Apostei que Faria Aquela Médica Certinha Virar Minha Putinha

Um conto erótico de Lucério
Categoria: Heterossexual
Contém 5033 palavras
Data: 01/03/2025 23:22:26
Última revisão: 02/03/2025 21:48:00

Meu nome é Lucério. Cinquenta e dois anos. Magricela, calvo nas laterais, uma curvinha desgraçada nas costas que me dá um ar de velho antes da hora. Mas não se engane: minha mente é afiada como uma navalha. Trabalho como analista de riscos em uma empresa de consultoria financeira. Passo meus dias dissecando contratos, avaliando transações suspeitas e descobrindo onde o dinheiro realmente está. Eu adoro meu emprego.

Desde jovem, aprendi que o mundo pertence a quem sabe mais. Cresci em uma família que mal tinha dinheiro para pagar o aluguel, e entendi cedo que ser esperto era mais valioso do que ser forte. Estudei, subi na vida, mas nunca esqueci a regra de ouro: tudo tem um preço, e tudo pode ser comprado. Meu salário é alto, minha posição me garante respeito, mas o que realmente me alimenta é a sensação de ter a peça que falta no quebra-cabeça da vida de cada um ao meu redor, seja no trabalho, seja onde moro.

Foi assim que conquistei meu espaço. Aprendi a ler as entrelinhas, a escutar o que não era dito e a observar o que passava despercebido pelos outros. Não precisei de força física nem de carisma avassalador. Apenas paciência e atenção. Enquanto os outros se distraíam com suas vidinhas banais, eu observava o tabuleiro, peça por peça, até que ninguém mais pudesse fazer um movimento sem que eu soubesse antes.

O prédio era um organismo vivo, pulsante, cheio de segredos escondidos entre suas paredes. Eu era o único que sabia exatamente como ouvi-lo respirar. As conversas sussurradas nos corredores, os bilhetes amassados jogados no lixo, os olhares fugidios trocados no elevador — tudo isso era música para os meus ouvidos. Minha especialidade era conectar os pontos antes que os próprios donos das histórias soubessem que havia um quebra-cabeça.

Conheço cada morador. Sei quem dorme com quem, quem está em dívida até o pescoço, quem finge ser um santo e, no escuro, vende a alma para o pecado. O segredo está nos detalhes. Um olhar desviado no elevador, um cheiro estranho no carro da garagem, um rastro de batom na gola da camisa errada. Eu percebo tudo.

Eu tinha meus métodos. Não era amador, nunca fui. Era preciso coletar a informação sem deixar rastros. Meu sistema de dead drops era simples, mas eficiente. Eu nunca recebia nada diretamente. Algumas diaristas e zeladores, sempre precisando de um dinheiro extra, depositavam pequenos envelopes ou pen drives em locais estratégicos: o fundo falso da lixeira no térreo, a fresta na parte de trás do extintor de incêndio no oitavo andar, ou, para algo realmente delicado, a rachadura discreta no muro que separava o prédio do estacionamento vizinho. Em troca, encontravam um pequeno envelope com dinheiro dobrado dentro do cano de escoamento da calha no térreo ou enrolado num saquinho plástico dentro do vaso de plantas no jardim comunitário. Não havia transferências, nada que levasse a mim. Apenas dinheiro vivo, anonimato, e um código de confiança baseado em que eles teriam mais a perder do que eu se algo vazasse.

Alberto, o síndico, foi um caso especial. Pegá-lo na teia foi quase decepcionantemente fácil. O homem escondia um podre que poderia não apenas lhe custar o cargo, mas destruir sua reputação. Alberto desviava dinheiro. Não eram quantias exorbitantes, mas o suficiente para viver um pouco além do que seu salário permitia. Reformas superfaturadas, pequenas taxas que nunca eram justificadas nos balancetes. A primeira coisa que fiz foi obter todas as provas.

No dia seguinte, abordei o Alberto com uma conversa casual. Perguntei sobre a manutenção do elevador. Só então deixei escapar um sussurro sobre como as finanças do prédio eram um assunto delicado. Foi o suficiente para ver o sangue sumir do rosto dele. No outro dia, deixei um envelope sob a porta de seu apartamento, sem remetente. Apenas cópias de alguns documentos e um bilhete curto: “Seja útil”. Desde então, Alberto foi meu fantoche mais fiel. Ele não fazia perguntas, apenas obedecia. Sempre que eu precisava de algo, ele providenciava. Sempre com medo de que a próxima mensagem fosse ainda pior.

