O que ficou 6

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 4242 palavras
Data: 06/04/2025 23:53:18
Assuntos: Gay, Amigos

Antônio

Essa semana passou até que rápido, depois que levei o Rubens no Sítio do Bosco ficamos muito mais próximos, até achei que ele fosse ficar estranho depois do dormir no meu quarto de quarta pra quinta, mas ele ficou bem mais leve e aberto, até esta fazendo piada, acho que ele só tava tendo que lidar com o término e não tinha com quem conversar, na quinta ele trabalhou bastante então quando cheguei ele deu uma pausa pra jantar comigo e depois voltou ao trabalho, na sexta ele acordou mais cedo que eu — conhecendo ele acho que não deve ter dormido — e fez nosso café da manhã, a noite toquei com a Luana m, depois a deixei em casa, mas quando cheguei em casa ele estava dormindo, nem acordou com o barulho do Fuscão, devia mesmo está virado.

Todos os sábado venho pra ong, gosto de chegar cedo pra deixar tudo organizado, hoje é dia de vacinação então vai ser puxado, os técnicos vão cuidar disso junto do Alex, eu tenho três castrações pra fazer e dois retornos para atender, vai ser uma manhã bem cheia, estou deixado a sala que uso pra fazer as cirurgias pronta para receber meu primeiro paciente no início do expediente quando meu celular começa a tocar com o nome da Luana na tela.

— Bom dia Luana.

— Bom dia, ei o Guto quer saber se a gente pode tocar hoje, a outra banda que ele chamou acabou de desmarcar ele tá louco atrás de alguém.

— Pode ser, mas você não está de plantão hoje? — Perguntei.

— Tava mais troquei pra poder tocar hoje — Luana odeia fazer trocas pois isso sempre implica nela ter que fazer quando lhe pedem.

— Tranquilo, que horas você quer ir? — Estamos bem, mas sinto que nossa discussão deixou as coisas meio estremecidas, tipo ela nunca faz trocas pra poder ficar comigo, mas fez pra tocar, acho isso meio foda.

— Ele quer que comecemos umas dez, então passa lá em casa às nove que dá certo.

— Beleza, preciso desligar, tenho uma castração agora.

— Tá bom, até mais tarde, te amo.

— Também te amo.

Não falei pra ela que fui no Sítio porque sei até ela vai né encher por causa disso ainda mais por ter levado o Rubens, isso porque não sai com ela na quarta. Como pensei que minha manhã foi atolada de coisas, os técnicos até quiseram me ajudar, mas Alex encheu os dois de serviço também, dia de vacinação é assim mesmo.

— Vamos beber alguma coisa hoje — Alex chega me convidando enquanto termino de assinar os relatórios dos procedimentos feitos hoje.

— Cara vou tocar hoje.

— No brisa? — Alex é um dos clientes fieis.

— Sim — Confirmo terminando de assinar o último.

— O senhor vai tocar no Brisa da Serra hoje doutor Vilela? — Cíntia pergunta toda animada, pegando a conversa pela metade.

— Vou sim.

— Vou está lá com umas amigas também — Alex me encara de uma forma estranha, mas não entendo o que ele quer.

— A gente se vê lá então, ei Gessika você devia aparecer também — aproveito que todo mundo está convidado.

— Só se for pra sua namorada me enforcar com o fio do microfone né Antônio — Alex não consegue segurar o riso.

— Nada haver, você devia ir, posso até te apresentar meu primo, vou tentar arrastar ele também.

— Tá querendo bancar o cupido doutor? — Gessika ergue uma sobrancelha fazendo uma cara engraçada.

— Só vou apresentar dois adultos solteiros e deixar que a vida cumpra seu curso — acho que vai ser bom pro Rubens sair um pouco e interagir com outras pessoas.

— Vamos Gessika, eu pago um drink pra você — Alex tenta convencê-la

— Tudo bem doutores eu vou e vou pegar um drink bem cara — Alex foi oferecer agora vai ter que arcar.

— É meu amigo com advogado não se brinca — Digo pegando em seu ombro e todos caímos na risada.

