Capítulo 8– Sob as Luzes Amarelas
Bob não esperava ninguém aquela noite. O calor do verão deixava o ar pesado, mas o céu limpo e estrelado criava um cenário bonito do lado de fora da pequena casa onde morava. As luzes amarelas do poste da rua entravam pelas janelas abertas, lançando sombras suaves sobre o chão. Ele estava sentado no sofá, distraído, olhando para a televisão sem realmente prestar atenção em nada.
Nos últimos dias, uma coisa vinha pesando em seu peito—ou melhor, alguém. Ela.
Bob tinha se apaixonado de um jeito que nunca achou possível. Não era um gostar qualquer, era aquele tipo de sentimento que deixava as mãos suadas e o coração disparado só de ouvir o nome dela. Mas ele sabia seu lugar. Homens como ele não tinham chance com mulheres como ela.
Ele era desajeitado, sem graça, sem dinheiro. Um cara grande, bruto, que nunca soube direito como se portar perto de uma mulher bonita. Desde criança, ouvia comentários: "Ele é bom, mas meio estranho", "Com essa cara, só pode ser amigo", "Coitado, ninguém nunca vai querer namorar esse aí." Ele já tinha aceitado isso. Não tinha por que alimentar esperanças.
Então, quando ouviu batidas na porta, seu peito apertou. Quem seria aquela hora? Levantou-se devagar, limpando as mãos suadas na camisa. Ao abrir, ficou imóvel.
Era ela.
O coração de Bob deu um salto, e por um segundo ele não soube o que fazer. Ela estava ali, parada, sob a luz amarela do poste, com um brilho nos olhos que ele não entendia. Parecia... feliz em vê-lo? Ele não sabia reagir. Sentia-se pequeno diante dela, incapaz de acreditar que aquilo era real.
— Oi, Bob — ela disse, sorrindo.
Ele engoliu seco.
— Oi… O que… o que você tá fazendo aqui?
Ela deu de ombros, como se fosse a coisa mais natural do mundo.
— Quis vir te ver. Te atrapalho?
— N-não! — ele gaguejou, afastando-se para dar passagem. — Entra, por favor.
Ela entrou, olhando ao redor, enquanto ele tentava entender o que estava acontecendo. Seu coração batia rápido demais. Ele nunca pensou que um dia ela estaria ali, na casa dele, tão perto, tão à vontade.
Eles conversaram sobre coisas aleatórias por alguns minutos, mas ela parecia curiosa, interessada nele de um jeito que o deixava sem jeito. Até que, do nada, ela perguntou:
— Você já namorou, Bob?
Ele abaixou a cabeça e soltou uma risada sem humor.
— Não. Nunca.
Ela franziu o cenho, surpresa.
— Nunca?
Ele balançou a cabeça.
— Nunca nenhuma menina quis namorar comigo.
Ela o olhou de um jeito diferente, como se tentasse entender melhor.
— Mas você já beijou alguém, né?
Ele hesitou antes de responder, desviando o olhar.
— Não… Nunca.
Houve um silêncio. Ele sentiu o rosto esquentar.
— Sério? — a voz dela saiu mais baixa agora.
Ele forçou um sorriso triste.
— Ifelizmente, nenhuma mulher nunca quis me beijar.
Ela franziu os lábios, observando-o. Havia algo na expressão dela que Bob não conseguia decifrar. Uma mistura de surpresa, curiosidade… e talvez algo mais.
De repente, o ar pareceu mais denso entre eles. Bob sentiu que algo invisível mudava ali, como se ela o enxergasse de um jeito diferente agora. Ele não entendia por que ela parecia fascinada com aquilo, mas uma coisa era certa: pela primeira vez na vida, ele se sentiu desejado.
