Narrado pelo Padre
A água gelada do tanque batia na minha pele, fria como um castigo de Deus, mas não apagava o fogo que ardia dentro de mim. O pátio, logo ali, ainda gritava o que aconteceu: o detetive de joelhos, a boca faminta me engolindo, a porra jorrando, sujando a terra, a batina, a alma. Esfregava o sabão com força, querendo arrancar os rastros — saliva seca, gozo grudado nas coxas, suor fedendo a pecado. Cada passada era uma reza muda, implorando perdão, mas meu corpo traía. A vara endurecia sob os dedos, pulsando, viva com memórias que eu não controlava. E não era só Raul. Era Gabriel também — a boca quente na sacristia, os olhos famintos que faziam minha fé desabar.
A culpa rasgava o peito, como se Deus cravasse um espinho em mim. Como eu pude? Como deixei aquele homem me profanar ali, onde a cruz, mesmo coberta de poeira, ainda me julgava? Pensar em Gabriel, escondido no corredor, talvez vendo tudo, era pior que qualquer sermão. Se ele viu — a batina levantada, minha vara exposta, o prazer arrancado à força — o que sobrava de mim? A vergonha queimava, misturada a um tesão sujo que fazia o sangue ferver. A água caía, mas não levava o peso. Nu, sob o céu escuro, o tanque era meu confessionário, e eu, uma oferta que não merecia perdão.
Minha cabeça girava, quebrada em pedaços. A cena voltava como um chicote: Raul se ajoelhando, o olhar de domínio disfarçado de devoção, a língua quente e bruta marcando território. Não era asco o que me corroía — era a lembrança do prazer que me fez jorrar sem pensar, sem rezar, sem freio. Por que minhas pernas tremeram? Por que gozei como se esperasse aquilo? A fé, que antes guiava, agora era só um vulto, afogada na carne que pulsava, quente, sob a água fria do tanque.
Pior era pensar em Gabriel. O seminarista, com aquela entrega que misturava pureza e pecado, merecia um guia — não um fraco que se deixava ajoelhar por um bruto feito Raul. E se ele viu tudo? A imagem era uma lâmina cravada fundo. E se não viu? Pior ainda: e se Raul, com a arma brilhando na cintura, a dica sobre o Bar do Zé, já estivesse seduzindo, puxando ele pro mesmo buraco onde me enterrei? O medo não vinha só do revólver. Vinha do que aquele canalha sabia. Do jeito que fuçava minhas rachaduras. Um lobo que farejava pecado e arrancava a máscara da batina sem piedade.
A água caía nos ombros, escorrendo pelo peito, mas não levava nada. Os dedos, ainda fechando em torno do sabão, hesitaram. Desceram, lentos, roçando a vara, que respondeu, pulsando firme, teimosa. Um grunhido escapou. Gabriel vinha à mente como um vício: a boca quente, engolindo com fé, com fome, na sacristia. Raul era sombra, domínio bruto. Gabriel, luz — mesmo suja. Mas os dois acendiam o mesmo inferno. E era Gabriel, nu na memória, deitado, esperando, que fazia o corpo tremer, a carne endurecer, implorar.
A paranoia apertava junto com o tesão. Qualquer ruído — galho estalando, vento nos andaimes da reforma — fazia o coração disparar. E se Raul ainda rondava, dedo na arma? E se Gabriel, curioso ou ferido, aparecesse ali? Ser flagrado, nu, com a vara dura, era tanto ameaça quanto fantasia. O peito esmagava, a respiração engasgava, e a água escorrendo não apagava o incêndio. A fé se calava, ruída. Mas o desejo de proteger Gabriel, de não perdê-lo, de arrancá-lo das mãos daquele predador, falava mais alto. Mesmo que pra isso eu tivesse que me mostrar fraco. Nu como a carne sob o céu.
A espuma escorria entre os dedos, misturada aos restos do que não dava mais pra esconder. Tentei rezar, mas as palavras afogaram num rosnado rouco que subia do peito — primitivo, desesperado. Ali, no tanque, não havia perdão, só o que me queimava: Gabriel no corpo, Raul na mente, e uma fé que calava, esmagada entre os dois. Quando a água parou, o pecado ainda estava colado na pele. Não dava mais pra esperar. Eu precisava encontrá-lo. Saber se tinha visto. Proteger, mesmo que fosse tarde demais.
O corredor até o quarto dele era um castigo. Cada passo afundava mais fundo a alma. Vesti a camisa às pressas, o pano colando na pele molhada, cheirando a suor e culpa — tudo que a água não levou. O coração batia descompassado, ecoando a imagem que martelava sem trégua: Raul, ajoelhado no pátio, a boca engolindo meu gozo como se fosse bênção. Mas era Gabriel que doía. E se aquela pureza, aquela entrega, tivesse rachado por minha causa? O medo queimava mais que o desejo que ainda ardia na carne.
A porta do quarto apareceu, madeira velha, um portal pro céu ou pro abismo. Meus dedos tocaram a maçaneta, o metal frio lembrando a vocação que eu traía. A respiração encurtava, o peito apertando, enquanto a cena da sacristia vinha à mente: a boca de Gabriel, macia, chupando com uma fome que derrubava o céu. Raul e Gabriel me incendiavam, e minha vara, traiçoeira, endurecia na calça, latejando com um desejo que a culpa não matava. Tarde demais. A carne mandava.
Um som abafado veio de dentro — uma respiração pesada, talvez a cama mexendo. Gabriel estava ali, tão perto, tão frágil. Meus dedos tremeram na maçaneta.
Queria dizer que sentia muito, mas será mesmo? Por tudo? Queria pedir perdão por ceder a Raul, por querer Gabriel com uma fome que rasgava a fé. A respiração lá dentro parou, ou era minha mente, febril, inventando silêncios. Minha vara pulsava, o corpo traindo com um calor que subia. Já conseguia vê-lo, nu, deitado, os olhos implorando, era uma tentação que dobrava os joelhos. Queria entrar, tocar, confessar, mas a culpa segurava, um espinho que cortava fundo.
— Precisamos conversar. — sussurrei, rouco, as palavras sumindo no ar. Só o silêncio respondeu, pesado, misturado ao cheiro de incenso e poeira do corredor, e a sacristia me chamou, um lugar pra encarar a verdade, já que o quarto de Gabriel não estaria disponível naquela noite.
Voltei pra sacristia, a camisa, úmida de suor, agora colava na carne, cada movimento trazendo tudo o que acontecera durante o dia. Meus dedos ajeitaram o colarinho, querendo a compostura que a fé pedia, mas meu coração batia descontrolado. Gabriel, talvez acordado no quarto, com ciúme ou dor, era um fogo que queimava mais que o tesão pulsando em mim.
Um som quebrou o silêncio — passos leves, a porta rangendo. Gabriel apareceu, a silhueta na luz fraca, os olhos brilhando com curiosidade e algo mais escuro, mais perigoso. Minha respiração encurtou, o peito apertando, enquanto a sacristia me relembrava: a boca macia dele, chupando com devoção, arrancando suspiros com facilidade. Minha vara, dura, latejava na calça, faminta, sem vergonha.
— Por que veio? — perguntei, a voz rouca, cheia de medo e tesão, meus dedos agarrando a mesa pra me segurar. Gabriel avançou, o rosto sombreado, a respiração pesada mostrando inquietação.
— Não conseguia dormir — disse, a voz baixa, os olhos fugindo, escondendo algo. A desconfiança cortou, afiada. Será realmente que ele viu?
— Estava no corredor... antes? — joguei, vago, testando, cada palavra um passo pro abismo.
— Não. — Gabriel negou, rápido, os olhos no chão, a mentira flutuando como fumaça. Meu peito apertou, a dúvida rasgando. Mentia pra quê? Pra se proteger? Ou por algo pior?
Soltei a mesa, dei um passo, o calor do corpo dele tão perto, o cheiro limpo invadindo tudo.
— Não minta. — sussurrei, a voz falhando, metade ordem, metade súplica.
Gabriel levantou o rosto, os olhos faiscando, e tocou meu braço, um toque leve que queimou como fogo.
— Não vi nada. — insistiu, a voz firme, mas os dedos tremiam, apertando, como se precisassem de mim.
— Se viu, me perdoe. — escapou, baixo, as palavras frágeis, meu peito nu como a carne sob a camisa.
Ele hesitou, os dedos subindo pro ombro, o calor do toque acendendo um fogo que a fé não apagava.
— Não tem o que perdoar. — disse, a voz suave, mas os olhos brilhavam com ciúme, curiosidade, fome. Estávamos perto demais, os corpos quase colados, a respiração pesada, misturada, no ar cheio de incenso. Minha vara latejava, o tesão rasgando a culpa.
