Eu insisti:
— Marshal, por favor, vamos embora. Para que armar confusão?
Meu marido renitente, teimara acusando o síndico de corrupto e sem vergonha, quando saíram da sala da administração o síndico e o policial que disse:
— Vi as imagens. Um casal praticando sexo na área de receio do condomínio. É evidente.
Meu marido, irritado parecendo um galinho de briga, questionou:
— Praticando sexo? Aonde? O que você viu?
— Uma loira, pagando, digamos, como dizer, … pagando um “blow job” para um rapaz novinho.
Na hora meu marido me olhou fulminante. Vermelha como um pimentão disse:
— Então, é um novinho, não é você amor. Vamos embora, deixe de confusão.
Nunca vi uma discussão acabar tão rápido. Até o policial ficou surpreso. Meu marido pegou na minha mão e saiu da administração marchando acelerado. Dali até nossa casa, batemos o recorde dos cem metros sem barreiras. Dava para sentir o cheiro de chifre queimando. Bastou entrarmos em casa, ele me olhava com uma ira transcendente. Levantou a mão para um tapa e eu disse:
— Se encostar eu chamo a polícia. Está aí mesmo. Se me agredir, peço medida protetiva e terá que sair desta casa. É o que deseja?
Ele parou com a mão no ar.
Marshal já foi forte, atualmente está em declínio acelerado, e precoce, ainda na meia idade. Ele despejou a raiva em palavras:
— Safada, vadia, sem-vergonha.
Sem perder a calma, eu disse:
— Quando eu reclamei que você dava mais atenção aos seus amigos do clube de caça do que à esposa, você disse, que eu precisava encontrar algo para me ocupar.
O corno estava tão indignado, que não conseguia falar. Apenas bufava, fervendo.
Continuei:
— Quando falei que você dava mais importância à política do que a necessidade de sua esposa, disse que eu era muito mimada, tinha tudo, não faltava nada. Eu disse que faltava.
Meu corno, a ponto de ter uma fissão nuclear nos cornes, tremia como se estivesse em choque. Eu continuei:
— Lembro que me disse novamente: “Arrume o que fazer, eu estou muito ocupado para ficar preocupado com dondoca mimada cheia de vontades”.
Eu lembrei a ele; Várias vezes havia me encontrado de banho tomado, cheirosa, lingerie sensual, e bonita, na cama. Ele apagou exausto de passar o dia em motociata com a turma dos terraplanistas. Eu disse:
— Aqui, a terra é redonda, o corpo tem curvas, necessidades e hormônios. Mas você alegou eu ter um condomínio inteiro, academia, piscina, quadras de tênis, vôlei, ciclovia, não era possível que não pudesse me divertir e queimar energia. Foi o que eu fiz. Achei como me ocupar.
Marshal, meio desesperado, disse já meio resignado:
— Mas Lika, vou ficar falado no condomínio! O corno da casa 43!
Percebi que ele estava mais calmo. Argumentei:
— Basta dizer que não era eu. Tem muitas loiras no condomínio.
— Mas por que fez isso? – Questionou.
— Você tem fugido de mim, não tem mais ereção faz meses, não é assim?
Marshal me olhava assustado:
— Além de me trair, vai me humilhar?
— Não quero humilhar, amor, eu gosto de você. Só quero que entenda o que aconteceu, e não me veja como traíra. Fiquei carente. Fui aos meus limites, tentei várias vezes atrair a sua atenção. Você não tinha tempo, estava cansado, irritado com a política, chateado com sindicâncias da Procuradoria, revoltado com o valor das propinas. E sempre me acusou de ser mal-agradecida.
Finalmente, ele sentiu a realidade. Mas não satisfeito.
— Mas, aqui no condomínio, com um novinho?
— Queria que eu procurasse na rua um velho, também brocha? Foi aqui mesmo que você me mandou encontrar o que fazer. Eu só não contava com esse sistema de câmeras de vigilância, que sua ganância por faturar, fez o condomínio instalar, alegando necessidades de segurança.
— E quem é esse novinho? - O corno já estava se rendendo.
— O nosso vizinho, fortão, filho do dono da rede FitnessGym, instrutor aqui da academia.
Nessa hora ele caiu na real. Não dava para competir. O rapaz era mesmo o sonho de consumo da mulherada do condomínio. Marshal me olhava angustiado.
— Você destruiu minha imagem, me expôs, me humilhou.
— Eu não me lembrei do sistema de vigilância, mas se você não tivesse armado essa confusão, pagava a multa e ficava tudo certo. - Argumentei.
Revoltado, ele disse:
— Isso não vai ficar assim. Vou alegar traição, e pedir o vídeo como prova.
— Certo, então você vai querer a separação. E pedir o divórcio. Sem problemas. Você vai colocar a casa à venda, vamos dividir o que temos, vai assumir a traição, publicamente, a sua imagem vai ficar ainda pior. Esse é um caminho. O outro, é fingirmos que não aconteceu nada, que não era eu naquele vídeo, não sou a única loira do condomínio. Sem reação, sem provas, o povo acaba esquecendo, e tudo fica normal. O que prefere?
Marshal me surpreendeu com a pergunta:
— Você deu para ele?
Eu reparei que ele parecia excitado. Confessei:
— Dei, naquela noite, que você chegou muito tarde da manifestação verde-amarelo. Estava muito necessitada. Dei, tudo e de todo jeito, e foi mais de uma vez.
A ereção do meu corninho pareceu mais evidente. Ele me olhava excitado, perguntando:
— Até o cuzinho, Lika? Jura amor?
— Você já não usava, Marshal. – Respondi.
Percebi que ele havia mudado. A excitação era cada vez maior. Ele exclamou:
— Me fez de corno, amor!
Eu arrisquei:
— Ser corno não é ruim. Vai ser nosso segredo, amor. Eu continuo sendo a sua esposa dedicada, eu gosto de você, não precisa mudar nada.
— Não mudar nada? O que quer dizer com isso? – Nem reagiu ao ser chamado de corno.
— Mantemos nosso casamento, sua imagem de macho alfa fica intacta, seus amigos continuam a respeitá-lo. Pague a multa, pede para apagar o vídeo. Diz que o assunto morreu. O tempo ajuda esquecer.
— E nós como ficamos? – Ele questionou.
— Ficamos como estamos, você, meu corninho em segredo, mantém suas atividades normalmente. Basta deixar eu dar uma com o novinho de vez em quando. Com cuidado e sem câmera de segurança. Eu conto tudo.
Marshal tinha ereção pronunciada.