Mandei mensagem para Luana Avisando que o pessoal da ong vai também, como ela tem suas questões com Gessika achei melhor avisar do que deixar que seja surpresa, já estamos tensos com nossa primeira briga não quero outra tão cedo, ela não gostou da notícia, mas felizmente não fez confusão, só disse que ia levar sua prima para apresentar ao Rubens.

— É que eu já falei que vou apresentar ele pra Gessika.

— Por que você fez isso? — Consigo saber seu tom bravo, mesmo por mensagem.

— Ela é legal e acho que eles tem umas coisas em comum.

— E você conhece os gostos dele bem assim pra saber Antônio? — Sabia que isso ia terminar assim.

— Luana, sua prima está em uma relacionamento.

— Com um cara que traiu ela, eles vão se separar — ela não pode está falando sério sobre isso.

— Luana você quer apresentar alguém que não está nem um pouco pronta pra uma relação pro meu primo?

— Ele nem é seu primo de verdade Antônio.

— Mesmo assim Luana, o Rubens precisa de algo mais sólido e leve nesse momento e não a carga de uma pessoa que acabou de sair de um relacionamento e outra ele não é uma mercadoria, só porque vou apresentar ele a Gessika não quer dizer que eles vão ter algo, na verdade espero que eles fiquem mais amigos do que qualquer outra coisa.

— Depois a gente se fala Antônio — ela corta nosso assunto bruscamente e vejo no aplicativo de mensagem que ela não está mais online.

Queria saber o que está acontecendo com nossa relação, o que diabos foi que aconteceu pra não concordamos mais com nada. Antes de ir pra casa passei no Grafite pra comprar meu almoço e do Rubens, ele não deve ter cozinhado, do jeito em que ele vem trabalhando, mal está tendo tempo de sair só escritório improvisado que ele montou na biblioteca, pensando nisso passo antes em uma loja de variedades no centro e compro uma garrafa de água térmica, Rubens tem um copo térmico que enche de café, nesse ritmo ele vai ter uma úlcera mais cedo ou mais tarde.

Nem mando mensagem pois sei que ele não vai ver, deve está concentrado, compro carne de sol e maminha que sei até ele gosta, faço as duas quentinhas como se fossem para mim, já que temos o mesmo gosto para comidas mesmo, Enquanto estou pagando pelo nosso almoço meu telefone toca novamente, mas dessa vez é o meu amigo Ben.

— Fala Ben, tudo ok?

— Oi Antônio, tudo ótimo cara e com você?

— Rapaz tô brigando com a mulher, mas fora isso tudo bem graças a Deus — Ben é um dos meus melhores amigos e não existem segredos entre nós.

— Cara, como o Rubens está?

— Ele tá bem, trabalhando muito, mas tô alimentando ele nos horário certo — Ben começa a rir do outro lado da linha — Levei ele no Sítio do Bosco isso deu uma animada nele também.

— Esse lugar é foda mesmo, que bom cara, ando meio preocupado com ele.

— Por que não conversa com ele ué? — Eles são irmãos e até onde sei se dão bem.

— É complicado, tem um tempo que ele vem se fechando pra mim — penso no noivado secreto nesse momento — ele até estava mais próximo da Júlia sabe, mas desde que ele viajou ela disse que ele tem falado pouco até com ela.

— Ele só tá estressado mano, dá um tempo pra ele que a Serra vai deixar ele mais leve.

— Espero que sim mano, porque a sensação que tenho é que ele está passando por alguma coisa, mas não quer me contar o que é.

— Você é um ótimo irmão cara e o Rubens é um mano do bem, ele só precisa mesmo respirar um pouco, você sabe ele é viciado em trabalho isso perturba qualquer um.

— Ele sempre foi assim focado, mas do que eu até, Rubens seria um militar perfeito, fica de olho nele Antônio, se você notar qualquer coisa me fala, por favor — Ben está mesmo preocupado com Rubens, a julgar pelo estado no qual ele chegou aqui devia está pior lá, pois aqui fui me aproximando e ele acabou me contando o problema, lidar com um término de uma relação na véspera do casamento e não ter ninguém com quem conversar deve ser foda e pra família vê-lo sofrer e não saber o motivo deve ser ainda pior.

— Ele tá legal mano pode ficar tranquilo, já tá até fazendo piada comigo, mas olha prometo que te falo se ficar deprimido beleza?

