O Casamento Arranjado! PENÚLTIMO CAPITULO

Um conto erótico de Alex Lima Silva
Categoria: Gay
Contém 2722 palavras
Data: 09/03/2025 00:03:57

O gosto metálico do sangue já escorria pela minha boca, mas eu nem sentia. Só via Vinícius levantando devagar, cambaleando, com aquele olhar de desespero quando percebeu que ninguém ia salvá-lo.

— Calma... calma... a gente pode conversar! — ele começou a balbuciar, levantando as mãos sujas de terra.

Eu não respondi. Só avancei.

A primeira pancada foi um soco certeiro no estômago, que fez Vinícius se curvar, tossindo. Antes que pudesse recuperar o fôlego, agarrei ele pelos cabelos, puxando com força pra trás, expondo o rosto sujo e apavorado.

Eu me aproximei devagar, sentindo o coração martelar no peito.

— Conversar? Depois de tudo? — cuspi no chão. — Você atirou no Túlio. Queimou nossa casa. Tentou acabar com tudo que a gente construiu.

Ele caiu de joelhos, a respiração acelerada, os olhos arregalados.

— Eu... eu só segui ordens, cara... Não precisa fazer isso... Eu juro... Eu posso sumir, desaparecer... — implorou, chorando feito criança.

Sem piedade, arrastei ele pelo cabelo até jogá-lo no chão de terra, como um saco de lixo. Ele tentou engatinhar, mas eu fui mais rápido.

— Fica aí, verme! — gritei, acertando um chute nas costelas dele, fazendo Vinícius gemer alto de dor.

Ele virou de barriga pra cima, soluçando:

— Eu... eu só seguia ordens... por favor... Não precisa...

Agarrei o cabelo dele de novo, forçando o rosto a me encarar.

— Olha bem nos meus olhos. Porque essa vai ser a última coisa que você vai ver.

E foi ali, com ele chorando e implorando feito criança, que eu apontei a arma, sem tremor, sem hesitação.

— Já era tarde demais, Vinícius.

O tiro ecoou alto, seco.

O corpo dele tombou sem vida, e eu só soltei os cabelos dele quando tudo terminou.

Quando olhei pro lado, vi Eduardo terminando o que tinha começado.

Lucas, caído, já mal conseguia levantar o rosto inchado de tanto apanhar. Eduardo segurou a arma que tinha recuperado e se agachou ao lado dele.

— Isso é por tudo. Pelo que fez com a fazenda, com a Lúcia, com Ana... e pelo que tentou fazer com a gente. — disse, antes de puxar o gatilho.

Lucas nem teve tempo de sorrir com deboche como costumava. O som seco do tiro ecoou entre a fumaça.

Miguel, por outro lado, estava com as mãos sujas de sangue dos capangas. Literalmente. Um já estava desacordado no chão. O outro, ele tinha finalizado com a faca que sempre carregava na cintura.

— Não mexe com quem tá quieto... — resmungou Miguel, ofegante, olhando pros corpos caídos ao redor.

O fogo ainda ardia ao longe, consumindo tudo que tínhamos conhecido como lar.

Mas ali, entre a fumaça, morte e desespero, a gente sabia que tinha acabado.

— Acabou... — sussurrei, olhando pro céu escuro.

O sol começava a se pôr no horizonte, tingindo o céu com suas cores quentes, mas, por mais belo que o entardecer fosse, o ar ao redor da fazenda estava carregado de algo muito mais intenso, muito mais profundo do que qualquer brilho no céu. Era a sensação de que, depois de tantas batalhas, perdas e angústias, finalmente algo estava começando a se resolver. A guerra que tomou tantas vidas e destruiu tantos corações parecia, finalmente, começar a se dissipar. Mas não era uma paz qualquer. Era uma paz conquistada, e eu sabia disso. Com suor, sangue e lágrimas. A guerra não tinha sido fácil, e eu estava ciente de que os ecos dela ainda iam reverberar por muito tempo. Mas a sensação de que, finalmente, alguma coisa havia mudado... aquela sensação era inegável.

