Exatamente como ordenado por Victor antes de ir embora, Isabella chegou em casa, ligou o computador, abriu o chat e deixou seus contatos. Para sua surpresa, ele já havia deixado os seus para ela também.
Poucos minutos depois, Isabella ouviu seu celular apitar.
Abriu a mensagem: "Muito proveitoso o nosso jantar, vai ser um prazer enorme treinar você para que se torne a minha submissa perfeita. Mas a “brincadeira” só começa de verdade depois que você for oficialmente minha. Para isso, precisamos da assinatura do contrato e da entrega do seu “símbolo de pertencimento”, vamos dizer assim. Sem isso, não podemos seguir adiante."
Isabella sentiu um arrepio de antecipação na espinha, mas não teve tempo de pensar no assunto antes que chegasse outra mensagem: "Se ainda quiser ir a diante depois de ter uma noite para pensar no assunto, te espero na minha casa no sábado as dez da manhã, para descobrirmos o que o final de semana nos reserva. Traga uma bolsa com algumas roupas leves e confortáveis e uma sandália com o maior salto que tiver. Vou chamar um Uber para buscá-la, me passe o seu endereço por mensagem.".
Sem qualquer hesitação, Isabella respondeu a mensagem e foi para a cama em seguida mas demorou para pegar no sono pensando em como seria o seu final de semana.
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Conforme combinado, um Uber passou para buscá-la e ela já estava à espera com tudo pronto: separou em uma bolsa tudo o que podia precisar para um final de semana: as roupas escolhidas de acordo com as orientações de Victor, itens de higiene pessoal e o carregador de celular.
Como Victor tinha dito teriam que assinar um contrato e a entrega do tal símbolo de pertencimento, ela achou que a ocasião seria um pouco mais formal e pedia uma roupa um pouco mais requintada e optou por um vestido vinho que delineava seu corpo com perfeição, dando pistas de cada contorno, mas não deixando nada explícito demais nem vulgar.
O Uber a deixou na porta da casa de Victor e assim que ele abriu a porta e deu espaço para que entrasse, ela percebeu a iluminação discreta, como se o próprio ambiente quisesse se render à tensão elétrica entre os dois. Isabella estava de pé diante de Victor e havia uma ansiedade líquida em seu peito, pulsando com a expectativa do que viria.
Sua presença firme, os olhos fixos nela como se a despisse em silêncio. Nas mãos, um envelope preto selado com cera vermelha. Um gesto tão cerimonial quanto íntimo.
— Está pronta, Isabella? — A voz dele era baixa, carregada de poder e expectativa. Cada palavra vibrava como uma corrente elétrica na espinha dela. Seus dedos tremiam de expectativa quando ele estendeu o envelope e ela o abriu. Dentro, o contrato. Palavras impressas com precisão. Compromissos. Limites. Desejos. Ela leu cada linha, mesmo já conhecendo de cor.
Isabella o pegou com mãos ligeiramente trêmulas — não de medo, mas da importância daquele momento. Ao abrir o lacre, o cheiro do papel novo misturou-se ao perfume amadeirado que ele sempre usava. Ela retirou o contrato, leu cada cláusula com atenção, mesmo já tendo decorado todas das pesquisas que tinha feito na internet. Sentia cada palavra ressoar em seu corpo. Ali estavam os limites traçados, os direitos, os deveres e os desejos mais íntimos dos dois convertidos em um compromisso.
Quando pegou a caneta, hesitou por um segundo. Não por dúvida — mas por saber que aquele era o instante da travessia. Assinar aquele contrato não era apenas aceitar um novo papel. Era abandonar a ilusão de controle. Era despir a alma, não só o corpo. Era permitir que alguém a guiasse por territórios sombrios e sublimes da própria essência.
O som da caneta deslizando no papel foi quase uma música. Victor pegou o contrato, dobrou-o cuidadosamente e o guardou em uma pasta de couro escuro.
Quando respondeu, sua voz saiu firme, ainda que sussurrada:
— Estou. Nunca estive tão certa de algo.
Sentiu o coração disparar como se tivesse acabado de saltar de um penhasco. Mas não era queda livre e mortal — era entrega.
Victor estendeu a mão para a mesa de centro e pegou uma pequena caixa de veludo preto.
— Seu presente — disse. — O símbolo da sua escolha.
Isabella abriu a caixinha e ali estava: um colar de ouro fino e delicado com um pingente discreto de uma pedra âmbar. Não era apenas um acessório. Era um pacto e, ela entendeu que, exatamente por isso, ele havia escolhido um pingente relacionado à sua palavra de segurança. Dessa forma, ela seria sempre lembrada da importância do compromisso assumido entre eles.
Com mãos seguras, Victor prendeu o colar ao redor do pescoço dela. Os dedos dele roçaram sua nuca de leve fazendo com que se arrepiasse, mas com a precisão de quem marca território.
— A partir de agora, você me pertence e deve me chamar de Senhor — murmurou próximo seu ouvido, contra sua pele quente do pescoço.
Isabella fechou os olhos e sentiu o peso do pingente. Era mais leve do que esperava, mas carregava o peso exato da sua decisão.
Ela sorriu, com a alma em brasa, a cabeça a mil por hora e o corpo, surpreendentemente em silêncio, já inteiramente moldado àquele novo começo.
— Eu sou sua, Victor.
— Agora, você é minha — sussurrou ele, com os lábios agora tão próximos de sua nuca que ela sentiu o calor da respiração e o calor quase a fez se derreter por dentro.
— Eu sou sua, Victor. Por inteiro. — A voz dela saiu comovida, mas intensa. Havia certeza ali. E gratidão.
Ele deslizou os dedos pelo colar recém-colocado, tocando o pingente sobre o colo dela.
— Isso não é uma prisão, Isabella. É a chave. A chave para você se descobrir de formas que o mundo lá fora jamais entenderia. Comigo, você não finge. Você sente. Você vive. E eu guio cada passo.
Ela sentiu o coração acelerar. O corpo respondeu com calor. Não havia mais perguntas. Não havia mais máscaras.
Victor a puxou suavemente pela cintura. A boca dele encontrou a dela em um beijo lento, mas profundamente possessivo. Não era um beijo de boas-vindas. Era um selo de posse. Um ritual silencioso de pertencimento mútuo.