O que ficou Prólogo

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 4795 palavras
Data: 20/03/2025 02:19:14
Assuntos: Gay

Rubens

Tem momentos na vida em que precisamos pensar antes de agir, acredito que esse é meu maior problema, eu penso demais e acabo não agindo. Quando moleque meu velho uma vez me disse “filho a vida é uma só então aproveite” e pode apostar que esse homem viveu.

Meu pai teve três esposas e um punhado de filhos, só com minha mãe foram três, com Zenaide teve mais dois e com Lídia teve três também — só um pequeno detalhe, ele teve as três ao mesmo tempo. — Tem quem diga que ele era mulherengo, ele podia ser aventureiro, porém suas três famílias ficaram bem amparadas depois que ele nos deixou, segundo o próprio tudo que menos queria era sua família brigando por dinheiro, então quando o câncer veio ele tratou de dividir tudo em vida.

Minha mãe recebeu dois terrenos na serra e uma casa na capital, em um dos terrenos ela construiu uma casa para meus avós, o outro ela vendeu e dividiu o dinheiro entre os filhos, Benjamin o meu irmão mais velho entrou pro exército muito cedo e usou seu dinheiro pra dar entrada em sua casa, onde vive com sua namorada, Julia gastou tudo com roupas e sapatos, ela sofre da síndrome do irmã do meio que faz de tudo para chamar atenção da nossa mãe, mais é uma boa moça no final das contas, uma mulher de caráter e também minha melhor amiga.

Desde muito novo já sabia que não queria fazer faculdade e exército era coisa do Ben e não minha, mas queria que meu pai sentisse orgulho de mim, então segui seu conselho e investi na minha felicidade que era o ramo de tecnologia, usei meu dinheiro para fazer cursos, primeiro pensei em ser técnico de computadores e eletrônicos. Com quinze já sabia montar e desmontar qualquer aparelho até me entregasse e foi daí que comecei a ganhar meus primeiros trocados, mas não me deslumbrei, ao invés disso comprei uma máquina melhor e comecei a estudar programação, foi aí que me encontrei de vez, era divertido hackear meus amigos — e até cheguei a ganhar uns bons trocados com isso também.

A internet pode ser bem rentável se você souber manejá-la do jeito certo, mas preferi usar meus poderes para o bem, então foquei em programação de forma honesta, fui conciliando com outros cursos, assim aos vinte já estava empregado como programador back junior, uma empresa do Sul resolveu me dar uma chance e fiz meu melhor pra ganhar espaço, eles me davam demanda e eu entregava, logo fui ganhando outras oportunidades de me mostrar e ganhar ainda mais prestígio na área.

Graças a minha facilidade e rapidez em identificar problemas somado ao jovem hacker que aí vivia em mim fiz meu nome com cibersegurança, assim aos vinte e oito me tornei um dos especialistas de cibersegurança de uma grande empresa alemã, ganhando em euro, mas infelizmente isso teve um custo, quando se é viciado em trabalho como eu não tem muito espaço para aventura, assim o jovem até sonhava em ser aventureiro como meu pai se perdeu.

— Rúbens, estou falando com você — Mariano chama minha atenção no momento em que estou checando um email que meu chefe me mandou.

— Só um minuto amor — respondo sem tirar os olhos da tela, nem é preciso olhar para ele para saber que está revirando os olhos.

Conheci o Mariano quando tinha vinte e dois, tive uns dias de férias forçadas nessa época e Júlia me obrigou a entrar no Tinder, ela é a única pessoa da família que sabe que sou gay. Nunca tivemos essa conversas ela sempre me deixou tão a vontade que simplismente rolou, Tico uma menino da minha escola que eu era muito afim me beijou escondido no banheiro e contei a ela no mesmo dia, ela agiu como se fosse a coisa mais normal do mundo — porque era mesmo — e ficamos bem.

— Rúbens é o aniversário do seu sobrinho — Mariano e eu estamos noivos e sua família diferente da minha sempre soube sobre ele, eles me acolheram e quando vi já era parte da família também.

— Só um segundo amor prometo — me afasto para responder o e-mail de imediato, mesmo que não seja obrigado já que estou de folga, mas é que simplesmente não consigo, se não respondo o problema me consome até ser resolvido.