Eu olhei para Eduardo ao meu lado. Ele estava quieto, mas seus olhos refletiam a mesma coisa que os meus sentiam: um alívio silencioso. No fundo, sabia que o que acontecia ali naquele momento, entre nós, entre todos nós, era algo muito maior do que apenas um novo começo. Era o resultado de tudo o que tínhamos enfrentado, da dor que havíamos compartilhado.

Túlio estava perto de Miguel, ambos em silêncio, mas o tipo de silêncio que dizia mais do que mil palavras poderiam expressar. Eu via em seus olhares algo de profundo, algo que os conectava de uma maneira que eu nunca imaginaria que aconteceria. Eles estavam juntos, de alguma forma, em um novo caminho, que talvez só eles soubessem até onde poderia ir.

Foi Miguel quem quebrou o silêncio. Ele se aproximou lentamente de Túlio, tocando seu rosto com suavidade, de uma forma quase reverente. Seus olhos se encontraram, e eu vi ali algo que talvez eles próprios não soubessem que tinham. Uma verdade silenciosa, mas poderosa. Algo que se desenrolava diante de nossos olhos, e que, de certa forma, parecia nos envolver.

— Eu vou cuidar de você, Túlio. — Miguel disse, e a firmeza em sua voz foi inconfundível.

As palavras de Miguel ecoaram dentro de mim, e eu senti um nó apertar na minha garganta. Eu sabia o que ele estava dizendo. Aquilo não era apenas uma promessa vazia. Era a verdade, e era um juramento. Eu observei Túlio, a expressão dele estava tensa, talvez surpresa, mas havia algo em seus olhos... algo que me fez acreditar que ele sentia a mesma coisa. Algo que, até ali, eu nunca tinha visto nele.

Túlio não respondeu de imediato. Ele apenas olhou para Miguel, e eu pude ver a luta interna que ele travava. Eu entendo isso, mais do que ninguém. Eu mesmo passei por isso, me afastando das pessoas, tentando me proteger de um mundo que parecia me esmagar. Mas, no final, ele fez o que eu sabia que faria. Ele se entregou. Não completamente, mas de uma forma que foi o suficiente.

E então, os dois se aproximaram, e seus lábios se encontraram. Não foi um beijo cheio de urgência ou paixão descontrolada. Não, foi mais profundo que isso. Era suave, quase como se estivessem se permitindo, pela primeira vez, a confiar um no outro, a deixar para trás todas as dores e traumas que os marcavam. O tempo parou, ou talvez o tempo tenha simplesmente se tornado irrelevante. Eu e Eduardo observávamos, e algo dentro de mim sentiu uma leveza que eu não sabia que podia sentir.

Quando se separaram, os olhos de Túlio estavam marejados. Eu podia ver que ele estava diferente. Talvez, só talvez, ele tivesse encontrado alguma coisa que o fazia sentir que a vida ainda poderia ter algo bom a oferecer. Ele olhou para Miguel com uma expressão de gratidão que não precisou de palavras para ser compreendida.

Miguel sorriu, e o sorriso que ele deu a Túlio era mais do que uma simples demonstração de carinho. Era a promessa de que ele estaria ali, independentemente de tudo o que viesse pela frente.

— Eu vou cuidar de você, não importa o que aconteça. — Miguel repetiu, como um juramento silencioso.

Eu fechei os olhos por um momento, sentindo a intensidade daquilo tudo. O que eles estavam vivendo era puro, e de alguma forma, me fez pensar em tudo o que eu também estava vivendo com Eduardo.

Foi quando me dei conta de que, ao meu lado, Eduardo estava me olhando com uma expressão de algo que eu já tinha visto antes, mas que, agora, parecia ser completamente diferente. Não havia mais dúvidas. Não havia mais desconfianças. O que acontecia entre nós era verdadeiro, mais do que qualquer outra coisa.

Ele se aproximou de mim, e, sem dizer uma palavra, seus olhos encontraram os meus. E então, sem mais preâmbulos, ele me beijou. Era um beijo suave, mas com um alívio que eu não sabia que precisava. Foi como se o peso de tudo o que passamos, de tudo o que vivemos, finalmente tivesse se dissipado. O beijo não foi apenas um gesto físico, mas a cura silenciosa para todas as nossas feridas. Eu senti um alívio profundo, como se a guerra que travávamos dentro de nós tivesse chegado ao fim, e finalmente pudéssemos respirar em paz.