— Valeu Antônio, eu tenho que ir aqui, obrigado mano, se cuida — meu amigo está um pouco aliviado em saber do irmão.

— Você também Ben, se cuida mano.

Estou curioso em saber porque Rubens não contou nem pro irmão sobre o noivado, qual será o problema, Rubens é um cara respeitado e sério pelo que entendi, só consigo pensar que essa mulher devia ser uma pessoa muito ruim a ponto dele precisar esconder, talvez ela fosse casada ou sei lá, alguém mais velha, realmente não consigo entender o que o levaria a casar em segredo.

Quem sabe um dia ele me conte, só sei de uma coisa não vou e nem devo perguntar sobre, já entendi que a lembrança dessa mulher já é suficiente para destruir meu primo completamente, foi só voltarmos do Sítio para que sua feição mudasse totalmente, um simples pensamento lhe tirou o sono de novo, talvez o fato de ainda ser recente acabei o afetando um pouco mais do que deveria, bem só sei que vai ser difícil tirar esse homem de casa, mas quem sabe ele e Gessika não se deem bem e ela acabe ajudando.

Chegando em casa vejo que acertei Rubens não almoçou, está no computador desde a hora em que acordou certeza, já são quase duas da tarde, não entendo como ele consegue ficar tanto tempo assim sem comer. Levo nosso almoço até a cozinha e depois vou até o escritório chamá-lo para almoçar, demora um pouco, mas enfim ele se junta a mim.

— Nossa, tô morto de fome — ele já vai olhando o que comprei.

— Pois nem parece, depois que você senta naquele computador esquece do mundo.

— Tive três reuniões hoje e tenho mais duas agora à tarde, só vou ter tempo de engolir o almoço e já tenho que voltar — Rubens é muito dedicado.

— Você acha que consegue ficar livre até umas sete ou sete e meia? — Rubens me encara erguendo uma das sobrancelhas — temos que sair no máximo umas oito e vinte.

— Temos? — Sabia que ele diria não, por isso já coloquei como se ele não tivesse escolha.

— Sim temos, fiquei de buscar a Luana às nove, vamos nos apresentar em um pub se um amigo.

— E por que eu tenho que ir? — Gostei que isso não foi uma negativa, não totalmente pelo menos.

— Qual é Rubens, você trabalhou muito essa semana, pode tirar uma noite de folga e se divertir um pouco — tento soar o mais convincente possível.

— Antônio não estou no clima — ele parece bem desanimado.

— Vem pelo menos pra me dar apoio na minha apresentação.

— Como se você precisasse disso, né Antônio?

— Como você sabe que não preciso, nunca me ouviu tocando — ele reconhece que foi um bom argumento balançando a cabeça afirmativamente.

— Certo, eu vou, mas não acha que vou me divertir, faço questão de ficar de cara feia a noite toda para que você saiba que estou lá contra minha vontade — não sei se ele falou sério ou não, mas me divirto muito quando ele banca o meninão adolescente mimado às vezes.

— Justo, por mim tudo bem, só não vai assustar o pessoal.

— Que pessoal? — Não devia ter falado isso, agora ele não vai querer ir.

— Meus amigos da ong vão está lá também.

— Antônio.

— Você já topou Rubens, nem começa a querer voltar atrás — por um momento parece dois moleques conversando, isso é divertido.

— Que cara chato você tem, não sei o que a Luana viu em ti — ele bufa, mas se dá por vencido.

— Ela gosta da minha personalidade — Rubens revira os olhos me fazendo gargalhar.

Assim como ele disse depois de comer só lavou o prato, escovou os dentes e já voltou a trabalhar, lavei sua garrafa de água, enchi e deixei lá ao lado da sua caneca de café, ele me encarou com uma olhar confuso, mas não obteve respostas minhas, apenas deixei a garrafa e sai.

Preciso ensaiar um pouco, mas não quero atrapalhar em sua reunião, então pego meu violão no quarto e vou tocar debaixo do pé de acerola que temos no quintal, aproveitando a sombra e o tempo fresco que está fazendo, Luana me manda mensagem só pra confirmar que sua prima vai com a gente também, só espero que ela não esteja planejando jogar sua prima pra cima do Rubens do nada se não ele vai achar que tenho alguma coisa haver com isso — e acho que a Gessika e ele tem mais coisas em comum.

As horas passam até a noite chegar Rubens encerrou o trabalho antes das seis, até pensei que ele iria colocar algum empecilho pra não ir, porém não houve mais discussão a respeito disso, as oito em ponto já estamos prontos para sair, ele está muito bonito, vestido com uma calça e sapatos bege, uma blusa social azul escuro e nem um acessório, o simples o cai muito bem, não vai ter dificuldades para se dar bem hoje, perto dele me sinto até meio desarrumado, só coloquei uma calça jeans e uma polo preta e um tênis branco.

— Nossa você está muito arrumado — digo.

— Você também está — ele diz enquanto dobra as mangas da camisa até os cotovelos.

— Nada perto de ti com essa roupa de marca ninguém vai olhar pra mim — brinco pra tentar levantar sua moral, mas no fundo é um pouco verdade.

— Você está ótimo, mas espera só um segundo — Rubens volta para dentro de casa e me deixa esperando por uns minutos até retornar com um relógio nas mãos.

— O que é isso?

— Um relógio, vai ficar bonito em você — Ele diz me entregando a peça.

Caralho é um relógio pesado e realmente bonito, ele é prata com o fundo preto, aqui fora não tem muita iluminação, mas dá pra ver que é um puta relógio presença, serviu certinho do meu pulso o que foi uma feliz surpresa, acho que nem o Rubens esperava que fosse ficar tão bem.

— Prometo que vou cuidar bem dele essa noite — relógios não são os acessórios mais baratos então vou prestar atenção pra não arranhar ou coisa parecida.

— Relaxa, agora vamos antes que eu desista — Ele diz entrando no Fuscão.

— Tá com o relógio eu até que fico um pouco mais arrumado, mas ainda acho até você vai ser o centro das atenções — falei só para provocar e ele brigar comigo.

— Você não quer mesmo que eu vá né? — Rubens falando levando a mão na maçaneta da porta, mas arranco com o carro para que ele não desça.

— Parei, mas aí Rubens você vai adorar o lugar é lindo demais.

— Se for como no sítio talvez eu goste um pouco — ele é duro na queda, mas aos poucos está cedendo.

Dez para as nove paro o carro em frente a casa da Luana e como de costume ela já está na porta acompanhada da minha sogra e de sua prima Karla, meu estômago revira só de vê-la, desde a briga peguei um certo desgosto da Karla e sei que ela fica envenenando a cabeça da Luana contra mim, ela namorou um canalha e agora está na fase de achar que todo mundo é desonesto que nem sei ex, fora que não digo nada quando eles voltarem e a Luana ficar puta — coisa que já aconteceu antes, mesmo ela dizendo que dessa vez é definitivo.

— Oi amor — Luana me abraça e me beija quando desço do carro pra cumprimenta minha sogra.

— E aí amor, você estão prontas? — gostei da recepção, acho que dessa vez vamos enfim ficar de boas.

— Sim.

— Gente esse é meu primo Rubens, essa é minha namorada Luana, a mãe dela e a prima dela Karla.

— Prazer — ele responde timidamente.

— Oi Rubens tudo bem, é bom finalmente te conhecer — Luana está sendo muito simpática, ela está se esforçando pra não brigarmos hoje então vou me esforçar também.

— Melhor vocês irem, se cuidem — minha sogra fala e assim fazemos.

— Amor, melhor você ir atrás com a Karla porque o Rubens não vai cabe atrás — estou pensando no espaço interno do Fuscão preto, Rubens é muito grande pra ir atrás vai ficar muito desconfortável e acho que Luana me entendeu pois não reclamou, porém a Karla já fechou a cara pra mim.

— Eu posso ir atrás — Rubens diz tentando evitar qualquer possível estresse.

— Relaxa Rubens, o Antônio tem razão, suas pernas vão ficar muito apertadas atrás — Luana se prontifica e me sinto aliviado por isso não ter gerado outro desentendido, embora Karla só esteja esperando o momento de soltar seu veneno.

— Então Rubens, minha prima disse que você trabalha com programação — Karla inicia uma conversa enquanto estamos indo para o pub.

— Tipo isso — Rubens confirma sem dar muitos detalhes, imagino que pelo trabalho que ele faz não possa entrar em muitos detalhes com qualquer pessoa.

