ficam no meu quarto, na casa do Ben a mamãe teria que ficar indo e vindo o que não é nada bom pras costas dela, e aqui a Júlia também pode dar um suporte.

— Mais filho você vai trabalhar onde? — Dormir da pra dormir com Julia ou com minha mãe, mas pra trabalhar eu preciso de um lugar fechado pois tudo que faço é extremamente sigiloso, tem no meu contrato inclusive que eu preciso trabalhar em uma sala fechada e sozinho, como tenho trezentas reuniões por semana meu chefe vai saber se eu me mudar pra sala por exemplo.

— Não vou ceder nyu quarto pra ti não, ainda mais agora que você está trabalhando noite adentro — Julia já adverte, mas tenho outros planos.

— Na verdade, estou pensando em ir pra casa do vovô enquanto ele fica no meu quarto — minha mãe já me lança uma cara desconfiada — lá tem internet, posso trabalhar lá.

— Rubens a recuperação do vovô pode levar uns quatro meses — Ben me adverte, mas estou ciente de que deve demorar e pra falar a verdade estou até contando que demore, não pelo vovô é claro, mas pra ter uma desculpa pra ficar fora e sozinho.

— Eu sei Ben, mas a recuperação do vovô é muito mais importante, eu trabalho em qualquer lugar que tenha uma sala só pra mim e internet e lá vou ter os dois, não é como se tivesse algo aqui me prendendo — Julia me encara sacando o que estou querendo fazer.

— Então pronto, você vai pra serra e o vovô e a vovó vem pra cá, tá decidido — Júlia começa a apoiar minha rescisão.

— Realmente seu quarto é o melhor lugar pro papai — minha mãe concorda, vou falar com ele então, mas ele chega amanhã você vai ter que viajar amanhã já.

— Tudo certo, lá na rodoviária eu pego um táxi, temos a cópia da chave então não vai ser problema — digo já pensando em toda a logística.

— Que táxi menino o Antônio vai te buscar — minha mãe diz como se eu conhecesse esse Antônio.

— Quem é Antônio, mãe?

— Ele é sobrinho da Zenaide, primo do Átila e da Angela.

— E o que ele está fazendo na casa do vovô? — Julia pergunta tão surpresa quanto eu.

— Ele morava com a Zenaide, quando ela foi embora ele ficou, daí ela falou comigo e eu mandei ele pra serra pra ajudar meus pais, ele trabalha na cidade e ajuda com as contas da casa e também ajuda a cuidar do seu avô — só agora foi que tomei conhecimento disso e pelo jeito só Ben que já sabia disso.

— Ele é gente boa, é veterinário e tem sua idade Rubens — Ben não só sabia, ele conhece o cara, se bem que meu irmão é o queridinho da vovó, seria estranho ele não saber.

— Então a casa não vai ficar só? — Julia pergunta.

— Com seu irmão lá e o Antônio claro que não né Júlia, que pergunta mais besta, vou falar com o papai pra avisar a ele e já falar com Antônio que ele vai te buscar na rodoviária.

— Nem conheço o cara mãe — não gosto da ideia de incomodar um estranho.

— Ele é seu primo Rubens, é família.

— Ele é primo dos nossos irmãos, não nosso primo — Julia pontua.

— Mesma coisa — minha mãe ignora a colocação de Júlia e já pega o celular pra ligar pra vovó, no fundo ela era toda animada em poder receber os pais em casa, afinal conhece bem minha coroa pra saber que ela não queria ir pra casa da Vanessa e do Ben.

Tudo certo vejo uma passagem pra amanhã de manhã, mando um e-mail pro meu chefe explicando a mudança e ele concorda em converter dois dias de extra meu em banco de horas para que eu posso viajar sem me preocupar, mas eu me conheço vou dar um jeito de trabalhar de qualquer forma. Admito também que pensei que ficaria sozinho na casa dos meus avós, ter alguém lá frustrou um pouco meus planos, mas se esse cara trabalha provavelmente vou passar o dia só pelo menos, então não vai ser de todo mau, mas tenho que dizer já não gostei muito desse cara mesmo sem conhecer ele, tipo o Ben é amigo dele e a gente nem sabia da existência dele até hoje, cara boçal da porra que não fez questão de conhecer a gente.

Na manhã seguinte acordo cedo, tenho duas malas grandes e uma mochila, numa mala está meu monitor e mais algumas coisas que uso pra trabalhar, como fones teclados e tudo mais, na mochila meu notebook — que é o material mais importante do meu trabalho — e na outra mala minhas roupas. Minha primeira raiva veio quando vi que só tinha ônibus convencional e executivo pra lá e nenhum leito, pelo menos consegui um saindo às seis da manhã, como são umas seis horas de viagem devo chegar umas doze horas, bem na hora do almoço, bom que assim não vou atrapalhar o Antônio mais do que o necessário.

— Não acredito que você vai mesmo? — Julia fez questão de me acompanhar até a rodoviária.

— Vai ser melhor, me afastar disso tudo aqui — ela sabe o que quero dizer.

— Vai ser bom pra você, eu sinto que essa viagem vai mudar sua vida — Julia adora bancar a sensitiva.

— Tá bom mãe de na, você só quer me ver longe pra não voltar com o Mariano — ela sorrir com malícia.

— Só não quero mais te ver sofrendo e acredite estou mais puta com ele agora por fazer meu irmãozinho ir pra longe de mim por muitos meses.

— Vão ser uns quatro e você pode ir né ver quando quiser — Julia e eu não ficamos tanto tempo longes assim a muitos anos.

— Promete que vai se cuidar e que vai me ligar todo dia — nem a mãe é tão carente assim.

— Todo dia não que eu tenho mais o que fazer, mas de vez em quando eu posso ligar — digo só pra provoca-la.