Quando nos separarmos, ambos sorrimos. Não precisávamos mais de palavras. O silêncio entre nós estava cheio de tudo o que um dia não dissemos, mas que agora estava claro como o dia.

Claro, aqui está o texto do ponto de vista do André, com a emoção que você pediu:

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Eu olhei para Eduardo e, por um momento, senti que o mundo inteiro tinha se calado. Estávamos ali, em meio a tantas adversidades, a tantas cicatrizes que a vida nos deu, mas ainda assim, o coração cheio de algo que eu nunca imaginei que poderia sentir. O ar parecia mais leve, como se, finalmente, as sombras estivessem se afastando.

Ana estava à nossa frente, seus olhos grandes e cheios de dor, mas também de algo mais... algo que eu via ali que me tocava profundamente. Ela era a sobrevivente. Ela, que tinha perdido tudo de mais precioso de uma maneira tão brutal, agora estava diante de nós, um olhar cheio de uma tristeza imensa, mas também de uma força que nem ela sabia que possuía.

Eduardo me olhou com aquele olhar que só ele sabia dar, o olhar que dizia tudo sem precisar de palavras. Eu sabia o que ele estava pensando. Eu sabia o que estava em seu coração. Ele queria dar a Ana o que ela mais precisava: um lugar, um lar. Ele queria mostrar que ela não estava sozinha, que ela nunca mais estaria sozinha.

Eu dei um passo à frente, aproximando-me de Ana, e me agachei na sua frente, de maneira suave, como se não quisesse assustá-la. O silêncio entre nós era pesado, mas ao mesmo tempo cheio de uma necessidade de algo que fosse além da dor. Algo que só podia ser encontrado no amor, na entrega, no simples ato de oferecer-se.

— Ana, — comecei, a voz um pouco falha, como se as palavras quisessem fugir antes de chegarem até ela — você é muito forte. Eu sei que tudo o que você passou tem sido impossível de entender, e a dor que você carrega é enorme, mas... nós, aqui, somos uma família. E, não importa o que aconteça, nós estamos com você. Sempre.

Eu vi as lágrimas começarem a brilhar nos olhos dela, mas ela não as deixou cair. Ela simplesmente me olhou, absorvendo minhas palavras, como se buscasse alguma resposta ali. Eduardo se aproximou de mim, com a mesma suavidade e firmeza. Ele segurou minha mão, e juntos, olhamos para Ana, nossos corações pulsando ao mesmo ritmo.

— Ana, — Eduardo falou com aquele tom de voz que, eu sabia, era o mais verdadeiro que ele poderia ter. — Eu sei que não temos o poder de apagar o que aconteceu com você, mas eu sei que temos a capacidade de te oferecer algo novo. Algo que você merece. Você não precisa carregar o peso do mundo sozinha. Não mais.

Aquelas palavras... aquelas palavras me cortaram como uma lâmina, e ao mesmo tempo, elas aqueceram meu coração. Era o que eu sentia também. Era o que estávamos oferecendo a ela. Não um simples abrigo, mas o aconchego que ela precisava. O lar que ela ainda não sabia que poderia ter. A proteção que talvez nunca tivesse imaginado.

Eduardo se abaixou ao meu lado, e juntos, com os olhos fixos nela, fizemos a mesma pergunta que vinha martelando em nossos corações, que falávamos sem dizer uma palavra, mas que agora precisava ser dita, explicitamente:

— Ana... você quer ser nossa filhinha?

O silêncio foi quase insuportável, mas ele não veio de um peso, e sim de uma expectativa pura. Eu não sabia o que esperar, mas algo dentro de mim sabia que, de alguma maneira, essa era a pergunta que ela precisava ouvir. Era a única pergunta que poderia tirar a dor de sua alma. E, mais do que isso, era a única que poderia mudar a trajetória da sua vida.

Eu a vi hesitar por um instante, mas eu sabia que ela estava apenas absorvendo o que estava acontecendo. Talvez fosse demais para ela entender naquele momento, talvez fosse difícil acreditar que, após tudo o que passou, ela poderia ter alguém ao seu lado para cuidar dela. Mas eu senti a transformação acontecer bem ali, bem diante dos meus olhos. Ela finalmente respirou fundo, e então, com um sorriso tímido, mas cheio de uma emoção que eu nunca esqueceria, ela respondeu.

— Sim. — Ela disse, sua voz tremendo. — Sim, eu quero.

O alívio foi imediato, como se a dor que ela carregava fosse compartilhada agora. Como se a sua dor, que era só dela até aquele momento, pudesse finalmente ser dividida. Como se ela não precisasse mais carregar tudo sozinha. Ana tinha agora a chance de ser cuidada, amada, protegida. Ela não estava mais sozinha. E, mais do que tudo, ela tinha a nós.

Eu e Eduardo a abraçamos, sem dizer uma palavra, mas com o coração batendo em uníssono. O que acabamos de oferecer, o que acabamos de dar a ela, não era apenas um lar. Era um lar repleto de amor. O tipo de amor que cura, que repara, que transforma.

O abraço era tão apertado que parecia que o tempo havia parado, por um instante, nos permitimos apenas sentir. Mas, quando nos afastamos lentamente, as palavras que Túlio pronunciou, com uma voz cheia de emoção, quebraram aquele momento de silêncio e preencheram o ar com algo ainda mais profundo.

Túlio estava parado ali, à nossa frente, e seus olhos estavam molhados de lágrimas. Ele sempre foi mais reservado, mas hoje, diante de tudo o que havia acontecido, ele parecia mais aberto, mais seguro de si e de tudo o que estava ao nosso redor.

— Eu... — Túlio começou a falar, a voz um pouco trêmula, mas cheia de convicção. — Eu sei que, desde o momento em que tudo começou, eu nunca fui o filho biológico de vocês. Mas, isso... isso nunca foi o que importou. O que importa é que, desde o começo, vocês sempre me trataram com tanto amor. Desde o começo, eu sempre soube que, para vocês, eu era mais do que um amigo. Eu era alguém importante. Alguém que fazia parte da família.

Eu podia ver as mãos de Túlio tremendo levemente enquanto ele dava um passo à frente, como se estivesse querendo se aproximar de nós ainda mais, como se tivesse algo dentro dele que precisava ser compartilhado, algo tão grande que não poderia ser contido.

— Desde que tudo aconteceu... eu me dei conta de uma coisa. — Ele continuou, a voz agora mais firme, mais segura. — Não importa o sangue que corre nas minhas veias. O que importa é o que a gente constrói juntos. E, tudo o que vocês fizeram por mim... tudo o que vocês sempre fizeram... — Ele fez uma pausa, a emoção fazendo sua voz falhar por um momento. — Eu sei que, mesmo sem palavras, eu sempre fui o filho de vocês. E eu quero dizer... que, não importa o que aconteça daqui pra frente, eu também sou filho de vocês.

As palavras de Túlio reverberaram no ar como um raio, atravessando o espaço entre nós. Ana, que ainda estava em nossos braços, olhou para ele com os olhos brilhando de emoção. Eu vi a dor e a gratidão nos olhos dela. Ela sabia, assim como nós, que Túlio havia acabado de dizer algo profundo, algo que vinha do fundo do seu coração.

Eduardo e eu trocamos um olhar. Não precisávamos de mais palavras. O sentimento que estávamos compartilhando, eu sabia, era o mesmo para todos nós ali. O sentimento de que a família não se baseia apenas no sangue, mas no amor e no cuidado que damos uns aos outros.

— Você é nosso filho, Túlio. — Eu disse, a voz quase rouca de emoção. — E nós te amamos, do fundo dos nossos corações. Sempre vamos te amar. Você é parte de nós, e sempre será.Mas pare de ser cabeça dura, ou vamos te dá umas boas palmadas!

Túlio sorriu, e era um sorriso tão cheio de significado que parecia iluminar todo o ambiente. Ele deu um passo à frente e, antes que pudéssemos reagir, ele nos abraçou, puxando-nos para perto com uma força que só quem realmente ama sabe dar.

Ana, com o sorriso mais genuíno que já vimos, também se juntou a nós, formando um laço entre nós que, de alguma forma, parecia mais forte do que qualquer outra coisa.

Era como se o mundo tivesse se transformado diante dos nossos olhos, como se o passado tivesse sido deixado para trás, e o futuro estivesse cheio de possibilidades infinitas.

Continua ...

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