- Irmãos, eu preciso alertá-los. O diabo está ao nosso redor tentando nos fazer cair. - Numa igreja neopentecostal num bairro periférico da cidade, pastor Carlos conduz sua pregação. - Não pensem que ele vai aparecer vermelho, chifrudo e com cauda, se não vocês correriam dele. Ele vai aparecer como uma coisa bela, inocente, e você vai dando vazão pra ele entrar na sua vida.
Uma plateia atenta acompanha cada palavra concordando com a advertência. Pastor Carlos agora tem 28 anos e é um jovem pastor promissor naquela instituição religiosa. Aos 22 largou a "vida errada", substituiu os amigos antigos, as bebedeiras, as farras, as mulheres por algo maior. Na instituição se interessou por ser pastor e foi galgando espaços até conseguir. Solteiro ele conduz os cultos quando o pastor não está por algum motivo. Aquele culto de quarta-feira era importante, a pregação deixaria marcas, impressionaria os fiéis e seus superiores na igreja.
Com o pastor principal fora ele virava a autoridade principal da igreja naquelas horas. Depois do culto conduziu a reunião exclusiva para os obreiros, membros da religião mais graduados que se voluntariavam e trabalhavam nos cultos. Os rostos ali eram todos conhecidos pra ele, gente que estava todo dia naquela igreja, assim como ele. Mas um rosto te chamou atenção. Era uma ruiva. Uma belíssima ruiva de uns vinte e poucos anos. Que ele nunca tinha visto ali.
- Quem é você? Nunca te vi? - Perguntou se dirigindo a ruiva, no meio da reunião de obreiros, em tom autoritário.
- Pastor, sou Verônica Véspera. Sou obreira da sede regional. Vim morar nesse bairro e me transferiram pra cá. Eu tenho uma carta.
Carlos se satisfez com a resposta. Manteve o tom pastoral, mostrou seriedade com os assuntos da instituição mostrando preocupação de uma infiltrada onde não deveria estar e... soube como a bela ruiva se chamava.
Os dias se passaram e a bela obreira Verônica Véspera encantava os olhos de todos. Inclusive claro do pastor Carlos, que se interessava cada vez mais na obreira recém-chegada. Além de bonita a obreira era muito dedicada, evangelizava na porta da igreja todos os dias de manhã, no fim da tarde reaparecia para trabalhar nos cultos principais. Estava sempre com a Bíblia na mão e achava os versículos bíblicos no livro com a facilidade de quem manuseava o livro sagrado todos os dias. Ela encontrava passagens em Sofonias com a mesma facilidade que abria a Bíblia no Salmo 23. Nos cultos de sexta-feira era uma das mais fervorosas nos exorcismos, um verdadeiro terror para os demônios que se manifestavam ali sempre naquele dia da semana.
No fim de cada dia, depois dos cultos pastor Carlos tinha aquele alívio secreto. A aba anônima do Firefox rumava para o XVideos. Desde a chegada de Verônica suas buscas por Faye Reagan superaram de longe as da Lana Rhoades. E as outras buscas: "ruiva colegial", "ruiva enfermeira", "menage ruiva", "ruiva policial".
Sem trocar uma palavra com a obreira, Veronica Véspera entrava no coração e na mente do Pastor Carlos. Começou a sondar, ela realmente tinha uma carta de transferência para a sua igreja vindo da sede regional da instituição, redes sociais super discretas, com mais mensagens religiosas do que fotos. E as fotos também discretas. E o mais importante ele encontrou no "Instagram": "A procura de um homem de Deus para ser meu esposo". Era tudo o que pastor Carlos queria e precisava saber. Faltava a ocasião. E a coragem.
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Um belo dia ensolarado, em um raro dia que tirava folga do trabalho pastoral Carlos estava no supermercado. No estacionamento a reconheceu de cara, primeira vez que a via sem um uniforme de obreira ou sem uma Bíblia na mão. Verônica Véspera desajeitadamente transferia as compras do carrinho para o porta-malas de um celta vermelho.
- Olá obreira, posso ajudar.
- Ah.... oi pastor.- disse um pouco encabulada vendo uma autoridade eclesiástica- Poxa, por favor, estou sem nada em casa, fiz essa compra das grandes.
No carrinho muita comida de verdade, variedade de proteínas, legumes, ingredientes. Nada de junk food ou refrigerantes.
- Pelo jeito você se alimenta muito bem. - disse Carlos.
- Nossa pastor, eu adoro cozinhar, e não como besteira, nunca. Nosso corpo é o templo do Espírito Santo.
Carlos interpretou aquilo como um sinal do próprio Deus, Verônica Véspera era a esposa perfeita pra ele.
Ao terminar de carregar as compras se despediram, só que Verônica deu uma ré no carro que quase acertou o carro de trás.
- Cuidado! - disse Carlos.
- Ah pastor, eu sou péssima. Me ajuda a tirar o carro daqui, pior que lá no prédio a vaga também é apertadíssima, não sei como vou entrar.
Pastor Carlos interpretou como mais um sinal dos céus, se prontificou a não só manobrar o carro mas ir até o prédio de Verônica Véspera para garantir que nenhum acidente aconteceria numa vaga pequena.
Ela morava num prédio próximo e, realmente, desde o portão até as vagas do prédio eram apertados, um desafio para quem não tinha muita familiaridade com um volante.
- Bom, já que estou aqui acho que devo te ajudar a subir com as compras. - se voluntariou Carlos.
- Poxa pastor, seria ótimo. Eu ainda tenho que separar, limpar e guardar tudo isso.
Carlos transferiu as coisas para o carrinho do prédio e subiu com Verônica até o apartamento pelo elevador. O apartamento era modesto mas confortável, alguns objetos religiosos e chamava a atenção muitas fotos dela mesma e nenhuma de parentes. Mas isso demonstrava que Verônica Véspera morava ali sozinha.
- O senhor gostaria que eu passasse um café pra gente pastor? Como agradecimento?
- Claro que sim.
Carlos viu como uma oportunidade de conhecer melhor a obreira, seu interesse romântico naquele momento.
Verônica passou o café a moda antiga, num coador de pano. Ela ofereceu adoçá-lo mas Carlos preferiu tomar ele sem açúcar, o sabor e o cheiro do café lhe parecia muito bom.
- Eu gostaria de saber mais sobre você - disse Carlos.
- Sobre mim pastor? O que quer saber?
- Você apareceu do nada na igreja? Ninguém sabe nada pessoal sobre você? Sei lá, curiosidade. Você é meio, misteriosa.
- Verdade pastor, eu não me abro muito, não sou de muitos amigos, sou muito dedicada a minha missão.
Os olhos de Carlos brilharam.
- E o senhor pastor? O que pode me contar sobre você?
Carlos gostou de ouvir que a obreira ruiva tinha algum interesse em saber sobre ele.
- Bom, você me vê todos os dias, sou pastor, prego na igreja.
- Sim, e gosta muito de ruivas né?! - disse Verônica Véspera, assertiva.
- Oi?!
- O senhor gosta muito de ruivas. Depois do culto, antes de dormir, você vê aqueles vídeos no computador - disse Verônica.
Um arrepio tomou conta de Carlos, algo estava errado... muito errado.
- Do que você está falando obreira?! Que conversa é essa?
- Pastor, uma pergunta. Se o diabo aparecesse diante dos seus olhos, o senhor o reconheceria?
- Acredito que sim, eles se manifestam na igreja, você mesmo faz muitos exorcismos...
- "O diabo não vai aparecer na frente de vocês vermelho, chifrudo e com cauda, se não vocês correriam dele. Ele vai aparecer como uma coisa bela, inocente, e você vai dando vazão pra ele entrar na sua vida."
Verônica Véspera se sentou do lado de Carlos e sussurrou em seu ouvido.
- Ei pastor... eu acho que você falhou em reconhecer seu inimigo hein.
Carlos se levantou assustado.
- Que maluquice é essa obreira?!
- O senhor começou a gostar de ruivas no momento em que pois os olhos em mim né pastor. Toda noite o senhor vê Xvideos ruiva colegial, ruiva enfermeira, ruiva isso, ruiva aquilo...
- Como você sabe disso?
- Porque estou lá, mas lá o senhor não me vê. - respondeu Verônica.
- Você está me dizendo que você é um demônio.
- Sim, me chamo Véspera. Verônica é um nome pra disfarçar. Minha missão é levar homens como você a cair na tentação do pecado.
- Isso é loucura!
Véspera se levanta e estala os dedos, o ambiente do apartamento se transforma completamente. Os itens religiosos se transformam em cruzes de cabeças pra baixo, abajur se transforma em velas pretas. O ambiente muda sinistramente diante dos olhos de Carlos.
Véspera estala os dedos mais uma vez e suas roupas transmutam imediatamente para um elegante e ao mesmo tempo sexy traje colegial.
- Deixa eu ver se eu lembro... como é mesmo... "ah professor, o senhor me deu uma nota baixa mas eu preciso tirar A, eu faço qualquer coisa".
Os olhos de Carlos eram de puro horror. Véspera gargalhava. E estalou os dedos mais uma vez. Sua roupa se transmutou em um uniforme policial.
- Você gosta de ruivas em uniformes. "você é um bandido muito mal, vou te punir". -disse Véspera caindo na gargalhada mais uma vez, rindo dos fetiches que o pastor via escondido no computador.
Véspera estalou o dedo mais uma vez, se transformando numa enfermeira muito sexy.
- Mas esse fetiche aqui você realmente gosta pastor. E confesso que é um fetiche delicioso. Confesse que estou linda nesse uniforme de enfermeira.
- Eu te repreendo demônio! Está amarrado!!
- O senhor sabe muito bem que há castas e castas. - disse Véspera com desdém - e pra minha isso não funciona. Além disso o senhor que entrou no meu covil.
- Não é possível, esse café que você me deu tem algum veneno.
- Veneno! - disse Véspera a gargalhadas. - O veneno meu caro sempre esteve dentro de você.
Véspera caminha sensualmente até a porta do apartamento e a abre.
- O pastor sabe o que deve fazer. Estou te dando a chance de fugir das minhas garras, se puder.
Carlos sabia o que devia fazer. Era o que ele pregava o tempo todo. Correr, resistir ao diabo, jejuar, clamar por misericórdia. Mas ali, parado na sala daquele apartamento tomado por um ar sobrenatural, seu corpo parecia traí-lo. A boca seca, o coração acelerado, o suor descendo pela nuca. Não era medo. Era desejo. Um desejo encharcado de culpa.
Véspera começa a desabotoar lentamente o uniforme de enfermeira, os olhos fixos nele, um sorriso nos lábios vermelhos.
- O senhor não vai correr, né, pastor? - disse com uma voz que misturava doçura e malícia. - Já pecou mil vezes comigo no pensamento. Só está faltando me tocar.
Carlos sentiu o estômago revirar. O pecado estava ali, encarnado, de joelhos prontos a destruir sua vocação, sua fé, sua reputação. Mas ele já não era só pastor. Era um homem. E ela, uma tentação perfeita. Aquilo que ele sempre quis, escondido, negado, enterrado sob camadas de piedade e Bíblia.
- Isso não é certo... - murmurou ele, como se quisesse convencer a si mesmo.
- Mas é gostoso - respondeu Véspera, tirando o último botão do uniforme e deixando o tecido escorregar pelos ombros, revelando os seios perfeitamente proporcionais, firmes, com mamilos rosados que pareciam chamá-lo pelo nome.
Carlos deu um passo à frente. Ela não recuou. Pelo contrário, avançou também, colando o corpo ao dele.
- Você fala tanto sobre guerra espiritual, pastor... mas hoje a batalha vai ser aqui — sussurrou ela, levando a mão até o cinto dele e começando a desabotoar com calma.
- Isso é... isso é errado... - ele ainda tentou protestar.
- Isso é inevitável. - E o beijou.
Um beijo quente, profundo, que fez Carlos perder completamente o controle. Ele retribuiu com fúria, como quem queria apagar os anos de repressão num único gesto. Empurrou-a contra a parede, as mãos explorando o corpo que tantas vezes imaginou nos vídeos, nas fantasias. Agora era real. A ruiva, a colegial, a policial, a enfermeira — todas ali, em uma só mulher. Em Véspera.
Ela riu entre os beijos, como quem vencia uma aposta antiga. Seus dedos foram ao encontro do membro rígido de Carlos, o massageando com destreza e prazer cruel.
- Está vendo, pastor? Eu sou sua perdição. E você está adorando.
As roupas foram tiradas sem cerimônia. A Bíblia que estava sobre a estante caiu no chão. A cruz virou de cabeça pra baixo novamente. E Carlos caiu com ela sobre o sofá, o corpo nu contra o corpo dela, o cheiro de pecado no ar.
Carlos não lembrava como chegaram até o quarto. Talvez tenham se arrastado entre beijos, talvez tenha sido uma explosão. Só sabia que, quando se deu conta, Véspera já estava nua sobre ele, montada, os cabelos ruivos emoldurando um rosto em êxtase.
Ele gemeu alto quando ela o encaixou dentro de si com precisão. Era quente, apertada, molhada, há anos não sentia uma buceta e aquela era demoníacamente deliciosa. Os quadris dela começaram a rebolar com firmeza, com uma técnica de quem conhecia cada fibra do prazer masculino. Carlos agarrou os lençóis, o rosto contorcido, ofegando como um possesso.
- Meu Deus... - balbuciou ele, em agonia.
- Deus? - Véspera sorriu, maliciosa. — Agora, você é só meu.
Ela rebolava fundo, devagar, e depois subia e descia com força, numa dança infernal que fazia o corpo de Carlos vibrar. Ele tentou segurar, mas estava faminto demais. Anos sem tocar uma mulher. Anos se masturbando em silêncio, apagando o histórico. Aquilo era um banquete. Um mergulho no pecado.
Ela se inclinou sobre ele, sussurrando:
- Implora. Eu quero ouvir da sua boca santa o que você quer de mim.
- Eu... eu quero você. Não para. Nunca mais para...
Ela mordeu o lábio inferior dele e intensificou o ritmo. O corpo dele já não era mais seu. Arfava, suava, urrava. As mãos tremiam segurando a cintura dela, tentando acompanhar os movimentos mas falhando, completamente dominado.
Véspera o montava como se fosse sua montaria sagrada. Cavalgava com um sorriso demoníaco, os olhos fixos nele, olhos que pareciam saber mais do que deveriam.
Véspera deixou o pau de Carlos e começou a chupá-lo, um oral infernalmente delicioso que o fez gozar muito. Véspera sugou cada gota da sua porra, devorando como se engolisse sua essência. Véspera cravou as unhas no dorso de Carlos fazendo um arranhão profundo, o marcando.
- Agora você é meu pastor. Você me pertence.
Carlos adormeceu.
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Quando acordou Carlos percebeu que estava numa cama dentro de um apartamento completamente vazio. Véspera tinha movido seu covil para outro lugar, deixou seu corpo marcado como lembrança de que agora ele pertencia a ela. O que quer que isso significasse.
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Carlos voltou a sua atividade na igreja achando que aquilo não o afetaria. Verônica Véspera sumiu, tão rápido quanto apareceu. As pessoas comentavam sobre ela, da obreira amável e aguerrida que provavelmente se afastou, pois nunca mais foi vista na igreja. "Devemos vigiar, olha que até ela que era tão dedicada, deixou os caminhos do Senhor". Carlos ouvia essas conversas, mas não podia falar a ninguém o que sabia.
As pregações de Carlos eram protocolares, ele não tinha mais coragem de falar sobre combater demônio, batalha espiritual, mencionar isso o fazia lembrar de sua derrota, e o fazia lembrar de Véspera. Ele a desejava todos os dias. Suas buscas por ruivas no XVideos só aumentaram. Tentava reviver vendo os vídeos e se masturbando o sexo intenso que teve com um demônio sedutor.
Um dia Carlos foi chamado ao gabinete do pastor principal. O pastor comunicou seu afastamento. Quando perguntou o motivo o pastor mostrou a imagem de um print de um e-mail que ele tinha enviado ao bispo, sem querer ele deixou passar a guia aberta do XVideos dando provas de que sua conduta não era apropriada. A igreja era sua vida. Sua vida estava arruinada.
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Num fim de tarde ele passou pelo supermercado e se lembrou dela. O Celta vermelho entrou no estacionamento e foi estacionado numa vaga apertada entre dois carros com destreza e habilidade. Era ela, Véspera.
- Estava me procurando - disse Véspera.
- Você arruinou minha vida. Desde aquele dia eu só penso em você, sinto que a vida não tem mais graça sem você.
- Eu avisei quem eu era. Eu abri a porta. Você devia ter corrido de mim. Não me culpe por você ter caído em tentação.
- Eu realmente tinha escolha? Eu caí no dia que te vi a primeira vez.
Véspera gargalhou e sorriu deliciosamente para Carlos.
- Você disse que agora eu era seu? O que isso significa exatamente? - perguntou Carlos.
- Isso! Eu arruinei sua vida. Você devia ter corrido de mim. Devia estar correndo de mim agora. Você falhou.
Carlos se aproximou de Véspera, a abraçou e a desejou. Beijou-a apaixonadamente.
- E vai continuar falhando... falhando... falhando... falhando...