— Não acredito — meu noivo me deixa sozinho no quintal e entra pra socializar com os outros convidados.

Lembro bem do nosso primeiro encontro, marcamos na praia a noite, caminhamos de pés descalços e soube naquele dia que Mariano era o homem da minha vida, ele trabalha com o pai em uma empresa de buffet, seus pais o criaram para tomar conta dos negócios então desde cedo ele aprendeu tudo que precisava saber. Sério tudo mesmo, ele cozinha melhor do que a mãe, vai do doce ao salgado, tem um gosto chic e refinado para decoração, não tem nada do Buffet que ele não saiba e admiro esse gosto pelo trabalho que ele tem, é parecido comigo.

De único achei que ele não se interessaria por mim, afinal sou um homem de um metro e setenta e seis, magro, de pele morena, com cabelo curto no corte militar e claro com grau moderado de miopia, uso óculos desde os treze, agradeço ganhar em euro hoje em dia que assim pude comprar um óculos de armação simples porém de muita qualidade. Já o Mariano é um cara loiro, dos olhos verdes, ele malha todos os dias, seu peito é a coisa mais linda e gostosa que já vi, fora que ele é alto pra caralho.

— Rubens vamos bater os parabéns — Mariano vem me chamar novamente.

— Só dois minutos amor prometo, é que o estagiário fez merda — digo pra ele levantando o dedo indicador no momento em que meu futuro ex estagiário atente o telefone — Escuta exatamente o que você vai fazer agora.

Mariano já sabe que tudo no meu trabalho é sigiloso então apenas se afasta para me dar privacidade. Ele trabalha com festas então feriado e fins de semana são coisas que nunca existiram para nós dois, digo isso porque sou viciado em trabalho, então penso que se meu namorado está trabalhando não tenho porque não está também, e com o casamento passei a fazer ainda mais horas extras. Meu noivo vive organizando casamentos, pro nosso ele quer tudo e mais um pouco e fico mais do que satisfeito em realizar todos os seus sonhos, por mim qualquer coisa tá bom, confio cegamente no gosto dele e o pai dele nos deu um apartamento então não me importei quando ele me deu o orçamento de kwid pro nossa casamento.

No final do ano a empresa reuni o meu departamento todo presencialmente em Berlin e tenho direito a um acompanhante, Julia sempre vai comigo porque ele nunca pode, mas dessa vez resolvemos guardar uma grana pra ele ir comigo e nossa lua de mel de pela Europa, tenho até passar três dia em Berlim tendo reuniões e treinamentos, mas depois fico livre e assim podemos ter uns dias, até já pedi minhas férias para dezembro, meu chefe não queria muito me dar, mas quando falei do casamento ele ficou mais inclinado a aceitar e tipo sou o menino de outro do nosso setor, eles gostam muito de mim pra tratar comigo por algo assim.

— Amor desculpa, mas é que eu realmente tive que resolver — ele está com uma cara emburrada enquanto vai me deixar em casa.

— Rúbens o Pedrinho te adora, você nem estava lá batendo parabéns dele.

— Vocês têm razão amor, mas é que.

— Sempre tem um problema, Rúbens, olha as vezes acho que você se importa mais com seu trabalho do até com sua família sei lá — essa não é nossa primeira briga por esse motivo, no nosso último aniversário ele dormiu no motel enquanto eu resolvia no banheiro um problema de queda do sistema.

— Amor preciso das horas extras — argumento.

— Olha se você vai por culpa da sua falta de interesse no nosso casamento melhor cancelar tudo de uma vez — odeio quando ele fala isso.

— Mariano não precisa disso, eu te amo cara a gente vai casar — digo tentando ser paciente, porque sei que ela tem razão, vacilei, mas é que não posso dizer não pro meu chefe.

— Você passou a noite no telefone Rúbens, essa é a primeira noite de folga que tenho em um mês e nem posso dormir com meu namorado porque ele tem até acordar muito cedo pra um maldito ritual em família da qual eu não posso fazer parte.

— Amor.

— Desculpa, eu sei que é aniversário de morte do seu pai é que amor a gente tá junto tem seis anos, vai fazer sete e até hoje nunca nem vi sua mãe pessoalmente.

— Ela não vai aceitar amor e não quero confrontar ela no aniversário do papai, a namorado do Ben também não vem — jogo como uma forma de compensação.

— Pelos menos a sogra dela sabe que ela existe — Mariano até aceita que eu trabalhe muito, mas o lance da minha família não saber da gente sempre foi um incômodo.

— Mariano, olha logo vamos está no nosso apartamento e vamos dormir e acordar todas as noites juntos.

— Claro, vamos evoluir se amigos para colegas de quarto — quando ele se fecha assim não tem muito o que fazer além de ficar quieto e ouvir suas reclamações.

— Você já viu o bolo, recebi um e-mail do boleiro querendo marcar uma degustação — minha última carta é usar os preparativos do casamento, vamos casar em dois meses, mas parece até que vai ser amanhã, o tempo está correndo.

— Eu já marquei, imaginei que você fosse está trabalhando, mas posso remarcar pra você ir também — seu humor melhora um pouco.

— Não precisa amor, leva sua mãe e sua irmã, depois você me diz o que achou — sorrio e beijo sua mão melhorando um pouco o clima no carro.

— Você lembrou de pagar a primeira parte do salão? — Pensamos em fazer a festa do Buffet da família, mas achamos um lugar muito lindo que os dois gostamos.

— Puta, esqueci amor, mais vou fazer isso agora mesmo — pronto seu humor se foi de vez.

— Como que alguém que cuida da segurança de uma empresa inteira de forma tão minuciosa não é capaz de lembrar de pagar suas próprias contas?

— Desculpa amor, é que estamos implementando umas ferramentas novas e tem que ser tudo testado e retestado várias vezes essa semana tem sido muito puxada.

— Tá bom, eu sei bem o que é isso — vai começar, não é uma briga nossa até passarmos por todos os tópicos, já foi meu trabalho, minha mãe e agora é a vez dele reclamar da Júlia — Não entendo porque você deixa sua irmã usar seu cartão e suas contas e eu que sou seu noivo não sei nem qual a bandeira do seu cartão.

— Isso não é verdade amor, a Júlia paga as coisas que ela tira no meu cartão.

— Paga, eu nasci ontem Rubens, você sustentar sua mãe é uma coisa mais a Júlia é de mais, eu sei que você paga as contas dela.

— Eu ajudo a Júlia amor, mas ela trabalha também, não é sustentada por mim e sobre a mamãe você sabe muito bem que ela nunca a trabalhou sempre foi do a de casa e que não sou só eu quem pagar as contas dela meu irmã também arca com metade de tudo da mamãe.

— Aí Rubens, já deu, não vou discutir com você hoje, vou chamar os meninos e vou sair pra dançar e encher a cara para vê se esqueço que meu noivo não me ama o suficiente pra cortar o cordão umbilical com a família.

Respeito fundo e seguimos em silêncio até ele parar o carro em frente minha casa, lhe dou boa noite antes de descer só carro mais ele não responde, mesmo assim faz um Pix pra ele gastar com os amigos, Mariano tem muitas despesas e ele sempre me serve como motorista já que não dirijo, fora muitas outras coisas que ele faz por mim, então gosto de mimar ele sempre que possível, mesmo puto comigo, mas essa parada de mandar dinheiro pra ele já é normal entre a gente, quando não estamos brigados ele até me pede.

— Filho tava na rua até essa hora — minha mãe está na sala fazendo um vestido de crochê pra Julia.

— Sai com os meninos mãe, mas já estou em casa, cadê o Ben já chegou?

— Sim, ele foi dormir, chegou cansado do trabalho — Todos os anos no aniversário de morto do papai, minha mãe reuni os filhos pra um café da manhã, não importa onde estamos ela exige nossa presença, como costuma ser cedo Ben dormi logo aqui, ele fica no meu quarto e eu durmo com minha mãe ou com Julia.

Minha irmã está fazendo as unhas quando entro no quarto, caio na cama dela, estou exausto tenho trabalhado muito esses dias, só sai hoje porque não consigo dizer não pro Mariano e também por ser aniversário do Pedrinho, mesmo o menino não me dando muita bola meu noivo insiste que o menino me ama.

