O dia tinha sido um caos. Eu estava completamente moída, o corpo doía em lugares que eu nem
lembrava que existiam e minha mente parecia um emaranhado de fios soltos. Ainda havia a casa —
bagunçada, barulhenta, desorganizada. Lista de compras esquecida em algum canto, louça na pia,
roupas fora do lugar. Eu não tinha energia nem para pensar, muito menos para agir.
— Amor, cheguei!
A voz dele preencheu a sala, alegre como sempre. Eu estava sentada no sofá, ainda com a roupa de
trabalho, os ombros caídos, os olhos pesados. Ele entrou carregando sacolas com comida e, claro,
uma garrafa de vinho. Aquele vinho denunciava uma intenção sutil, quase um código entre nós.
Quando ele trazia vinho sem ocasião, era porque queria algo mais — carinho, pele, desejo. Sexo.
Mas hoje… hoje não dava. Eu me sentia péssima por negar, mas o que eu mais precisava era de um
banho quente e oito horas de sono sem interrupções.
— Tá tudo bem? Você parece exausta. Vai tomar um banho, eu já levo uma taça pra você.
— Ah, amor… obrigada. Você consegue dar um jeitinho na cozinha pra mim?
— Pode deixar.
Ele sorriu, com aquele jeito tranquilo que sempre acalmava tudo, e começou a guardar as compras
com naturalidade. Eu me levantei devagar, sentindo cada músculo reclamar, e fui para o banho — o
único ritual sagrado de cuidados próprios que eu ainda conseguia manter nos meus dias arrastados.
Eu estava nua em frente ao espelho, observando meu próprio reflexo como quem procura respostas.
As marcas do dia ainda estavam ali — olheiras, a pele sem brilho, um cansaço que parecia ter se
entranhado em cada poro. Suspirei. E foi nesse momento que a porta do banheiro se abriu.
Ele entrou devagar, como quem respeita um território do outro, mas ainda assim se convidar. Seus
olhos deslizaram pelo meu corpo com aquele desejo silencioso de sempre — um desejo que não me
cobrava nada, só me contemplava. Eu gostava disso nele. Sempre gostei. Na mão, ele segurava uma
taça de vinho tinto.
— Eu vou beber isso no chuveiro? — perguntei, arqueando uma sobrancelha com leve provocação.
— Qual o problema? — ele retrucou, com aquele sorriso safado que ele mal tentava esconder.
— O senhor quer é me embebedar... — brinquei, pegando a taça da mão dele — ...mas nem adianta.
Desculpa, amor, hoje não...
Ele fez aquela cara de ofendido teatral, quase uma criança apanhada no flagra.
— Nem pensei nisso, amor. Imagina! — mentiu com a maior cara de pau do mundo, e a gente sabia.
Ambos sabíamos.
Eu ri, sem conseguir evitar. Quando ele saiu, levei a taça aos lábios e virei metade de uma só vez.
Um pouco de álcool realmente parecia uma boa ideia. Relaxava, aquecia.
Fiquei ali mais alguns segundos e enfim entrei debaixo do chuveiro. A água quente escorria pelo
meu corpo como um abraço. Senti meus músculos finalmente soltarem, como se meu próprio corpo
dissesse “agora sim”.
No fim do banho, ele apareceu de novo — como quem sabe o momento exato de voltar. Entrou no
banheiro, começou a tirar a roupa com uma naturalidade deliciosa. Tínhamos essa coisa nossa…essa intimidade leve, gostosa, cúmplice. Dividir o banheiro, escovar os dentes juntos, um entrar
enquanto o outro saía. Não havia vergonha entre a gente, só presença.
— Amor, já arrumei tudo na cozinha — ele disse, agora nu, prestes a entrar no box. — Leva o vinho
pro quarto e escolhe uma série pra gente assistir agarradinhos. Pode ser?
O jeito como ele falou, doce e casual, me arrancou um sorriso. Trocamos um beijo rápido, úmido do
vapor do banheiro. E antes de sair, parei por um segundo na porta, observando ele de costas. Alto,
pele clara, e aquela bunda redonda, firme e macia que sempre me dava vontade de morder.
