O Casamento Arranjado! Cap.12 Segunda Temporada

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 2013 palavras
Data: 04/03/2025 15:04:30

O sol estava forte, e a manhã na fazenda começava a esquentar. Eu, Túlio e Miguel estávamos no campo, com um plano audacioso em mente: criar uma horta bem grande . Um projeto grandioso, digno da nossa determinação (ou talvez da nossa falta de noção sobre o quanto o trabalho ia ser puxado).

— Vai ser tranquilo, é só cavar uns buracos e plantar umas sementes — disse Miguel, com um sorriso confiante, que mal escondia a falta de noção que ele tinha do trabalho que nos aguardava.

Túlio, por outro lado, não estava tão otimista.

— Você tá de brincadeira, né? — ele resmungou, já com o rosto fechado. — Isso aqui vai dar um trabalho do caralho. Mas vocês dois que queriam, então vão ter que me aguentar.

Eu ri, tentando descontrair a situação. Sabia que não ia ser fácil, mas ao menos era algo para nos manter ocupados e tirar o foco de algumas das tensões recentes.

— Calma, Túlio. Vai ser bom pra gente, você vai ver — falei, jogando uma pá de terra de lado e me afastando um pouco.

Miguel deu de ombros.

— Isso vai ser bom, principalmente se as coisas derem certo. Imagina a quantidade de comida que a gente vai ter na fazenda. Vai valer o esforço.

Túlio bufou e olhou pra mim, irritado.

— Não tem nem espaço suficiente pra tudo o que vocês estão querendo plantar. Acha que é só jogar semente e esperar que nasçam tomates? — ele passou a mão no rosto, começando a cavar com mais força, como se fosse um exercício de raiva.

Eu continuei a trabalhar, tentando manter o foco, mas sabia que o dia seria longo. A tarefa parecia simples à primeira vista, mas logo a realidade começou a se mostrar. Era um terreno extenso, e a quantidade de buracos que precisávamos fazer para semear era absurda. Sem falar nas roças e nas plantas que precisavam de cuidados diários.

— Não vai ser só plantar e pronto — Miguel explicou, começando a explicar detalhadamente como iria preparar o solo. — Vamos ter que cuidar disso diariamente, dar água, controlar as pragas, adubar… É muito mais trabalho do que parece.

Túlio olhou para ele, claramente achando que o plano estava cada vez mais complicado do que ele imaginava. Eu, por outro lado, estava curioso para ver como seria o resultado de tanto esforço. E por mais que a ideia de mexer com plantas não fosse exatamente empolgante, sabia que teríamos que dar conta disso.

E não demorou muito para a tensão entre nós três começar a aumentar. O calor estava insuportável, a terra dura e os buracos que precisávamos cavar pareciam não ter fim. Cada passo era mais cansativo do que o anterior.

— Eu já cansei! — Túlio gritou, largando a pá no chão com frustração. — Isso aqui tá parecendo um castigo.

Miguel não se deixou abalar. Ele tinha a paciência de um santo para aquelas coisas.

— Não é tão difícil, Túlio. Tá tudo bem. Vamos continuar. — Miguel tentava manter a calma, mas dava para perceber que até ele estava começando a se incomodar com o ritmo do trabalho.

Eu suspirei, parando para observar o quanto o trabalho estava sendo desgastante para todos nós. Eu tentava manter o ritmo, mas o calor e o esforço me deixavam exausto. Sem falar no fato de que, no fundo, eu estava começando a achar que talvez a ideia da horta tivesse sido um pouco exagerada.

E, como se já não fosse suficiente, começou a chover. Primeiro, pequenas gotas. Depois, uma chuva forte, que só piorava nossa situação.

— Isso não é sério! — Túlio gritou, mais uma vez demonstrando seu desespero. — Eu não acredito que a gente está plantando nessa merda de chuva!

Eu não consegui evitar uma risada nervosa. Parecia que o dia estava se tornando uma verdadeira comédia de erros. A terra já estava enlameada, e a chuva só piorava tudo. A sensação de que aquilo era um castigo parecia cada vez mais forte.

— Calma, Túlio. Vamos dar um jeito nisso — falei, tentando acalmá-lo. Mas ele não parecia disposto a colaborar.