A mesa da sacristia, cheia de pecados antigos, parecia pulsar com a tensão. Os dedos dele apertaram mais, o rosto tão perto que o calor da pele me chamava. Queria puxá-lo, beijar, confessar tudo, mas a culpa segurava.
— Você não entende o perigo. — murmurei, rouco, os olhos presos nos dele, caçando a verdade. Gabriel não recuou, o toque firme, o corpo quente, mostrando intenções que ele não dizia.
Nossa proximidade estava tão mínima que o aroma dele — suor quente, pele crua, desejo puro — tomava meus sentidos, apagando qualquer outro mundo. A roupa grudava na pele, molhada, cada roçar trazendo mil pensamentos profanos para com ele. Ali, com Gabriel, o tesão era um animal solto, devorando qualquer sombra de culpa.
— Já caí antes. — murmurei, a voz rouca, rasgando a garganta como uma confissão no fogo. As mãos agarraram a mesa, buscando um resto de controle, mas o desejo queimava, o sangue um rio de lava. Gabriel não recuou. O rosto, tão perto, brilhava com suor, e seus dedos rasgaram a camisa, botões voando, meu peito nu exposto.
— Não me importa. — rosnou, a voz cheia de posse, os olhos gritando que me queria inteiro.
As mãos, tremendo de tesão, subiram à nuca dele, dedos cravando na pele, sentindo o pulso disparado. O desejo mandava, a vara latejando, o corpo implorando por ele. Queria rasgar a camisa, lamber a pele, me afogar naquele calor.
— Você não sabe quem ele é. — sussurrei, os olhos travados nos dele, caçando a verdade por trás da mentira que ele jogou. Ele respondeu com um grunhido, dedos arrancando o resto da camisa, o corpo colando no meu, a respiração quente na minha cara.
— Já disse que não dou a mínima. — rosnou, os olhos brilhando com ciúme, algo perigoso, como se quisesse apagar Raul de mim. A dúvida sobre a mentira cortava, mas o desejo era um trovão.
O espaço sumiu. O peito de Gabriel esmagou o meu, o calor da pele dele atravessando a minha, um inferno que a sacristia não continha. Minhas mãos voaram pra cintura dele, rasgando a camisa, botões caindo no chão, a pele quente sob os dedos, músculos tensos pulsando com vida.
Minha vara, dura, roçava a calça dele, cada pulsar um grito silencioso. E então, seus olhos, antes brilhando de ciúmes, endureceram, faiscando com uma fome selvagem, como se quisesse provar que eu era só dele.
Me empurrou contra a mesa, a madeira dura cravando nas costas, e caiu de joelhos, a respiração quente na minha vara antes mesmo de abrir a calça. Os dedos dele rasgaram o zíper, a rola saltando, livre, pulsando no ar. A boca veio, faminta, engolindo tudo num movimento brusco, a língua grossa, quente, lambendo cada veia, cada centímetro, como se quisesse devorar não só a carne, mas a alma.
O calor molhado me envolveu, os lábios apertando, sugando com uma força que arrancou um rosnado profundo do peito. Ele não parava, a língua descendo, lambendo as bolas, chupando com uma gula que fazia o corpo tremer, o nariz roçando a virilha, o cheiro do meu tesão se misturando ao dele.
E então, num movimento que me pegou desprevenido, me empurrou pra cima da mesa, jogando minhas pernas pra cima, e a língua deslizou mais baixo, roçando meu ânus, quente, atrevida, forçando entrada. O prazer explodiu, pernas tremendo, corpo espalhado sobre a madeira, enquanto ele lambia, chupava, devorava, como se quisesse me possuir por inteiro.
— Gabriel... — gemi, a voz quebrada, mas ele não ouvia, os dedos subindo, molhados com uma saliva espessa que ele cuspiu na mão, roçando meu orifício peludo, abrindo caminho. Um dedo entrou, lento, firme, o calor queimando, o corpo cedendo sem resistência.
O prazer era novo, uma onda crua que apagava qualquer pensamento. Ele sabia o que fazia, imitando a posse de Raul, mas com algo mais — uma entrega que Raul nunca teria, um desejo de me redimir, de me fazer só dele.
Outro dedo veio, esticando, preparando, enquanto a boca voltava pra vara, engolindo fundo, os gemidos dele vibrando na minha carne. O corpo traía, se abrindo, querendo mais, e percebi, num flash, que ceder assim era dar a Gabriel o que Raul jamais tocaria: não só o corpo, mas a alma, inteira, nua, rendida.
