A festa estava marcada para o final de semana. Camila queria desafiar Isabela. E Isabela por por sua vez sentia uma mistura de medo e curiosidade sobre como tudo aquilo se desenrolaria. A presença de Camila naquela festa seria algo incomum e que poderia mudar tudo completamente
Quando o dia da festa finalmente chegou, Camila estava em sua casa, decidida a ir, mas também desconfortável com a ideia. Ela sabia que as expectativas que a família de Isabela tinha para a festa seriam altas. Sabia que seria um evento repleto de luxo e superficialidade — um mundo que ela, apesar de também ter dinheiro, nunca sentira a necessidade de exibir.
A festa estava sendo realizada na casa dos pais de Isabela, uma mansão imponente, com detalhes extravagantes em todos os cantos. O salão estava repleto de arranjos de flores luxuosos e luzes brilhantes, enquanto pessoas bem vestidas conversavam animadamente sobre assuntos que pareciam superficiais demais para Camila. Ela observava tudo com um olhar crítico, refletindo sobre o gasto excessivo e a ostentação, coisas com as quais ela não se importava, e que, de certa forma, a incomodavam.
Isabela estava em meio a conversas, se movendo de um lado para o outro, sempre com um sorriso no rosto. Ela tentava parecer à vontade, mas Camila sabia que havia algo de forçado naquele comportamento, ninguém é perfeito o tempo todo. Isabela estava tentando cumprir o papel da garota perfeita, a anfitriã ideal.
Camila estava em um canto do salão, observando a cena. Ela não estava interessada em se enturmar, mas não podia deixar de notar o modo como as pessoas ali se comportavam. Risos falsos, conversas vazias, todos ostentando suas vidas como um grande desfile de status. Ela pegou um copo de suco sem nem notar o sabor, apenas para ter algo em suas mãos enquanto observava as interações ao redor.
Ela sentiu um movimento perto de si e olhou para a entrada da sala. Isabela a avistou à distância e fez um sinal com a cabeça para que se aproximasse. Camila suspirou, revirando os olhos, mas decidiu que seria uma boa oportunidade para provocar um pouco mais a garota.
Isabela, ao se aproximar, tentou sorrir de forma suave, mas seus olhos traíram um certo desconforto, ainda que ela tentasse disfarçar.
Isabela: Camila, que bom que você veio! Está aproveitando a festa? — ela falou, com uma energia muito mais calculada do que genuína, uma tentativa de manter a imagem de que estava totalmente à vontade.
Camila observou-a por um momento, um sorriso divertido se formando no canto de seus lábios.
Camila: Aproveitar? Hm... Não é muito a minha vibe, sabe? Me sinto mais observadora do que participante. — ela disse, o tom provocador ainda presente, mas com uma certa curiosidade. — Mas, você parece estar se saindo bem. A garota perfeita.
Isabela franziu a testa levemente, tentando manter a compostura, mas a provocação de Camila parecia ter tocado um ponto. Mesmo que não fosse visível para os outros, Camila podia perceber uma tensão em seu corpo, uma rigidez que Isabela não conseguia esconder completamente.
Isabela: Você sempre com esse sarcasmo... Não me impressiona. — respondeu, mas o olhar dela ainda estava distante, como se ela estivesse tentando manter as aparências de estar bem no meio daquela farsa toda.
A festa continuou a todo vapor, mas o desconforto que Isabela era maior do que ela queria expressar. A cada conversa sobre roupas de marca e destinos exóticos, Isabela parecia cada vez mais se afastar da festa, mesmo estando no centro da celebração. Ela estava ali, tentando se encaixar, tentando fazer parte de tudo aquilo. A pressão das expectativas era muita. Foi quando Isabela, aparentemente cansada de toda aquela farsa, se afastou de todos e foi até o jardim externo da mansão.
Camila que passou a noite observando tudo e todos, achou que aquela seria a oportunidade perfeita de descobrir se Isabela realmente escondia algo, seguiu então seu caminho.
Isabela estava parada perto de uma fonte no jardim, com as mãos nas costas, olhando para o nada. Camila se aproximou.
Camila: Você está bem? — perguntou, com um tom sarcástico, que não escondia a provocação. — Ou está só tentando manter a fachada de que tudo está sob controle?
Isabela se virou rapidamente, como se tivesse sido pega em flagrante. Seus olhos estavam mais vulneráveis do que Camila imaginava, mas ela não deixou transparecer. Tentou manter o controle, mas não conseguiu disfarçar a irritação.
Isabela: O que você quer, Camila? — disse, tentando se mostrar firme, mas sem muito sucesso. — Sabe, às vezes você me dá nos nervos. Sempre com essas provocações.
Camila deu um pequeno sorriso, aproximando-se ainda mais de Isabela olhando profundamente em seus olhos, agora com um tom mais desafiador.
Camila: É, talvez você tenha razão... Eu só queria ver até onde você consegue manter essa 'perfeição'. Até onde vai essa fachada de garota certinha? — Ela falou, seu olhar focado nos olhos de Isabela, com uma provocação clara. — Será que você consegue me mostrar quem realmente é?
Isabela engoliu em seco, sentindo uma onda de raiva misturada com algo mais profundo, algo que ela não conseguia controlar principalmente devido a proximidade do corpo de Camila. Camila a estava desafiando, fazendo-a questionar até onde poderia continuar escondendo sua atração por mulheres. Ela sentiu uma força que crescia dentro de si, mas ao mesmo tempo, sabia que aquilo a estava quebrando. Seus olhos encontraram os de Camila novamente, e, por um momento, tudo ficou silencioso ao redor delas, o desejo de Isabela se tornou palpável.
Camila, percebendo o estado de Isabela e sentindo uma súbita atração, se aproximou ainda mais. Agora, as palavras não eram mais suficientes. Ela estava tocando algo profundo nela, algo que nem mesmo Isabela sabia lidar.
Camila: Vai continuar se escondendo, ou vai ser quem você realmente é? Não vou julgar...— ela disse com um tom mais suave, mas igualmente desafiador.
Sem mais palavras, Camila puxou Isabela pela cintura. Aquelas mãos a tocando fizeram com que Isabela fechasse os olhos com um desejo reprimido. sem pedir permissão olhando Camila aproximou seus lábios dos de Isabela com um beijo intenso. Não era esperado que fosse um beijo suave ou romântico; mas aquilo que estava era carregado de tensão, de provocação e de uma vontade reprimida se tornou o melhor beijo da vida de ambas. Isabela, após perceber o que estava acontecendo teve uma mistura de sentimentos; raiva, desejo e alívio. Era como se, naquele momento ela pudesse ser sincera com ela mesma. A necessidade de se entregar a algo real e cru estava ali, visível, e Isabela não teve mais forças para resistir e colocou seus braços em volta do pescoço de Camila.
Quando o beijo terminou, ambas estavam ofegantes e ficaram em silêncio, com o ar ao redor delas ainda carregado de algo que não poderiam mais negar. Isabela olhou para Camila, sentindo o peito apertado, mas com um sorriso nos lábios que era algo visto também em Camila. Mas a realidade bateu forte em Isabela que finalmente mostrou uma expressão de fragilidade em seu rosto.
Isabela: Eu... não sei mais como viver nessa mentira. — ela murmurou, sua voz agora quebrada, como se tivesse sido desarmada.
Camila, sem palavras, apenas ficou ali, observando Isabela com uma empatia silenciosa. Ela não havia esperado que fosse assim, mas, de alguma forma, tudo aquilo fazia mais sentido do que ela imaginava. Isabela, pela primeira vez, estava mostrando quem realmente era.