Miguel estava mais calmo, olhando para o céu e tentando analisar a situação.

— A chuva vai passar logo. E o solo vai ficar ótimo para as plantas. A gente só tem que esperar. — Miguel dizia isso, mas eu percebia que, até ele, estava começando a se incomodar.

A chuva se intensificou ainda mais. Em poucos minutos, o campo estava completamente enlameado, e o trabalho parecia ainda mais difícil do que antes. A água escorria pelas colinas e se acumulava onde tínhamos cavado os buracos.

Túlio se irritou mais ainda.

— Eu não vou continuar fazendo isso! Esse lugar tá uma merda! Vou embora! — ele gritou, começando a sair do campo.

Miguel correu atrás dele, tentando convencê-lo a voltar.

— Não, Túlio! Não vai embora! Nós precisamos terminar o que começamos! Vai ficar tudo bem! — Miguel falou, tentando ser persuasivo.

Mas Túlio não queria saber.

— Não vou fazer mais nada, Miguel! Isso aqui não faz sentido nenhum! — Túlio estava farto. E não parecia disposto a voltar atrás.

Eu suspirei, já exausto com a situação. O trabalho estava começando a ser demais, e eu estava começando a questionar se realmente valeria a pena. Mas, ao olhar para Miguel, vi que ele ainda estava firme. Ele parecia estar mais preparado para aguentar tudo aquilo.

— Vamos só esperar a chuva passar, Túlio — falei, tentando manter a calma. — Depois a gente decide o que fazer.

Túlio se virou para mim, visivelmente irritado, mas também um pouco cansado da discussão.

— Não sei, cara. Isso aqui tá ficando ridículo. Mas vou ficar mais um pouco, não posso sair assim. Vamos ver se a chuva para.

Miguel assentiu, e o trabalho continuou, ainda que com mais cansaço e frustração. Eu sabia que ainda tínhamos muito a fazer, mas pelo menos estávamos tentando terminar o que começamos.

A chuva parou mais tarde, mas o estrago já estava feito. O campo estava agora uma bagunça, e o trabalho para restaurar tudo parecia nunca ter fim.

Eu, Túlio e Miguel continuamos por mais algumas horas, cada um cavando, plantando, e cuidando do solo,mas por enquanto, ainda estávamos longe de ver os frutos do nosso trabalho.

O sol começou a se pôr lentamente no horizonte, tingindo o céu com tons dourados e alaranjados. A terra, ainda molhada e pesando nos nossos corpos cansados, parecia estar pronta para retribuir o esforço que havíamos colocado nela. Mas, enquanto ainda estava alheio ao cansaço, fui interrompido por uma presença inesperada.

De longe, avistei uma figura se aproximando da entrada da fazenda. Uma caminhonete velha, mas bem cuidada, parou perto do portão. Ao sair do veículo, vi que era Catarina, a filha do patrão. Seu sorriso doce e os olhos brilhando de empolgação estavam evidentes, como sempre que ela fazia uma visita à fazenda. Ela tinha uma energia intensa, capaz de iluminar qualquer ambiente, mas eu não pude deixar de notar algo no jeito dela de olhar para Eduardo.

Ela parecia ainda mais decidida e confiante, talvez até mais do que quando a conhecêramos antes. A troca de olhares entre os dois foi instantânea, e eu não pude evitar sentir uma pontada no peito. Eu sabia o que estava prestes a acontecer.

— Eduardo! — ela exclamou, correndo na direção dele.

Eduardo, como sempre, sorriu e a recebeu com um abraço caloroso, talvez até mais afetuoso do que eu gostaria de ver. O gesto parecia natural, mas algo em seu tom de voz, na suavidade com que tocou seus cabelos, me fez perceber que ele estava mais à vontade com ela do que com qualquer um de nós. E, pior ainda, isso estava me deixando com uma sensação de impotência, como se eu não fosse mais o centro da atenção de Eduardo, como se ele estivesse sendo atraído para outro lugar.

— Catarina! Que bom te ver por aqui. Faz tanto tempo! — Eduardo disse com um sorriso genuíno, o que só fez a pontada de ciúmes em meu peito crescer ainda mais.