— Brigaram de novo? — Julia nem precisa que eu fale pra saber que estou estressada.

— Sim.

— O de sempre?

— O de sempre! — Respiro fundo.

— Quando você vai contar pra mamãe?

— Você também não Juh, por favor.

— Rubens não sei se você sabe mais as mãe costumam querer está no casamento dos filhos, Ben, Deus sabe que esse nunca vai casar, ele se mudou pra morar com a Vanessa e isso é tudo que a pobre coitada vai conseguir dele.

— E você Juh, não vai casar com o Estevão não? — Ela tem uma relação um tanto trágica e muito difícil de se decifrar com esse cara.

— Tá repreendido em nome de Jesus, do Tesão só quero a rola.

— Me poupe dos detalhes sórdido por favor — às vezes me arrependo de ter tanto liberdade com ela.

— Aí deixa de ser puritana que a senhora tá longe de ver virgem, se não fosse o rolão do meu cunhado você já tinha terminado.

— Deixa de ser falocêntrica garota — com a Juh é assim, em pouco tempo já me sinto melhor.

Juh puxou nosso pai essa aí é doida, uma morena cacheada do rabão, ela tem olhos castanhos cor de mel assim como os meus, mas nela ficam bem melhor, meu irmão também é um negão gostoso pra caralho, meio mulherengo que nem o papai, Juh tira onde com ele falando que ele herdou o molho do nosso coroa.

— Bom dia família — digo ao entrar na cozinha onde Ben e minha mãe estão pondo a mesa, cheia de fartura como o papai gostava.

— Bom dia, vai trabalhar hoje filho? — Minha mãe pergunta, pois costumo começar cedo.

— Sim, mas já avisei pro meu chefe que vou logar só depois do almoço hoje — esse é o único momento no meu ano inteiro em que realmente me desligo do trabalho, tanto que até deixei o celular no quarto carregando.

— Rúbens, preciso que você dê uma olhada no meu notebook, ele está com aquele problema de novo — Ben me passa a tarefa como se eu fosse mais um dos seus subordinados no quartel.

— Sim senhor tenente Domingos — toda vez que ele banca o tenente bato continência pra ele e acaba com nossa mãe nos dando sermão.

— Vocês vão crescer quando em? — Juh provoca se juntando a nós na mesa — mãe, quando a senhora vai deixar a pobre da Vanessa participar do aniversário do papai? — Juh faz essa pergunta todo ano desde que meu irmão começou a namorar ainda na adolescência.

— Quando ela for da família vai ser bem vinda — Juh só fala porque sabe que a mamãe vai cobrar mais uma vez que o Ben se case.

— Toma conta da sua vida Julia — ele a repreende — Vanessa e eu já somos casados mãe.

— Casados porra nenhuma Benjamim, nem no cartório você tem coragem de levar a moça — é engraçado ver como a mamãe perde a linha muito rápido quando se trata do casamento de um dos seus filhos.

— Não tem porque perder tempo e nem dinheiro com isso mãe, até porque pra justiça já temos uma união estável — ele tem razão, mas isso não basta para a nossa coroa — e porque a senhora não cobra o Rubens e a Julia?

— A Júlia filho, tenha dó essa daí não tem homem que aguente vai ser que nem a tia Marli — a tia solteirona da família, dizem que ela era apaixonada pelo papai e que nunca superou ele ter ficado com minha mãe e não com ela.

— Primeiro que diferente da tia Marli eu já dei meu bicho — Juh tem um jeitinho especial de ser vulgar quando ela quer — e segundo que o Tesão não é homem pra casar.

— Não chama ele assim garota, toma jeito ou nunca vai ser respeitada — minha mãe diz olhando seria pra minha irmã.

— E o Rubens mãe? — Em um dia normal, Juh iria iniciar uma briga com nossa mãe sobre ela ter valores confusos levando em conta o fato dela mesma nunca ter casado com o papai e ainda ter o dividido com outras duas mulheres oficiais e outras não catalogadas.

— Seu irmão não tira os olhos do computador, nem namora ele namora — sei que minha irmã me joga a bola pra me assumir e acabar com isso, mas não consigo então fico calado comendo meu pão com ovos e um bom suco de laranja já que não tomo café.