Manipular os porteiros e zeladores era um jogo de paciência e psicologia. Seu Geraldo, por exemplo, era um falastrão nato, mas só entregava o que queria. Para lidar com um sujeito desses, a melhor estratégia era não pedir nada diretamente. Eu jogava verde, comentava alguma fofoca banal e deixava que a língua dele coçasse até soltar algo mais valioso. Com seu Zé Maria era diferente. Bastava mostrar que eu sabia alguma coisa e ele começava a fofocar de tudo.

Mas eu não era o único que sabia como pegar informações deles.

Um exemplo, foi um tempo atrás. Eu tinha descido até a portaria para pegar uma encomenda. O condomínio estava silencioso àquela hora da manhã, apenas o barulho da cafeteira do seu Geraldo preenchia o ambiente. O velho porteiro sorriu quando me viu.

— Chegou coisa pro senhor, seu Lucério. — Ele cutucou uma pilha de caixas e puxou a minha do meio.

Peguei o pacote e, antes que eu pudesse iniciar minha sondagem, a porta do condomínio se abriu.

Ela entrou.

Tatiana.

Vinte centímetros de diferença entre nós, mas sua presença ocupava todo o ambiente. O blazer azul realçava sua cintura fina, e os jeans abraçavam suas coxas grossas e torneadas, deslizando pela bela bunda. A gravata frouxa, descendo pelo colo, era um convite à imaginação, e os óculos davam um ar de bibliotecária perversa.

Ela caminhou até o balcão da portaria.

— Bom dia, senhor Geraldo! — Sua voz era um purrar de gato satisfeito. — Fiquei sabendo que os funcionários daqui ganharam um presentão. Micro-ondas novo, hein?

Seu Geraldo coçou a nuca, sorrindo sem jeito.

— Pois é, pois é… a gente não esperava. Mas tem gente boa nesse prédio.

A Tatiana apoiou os cotovelos no balcão, inclinando-se ligeiramente para frente. O blazer se abriu o suficiente para sugerir, mas não revelar. Suas coxas volumosas se moldaram contra o jeans justo, e seu quadril desenhou um arco natural, como se cada movimento fosse calculado para prender a atenção.

— Isso me lembra quando eu trabalhava numa redação e a gente ganhou um ar-condicionado novinho… Só que ninguém sabia quem tinha dado. Ficamos especulando por semanas. A aposta era que tinha sido o chefe, mas no fim descobrimos que foi um estagiário querendo puxar saco. — Ela riu, sacudindo levemente os ombros, deixando que a gravata dançasse sobre seu decote. — Engraçado como um presente pode dizer tanto sobre alguém, né?

Geraldo riu junto, relaxando.

— Verdade, verdade… Às vezes a gente nem imagina de quem vem.

— Pois é. Aqui no prédio deve ter sido alguém com um coração enorme. Alguém que gosta de ajudar os outros, sem esperar nada em troca. Eu adoro gente assim. — Ela suspirou, olhando para o seu Geraldo com expectativa.

Ele se encheu de orgulho, como se estivesse prestes a revelar um segredo importante.

— Ah, mas a gente sabe quem deu o micro-ondas. Foi o seu Rogério. Homem de bom coração.

Tatiana sorriu como quem acaba de pescar um peixe sem precisar de isca.

— Ele é um querido mesmo.

Ela se virou para mim, me estudando. Talvez esperando uma reação. Eu não dei nada. Apenas um pequeno aceno de cabeça, como se aquele detalhe não me interessasse. Mas interessava.

Peguei meu pacote, e ela pegou o dela. Entramos no elevador juntos. O silêncio entre nós era denso, mas não desconfortável. Eu sentia seu perfume, algo cítrico, elétrico.

O elevador parou no andar dela. Tatiana saiu sem dizer nada. Apenas caminhou pelo corredor, os quadris balançando levemente no jeans justo. Aquele tipo de rebolado que não era exagerado, mas o suficiente para me lembrar daquela bundinha para sempre.