Dei uma risadinha baixa, tentando conter o riso excitado que escapava sem pedir permissão. Hoje
não era dia pra eu dar sinais… mas meu corpo, às vezes, tinha vontade própria.
Deitada na cama, envolta pelo lençol fresco, eu segurava uma nova taça de vinho enquanto a
televisão desfilava opções que não prendiam minha atenção. Os títulos passavam como borrões. Eu
apenas deslizava os dedos no controle, à espera de algo que nem sabia o que era.
Ouvi a porta se fechar com um leve clique. Ele entrou no quarto e trancou — um gesto silencioso,
quase inocente, mas eu conhecia bem aquele código. Estava só de cueca, o corpo ainda úmido do
banho, e aquele ar leve de quem finge não querer nada… mas quer tudo. Respirei fundo e sorri,
meio derrotada, meio divertida. A insistência dele era sempre doce, e, no fundo, previsível.
Ele se deitou ao meu lado com um cuidado que só os amantes atentos têm. Seu corpo encostou no
meu com naturalidade, trazendo calor. Beijos leves tocaram minha orelha e desceram pelo pescoço,
como se ele pintasse uma trilha invisível com os lábios. Falava de filmes, séries, coisas banais,
como se o toque das mãos dele não estivesse dizendo outra coisa.
Seus dedos passeavam por cima das minhas roupas, audaciosos, porém suaves. Uma carícia que
parecia pedir licença a cada novo gesto. E mesmo exausta, mesmo sem vontade real, eu sentia.
Claro que sentia. O corpo respondia antes da razão. Aqueles toques sabiam exatamente onde
provocar e onde acalmar.
— Amor… — sussurrei com doçura, os olhos semicerrados — eu queria só ficar quietinha hoje…
Ele me olhou com ternura, como quem entende, mas ainda assim tenta.
— Olha, eu só quero te relaxar… não precisa fazer nada, tá? Eu fico aqui, fazendo carinho em
você… te dou uns beijinhos… só isso.
Assenti em silêncio. Aquele tipo de carinho eu aceitava. Era o tipo de aconchego que meu corpo
implorava.
Então ele me beijou. Um beijo cheio de calma e intenção, sem pressa. A língua dele tocava a minha
com suavidade, se demorando, me fazendo esquecer a TV, o cansaço, o mundo lá fora. Seu hálito
tinha gosto de vinho e um calor que me envolvia. Eu tentei recuar, quebrar o ritmo antes que virasse
algo que eu não queria... ou achava que não queria. Mas ele me prendia pela boca, sem força, só
desejo. Um cativeiro de afeto.
Sua mão se aventurava com mais coragem, os dedos passeando preguiçosamente pela minha
barriga, subindo pelas curvas até alcançar meus seios. O toque era quase um sussurro, mas me
arrancava arrepios que eu não queria confessar. Meu corpo começava a se entregar, mesmo que eu
lutasse contra isso com a mente cansada.E então, sem pensar, deixei escapar…
— Isso é bom…
Ele continuava explorando meu corpo com uma paciência que me desmontava. Seus lábios
desceram da minha boca para o meu pescoço, pousando como se cada parte da minha pele fosse
sagrada. A cada beijo, um arrepio. Ele sabia onde tocar, como lamber devagar e depois soprar,
deixando uma trilha quente e fria ao mesmo tempo, que fazia meu corpo inteiro reagir.
Quando ele chegou aos meus seios, não teve pressa. Primeiro, sua boca beijou a lateral, como se
pedisse permissão. Depois, a língua girou em círculos lentos ao redor do mamilo, molhada, quente,
brincando com ele com uma suavidade quase hipnótica. Ele alternava beijos longos e sugadas leves,
tão lentas que o prazer virava uma espécie de embriaguez.
Meus olhos se fechavam, os músculos relaxavam e, por um instante, achei que fosse adormecer ali,
embalada pelo calor do seu toque, pela textura da sua língua, pelo ritmo doce da respiração dele
sobre mim. Era um beijo nos seios, mas parecia um afago na alma. Meu corpo se entregava sem
culpa. Eu não me mexia, apenas sentia.
Então, como quem lê os sinais do corpo melhor do que as palavras da boca, ele desceu uma das
mãos até entre minhas pernas. Seus dedos encontraram minha calcinha já úmida, quente, rendida.
Pressionou de leve, como se dissesse: eu sei.
Meu corpo reagiu com um leve arquejo, uma entrega involuntária. Mas eu não queria. Ainda não.
Por mais que meu sexo dissesse sim, minha mente ainda resistia.
— Amor… — murmurei, com a voz embargada de desejo e hesitação — eu disse que hoje não…
Ele não respondeu de imediato. Sentia o calor da minha pele, sentia minha umidade dizendo tudo,
mas respeitava até mesmo o "não" que tremia.
Se afastou por um segundo. Eu achei que ele fosse parar, respeitar minha pausa. Mas então, sem que
eu visse exatamente o que fazia, ele se virou para a cabeceira da cama e pegou algo na gaveta.
Um som metálico, baixo, ecoou entre nós. E antes que eu pudesse entender, antes que pudesse
protestar de verdade, senti o toque frio do metal no meu pulso.
— Ei… o que é isso? — minha voz veio baixa, mais surpresa do que indignada.
— Shh… você disse que queria ficar quietinha. Então eu vou garantir isso. Só um pouquinho. —
Ele sorriu, aquela malícia mansa que me fazia perder o fôlego.
Meus braços foram erguidos suavemente, e o clique das algemas fechando em volta dos meus
pulsos me deixou imóvel presa ao encosto da cama. Meu coração acelerou, não de medo — mas de
entrega. De não ter mais o controle. Eu podia protestar, mas parte de mim sabia que já tinha perdido
essa batalha.
E então, para minha surpresa, ele se levantou.
— Ei… onde você vai? — perguntei, entre confusa e excitada.
Ele olhou por cima do ombro, com aquele olhar travesso, e apenas respondeu:
— Vou ali pegar uma coisa… já volto.
E saiu do quarto, me deixando ali, nua, algemada, quente e completamente entregue — à espera.Quando ele voltou, a luz fraca do abajur desenhava apenas sua silhueta. Em uma das mãos, uma
nova garrafa de vinho, na outra… nada. Mas o que mais chamou minha atenção foi a ausência de
seu rosto.
Eu forcei os olhos, tentando entender o que via.
— Você tá… de máscara?
Ele não respondeu. Apenas ficou ali, parado por um instante, nu, ereto, a pele brilhando com um
leve suor, respirando fundo. Aquele silêncio me desconcertou. Ele não era mais ele. Era alguém —
ou algo — diferente. Um homem sem rosto, um personagem de alguma fantasia não dita. Um
estranho.
Ele caminhou até o pé da cama, e no instante em que tentou tomar espaço entre minhas pernas,
instintivamente lutei. Fechei as coxas, empurrei com os pés, tentei fazer força mesmo sabendo que
estava algemada e limitada. Era meu corpo dizendo não tão fácil assim. Era o jogo.
Mas ele não disse uma palavra. Simplesmente agarrou meus quadris com firmeza, sem
agressividade, mas com uma autoridade que me desarmava. Seus braços fortes prenderam minha
resistência de um jeito controlado. E quando suas mãos rasgaram o tecido da minha calcinha com
um puxão certeiro, senti o frio do quarto encontrar minha pele quente, molhada, exposta.
Arfei.
Eu estava completamente entregue, aberta, escancarada. E isso só me deixava mais quente.
Ele se encaixou entre minhas pernas, empurrando-as para os lados, me mantendo aberta como quem
abre um livro que já conhece de cor. Eu ainda rebolava em negação fingida, tentando afastá-lo, mas
ele não recuava — e eu não queria que recuasse. Aquele era nosso jogo. Eu dizia não com o corpo,
mas minha pele, minha respiração, minha umidade gritavam sim, agora, por favor.
E então, ele me provou.
Sua boca afundou entre minhas coxas com uma fome silenciosa. A língua quente encontrou meu
sexo com precisão, como se já soubesse exatamente o que fazer — e sabia. Lambidas longas,
devotas, umedecendo e abrindo, brincando com o clitóris com movimentos lentos e depois rápidos,
criando aquele contraste delicioso que me fazia perder o juízo.