Tirando nossas brigas somos muito unidos, quando o pai morreu a Zenaide pegou os filhos e sumiu no mundo, a Lídia mora em outra cidade com meus irmãos. Até temos contato com o Andrey, Fabiano e José Filho, mas não somos tão próximos como somos entres nós.

Ben é um pé no saco as vezes, mas ele é um irmão mais velho quando precisa ser, como eu ainda era novo quando o papai se foi ele ficou responsável por me ensinar muito coisa, é pra ele que costumava correr quando me sentia mau ou quando estava com problemas, mas aí veio o beijo que mudou minha forma de ver o mundo e por não poder falar disso com ele nos distanciamos e ele parou de ser a pessoa pra quem recorro quando preciso de colo, essa pessoa agora é a Juh. No fundo acho que Ben ficou puto comigo por tê-lo provado sem nenhuma explicação, mas como um hetero militar ele não fala sobre seus sentimentos abertamente.

— Benjamin não sei o que você aprontou mais sua mulher colocou um programa espião no seu computador — depois do café da manhã me sentei pra ver rapidinho o notebook dele.

— Sabia que ela tinha feito isso — ele nem parece mesmo surpreso.

— Você está aprontando? — Pergunto aproveitando um dos nossos raros momentos de irmão.

— Não, nunca trai ela não, só fiquei com outras mulheres quando a gente tava separado — eles já terminaram algumas vezes, mas são tão loucos um pelo outro que sempre acabam voltando.

— Rapaz alguma coisa ela acha que tem, se não, não iria colocar um espião no seu computador.

— As loucuras dela, mas deixa essa porra aí, pode ser que assim ela se convença de até não tem nada — quero tanto poder falar com ele sobre como temos relacionamentos difíceis, compartilhar com ele as birras do Mariano, mas meu irmão nunca entederia e não aguentaria que o espaço entre nós crescesse ainda mais.

— Beleza, você tem que atualizar ele de vez em quando, senão começa a dar problema e para de comer em cima dele que isso pode dar até formiga.

— Tá certo — ele está estranho, tem algo que ele quer me contar, posso sentir, mas não sei como entrar no assunto.

— Ben você — quando começo a falar meu celular começar a tocar e é o Mariano, depois de ontem se eu recusar essa chamada vou ser um homem morto — desculpa Benz preciso atender.

Todos já estão acostumados com meu trabalho e com minha falta de horário definido então ele deu duas batidinhas no meu ombro e me deixou sozinho no quarto, me sinto mau por mentir pra ele, mas é preciso manter esse segredo infelizmente.

— Oi — Mariano fica puto quando foi formal com ele, mas em casa ele sabe que não tenho outro jeito, por isso normalmente só trocamos mensagens e nunca ligo pra ele quando estou em casa.

— Rubens você pagou o aluguel do salão? — Puta que pariu esqueci de novo, só por hesitar ele já sabe a resposta.

— Não acredito Rubens, puta que pariu cara! — Ele está gritando do outro lado da linha.

— Vou resolver isso agora amor.

— Não vai não — ele diz com uma certeza que gela minha espinha — Rubens acabei de atender uma cliente que vai casar na porra da mesma data na merda do mesmo salão e advinha só o noivo dela pagou a desgraça do adiantamento coisa que o meu noivo no fez e agora eu perdi o lugar que eu queria — droga.

— Amor.

— Nem começa Rubens, nem começa, eu não quero te ver ou falar com você pelo resto do meu dia e reze para que eu falei com você amanhã — ele desliga na minha cara.

Fiz merda agora vou precisar corrigir, ligo pro gerente do local para ver o que posso fazer. Depois de duas horas no telefone consegui falar com o cara, de fato há outras buscas para a mesma data, então explico a situação e por uma sorte gigante do acaso o tal casal não alugou o mesmo espaço que a gente, essa empresa trabalha com mais de um local, sou tomado por um alívio, o gerente por ser gay e militante da causa segurou nosso espaço o máximo que conseguiu porque não é todo dia que se tem um casal gay cansando assim com toda a pompa, enfim faço o pagamento e até um pouco a mais do que o combinado só pela boa vontade do gerente de ter segurado a data pra gente mesmo com outras pessoas querendo.

