Capítulo 3 – O Gigante e os Ratos
A manhã estava fresca quando saí para explorar um pouco a cidade. Pequena, mas movimentada o suficiente para não parecer parada no tempo. Depois de pegar um café na padaria, decidi ir ao mercadinho da cidade para comprar algumas coisas para minha nova casa.
Enquanto andava pelas prateleiras, ouvindo o murmúrio das poucas pessoas ali, um som abafado de risadas me chamou a atenção.
— E aí, nerdzinho? Tá com pressa? — A voz era carregada de ironia.
Me aproximei um pouco mais e vi um grupo de três rapazes cercando um garoto magricela, que segurava alguns mantimentos contra o peito, claramente desconfortável.
O líder da provocação era Antony. Alto, bonito e com uma expressão de superioridade esculpida no rosto. Ao seu lado estavam Pet e Nik, que riam sem fazer muito, apenas reforçando o teatro cruel.
— Relaxa, só estamos brincando — Antony continuou, dando um tapa nos mantimentos do garoto, que quase os deixou cair.
Antes que pudesse intervir, uma sombra grande surgiu no corredor.
— Deixem o garoto em paz. — A voz grossa e firme de Bobby soou como um trovão.
Os três se viraram ao mesmo tempo. Bobby estava lá, imponente, braços cruzados, um olhar firme, sem um pingo de hesitação.
— E desde quando você dá ordens, Bobby? — Antony estreitou os olhos, tentando manter a pose.
Bobby não respondeu, apenas deu um passo à frente, e foi o suficiente para que Pet e Nik dessem um passo para trás.
— Vocês são três. Eu sou um. Tentem a sorte. — Ele disse simplesmente.
Houve um momento de silêncio pesado. Antony apertou a mandíbula. Por mais que não quisesse admitir, Bobby era um obstáculo grande demais para eles.
— Vamos nessa. — Ele resmungou, se virando para a saída.
Os três passaram por mim no caminho, e Antony me lançou um olhar avaliador antes de assoviar.
— Você devia se juntar a gente, gata. — Ele sorriu de canto, um sorriso cheio de falsa confiança.
Não dei a ele o prazer de uma resposta. Apenas o encarei friamente enquanto eles saíam cantando pneu, lançando um último comentário:
— Fiquem aí juntos, seus estranhos.
Quando me virei para Bobby, ele já estava ajudando o garoto a pegar as compras.
— Obrigado, Bobby. — O menino murmurou, claramente aliviado.
Bobby apenas assentiu, sem precisar de grandes palavras para demonstrar sua presença protetora.
Eu o observei por um instante, percebendo mais uma vez como ele era diferente. Grande e forte, sim, mas… genuinamente bom.
— Sempre o herói, hein? — Falei, me aproximando.
Ele ergueu os olhos para mim, e por um segundo, pareceu surpreso de me ver ali.
— Ah, oi… — Ele coçou a nuca, sem jeito.
Sorri. Bobby era realmente um caso à parte.
E eu estava cada vez mais curiosa para conhecê-lo melhor.