Minha cabeça tombava para trás, os gemidos escapavam mesmo quando eu tentava engolir. Meus
quadris se moviam por conta própria, implorando, buscando mais, mais fundo, mais forte.
— Ai… ai… — minha voz veio embargada, arfante — não para… não para agora…
Eu estava perto. Sentia o orgasmo subir como uma onda quente, elétrica, prestes a explodir. Mas
então… ele parou.
Simplesmente parou.
Deixou minha pele latejando, meu sexo pulsando no vazio, e me olhou. A máscara, o silêncio, o
controle absoluto. Eu quase chorei de frustração.
— Por que você…? — tentei protestar, sem conseguir esconder o desespero no olhar.
Ele se aproximou, a boca colada na minha orelha, e sussurrou com um deboche doce:
— Você disse que não queria… e eu vou respeitar isso.— Por favor…
Eu implorei sem vergonha nenhuma.
Ele não disse mais nada. Apenas subiu sobre mim com a calma de quem tem todo o tempo do
mundo. Seu corpo se encaixou ao meu como se voltasse ao lugar de onde nunca deveria ter saído.
Senti o calor da sua pele sobre a minha, o peso delicioso do seu corpo pressionando o meu, e entre
as minhas pernas… a presença dele, rígida, viva, latejando.
Seu sexo roçava em mim com lentidão, como uma promessa. A cabeça do seu pau pressionava meus
lábios inchados, molhados, escorregando entre eles numa dança preguiçosa. Me fazia arfar só com
esse toque. A pele da sua glande era quente e suave, mas firme, cheia de vontade. Eu sentia cada
pulsar dele como se fosse dentro de mim — e ainda nem era.
E então ele entrou.
Devagar. Devagar demais.
A ponta abriu minha boceta como uma pétala que se desfaz com o toque da manhã. E ele foi
avançando centímetro por centímetro, enterrando-se com um cuidado quase reverente. Meu corpo
se moldava ao dele, quente e úmido, envolvendo, sugando, apertando. Eu sentia tudo. Cada veia,
cada curva, cada pulsação.
E ele parava. Quando estava todo dentro, ele parava.
Enterrado por completo, ele me deixava senti-lo ali, ocupando cada milímetro de mim. Eu apertava
instintivamente, como se meu corpo não quisesse deixá-lo escapar. Sentia seu pau preenchendo de
um jeito profundo, lento, delicioso, como se ele fosse uma extensão de mim mesma.
— Ai… — escapou dos meus lábios como um suspiro, um gemido tímido.
Eu latejava.
Ele se movia pouco, quase nada. Um vai e vem curtinho, só o suficiente pra provocar, pra fazer meu
clitóris roçar nele em cada mínima saída. Era mais pressão do que movimento. Mais presença do
que velocidade. E isso me deixava louca.
Cada vez que ele enterrava devagar, eu sentia uma onda quente me invadir. Meus músculos
tremiam, o ventre contraía, minha respiração falhava. Era como um orgasmo que se preparava há
horas, só esperando um toque certo. E agora, ele estava ali — o toque, o peso, o ritmo, o homem.
Meu corpo inteiro se acendia, como uma vela em chama baixa, que de repente é tomada pelo vento.
E eu gozei.
Sem aviso. Sem estardalhaço.
Foi um gozo calmo, profundo, daqueles que vêm de dentro, que não precisam de força nem de
velocidade. Meus músculos apertaram ele com força, como se meu corpo soubesse agradecer por ter
sido tão bem tratado, tão respeitado e ainda assim tomado por completo. Eu tremi inteira, a boca
entreaberta num gemido sem som, os olhos fechados, o coração disparado.
Ele ainda estava dentro, enterrado em mim, quente, duro, quieto. Eu senti cada detalhe dele mesmo
no clímax — o formato, a textura, o calor. Era como se todo o cansaço que eu sentia tivesse ido
embora, agora sim, como ele prometeu eu estava completamente relaxada.
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