Escapei por pura sorte, então ligo pro Mariano pra dar a notícia mais seu telefone está desligado, ele tá puto comigo e aí vai me atender, eu ligo pro pai dele que me atende no segundo toque, mas me avisa que não está com ele.

— Ah sim ele foi atender um cliente fora né tinha esquecido ele comentou.

— Não filho, ele está de folga hoje, me disse até ia ver umas coisas do casamento — estranho pois na ligação ele me disse que estava com uma cliente.

— Devo ter me enganado então, obrigado, até breve.

Encerro a ligação e vejo no IG dele se tem alguma pista de por onde ele deve estar, mais não tem nenhum story hoje, outra coisa estranho ele posta quase tudo, diz que faz parte do trabalho, pior que agora estou ficando preocupado e o modo resolvedor de problema se ativa, fodeu que agora e quando não resolver nossa briga não vou conseguir focar em outra coisa.

Mando mensagem pra nosso amigos pra ver se alguém está com ele, mas todos dizem que não, porém uma das respostas me deixa intrigado “não vejo ele desde quarta” só que hoje é sexta e eles saíram ontem então não faz sentido. Mando mensagem perguntando se eles saíram pra algum lugar ontem e aí o choque nenhum dos nossos amigos esteve com Mariano ontem.

Mariano nunca mentiu pra mim antes então ele pode só ter mudado de ideia e não saiu, ele é orgulhoso o suficiente pra não sair só porque estava com o dinheiro que dei a ele depois da briga, estou pensando onde ele pode estar tipo ele não está com nossos amigos e nem está trabalhando, estou ficando preocupado.

— Ele não vai saber e só estou preocupado — digo pra mim mesmo.

Em poucos minutos consigo sua localização pelo celular, não é preciso ser um Hacker pra isso, mas ajuda, em seis anos de relacionamento só precisei rastrear seu celular duas vezes, uma quando ele foi roubado e outra quando ele o perdeu. Me sinto mau buscando seu celular sem sua autorização, porém repito a mim mesmo que só estou preocupado e não é que eu vá fazer alguma coisa com essa informação.

Sua última localização foi no Centro antes dele desligar o celular, só que não tem nada do nosso casamento que esteja sendo feito no Centro, penso que ele pode está procurando algo que não me falou, mas esse mistério começa a me incomodar, como falei não temos segredos entres nós.

Consigo ouvir meu pai falando no meu ouvido “vai não pensa, só faz” meus dedos se movem quase que sozinhos, menos de um minuto depois estou com o IG do meu noivo aberto no meu computador, tenho suas senhas e ele tem as minhas, nunca achei grande coisa trocar senhas de redes sociais e ele me pediu as minhas justo por já ter tido problemas com isso, então trocamos senhas, mas jamais usei as dele, pelo menos até hoje.

Estou buscando no IG dele algo q ir explique ele está no centro, já estou quase desistindo e me arrependendo de está fazendo isso quando vejo ele umas mensagens com um cara até não conheço, na conversa eles falam do quanto Mariano se sente solitário e que ele acha que não o amor mais, o problema é que depois de umas mensagens o cara e ele começam a flertar, mas meu choque é maior quando vejo as mensagens que eles trocaram hoje, eles marcaram de se encontrar pessoalmente pela primeira vez.

Meu coração acelera, não acredito que depois de seis anos o Mariano tenha feito isso comigo, não consigo acreditar é surreal demais, bem desligo tudo e foco na única coisa que posso fazer agora que é trabalhar. Com o coração dilacerado esse dia parece não passar.

A noite Mariano me manda mensagem dizendo que precisava conversar comigo, sou tomando por um medo de que ele tenha descoberto até vasculhei duas redes é ainda pior de como vou abordá-lo e perguntar sobre aquelas mensagens e o tau do encontro. Ele me busca na porta de casa como costumamos fazer e vamos até um barzinho que gostamos. Ele está estranho, quero morrer só de pensar nele me traindo, por fim sentamos numa mesa, ele pede uma cerveja e eu peço água.

— Não vai beber — ele me pergunta casualmente.

