O Casamento Arranjado! Cap.14 Segunda Temporada!

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 1626 palavras
Data: 05/03/2025 15:41:52

Era um daqueles dias tranquilos na fazenda – pelo menos até Lucas e Vinícius resolverem soltar uma bomba no meio da roda de conversa depois do almoço.

Estávamos todos sentados à sombra, descansando do trabalho da manhã, quando Lucas pigarreou, chamando a atenção da gente.

— Então... eu e Vinícius temos uma coisa pra contar.

Todo mundo olhou para eles, curiosos. Túlio, que tava encostado no tronco de uma árvore, de braços cruzados, ergueu uma sobrancelha.

— Lá vem merda.

Lucas revirou os olhos e continuou:

— A gente tá namorando.

Um silêncio se instalou por um segundo antes que eu, Miguel e Eduardo reagíssemos com surpresa, mas também com certa naturalidade. Lucas já tinha deixado claro há tempos que não era exatamente hétero, e Vinícius sempre foi discreto, mas agora tudo fazia sentido.

— Bom pra vocês — disse Miguel, dando um meio sorriso. — Achei que nunca iam assumir.

— Parabéns — acrescentei, sincero.

Eduardo apenas acenou com a cabeça, parecendo satisfeito.

Mas Túlio… ah, Túlio começou a rir. Alto.

— Ah, cês tão de sacanagem comigo, né? — ele disse, balançando a cabeça, ainda rindo. — Só pode ser piada.

Lucas fechou a cara na hora.

— Qual é a graça, Túlio?

— A graça? — Túlio gesticulou, ainda rindo, como se aquilo fosse a coisa mais absurda do mundo. — A fazenda virou circo agora? Primeiro foi o André e o Eduardo, agora vocês dois?

Vinícius cruzou os braços, claramente incomodado.

— E qual o problema disso?

— Problema nenhum — respondeu Túlio, ainda debochado. — Só que vocês podiam pelo menos disfarçar um pouco, né? Daqui a pouco o Raimundo vai ficar doido.

A paciência que eu tinha com Túlio já não era muita, mas naquele momento, se esgotou completamente.

— Tá bom, já chega! — falei, me levantando e encarando ele.

Túlio me olhou, ainda meio rindo, mas viu que eu não estava brincando.

— Que foi, André? Vai me bater agora porque eu falei a verdade?

— Verdade, uma ova! — rebati. — Você tá sendo um babaca. De novo.

Ele revirou os olhos.

— Ah, pelo amor de Deus, vocês ficam de frescura, mas todo mundo sabe que isso aqui é fazenda, não é cidade grande. Não tem espaço pra essas coisas aqui.

Minha raiva só aumentou.

— Essas coisas? — repeti, cruzando os braços. — Engraçado, porque “essas coisas” estão acontecendo bem na sua frente, e a única pessoa incomodada é você.

Túlio ficou em silêncio por um segundo, sem resposta. Mas logo voltou a abrir a boca.

— Cês querem bancar os moderninhos, beleza, mas não me obriguem a engolir isso como se fosse normal.

Lucas, que até então tentava se segurar, explodiu:

— E quem disse que a gente precisa da sua permissão, hein, Túlio? O mundo não gira ao seu redor!

— É, mas gira ao redor do bom senso! — ele retrucou.

E foi ali que eu cheguei no meu limite.

— Olha aqui, Túlio — falei, dando um passo para frente. — Se tem alguém sem bom senso nessa história, esse alguém é você. Você tá preso num pensamento idiota e ultrapassado, enquanto o resto do mundo segue em frente. E quer saber? Se você acha tão absurdo assim dois caras namorarem, então o problema tá em você, não neles.

Túlio ficou vermelho de raiva, mas não respondeu de imediato. Lucas e Vinícius me olhavam com gratidão, enquanto Eduardo apenas observava, pronto para intervir se fosse preciso.

Depois de um longo silêncio, Túlio bufou, desviou o olhar e balançou a cabeça.

— Quer saber? Foda-se. Façam o que quiserem. Só não esperem que eu vá bater palma.

E com isso, ele virou as costas e saiu andando, ainda resmungando baixinho.

Fiquei ali, respirando fundo, tentando acalmar a raiva.

— Obrigado, André — Lucas disse, sincero.

— Ele é um idiota — Vinícius acrescentou.

— Ele só precisa aprender — falei, suspirando. — E, sinceramente? Acho que isso já começou a acontecer.

Miguel riu baixinho.

— Se ele não aprender, a vida ensina.

E com isso, deixamos a tensão no ar se dissipar. A fazenda ainda tinha muito trabalho pela frente – e aparentemente, muita lição a ensinar também.

__________________________________________

O som de um motor de caminhonete se aproximando cortou a tranquilidade da fazenda , e quando olhei na direção da entrada, vi Raul descendo do veículo, seguido por uma mulher alta e séria, e uma garotinha que aparentava ter uns dez anos,que segurava firme na barra da saia dela.

A mulher, que eu logo soube se chamar Lúcia, olhava ao redor com um misto de curiosidade e avaliação, como se já estivesse analisando tudo ao seu redor. A menina, no entanto, parecia um pouco assustada, escondendo-se parcialmente atrás da mãe.

Raul se aproximou e fez as apresentações.

— Pessoal, essa é minha esposa, Lúcia. E essa aqui é minha filha, Ana.

A menina espiou por trás da saia da mãe, seus olhinhos atentos, mas tímidos. Ela tinha os cabelos castanhos cacheados e segurava um boneco de pano desgastado nos braços.

— Oi, Ana — tentei soar amigável, me abaixando um pouco para falar com ela.