Eu fiquei parado, observando a cena de longe, sem conseguir disfarçar a tensão crescente. Catarina e Eduardo começaram a conversar animadamente sobre os últimos acontecimentos da cidade, o que ela estava fazendo por lá e tudo o mais. Eu me senti um intruso, como se o tempo e o espaço estivessem me separando deles.

Túlio, que estava mais atento ao que acontecia ao nosso redor, não deixou de perceber a minha reação.

— E aí, André? Vai deixar ela roubar o Eduardo de você? — ele perguntou, com um sorriso travesso, aparentemente se divertindo com minha raiva silenciosa.

Eu não respondi. Tudo o que consegui fazer foi fixar o olhar na cena, observando Catarina e Eduardo como se fosse um filme que eu não conseguia parar de assistir, embora cada segundo me machucasse mais. Eles pareciam tão à vontade, tão próximos. Até o jeito que ela se inclinava para escutar Eduardo, com a expressão de admiração, me fazia questionar se eu ainda era alguém especial para ele.

Foi então que Catarina, percebendo minha presença, se afastou de Eduardo e caminhou até mim com um sorriso simpático, mas perceptivelmente interesseiro.

— André! Como vai? — ela perguntou com a voz doce, mas o olhar sugerindo algo mais.

Eu forcei um sorriso e tentei parecer educado, embora não fosse fácil conter o desgosto.

— Catarina... Tudo bem, e você? — respondi, tentando manter a compostura, mas algo na minha voz denunciava a tensão que eu estava sentindo.

Ela não parecia se importar com a minha falta de entusiasmo. Com um olhar que poderia facilmente ser interpretado como de interesse, ela continuou.

— Eu sabia que ia encontrar vocês por aqui. Ouvi dizer que você e o Eduardo estão fazendo grandes melhorias na fazenda. — Ela virou-se para ele, como se o estivesse elogiando, e não pude deixar de notar como ela o observava com atenção. O tom da conversa foi ficando cada vez mais intimista, e a proximidade deles era quase palpável.

Eduardo, sem perceber o que estava acontecendo comigo, se entusiasmou ainda mais.

— Sim, estamos tentando melhorar tudo por aqui, e com a sua ajuda, talvez as coisas fiquem ainda melhores. Você vai ver! — ele falou com um entusiasmo que só ele possuía, com a mesma disposição de sempre.

Mas, para mim, aquele tom de voz e aquele olhar trocado entre os dois eram como uma faca que cortava no meio da minha confiança. Não pude mais ficar ali em silêncio.

— Então você vai ficar por muito tempo, Catarina? — Perguntei, tentando disfarçar a amargura em minha voz, mas não consegui evitar o tom que saiu de meus lábios.

Ela percebeu imediatamente a mudança na minha atitude. O sorriso dela vacilou por um instante, mas logo voltou com um toque mais suave, quase desdenhoso.

— Por enquanto, só dois dias. Acho que podemos fazer algo bom juntos aqui. — Ela disse, e seus olhos voltaram a se encontrar com os de Eduardo.

O que aconteceu a seguir me pegou de surpresa. Catarina, como se já tivesse se esquecido de minha presença, começou a caminhar ao lado de Eduardo, quase como se fosse a coisa mais natural do mundo, e a conversa deles foi se aprofundando em um ritmo que me deixava cada vez mais irritado.

Túlio, que me observava atentamente, soltou um suspiro.

— É, amigo, vai ser complicado competir com a filha do chefe. Ela tem o poder de fazer qualquer um se sentir menos importante.

Eu não pude dizer nada em resposta. O silêncio que pairou sobre mim só confirmou o que eu já sabia: aquele momento era só o começo de algo muito mais complexo. Eu estava começando a perder Eduardo, ou ao menos era o que parecia. E a dor que isso causava parecia se alastrar por todo o meu corpo.

Túlio foi embora, talvez sentindo que eu precisava de um espaço para pensar, ou talvez só porque ele estava cansado de ver o espetáculo da minha insegurança. Mas eu não queria estar sozinho naquele momento.

Catarina e Eduardo continuaram com suas conversas, aparentemente esquecendo de mim, e o tempo passou lentamente enquanto eu ficava cada vez mais distante, observando aquela amizade crescente com uma mistura de inveja e desespero.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Alex Lima Silva a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários