A Boceta de Pandora - Capítulo 1

Um conto erótico de Himerus
Categoria: Heterossexual
Contém 2370 palavras
Data: 26/04/2025 04:10:32
Última revisão: 26/04/2025 04:28:53

Acordei sentindo meu pau sendo chupado. Não conheço maneira melhor de começar o dia, relaxei, fechei os olhos e tentei me entregar as sensações do boquete.

Não foi fácil como deveria, minha atenção estava dividida, ao invés de focar nos estímulos que recebia tentava me lembrar quem era a deusa que chupava minha rola com tamanha competência. Entretanto, por mais que forçasse a memória não me lembrava. A noite anterior era um borrão, provavelmente induzido pelo álcool. Como último esforço tentei levantar a cabeça para admirar o trabalho bem feito de minha companheira de folguedos, o que se provou inútil pois a pouca luz não ajudava, o máximo que consegui ver foram seus longos cabelos negros. Conformado, relaxei e novamente me concentrei nas sensações.

E que sensações!

A garota tinha expertise na mamada! Não que eu seja exigente, um sommelier de boquetes, mas gosto de ser chupado. Infelizmente, ou felizmente, as dimensões do meu companheiro de batalha não facilitam a vida das mulheres que se animam a me dar prazer com a boca. A maioria fica restrita à glande, algumas conseguem abocanhar um pouco mais de um terço e raras conseguiram tê-lo inteiro na boca. A desconhecida era uma dessas raras engolidoras de espadas.

Ela sugava a chapeleta enquanto a lambia, engolindo o bruto até a base com bastante saliva, mas sem engasgar. Controlava a respiração com precisão cirúrgica. Utilizava os músculos da boca e garganta como torniquetes, pressionando o membro em diversos pontos simultaneamente. Desencaixava lentamente, usando os lábios para apertar cada centímetro.

Suas mãos massageavam minhas bolas, nunca tocando meu membro, tudo que fazia era com a boca. Beijava e lambia com paixão.

Eu estava extasiado, controlando para não gozar prolongando aquelas sensações únicas. No entanto, algo me perturbava: parecia que eu conseguia prever cada novo gesto carinhoso que ela faria. Quando ela mordiscou minha glande e empurrou o falo com o rosto em direção à minha barriga eu pensei que os próximos passos seriam beijar minhas bolas e lamber as veias que se destacavam. Dito e feito.

Demorou, mas a ficha caiu. Eu sabia quem tinha tal técnica!

Mas não era possível, nós não transamos há muitos anos. Eu estava imaginando coisas. Senti-a abocanhar meu pau e não consegui segurar, gozei lembrando do seu rosto. Ela sugou tudo, três jatos de muita porra. Não engoliu, cuspiu a porra de volta no meu pau e, como sempre gostou de fazer, esfregou o rosto se lambuzando toda. Deslizou por meu corpo e eu finalmente a vi. Linda, como desde a primeira vez que a vi, gostosa, como cada vez que fizemos amor, vagabunda como eu sempre gostei. Mas não era possível, ela não podia estar na minha cama. Assustado, olhei com mais cuidado, não tinha dúvidas, era ela. Fui tentar falar e não saiu som da minha boca, ela abriu um sorriso e começou a rir.

Acordei com meu coração batendo mais forte do que o repique de bateria de escola de samba na Sapucaí. Eu não sabia onde estava nem o que acontecia comigo. Acreditei estar infartando ou qualquer outro ataque fulminante desses que vemos nas séries médicas que fazem sucesso nas plataformas de streaming. Por um momento acreditei na iminência da minha morte.

Sentia muito frio. Desesperado, abri os olhos me orientar e encontrar um modo de me aquecer. Mas não adiantou, eu estava em um lugar fechado, escuro, sem iluminação, provavelmente um quarto de hotel, parecia um quarto de hotel, mas decorado de maneira lúgubre. Todas as paredes e móveis eram pretos, compondo um ambiente pouco acolhedor, absolutamente escuro. Não, estou exagerando, o ambiente não era completamente escuro, à minha direita uma fraca luz esverdeada me permitia vislumbrar porcamente os contornos do quarto. Para saber a fonte geradora de tal luz eu precisava virar o pescoço, mas estava com medo. Um quarto preto com uma luz esverdeada me atraindo só podia significar que morri e estava sendo atraído para o inferno. Sou corintiano, aquela luz verde não podia ser coisa boa...

Roguei proteção para São Jorge e tomei coragem. Olhei para o lado e vi a fonte de iluminação em cima da mesa de cabeceira: um rádio-relógio vintage marcando em luz verde 3:12 h. Meu nervosismo se transformou em risos, gargalhei a ponto de sentir dores no abdome. Meu surto foi interrompido por uma luz que iluminou meu lado esquerdo e uma pergunta:

- Do que você está rindo gato? Me conta para eu rir também!

Virei o rosto e vi uma linda morena de longos cabelos negros vestida como veio ao mundo.

- Ruth? – Perguntei. A garota fechou a cara.

- Puta merda Rodolfo, trepamos a noite toda e você não lembra meu nome. Meu nome é Carol seu babaca e pelo tanto que você gozou dou de dez a zero nessa tal de Ruth.

Em microssegundos meu cérebro fez as sinapses necessárias e eu me lembrei. Conheci Carol em uma recepção ontem, me encantei com sua beleza e acabamos na cama. Um pouco antes de dormir, já saciado por mais de quatro horas de sexo de primeira qualidade, reparei que Carol me lembrava Ruth. Sorri e apaguei. Com certeza o sonho foi consequência desse último pensamento e o pânico ao acordar era compreensível, Ruth deixou marcas profundas, muitas ainda não resolvidas.

Me desculpei com Carol. Provavelmente não vai ter bis, ela não gostou nada da troca de nomes e foi embora depois de uma ducha rápida. Despedimo-nos de longe, não trocamos contatos... Fiquei triste pela canalhice involuntária, mas, sendo sincero, gostei dela ter ido. Queria ficar sozinho.

Sem sono fui verificar meu celular. Várias mensagens não lidas, a maioria dos meus contatos na Rússia, uma do meu advogado e várias da Bruna. Não estava no pique de ler mensagens, deixei para depois. Entrei na minha caixa de e-mail e dois saltaram aos olhos: um da Débora outro da Sayaka. Também deixei para ler depois. Larguei o celular, ele não estava sendo útil em me distrair das lembranças que vieram à tona com o sonho. Minha história com Ruth, que eu julgava morta e enterrada, voltava para tirar meu sono e minha paz.

Eu já conheço o processo: quando as memórias dos anos com Ruth são despertadas, invadem meu cérebro como droga, deprimindo cada neurônio antes de serem eliminadas.

Ela teve meu amor e meu ódio, mas nunca minha indiferença. Mesmo agora, ao comparar minhas lembranças a uma droga é por saber que como na dependência química as recordações do meu tempo com Ruth são poderosas e devastadoras. Como um alcoólatra em recuperação que com plena consciência da química do seu vicio evita a primeira dose, eu sei que a química que me ligou a minha ex-esposa ganha vida com sonhos como o de hoje. Mais que um gatilho eles são minhas primeira dose.

O curioso nessa analogia é que sempre fui cético na ideia de uma química entre pessoas. Acreditava que era apenas uma justificativa pouco convincente da malandragem, seja masculina ou feminina. Usavam essa desculpa para justificar a falta de escrúpulos em trair seus cônjuges ou desrespeitar relacionamentos alheios. Faziam isso alegando um determinismo químico sexual, como se fosse superior ao compromisso jurídico-afetivo firmado com quem escolheram dividir a vida.

Não me entendam mal, apesar de minha descrença na famosa "química sexual", não sou um conservador, defensor da moral e dos bons costumes em prol da “família tradicional”, muito pelo contrário, sou um crítico da monogamia e da sua principal coluna de sustentação: a hipocrisia.

Partindo desse pressuposto a tal química é apenas uma desculpa hipócrita para aplacar a culpa por desejar algo diferente do que a coleira monogâmica impõe.

Eu até entendo o desespero monogâmico; aprendi cedo que o maior afrodisíaco é a curiosidade pelo desconhecido, pela novidade.

Como resistir à curiosidade pelo novo?

Os habitantes de Paris reconhecem a beleza de sua cidade, mas não compartilham do encanto dos turistas que a visitam pela primeira vez.

O mesmo acontece com os relacionamentos: não adianta o casal ser lindo e conhecer todas as posições do Kama Sutra; o tempo destrói o encantamento da fase de descobertas.

O novo se impõe com força.

No entanto, de maneira hipócrita, em nome de princípios morais ou religiosos, ou por medo da culpa, a maioria dos casais reprime seus desejos por relações sexuais fora do casamento. Aqueles que não resistem e "pulam a cerca" procuram justificar seus atos por ações ou omissões do cônjuge, ou pela famosa química irresistível.

Eu e Ruth nunca tivemos esse problema.

Desde a adolescência, sem ser puritano ou hipócrita, integro um grupo seleto que não segue os padrões sexuais convencionais. Nunca acreditei que a monogamia fosse a única possibilidade para um casal que se ama.

Fui casado com Ruth por dez anos e vivemos um relacionamento aberto. Sem estereótipos, eu e minha ex-esposa nunca fomos o típico casal liberal descrito nos contos eróticos, aqueles que fazem ménage, surubas ou troca de casais. Durante o namoro, tivemos algumas experiências coletivas. No entanto, após o casamento, percebemos a importância de construir uma vida sexual própria. Apesar de não acreditarmos na monogamia, queríamos evitar a contaminação dos nossos momentos com as futuras relações extraconjugais.

Até o nosso décimo aniversário, acreditei que nosso acordo funcionava. Éramos um casal feliz. Companheiros e cúmplices em tudo. Sem contar que tinhamos uma vida sexual plena.

Além dos encontros extracurriculares, em média transávamos umas quatro vezes por semana; poucas rapidinhas, gostávamos de intensidade.