A mesa rangeu quando ele se levantou, os olhos ainda selvagens, famintos, a camisa rasgada pendendo nos ombros, seu pau duro, brilhando na luz fraca. Me virou, peito contra a madeira, o calor do corpo dele nas minhas costas, a respiração pesada no ouvido.
— Você é meu. — rosnou, a voz cheia de posse, ciúme, poder, como se estivesse tomando de Raul a minha posse.
A vara dele roçou minha entrada, quente, grossa, pulsando, sem lubrificação além da saliva espessa que ele cuspiu na mão e esfregou nela. O corpo, já aberto, tremia de tesão.
Entrou em mim, lento, firme, a carne virgem se rasgando, o calor seco da vara me invadindo, uma sensação nova, crua, que misturava dor aguda e prazer visceral. Cada centímetro era um incêndio, os pelos roçando a vara dele, o atrito quente, quase insuportável, mas delicioso, como se o corpo se moldasse pra ele, aceitando, desejando, se rendendo.
Deslizava, entrando e saindo, o ritmo lento no início, cada movimento um trovão que fazia o buraco pulsar, o calor seco se misturando ao suor que pingava dos nossos corpos. A dor inicial se dissolveu num prazer que subia em ondas, o que era virgem se abrindo, apertando toda a sua extensão, como se quisesse segurá-lo dentro.
A madeira da mesa cravava nas costelas, mas o prazer era maior, o corpo arqueando, as pernas tremendo, enquanto ele gemia, os braços me envolvendo, os dentes cravando no ombro, marcando a pele com mordidas que sangravam tesão. Cada estocada era mais funda, mais rápida, o som dos corpos batendo ecoando na sacristia, o suor escorrendo, o cheiro de sexo preenchendo o ar. A mente girava, fragmentada, mas não havia culpa, só liberdade, uma entrega total que me fazia vivo, inteiro, dele.
— Mais fundo... assim... — ousei guiá-lo, mesmo rendido, enquanto ele aprendia, o corpo dele tremendo de inexperiência, mas faminto, precisando me marcar como seu.
Minha vara pulsava contra a mesa, o ânus apertando sua rola, cada movimento um laço que nos prendia. Gabriel nunca penetrou, eu nunca fui penetrado, mas ali, éramos um, iguais, entregues, sem medo.
O prazer subia, uma onda que ameaçava me engolir, a meu pau dando sinal, inchando, pronto pra jorrar, mas Gabriel, com a voz doce do velho seminarista submisso voltando, leve, quase implorando, sussurrou em meu ouvido:
— Não goze agora... por favor... sua porra é minha... dentro de mim... — O tom, tão vulnerável e, ainda assim, comandante, me deixou louco, o tesão explodindo, mas obedeci, me controlando, planejando dar a ele o que me pedira, querendo ser dele de todas as formas.
Ele me virou de volta, peito contra peito, e me deitou de barriga pra cima sobre a mesa, as pernas erguidas, o anel exposto, peludo, ainda pulsando do atrito seco. A vara dele entrou de novo, o calor me rasgando outra vez, me abrindo cada vez mais.
O ritmo agora crescia, os gemidos dele virando urros, o corpo tenso, a vara inchando dentro de mim, pulsando com uma força que parecia me preencher até a alma. O atrito deixava de ser seco e tornava cada movimento mais intenso. Contraí meu cu, apertando, o prazer subindo em espasmos que faziam o corpo tremer, a mente se dissolver. Os olhos dele, cravados nos meus, brilhavam com posse, com amor, com a certeza de que eu era dele, não de Raul, nunca de Raul.
E então, ele gozou, um urro de alfa dominador rasgando a sacristia, algo que nunca imaginaria vir dele. Os jatos quentes esguichando minhas entranhas, enchendo o que já estava largo, cada pulsar uma marca que me fazia seu. O calor da porra dele me inundava, escorrendo dentro, tudo pulsando, apertando, como se quisesse guardar cada gota.
O prazer me levou ao limite, a minha rola inchada, pulsando contra o peito dele, mas segurei, obedecendo ao pedido, o corpo tremendo, colado ao dele, enquanto o mundo sumia. Naquele instante, um trato silencioso se formou. Gabriel era meu dono, e eu, dele, iguais, um do outro. A sacristia, testemunha, guardava nosso segredo, e o poder dele sobre mim, sobre Raul, brilhava nos olhos que me encaravam, famintos, completos.