— Não — sou muito fraco pra bebida, não posso anuviar minha mente — amor, resolvi o negócio do salão, consegui reservar nosso salão pra nossa data — digo afim de aliviar o clima entre a gente só até ele começa a chorar sme motivo algum.

— O que aconteceu amor? — Meu coração vai sair pela boca.

— Eu quero um tempo, Rubens — sua voz ecoa dentro de mim.

— Que isso Mariano, mané tempo macho — minha voz quase falha lhe respondendo.

— Não está dando certo, você não me dá atenção — ele repete as ditas palavras que li mais cedo.

— Amor eu te amo.

— Esse tempo vai ser bom pra nós dois — ele insiste na ideia do tempo.

— Mariano não faz isso por favor, vamos casar.

— Eu saiu com outro cara Rubens — meu peito arde — eu só sai, não fiz nada não consegui, mas a questão é que marquei um encontro com um cara que era você.

— Tudo bem amor, podemos superar isso.

— Eu queria Rubens, eu queria ter transado com ele, eu queria que você você me desejasse como ele me desejou hoje, acabei de te dizer tudo sai com outro cara e você nem liga — estou confuso.

— Eu ligo, mas te amo meu amor.

— Não Rubens o que você sente por mim é comodismo, precisamos desse tempo pra entender nossos sentimentos um pelo outro.

— Mas o casamento? — Estou atordoado.

— Não precisamos decidir nada agora, mas preciso me afastar de você agora Rubens, ou vou fazer merda, não quero te trair, mas preciso saber que você, me quer de verdade.

— O que isso significa, como vou te provar qualquer coisa longe de você? — Esse problema parece algo que não vou conseguir resolver em poucos minutos.

— Vamos dar esse tempo um pro outro por favor — não sei o que dizer, não quero perdê-lo, porém sinto até precisar agora só vai nos afastar ainda mais.

— Tudo bem, se é o que você quer — entre suas lágrimas vejo um sentimento que não consigo decifrar.

Voltei pra casa usando carro de aplicativo, no caminho sinto um grande vazio, toda minha rotina gira em torno dele, o que vou fazer sem Mariano? Não consigo pensar em nada, pelo resto da semana me enfio no trabalho fazendo mais hora extra, fico todos os dias esperando por uma chamada sua, mas não tenho contado — isso é o pior, não poder mandar mensagem e nem chamar ele para fazer nada, por outro lado ele pode ter razão numa coisa, posso está acomodado.

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Comentários

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Bem interessante, vou acompanhar essa nova história

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Adorei mais um conto seu, Rafa! E concordo, vamos passar raiva junto do Rubens, até a gente se apaixonar e torcer por ele heheh

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Será que o Rubens vai se envolver com o Mauro do conto anterior ? Seria interessante!

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Opa, esse é um novo projeto, mas posso adiantar até ainda existe uma ideia pra continuação da saga Me leva.

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Entendi, é pq vc normalmente sempre faz uma "continuação" com algum personagem de outros contos seus, como a inclusão do Francisco no final do conto anterior.

Tenho certeza que esse será tão bom ou até melhor do que o anterior !

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O que será que vem por aí? Porque Rubens parece linear demais mas tem muitas pontas... alguma coisa muito louca vai rolar... e isso do Ben ter desejado falar e não ter dito nada, que segredo o irmão esconde?

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Para esse projeto eu tô pensando em fazer algo meio diferente do que venho fazendo, aqui quero contar essa história pela perspectiva dos dois protagonistas do Rubens e do que será apresentado em breve.

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Queria fazer um comentário, não é uma crítica, mas um comentário humorado, oa protagonistas das suas histórias quase sempre me dão raiva por serem babacas, com exceção de Dan e Cícero e alguns outros, mas esse Rubens é um babaca! kkkkkk

Parace ser uma história interessante !!

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Você pegou ranço real do Ricardo né, mas não julgo eu sou assim também quando pego ranço é foda.

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Sim, mas o conto mostrou que ele tem bom coração, porém ele é muito narcisista,dle só pensa nele, ao meu ver, não soube dar valor de verdade aos amigos que tinha.

Seus contos são muito bons, eles me fazer me colocar no lugar dos personagens!!

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