História real, de solidão e coragem.
Leo, jovem que saiu de casa por não ser aceito pelo pai e não querer compactuar com a hipocrisia.
As mudanças, as experiências e vários recomeços, o transformaram em um homem
diferente, enfrentando seus medos e sendo fiel a si mesmo.
É impossível não se apaixonar por ele.
1 - Flagrante e Delegacia
Dentro do carro, Leo estava totalmente nu no banco do carona. O pau ainda estava ereto, tinha acabado de gozar na boca de Carlos. Como não tinham muito tempo, aproveitaram um oral rápido. A habilidade de Carlos em chupar Leo era enorme, já tinha se acostumado a meter até a garganta, o que deixava Leo nas nuvens. Carlos não tinha tirado a roupa, apenas se debruçou sobre o namorado e caiu de boca em seu membro, só parando depois de receber os deliciosos jatos de esperma, engolindo tudo. Ele adorava transar com Leo dentro do carro. Sempre que podiam, iam para um lugar mais discreto para realizar essa fantasia. Dessa vez estavam em um bairro um pouco afastado, na beira de um matagal. Era manhã de Quarta-Feira de Cinzas e tudo estava mais deserto do que de costume.
Quando Leo ia começar a se vestir para irem embora, ouviram alguém batendo no vidro do carro. Era um policial.
Carlos era dentista e político conhecido na cidade em que moravam, no interior do Rio de Janeiro. Tinha 43 anos, separado, branco, olhos verdes, cabelos castanhos claros, grisalhos. Corpo forte, voz grossa, sorriso simpático. Era um homem atraente.
Leo tinha dezenove anos, 1,82 de altura, moreno, olhos castanhos dourados e cabelos pretos com cachos médios. Magro, liso, corpo definido por exercícios físicos que praticava, o jovem tinha os olhos brilhantes e o sorriso mais bonito da cidade. Era um rapaz lindo de se olhar, tanto por fora quanto por dentro.
O policial o mandou abrir a porta e sair do carro. Leo pediu para se vestir antes e ele disse que não. Leo saiu, nu. O policial tentou disfarçar, mas não conseguiu. Percorreu com os olhos todo o corpo esguio e gostoso de jovem, principalmente para seu pau grosso e pesado, mesmo não estando mais duro. Enquanto isso, Carlos já conversava com o outro policial, discretamente. Leo não sabia o que fazer, olhou para o namorado procurando alguma saída. Carlos entrou em seu carro e saiu. Leo não entendeu, gritou por Carlos, mas foi conduzido pelo policial Braga em direção à viatura, para ser levado para a delegacia. O policial Robson jogou a calça, a camiseta e a cueca branca em cima dele e disse para se vestir.
- Garotão bem servido hein? - disse rindo. O policial Braga continuou calado, muito suado e meio perturbado, talvez por estar perto de um jovem nu, atraente e dono de um corpo perfeito. Antes de Robson entrar, parou uma picape de luxo e o motorista perguntou qual era a ocorrência e viu o rapaz sentado no banco de trás do carro de polícia. Era o outro pastor da igreja do pai de Leo. Os policiais disseram, sem entrar em detalhes e nem expor Carlos, que eram dois rapazes em atentado ao pudor e que um conseguiu fugir pelo mato.
Foi um escândalo na cidade. Davi, o pai de Leo, era um grande empresário e comerciante, além de ser o pastor mais famoso da região. Rígido e cheio de “valores morais”, homofóbico e preconceituoso, enfim, o pacote completo. Pegou Leo na delegacia e o levou para casa.
- Logo com o Carlos, porra? Meu maior opositor! Não podia arrumar outro viado? - disse Davi.
- O que vai acontecer com ele, o que você fez? - perguntou Leo, preocupado com Carlos.
- Nada, ele deu o jeito dele, subornou o policial se preocupando só com ele. Os caras pediram mais e ele disse que era para falar comigo. Filho da puta escroto. Ninguém vai saber com quem você estava de verdade na putaria, inventaram um viadinho que conseguiu fugir, sei lá. Você que se deu mal e eu, também. Nem pude subornar aqueles merdas dos policiais porque o outro pastor viu você, é foda! Logo meu filho vai virar o viado conhecido da cidade? Logo meu filho foi pego em flagrante com outro homem totalmente nu dentro do mato? Não tinha outro lugar para se esfregar com macho? Quer foder minha vida? - falou Davi, com muita raiva.
- Pai, que vocabulário é esse? Nunca vi você falando nestes termos, usando este tipo de palavras. Nem parece você! - disse Leo perplexo.