As portas do elevador se fecharam. Meu reflexo no espelho mostrava um sorriso enviesado.

Tatiana. Jornalista investigativa. Lábia afiada. Inteligência perigosa. Eu gostava dela, sua inteligência, seu estilo.

Mais à frente, eu e ela tivemos mais encontros.

Mas, por enquanto, eu tinha dois alvos com quem já estava tendo um entretido jogo.

Rogério e Jéssica. Eles estragaram um bom plano de longo prazo que eu tivera.

Eu queria trocar todos os funcionários e terceirizar os zeladores. Não porque eu desgostasse do seu Geraldo, do Zé Maria e dos outros. De maneira alguma. O seu Geraldo era um bom sujeito, um nordestino arretado, que sempre tinha um sorriso no rosto e uma palavra amigável para quem cruzasse seu caminho. O Zé Maria, magricela e calvo, sabia de tudo, via tudo, ouvia tudo. Dois profissionais competentes, bons no que faziam.

Mas bons demais.

Eles estavam ali há décadas, cimentados naquele prédio como os próprios alicerces. Já tinham visto casamentos começarem e terminarem, negócios surgirem e falirem, os filhos dos moradores crescerem e se tornarem adultos que, por sua vez, se mudarem para outras paragens ou mesmo no próprio condomínio. Essa longevidade significava que eles não eram apenas funcionários. Eram confidentes, conselheiros informais, cúmplices silenciosos dos dramas cotidianos do condomínio.

Com isso, vinham as amizades, os laços de confiança, as pequenas lealdades que, no fim das contas, os tornavam um risco para mim. Se um dia eu precisasse que eles segurassem um segredo para mim, não poderia ter certeza absoluta de que fariam isso. Porque, no fundo, a lealdade deles não era a mim. Era ao prédio. Às relações que construíram ao longo dos anos. E eu não trabalho com incertezas.

A solução parecia simples. Trazer uma empresa de terceirização. Funcionários novos, zeladores que tivessem as informações, mas não as amarras com os moradores. E, quando tivessem tempo demais lá, seriam substituídos.

A beleza desse plano estava nos detalhes. Eu sabia que não podia simplesmente sugerir a terceirização sem resistência. Os funcionários eram queridos. Alguns moradores iriam reclamar, defender pelo menos os funcionários mais antigos, argumentar que eles conheciam o prédio melhor do que ninguém.

Por isso, eu faria isso aos poucos. Ao longo de meses. Primeiro, por meio de terceiros, levantaria algumas pequenas falhas na administração. Nada que os comprometesse diretamente, mas apenas o suficiente para gerar incômodo. Um elevador quebrado aqui, um atraso no conserto de um portão ali. Pequenos problemas que, somados, criariam a ilusão de que talvez fosse hora de modernizar o prédio. E, então, usar a modernização para trazer a terceirização junto.

Mas eu não sou um monstro. Nunca fui. Sabia que o seu Geraldo, o Zé Maria e os outros tinham família, tinham contas a pagar. Não ia simplesmente descartá-los. O mundo tem suas regras, e uma delas é que um favor bem posicionado pode valer ouro. Entre os clientes da firma onde trabalhava, conhecia as pessoas certas nos lugares certos que me deviam pequenas gentilezas. Gente que podia abrir uma vaga aqui, outra ali, realocando esses velhos funcionários sem grandes traumas.

No entanto, esse plano que já estava combinado com o síndico, com parte dos moradores e com meus clientes que os realocariam foi por água abaixo.

Rogério, o bonzinho do prédio, fez campanha contra o meu plano, e a médica exemplar, Jéssica, colocou um freio definitivo na votação. Um discurso emotivo e a razão e os números foram derrotados pela pena. Eles ganharam. Eu perdi. Mas essa guerra estava longe de acabar e eu encontrei minha nêmesis.

Jéssica. Nome simples, corpo de deusa. Um pecado vivo, um crime contra a sanidade de qualquer homem com sangue correndo nas veias. Pele amendoada, coxas torneadas que pareciam esculpidas pelo próprio diabo para torturar mortais. Os cabelos castanho-claros deslizavam por suas costas como seda viva. Os pequenos seios eram firmes, arrogantes, provocativos sob a blusa justa que grudava nela como um amante ciumento. O tipo de mulher que não precisava fazer esforço para arrancar suspiros. Bastava existir. Mas ela não era apenas um corpo. Era uma fortaleza. Fiel ao marido, justa, correta. A virtude embrulhada em um pacote proibido. E não havia nada mais excitante que aquilo. Não para mim.