Ela apenas enterrou o rosto no tecido da saia da mãe, sem responder. Lúcia pousou a mão na cabeça dela com um gesto protetor.

— Ela é tímida — explicou. — Mas logo se acostuma.

Eu apenas assenti, sentindo que aquele dia ainda ia ser longo.

__________________________________________

Não demorou para que Lúcia se envolver com as coisas da fazenda, mal tinha chegado e já tinha se colocado a disposição!.Com uma facilidade quase impressionante, ela já estava ajudando na cozinha antes mesmo do almoço, e à tarde, já trocava conversas animadas com os trabalhadores, especialmente Túlio.

A proximidade dos dois me incomodava, principalmente depois que peguei um trecho da conversa deles enquanto passava pelo terreiro.

— Mas você tem razão, Lúcia — Túlio dizia, com um meio sorriso. — As coisas hoje em dia estão todas viradas. Parece que ninguém sabe mais o que é certo e o que é errado.

— Pois é — ela concordou, suspirando. — Eu fui criada de um jeito muito diferente. Família é homem e mulher, não essa bagunça que a gente vê por aí.

Meu estômago revirou.

Túlio percebeu minha presença e virou-se para mim com um sorriso despreocupado.

— E aí, André? Tava ouvindo nossa conversa?

Cruzei os braços, sentindo a irritação crescer.

— Difícil não ouvir, Túlio. Você sabe que tá falando besteira, né?

Lúcia me olhou com um semblante fechado.

— São só opiniões, André. Todo mundo tem direito a uma.

— Opiniões que diminuem os outros não são só opiniões — rebati.

Túlio revirou os olhos.

— Lá vem você de novo…

— É claro que eu vou vir de novo! Porque toda vez que alguém fala merda como essa, a gente tem que responder!

Lúcia cruzou as mãos no colo, me analisando.

— Eu só acho que certas coisas vão contra a natureza, mas cada um faz o que quer, né?

Respirei fundo, tentando me controlar.

— Que bom que você acha isso — soltei, sarcástico. — Então não tem problema nenhum com o fato de eu e Eduardo sermos casados, né?

Ela ficou em silêncio, e Raul, que estava sentado ali perto, desviou o olhar como se não quisesse se meter. Túlio também ficou quieto, sem me encarar.

Antes que eu falasse mais alguma coisa, senti um puxão leve na barra da minha calça. Olhei para baixo e vi Ana me olhando com curiosidade.

— Você mora aqui? — perguntou com a voz baixinha.

Meu tom de irritação sumiu no mesmo instante.

— Moro sim. Você gostou daqui?

Ela assentiu com a cabeça e apertou mais o boneco nos braços.

— Meu pai disse que aqui tem cavalos de verdade.

Sorri um pouco, me abaixando para ficar na altura dela.

— E tem mesmo. Quer conhecer?

Seus olhinhos brilharam, e Lúcia olhou para mim com um certo espanto, como se não esperasse que eu interagisse com sua filha.

— Pode ir, filha. Mas não se afaste muito.

Ana segurou minha mão sem hesitar, como se já tivesse me aceitado, e eu a levei até o estábulo, sentindo que, mesmo com a mãe dela me incomodando, aquela garotinha talvez fosse a única coisa realmente boa na chegada de Lúcia à fazenda.

Depois de mostrar os cavalos para Ana e me afastar da presença de Lúcia e Túlio, fui direto atrás de Eduardo. Encontrei-o no galpão onde guardávamos os equipamentos da fazenda, organizando algumas ferramentas.

— A gente pode conversar? — perguntei, cruzando os braços.

Eduardo levantou o olhar e franziu a testa ao perceber meu tom.

— O que foi agora?

Joguei as mãos para o alto.

— O que foi agora?! Eduardo, você já reparou a quantidade de gente que tá morando aqui? Parece que a fazenda virou um albergue!

Ele soltou um suspiro, apoiando-se na pá que segurava.

— André, a gente precisa de gente pra dar conta do trabalho. Não dá pra tocar essa fazenda só com meia dúzia de funcionários.

— Mas você viu o jeito que essa mulher, Lúcia, fala das coisas? Do nosso casamento? E agora ela tá toda amiguinha do Túlio! Como se ele já não fosse problemático o suficiente!

Eduardo largou a pá e veio até mim, pousando as mãos nos meus ombros.

— Eu sei que essa situação te incomoda, mas tenta ver o lado bom. Com mais gente, o trabalho fica mais leve pra todo mundo. A nova horta, os cavalos, o gado... Não é pouca coisa.

Revirei os olhos.

— Ah, claro, muito conveniente. E enquanto isso, eu tenho que aguentar o Túlio dando palco pra essa mulher falar merda.

Eduardo apertou um pouco meus ombros, tentando me acalmar.

— Você não precisa lidar com isso sozinho. Se ela ou qualquer um passar do limite, a gente resolve. Mas não faz sentido se estressar antes da hora.

Bufei, mas acabei encostando minha testa no peito dele, sentindo aquele cheiro amadeirado que sempre me trazia um pouco de paz.

— Eu só queria um pouco mais de sossego, sabe?

Eduardo riu baixinho, beijando minha testa.

— Sossego numa fazenda cheia de gente? Difícil, meu amor. Mas a gente dá um jeito.

Continua ...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 3 estrelas.
Incentive Alex Lima Silva a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Cadê a herança? Não foi explicado se está correndo processo na justiça ou o que aconteceu, explica isso e faz eles recuperarem esse dinheiro e comprarem esse fazenda pra expulsar aquela vadia que dava em cima do Eduardo aí e a mãe preconceituosa dela.

0 0