Está quase na hora do meu ônibus chegar quando vejo Ben nos procurando, ele está fardado exibindo sua beleza e atraindo muitos olhares de cobiça, mas meu irmão passa alheio de seus admiradores em nossa até onde estamos quando seus olhos nos encontram, não sabia que ele vinha se despedir também, estou feliz que ele tenha vindo, eu amo todos os meus irmãos, mas o Ben e a Júlia tem um lugarzinho mais especial no meu coração.

— Ben o que tá fazendo aqui? — Julia pergunta enciumada.

— Vim me despedir do meu irmão — Ben é um irmão mais velho super protetor as vezes, ele não é idiota sabe que eu estou com algum problema e assim como a Juh ele entendeu que estou indo pra serra para escapar do meu problema.

— Obrigado Tenente Domingos — ele me abraça com força e fala no meu ouvido.

— Você sabe que pode falar comigo, né?

— Sei sim irmão — respondo.

— A mãe falou com Antônio, ele vai está na rodoviária quando você chegar, eu te passei o número dele aí você falar com ele quando chegar — Ben me passa as últimas orientações.

— Ainda não me sinto a vontade que ele tenha que sair do trabalho pra me dá ruma carona, posso muito bem pegar um táxi.

— Deixa de ser besta macho — Ben me repreende — o Antônio é nosso primo e outra um táxi da rodoviária pra casa do vovô é cara pra caralho, só porque você ganha bem não quer dizer que pode gastar como se não houvesse amanhã.

— Tá bom tenente, vou pegar essa carona — Bem não sabe, mas de fato não estou podendo gastar tanto assim por pelo menos uns dois meses até terminar de pagar as coisas do meu quase casamento.

— Faça uma boa viagem irmão — Juh me dá mais um abraço quando anunciam meu ônibus na plataforma.

— Se cuida e mande notícias Rubens — Ben também entra no nosso abraço virando um dos nossos raros abraços triplos.

Já estou com saudades dos meus irmãos, mas preciso dessa viagem e tem o vovô também, ele realmente precisa do meu quarto pra se recuperar bem, mesmo não sendo o neto favorito ele sempre foi muito amoroso comigo e também o amo bastante. Depois de despachar minhas duas malas no bagageiro do ônibus entro e tomo meu assento, comprei o assento 35 que fica na janela, para minha completa sorte ninguém comprou a 34 do meu lado, assim consigo viajar com mais conforto.

Aproveito que não tem ninguém do meu lado puxo meu notebook da mochila, ligo o roteador do celular e começo a agilizar um trabalho que nem está atrasado, mas é que só consigo não pensar do Mariano quando estou trabalhando então toda oportunidade é valida. O ônibus não fez nenhuma parada o que foi ótimo, e até consegui fazer muito coisa do trabalho. Chegamos quase uma hora da tarde, fico puto por ter feito o cálculo errado, mando mensagem no grupo da família avisando que cheguei na rodoviária, quando vou procurar a conversa com meu irmão onde tem o numero do Antônio me deparo com o grupo da família do Mariano já qual faço parte a uns cinco anos já, só que vejo a informação de que o Mariano me tirou do grupo, fico uns segundo vendo essa mensagem de que fui retirado do grupo, essas pequenas coisas tornam nosso termino muito real, me pergunto se ele já colocou o outro cara no grupo por isso me tirou.

Sou obrigado a voltar a realidade quando vejo algumas pessoas pegando suas coisas pra descer, agilizo juntando minhas coisas e descendo também pra não passar direto e ter problemas, pego minhas malas no bagageiro e só aí mando mensagem para o Antônio, ele me responde na mesma hora falando que está na entrada da rodoviária. Parando pra olhar ao redor muita coisa mudou desde a última vez que vim aqui, tem um mercado grande na frente, uns bares na rodoviária mesmo de frente para as plataformas, tudo apertado, ainda sim com as coisas diferentes sou tomado por uma nostalgia boa, o clima daqui é mais agradável, estou começando a achar que esse lugar vai mesmo me fazer bem. Depois desse momento de reflexão pego minhas malas e me dirijo pra entrada da rodoviária para encontrar com cara que vai ser meu roommate pelos próximos quatro meses.

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Foto de perfil de R ValentimR ValentimContos: 70Seguidores: 43Seguindo: 2Mensagem não recebo mensagens por aqui apenas por e-mail: rvalentim.autor@gmail.com

Comentários

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Torcendo para que o Antônio seja um gostoso. Hahaha sim, estou supérfluo hoje

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Foto de perfil de Xandão Sá

Tenho certeza que o Mariano lá na frente vai reaparecer, arrependido, pedindo pra voltar... E não havia amor, não o bastante. Quem ama não pede tempo.

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Moço, olha como o Mariano foi deixado de lado ao longo do relacionamento. Ele fez muito bem e sair fora. Pois eu espero que ele vire essa página e siga em frente. E que o Rubens aprenda a valorizar quem está ao seu lado. No mais, "bora" ver o esse primo fará com o Rubens.😁😁😁😁😁😁😁

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Normalmente eu teria achado paia o Mariano já está com outro, mas o próprio Rubens narrou que não dava atenção ao namorado a bastante tempo, então o Mariano fez o certo em cair fora e dar valor a quem lhe dá valor.

Curioso para essa relação do Rubens com o "Primo"!

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❤️A capa­cidade de despir qualq­­­uer mulher, de vê-la nua) Avaliar ➤ https://ucut.it/nudo

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Esse Rubens é tipo o Mauro. Mariano fez certo em dar linha pra ele. Rubens não é obrigado a sair do armário tanto quanto Mariano não é obrigado a ser "o outro". Bora ver o que o Antônio fará com o Rubens.

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