Jéssica. Eu queria desmoralizá-la. Queria dobrá-la até que não sobrasse um pingo da retidão que ela fingia ter. E, para isso, fizemos uma aposta. Se em seis meses eu provasse que ela escondia algum segredo sujo, algo que pudesse manchar sua reputação, ela aceitaria se tornar a minha putinha particular. O tipo de aposta que apenas os tolos fazem. Mas a Jéssica não era tola.

Talvez o tolo fosse eu.

Um mês havia se passado e eu ainda estava de mãos vazias.

Isso me irritava. Já vi casamentos perfeitos ruírem com uma simples fotografia. Mas ali estava ela, ilesa, intacta. O que a fazia tão especial? Ninguém atravessa a vida sem deixar rastros. Eu só precisava encontrar os dela.

Cada fracasso me fazia dobrar a aposta. Passei a observar não só a Jéssica, mas todos ao seu redor. Seus amigos, seus colegas de trabalho, até no hospital onde trabalhava. Se ela não errava, talvez alguém próximo dela errasse por ela. A paciência era minha maior arma. E eu estava disposto a esperar o tempo que fosse necessário.

Não foi por falta de tentativa. Primeiro, tentei o método mais direto: segui seus passos. Vi quando saía para o hospital, quando voltava para casa, quando ia à academia. Mas a maldita rotina dela era impecável. Sem deslizes, sem encontros suspeitos, sem pausas misteriosas no meio do dia.

No hospital, observei suas interações. Lá havia um médico bonitão, um tal de Enéias, que parecia arrastar asa para ela. Alto, bem-apessoado, do tipo que as mulheres notam. Ele sempre dava um jeito de se aproximar, de tocar seu ombro, de lançar um olhar insinuante. Mas a Jéssica era um muro intransponível. Ela sorria, conversava, mas sempre desviava no último segundo. Cada tentativa dele morria no ar, como um mosquito esmagado antes de picar.

Vasculhei seu lixo, procurei algo comprometedor: notas de compras suspeitas, remédios controlados, bilhetes rasgados. Nada. Apenas recibos de supermercado, um ou outro papel, embalagens vazias de suplementos. Nada que pudesse ser usado.

Segui-a até a academia. Talvez ali, entre os pesos e os espelhos, ela baixasse a guarda. Mas não. Ela malhava com um grupinho sempre igual: Carlos, Carolina, Rebecca e Eliana. Apenas amizades dividindo aparelhos e trocando conversas banais entre um exercício e outro. Sem risadinhas suspeitas, sem olhares furtivos, sem contatos prolongados. Só suor, concentração e rotina.

Nem quando Enéias passou a frequentar a academia as coisas mudaram. Ele tentava, insistia, puxava papo. Mas a Jéssica era de pedra. Não dava margem. Ele podia ser um galã, mas para ela era só mais um colega. Eu queria encontrar um rastro, um indício, um deslize. Mas tudo que via era um espetáculo de disciplina frustrante.

Tentei os funcionários do condomínio. Porteiros, zeladores, diaristas. Nada. Alguns a admiravam, outros a viam como apenas mais uma moradora. Nenhum rumor, nenhuma fofoca comprometedora.

Até mesmo no digital eu procurei. Fiz perfis falsos, entrei em grupos do hospital, tentei ver se havia qualquer conversa que sugerisse um envolvimento, uma traição, um desvio. Mas a Jéssica era discreta, reservada, blindada contra os olhos curiosos.

Um mês inteiro. E eu ainda estava no escuro.

Mas ninguém é perfeito. Ninguém é incorruptível. E eu tinha cinco meses para provar isso.

Decidi terceirizar a investigação. Falei com a minha mais confiável fonte, a Rosângela. Uma diarista velha de guerra, boa de serviço e melhor ainda de lealdade. Conhecia as outras faxineiras do condomínio como ninguém. Eu a procurei num final de tarde, enquanto ela esperava o ônibus depois de sair do apartamento da Carolina.