- Foda-se você ser bicha, caguei para isso, mas, mantivesse a linha. - continuou Davi. - Sabe o Isaac e o Wagner, que frequentam e trabalham na igreja? São viados que nem você. Isaac é a mulherzinha do Wagner, só usa o pau para mijar de tão viado que é. Nem deve ficar duro. Wagner come ele e ainda divide com outros machos. Mas são discretos, fazem na encolha. As esposas deles podem até desconfiar, mas nunca vão provar nada! A mulher do Wagner está até grávida de novo. - disse Davi em tom de voz alterado.
- Você sabe que eles são gays, que enganam as mulheres, que se pegam e ainda frequentam a sua igreja e não faz nada? Você vive falando de inferno, que gay é amaldiçoado, que tem que ser curado nem que seja na porrada... como assim você sabe disso e nada faz? - disse Leo não querendo entender.
- Leo, meu trabalho é esse, eu tenho que falar isso. Primeiro que não sou a favor de viadagem e segundo, é isso que esperam de mim. Tenho que proibir ou me preocupar com o que fazem descaradamente e não por baixo dos panos, senão vira zona e vou ter que condenar todo mundo para o inferno, entendeu? Não queria que você fosse viado, mas já que é, deveria ser discreto, como todo mundo faz! Agora você fodeu tudo! Vou ter que tomar uma decisão. Não posso aceitar que meu filho se esfregue com outro homem e fique por isso mesmo. E você vai fazer o que eu quero ou pode procurar seu caminho longe daqui, já que é maior de idade. Alguma coisa eu tenho que fazer, ou eu curo você ou você vai embora, não vou compactuar com isso e minha família tem que servir de exemplo! - disse Davi sendo bem claro em sua colocação.
- Me curar? Tá doido? Não estou doente. Doente está você, parece que tem outra personalidade… deveria falar assim no culto, queria ver a reação das pessoas. - disse Leo.
- Você é ingênuo assim na hora de se agarrar com macho, Leo? E, sim, vou te curar e vai ser bem simples. Você fica um mês trancado em casa, o assunto vai diminuir, pode deixar, eu arrumo outro “acontecimento” na cidade. Depois disso, você vai cortar o cabelo bem curto e passar a usar roupa de gente direita, vai fazer leituras e, por fim, vai dar seu testemunho. Vai falar que se arrependeu da prostituição, que estava sob influência do mal e que agora mudou de vida. Que nesses dias de leitura você se tornou um homem de bem, digno do perdão e da aceitação da sua nova vida. É pegar ou largar e eu sei que você vai pegar, não vai querer abrir mão da sua vida boa, não vai querer perder carro nem casa confortável. Se fizer direitinho, pode dar uma socada no cu do Isaac de vez em quando ou chupar o pau do Wagner, o que você preferir, desde que ninguém saiba dessa merda. E ainda caso você com a filha de algum fazendeiro daqui e a gente limpa de vez essa cagada. - disse Davi, sempre bem claro.
- Nunca imaginei que você usaria este tipo de palavreado e muito menos tivesse esses pensamentos, mamãe sabe dessa sua hipocrisia? Pai, sou um bom filho, tenho caráter, estudei, terminei o segundo ano da faculdade já! Eu faço por onde! Não estava me prostituindo, estava com o cara que eu gosto, somos apaixonados um pelo outro. Não vou fazer nada disso. Daqui a pouco o pessoal não fala mais disso e nem todo mundo é preconceituoso nem hipócrita como você. - explicou Leo
- Porra, você não entendeu. Primeiro: você é meu filho. Segundo: agora, você só vai para faculdade quando estiver curado, entendeu, curado. Esteja ou não, não me importa. Se continuar viado, também não me importa. Depois de um ano, que é o tempo que você vai passar na igreja arrebanhando jovens desviados que nem você aí sim, o assunto terá morrido, você continuando bicha ou não. Terceiro: Carlos se safou, duvido que ele queira comprar essa ideia de amor. Cadê ele agora? Por que não veio aqui atrás de você, por que ele não ligou? Ou você topa ou está na rua. Te coloco dentro de um ônibus e te mando embora, para servir de exemplo para ninguém mais fazer isso na cidade. Sem contar na influência negativa sobre seus irmãos.
Leo não sabia o que fazer. Não ia aceitar as condições do pai. Carlos ia assumir o relacionamento deles e tudo ia dar certo. Eles se amavam e iam ficar juntos.
O que ele não imaginava era que isso não ia acontecer. Carlos não ia corresponder à sua expectativa e ele ia ter que se virar e contar com a ajuda de uma pessoa que ele jamais imaginaria e, claro, com um preço a pagar.