Diferentemente da maioria das histórias de casais que abrem o relacionamento, contávamos raramente o que fazíamos em outras camas. Entendíamos que tal assunto não dizia respeito ao casal, era particular.

Eu explico. Muitos relacionamentos acabam porque o casal não entende que, por mais que se ame, são dois indivíduos diferentes. Na nossa leitura era fundamental preservar essa individualidade, respeitando o espaço um do outro. Assim como eu sabia que ela tinha amigas do Pilates que eu não conhecia, eu também sabia que ela saía com homens desconhecidos por mim.

Meu tesão por minha mulher vinha do nosso desejo mútuo, e não do conhecimento e controle de suas ações em outras camas.

Da mesma maneira, eu tinha amigas coloridas que ela não conhecia, mas respeitava.

Conversávamos ocasionalmente sobre nossas aventuras, na maioria das vezes quando aconteciam situações engraçadas. Um dos melhores exemplos foi quando um famoso ator global se mostrou minimamente dotado, precoce e com nojinho de fazer oral. Ela gargalhava enquanto contava, rimos até a barriga doer!

Claro que tínhamos regras. Nunca ter relações sem proteção; realizar uma série de exames a cada três meses; evitar envolvimentos com pessoas da nossa comunidade de conhecidos ou do ambiente de trabalho; resistir a ligações emocionais; e, por fim, não se envolver com pessoas comprometidas.

A última regra foi incorporada quando descobri que estava sendo vigiado por um detetive contratado pelo marido de uma de minhas amigas de foda.

Em dez anos, tanto eu quanto ela desrespeitamos as regras algumas vezes; faz parte, mas a consciência pesava e, rapidamente, voltávamos a respeitá-las.

Tínhamos plena confiança um no outro, de modo que confessar um deslize nunca foi motivo de crises.

Exceto por essa peculiaridade, nossa vida era convencional. Muito trabalho, jantares com bons amigos, cinema, teatro, almoço de domingo com meus pais ou com os dela e, pelo menos uma vez ao ano, uma grande viagem ao exterior.

Não menos importante eram nossos planos. Estávamos capitalizando para mudar definitivamente para os Estados Unidos. Sou programador e meu negócio desenvolveu alguns aplicativos para controle de qualidade na indústria de alimentos, alguns já utilizados por corporações americanas no Brasil. Minha ideia era transferir minha empresa para perto dos meus maiores clientes potenciais nos EUA.

Queríamos muito ter filhos, mas após assistirmos à morte por bala perdida da filha de um casal de amigos, decidimos que nossos filhos nasceriam e viveriam fora do Brasil.

Como todo casal, tínhamos desentendimentos, desencontros e frustrações, mas nada que uma boa conversa não resolvesse.

Sim, sei que éramos um casal raro, modelo para alguns e motivo de inveja para outros. Meu plano era envelhecer com ela; nunca cogitei uma separação, nem provisória.

Entretanto, o destino me pregou uma peça.

Oito anos atrás, quando tudo estava pronto para nossa mudança definitiva para os Estados Unidos, fomos atingidos por uma bomba: minha sogra estava com câncer.

Não tivemos escolha: eu deveria ir, Já tinha transferido minha empresa e precisava fazer o negócio rodar; ela tinha que ficar para cuidar da mãe.

Tentei argumentar. Ruth não era filha única. Eu já tinha trabalhado com Débora, irmã dela, e sabia que, como uma pessoa de grande caráter, ela não hesitaria em cuidar de sua mãe. Contudo, minha ideia não foi bem vista: a família a rejeitou sumariamente, pois sua irmã não mantinha contato a mais de cinco anos.

Tristes, mas conformados, preparamos uma despedida digna do nosso amor.

Na noite anterior à minha partida, preparamos nosso jantar, um ritual que vinha de antes do casamento, da época do namoro. Cozinhar era parte desse jogo erótico, tão importante quanto a escolha do vinho, os beijos, as passadas de mãos furtivas e as frases de duplo sentido. Foi em um desses jantares que trocamos o primeiro "eu te amo", que pedi sua mão, seus pés, seios, bunda e boceta em casamento.

Nossas melhores noites foram precedidas por um jantar preparado por nós, sem dúvida nossa primeira preliminar.

Com a comida pronta e a mesa arrumada, tomávamos banho. Eu saía do box primeiro, me enxugava, vestia uma cueca samba-canção, colocava a comida na mesa e acendia as velas. Por fim, apagava a luz da sala de jantar e me sentava para esperar a madame terminar de passar seus cremes, vestir uma calcinha sexy e se juntar a mim para nosso jantar quase naturista.

Nessa noite melancólica, repetimos cada detalhe do nosso ritual. Comemos pouco e fizemos amor com rara volúpia e entrega.

Eu não sabia, não tinha como saber, mas foi a última vez que fiz amor com minha esposa.

No dia seguinte, já dentro do avião, abalado pela perspectiva de meses longe do amor da minha vida, entrei em um túnel do tempo e relembrei cada momento de nossa história.

Continua.

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