— Preciso de um favor, Rosângela — falei, encostando no ponto de ônibus. — Tem uma moça chamada Lisandra que faz faxina pra a Odete e a Jéssica. Sabe quem é?

Rosângela ajeitou a bolsa no ombro, olhando para o outro lado.

— Sei sim. A Lisandra é bonitinha, mas cheia de coisa na cabeça. Vive estudando pra faculdade.

— Pois é, quero saber se ela toparia um servicinho simples.

— Que tipo de serviço? — Rosângela sempre topou ajudar com informações, mas era contra prostituição ou fazer algo ativamente prejudicial.

— Coisa fácil. Só me avisar se encontrar algo estranho na casa da Jéssica. Nada de roubo, só informação.

Ela fungou, pensativa.

— Vou ver o que posso fazer.

Dois dias depois, num fim de tarde abafado, a Rosângela apareceu com a resposta. A Lisandra topava conversar. Claro que eu não ia falar diretamente com ela e correr o risco de ser visto pela Jéssica ou Rogério. Combinamos o WhatsApp. Sem problemas. Usei um chip descartável e mandei uma mensagem anônima.

Corretor: "Preciso de informações sobre a médica. Paga-se bem."

A resposta veio rápida:

Lisandra: "Quanto?"

Gostava desse tipo de gente. Objetiva, sem enrolação. Joguei um valor razoável. Fechamos o negócio e começamos o jogo.

Olhei a foto de perfil da Lisandra. Já a tinha visto algumas vezes subindo com a trouxa de roupa suja, falando com os porteiros. Loira natural, cabelos claros, olhos grandes e expressivos. Inspirava uma inocência enganosa, mas eu via além. Era uma mulher que eu adoraria comer, se a situação permitisse.

Algumas semanas passaram. A Jéssica fez uma festa de aniversário a qual não me convidou.

Era um domingo de manhã. O sol já castigava o concreto quente da área da piscina quando eu desci. Não precisei procurar muito para encontrar a visão que valia meu dia. Jéssica e Eliana estavam estiradas nas espreguiçadeiras, os corpos reluzindo sob o óleo de bronzear, as bundas empinadas para cima.

A Jéssica usava um biquíni mínimo, vermelho-sangue, que se agarrava a sua pele dourada como um amante carente. Seu cabelo castanho-claro estava preso num coque displicente, deixando o pescoço à mostra. Pernas longas, coxas torneadas, uma bunda redonda e firme. Ao lado dela, a Eliana não ficava muito atrás. Seu biquíni preto contrastava com sua pele bronzeada, e os seios fartos se acomodavam perfeitamente contra o tecido apertado. As duas pareciam duas rainhas do verão, ignorando o mundo ao redor.

Aproximei-me, sem pressa, e deixei minha sombra se projetar sobre elas. A Jéssica abriu um olho e sorriu de canto.

— Você está bloqueando meu sol, Lucério.

— E oferecendo meus serviços. Posso passar o bronzeador para você. Não quero que fique com marcas indesejadas.

Ela me encarou por um instante, avaliando. Então, ergueu o frasco e jogou para mim.

— Faça um bom trabalho.

Sentei-me ao lado dela, espalhando o óleo entre as mãos antes de deslizá-las por sua pele. Comecei pelos ombros, descendo devagar pelas costas, sentindo os músculos bem definidos sob meus dedos. Um jogo interessante. Ela sabia que cada toque era uma provocação, mas se mantinha imóvel, impassível. Como se, caso ela reclamasse de uma mão boba, ela sentisse que “perderia”.

— Um mês já se passou — murmurei, deslizando as mãos até sua cintura.

— Parece que sim — respondeu ela, o tom neutro. — O filme já está em cartaz há um tempo, mas você ainda não assistiu, não é?

— Não gosto de ver algo sem saber o que esperar. Por isso, estou pesquisando se descubro qual a grande reviravolta do filme — retruquei, pressionando um pouco mais os dedos contra as suas coxas.

— Achou alguma?

Seria isso um ato falho dela? Uma sutil pista de que ela realmente tinha algo que preferia esconder?

— Ainda não.

— Talvez não tenha reviravolta. Desse jeito, o filme vai sair de cartaz sem você ter assistido.

Passei mais protetor nas mãos e subi até a curva da bunda, espalhando o óleo com cuidado. Comecei a massagear, apertando as nádegas com vontade. Abri aquela bundinha, ameaçando escorregar meus dedos para o seu reguinho, para testar os limites. Nenhuma reação. Ela não se afastou, não reclamou. Era como se dissesse: "Isso é tudo que você tem?"

— Eu não gosto de entrar em um cinema sem ter certeza do que vou assistir.

— Esse filme pode ainda estar em cartaz, mas eu que você vai acabar sem assistir até quando sair em streaming.

Descia as minhas mãos pelas suas belas coxas e pelo resto das pernas, uma de cada vez, mas logo voltei para a sua bundinha. Apertei sua bunda mais um pouco e voltei a massagear, mais ousado. A Jéssica não reagiu, mas percebi que ela empinou a bunda, como quem gostara daquilo e pedia mais. Sua respiração pareceu mudar por um instante. Um pequeno vacilo. Um detalhe mínimo, mas suficiente para eu registrar que ela não era invulnerável.

— No próximo domingo, vai ter a festinha de carnaval do condomínio — comentei, mudando de assunto sem realmente mudar. — Vocês estarão lá?

— Claro — respondeu ela, abrindo os olhos e virando o rosto na minha direção. — Qual vai ser a sua fantasia?

— Vampiro.

— Combina contigo.

— Você irá com qual?

— Ainda não sei...

— Me disseram que será uma festa bem liberal — joguei verde. — Sabe a lenda de que os vampiros transformam aqueles que mordem em seus servos? Pelo que vi no grupo de WhatsApp, vai ter essa brincadeira lá. Quem tiver o pescoço chupado, vai ser servo do vampiro pelo resto da festa.

A ideia tinha sido minha, através de outro morador, claro.

— Eu li que, para manter as coisas equilibradas, quem for fantasiado de caçador de vampiros poderá expulsar os vampiros malcriados com um toque de estaca no peito.

Não sei quem teve essa ideia, mas com certeza foi para permitir a ida de alguns casais mais conservadores.

Trocamos olhares que disseram mais que palavras. Ambos sabíamos o que aconteceria no domingo. Ela sorriu, fechando os olhos novamente, oferecendo-me a última parte de suas costas. Continuei meu trabalho, aproveitando para deslizar as mãos mais uma vez pela curva da sua bunda antes de seguir adiante. Eliana pigarreou ao lado, observando a cena de canto de olho.

— Você não vai me oferecer o mesmo tratamento? — perguntou, a voz carregada de um tom ambíguo.

Parei por um instante, avaliando a situação. A Jéssica permaneceu imóvel, sem se intrometer.

— Claro, se quiser — respondi, pegando o frasco de óleo.

Mas a Eliana apenas riu e balançou a cabeça.

— Deixa pra lá. Acho que prefiro fazer isso sozinha.

Ela virou o rosto para o outro lado, como se já tivesse perdido o interesse. Voltei minha atenção para a Jéssica, terminando o trabalho.

Dois dias se passaram. A Lisandra era minha pequena agente há algumas semanas. Ela mandava áudios dizendo que revistava os lixos, ouvia conversas, mas nada. A Jéssica era limpa. Nenhum amante escondido, nenhum vício secreto, nenhuma dívida estranha. Eu já desconfiava, mas precisava tentar. Quando ela finalmente mandou um áudio resignado, eu já sabia o que vinha.

— Chefe, não tem nada dessa mulher. Ela é um anjo. Casamento certinho, casa impecável. Quer que eu continue?

Não valia mais a pena. Mas eu sou um homem de palavra. Naquela mesma tarde, coloquei o dinheiro que tinha prometido caso ela tivesse encontrado algo em um envelope e entrei no mesmo elevador que a Rosângela quando ela estava indo embora.

— Passa pra Lisandra. O combinado é o combinado.

Ela pegou o envelope e guardou na bolsa. No dia seguinte, a Lisandra confirmou o recebimento.

Mais dois dias se passaram depois disso.

A campainha tocou, o som agudo atravessando o silêncio denso do meu apartamento. Levantei da cadeira lentamente, os ossos rangendo como se protestassem contra o movimento. Não me apressei, é claro. A verdade é que eu sabia quem era.

Jéssica.

Ela entrou sem pedir licença, sem hesitar, como se eu fosse apenas um mordomo aguardando suas ordens. Fechei a porta devagar, sem demonstrar reação. Admirava aquela confiança dela, mesmo sabendo que era justamente esse traço que me fazia querer derrotá-la. Um homem como eu não gostava de ser ignorado. E Jéssica fazia questão de agir como se eu fosse só um incômodo passageiro na vida dela.

Ela estava linda. Claro, a Jéssica sempre foi linda, mas hoje algo na sua presença me fez perceber cada detalhe. O vestido azul marinho, justo ao corpo, com a saia um pouco acima do joelho, revelava pernas longas e bem torneadas. Os cabelos castanho-claros, perfeitamente alinhados, caíam com suavidade sobre os ombros, e um olhar que parecia ler minha alma. Sempre imponente, com uma postura que poderia facilmente pertencer a uma rainha ou a uma deusa que havia descido à terra para colocar os mortais em seus devidos lugares.

Esperou que eu fechasse a porta. Queria privacidade tanto quanto eu, mas a frase já estava na ponta da língua:

— Eu sei que foi você. — Ela se virou para mim. — Sei que foi você quem mandou a Lisandra fuçar as minhas coisas para procurar algo de errado.

Não me surpreendi. Ela tinha o faro aguçado. E isso, de certa forma, me dava um prazer sutil. Era uma boa adversária.

— E encontrou alguma coisa?

— Não tinha nada para ser encontrado. — Ela inclinou a cabeça, como se esperasse que eu tentasse negar. Mas não neguei. Eu não era amador.

Ela deu um passo à frente, me cercando como um caçador encurralando a presa.

Cruzei os braços, mantendo a expressão neutra. Eu gostava de pensar que era um homem difícil de decifrar. Mas a Jéssica era perspicaz. Talvez perspicaz demais.

— Você é patético, Lucério. — Ela inclinou a cabeça, e percebi que o momento crucial havia chegado. A hora em que o predador parava de brincar com a comida e finalmente dava o golpe fatal. — Você acha que é algum tipo de mestre das informações que se esconde nas sombras. Mas a verdade, Lucério, é que você não passa de um velho com uma vida chata. Você está entediado com essa aposentadoria iminente. Leu John Le Carré, Ian Fleming, Graham Greene demais e agora quer fingir que sua vidinha é parecida com os livros que lia. Isso é patético. E digno de pena.

Senti as palavras dela me atingindo como uma faca cortando lentamente, deixando a dor espalhada por cada camada da pele. Não reagi de imediato. Ela me observou, esperando uma reação, mas eu nada disse. O silêncio entre nós cresceu, denso, quase palpável.

Ela não resistiu muito.

— Olha, talvez eu tenha pegado pesado... — ela admitiu, o que me fez levantar uma sobrancelha. — Mas você precisava ouvir isso, Lucério.

Ela me observava, sem entender se eu estava irritado ou indiferente. O que ela não sabia é que eu não me sentia nem irritado, nem triste. Eu me sentia... vazio. Mas isso, eu não mostraria.

— Você não sabe nada sobre mim, Jéssica. — Minha voz saiu baixa, calma. — Eu sou o que sou. Um homem que entendeu, talvez de forma mais honesta do que qualquer um de vocês, que a vida não é um conto de fadas. E que, se você não consegue ser o herói, então o que resta é ser o vilão. E o vilão, minha cara, sempre sabe mais do que qualquer um. E tem a vantagem de não precisar de uma justificativa para fazer o que faz.

Ela me encarou, o olhar suavizado.

— Eu vejo você aqui, nesse apartamento, no seu próprio mundinho, e vejo o quanto você está infeliz. Você não é um personagem de um livro. E você não é um vilão, nem um herói. Você é só um homem.

Eu ri, um som seco, sem humor.

— Você acha que só porque não encontrei nada dessa vez significa que sua ficha está limpa? Que você é imaculada? Ninguém é. Ninguém passa a vida sem fazer concessões. O tempo sempre cobra sua dívida, Jéssica.

A Jéssica suspirou. E eu continuei.

— Se eu não achei nada ainda, é só porque você esconde bem. Mas todo segredo tem uma rachadura. É só uma questão de tempo.

— O que você tanto quer, Lucério? — perguntou, com a voz firme.

Senti um aperto no peito, um instinto me mandando jogar aquilo no reino do deboche. Mas, talvez pela primeira vez em anos, resolvi ser sincero.

— Você. Quero que você seja minha. Quero provar o sabor dos seus lábios. E o único jeito de você ser minha seria se fosse tão indigna quanto eu.

Houve um silêncio denso. O tipo de silêncio que aparece antes de uma explosão ou um tiro através de uma janela em um beco escuro. Mas no lugar disso veio um riso. Não um riso debochado. Apenas um riso leve, que me desmontou mais do que um tapa.

— Você tem uma forma bem estranha de convidar uma mulher para um jantar, sabia? — Ela sorriu, brincando no canto dos lábios, mas seus olhos refletiam uma pontada de pena, como se visse em mim algo irremediável..

— Não sou muito bom com flores e velas. — Tentei manter a voz despreocupada, mas o peso de minha própria vulnerabilidade me incomodava.

— Se você tivesse me chamado para sair antes de eu conhecer o Rogério, quando eu tinha uns 20 anos, eu teria achado que você era um velho creepy e saído correndo.

A Jéssica inclinou a cabeça ligeiramente, avaliando minha reação.

— Mas hoje... se você tivesse me chamado como um ser humano normal, talvez eu tivesse topado. Um jantar, um vinhozinho. Sem compromisso, claro. Eu até gosto de homens mais velhos. — Sua voz era quase condescendente, mas sem crueldade. Seus olhos não desviaram dos meus, firmes, como se quisesse garantir que suas palavras penetrassem fundo.

Mesmo que quase involuntariamente, o meu pau despertou dentro das calças quando ela mencionou essa possibilidade, quando ela admitiu seu tesãozinho por homens mais velhos. Uma brecha na sua armadura, finalmente.

— Mas agora eu sou casada. E feliz. Você não perdeu o timing, Lucério. Você apenas nunca teve uma chance porque o amor da minha vida chegou na hora certa.

Cada palavra dela entrava em mim como um caco de vidro, lento e impiedoso. Senti o impulso de retrucar, de transformar minha dor em veneno, mas apenas sorri. Era o que se fazia nessas horas. Ela não quis alongar.

— Agora, se me der licença, eu tenho uma vida para viver.

Eu ri, e dessa vez foi um riso genuíno. Jéssica era uma adversária digna. Mas também era uma mulher fora do meu alcance. Sempre fora.

Ela virou-se para a porta, mas antes de sair, olhou por sobre o ombro.

— A aposta continua, mas tem um limite: minha casa. Lá, você não pisa. Se continuar me espionando, vou acabar pegando você antes que você pegue alguma coisa sobre mim.

— Até a próxima, doutora.

Ela saiu sem olhar para trás novamente. A porta se fechou, e eu fiquei lá, sozinho no meu apartamento escuro.

“Se você tivesse me chamado, talvez eu tivesse topado. Eu gosto de homens mais velhos.”

Aquela frase ecoou na minha cabeça pelo resto da noite.

Nesse momento, eu tive a certeza de que, de alguma forma, aquilo ainda terminaria em sexo.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 32 estrelas.
Incentive Alberto Roberto a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil de Morfeus Negro

Bom início, mas espero que não fique só em promessas, essa é a história de um vilão, tomara que ele seja tratado pelo autor como tal, e faça vilanias, corrompa suas vítimas e consiga no desenrolar de seus planos pequenas vitórias concretas, e não somente pronessas de algo que pode acontecer.

0 0
Foto de perfil de Samas

A Doutora é bem esperta! Se o Lucério quiser pegar esse peixão vai ter que usar uma isca especial.

0 0
Foto de perfil genérica

O suspense nessa história deixa a gente cada vez mais ansioso, está de parabéns ótima leitura

0 0
Foto de perfil genérica

muito bem, gosto de pessoas assim; metódicas, ligeiras.

0 0
Foto de perfil genérica

Não passa de um velho patético!!

Tanto cara para a Jéssica se perder, ficaria decepcionado se ela se perdesse logo com esse cara!!!

Muito boa a série!!!

3 estrelas

0 0