— Você por acaso sabe consertar computadores também? — Luana perguntou dando continuidade ao assunto.

— Não faz parte do meu trabalho, mas sim sei consertar computadores também.

— Quem sabe depois você não me ensina porque os computadores do hospital estão numa zona e o técnico só sabe reiniciar o bicho — Luana diz com seu tom engraçado, mas a parte do computador é verdade o computador do trabalho dela é tão ruim que a chefe dela trabalha no próprio notebook.

— Não sei se dá pra te ensinar, mas posso dar uma olhada pra você se quiser — Rubens se ofereceu para ajudar, fico um pouco envergonhado, mas não entendi muito bem o motivo.

— Sério? Eu iria adorar Rubens, mas é que não temos verba, sabe como é.

— Não liga pra isso, vamos combinar um dia e vejo o que posso fazer.

— Minha chefe vai amar saber disso, você é um anjo Rubens — estou feliz e aliviado que Rubens e Luana estejam se dando bem, seria um problema do contrário ainda mais sabendo que a primeira impressão que Rubens teve dela não foi das melhores.

Chegando dou de cara com Alex e Gessica chegando juntos de carro, vejo Luana respirar fundo então seguro sua mão e por agora isso parece bastar pra ela ficar de boas, Alex todo sorridente vem falar conosco, faço as devidas apresentações do Rubens e da Karla e entrando no pub, Guto sabendo que levaríamos pessoas com a gente deixou uma mesa separada pra gente, com uma boa vista do palco.

— Tá não parece tão ruim — Rubens diz baixinho pra mim dando o braço a torcer.

— Falei que cê ia gostar.

Ficamos um pouco na mesa conversando, a noite está tranquila e bastante animada, Luana está mantendo um bom diálogo até com Gessika e minha amiga aproveita pra relaxar um pouco, ela sabe do ciúmes que minha namorada tem então respeita a distância entre a gente, o que é bom, que assim consegui por o Rubens do lado dela, como já era de se esperar os dois estão se dando bem.

Fiz minha parte agora é com eles, vou com Luana pro palco deixar tudo no ponto para começarmos e não ocorrer atrasos, somos conhecidos por nossa pontualidade quando temos nos apresentar. Essa noite preparamos um repertório mais animado com músicas mais dançantes e no fim atendemos a alguns pedidos que nos fizeram, do palco fico de olho no Rubens para der se ele está bem e se divertindo, em dado momento Luana segue meu olhar e faz uma rápida cara de desaprovação, deve pensar que estou olhando para Gessika.

— Não acredito nisso Antônio — ela diz assustado pra mim durante um breve intervalo até fazemos para tomar uma água e recolher os pedidos.

— Não amor, tô de olho no Rubens, você sabe que eu te amo — me pegando de surpresa Luana me beija levando nosso público a aplaudir intensamente.

— Eu te amo — ela diz.

— Também amo você.

— Gente a próxima música eu quero dedicar pro melhor namorado do mundo que sempre está do meu lado, mesmo quando estou bancando a maluca.

Luana começa a cantar a música Como vai você, ela sabe que essa é uma das minhas favoritas, e também foi a primeira música que ela cantou pra mim, meus olhos brilham e nesse momento nada mais importa, só eu e ela.

“Vem, que a sede de te amar me faz melhor

Eu quero amanhecer ao seu redor

Preciso tanto te fazer feliz

Vem, que o tempo pode afastar nós dois

Não deixe tanta vida pra depois

Eu só preciso saber

Como vai você”

Luana coloca tanto sentimento na sua arte que emociona qualquer um, quando a música acaba nosso transei acaba com o som de palmas, ela abre um sorriso lindo e então começa uma nova canção, meus olhos se desviam dela só por um segundos para conferir se Rubens está conversando com Gessika, mas ele sumiu, Gessica está conversando com Alex.

Começo a varrer o salão em busca do Rubens, mas ele não está em parte alguma, ele deve está no banheiro, assim espero, mas os minutos vão passando e não o vejo retornar, estou começando a ficar preocupado, se tocar não fosse algo tão natural para mim estaria errando os acordes, pois meu pensamento está todo focado em encontrá-lo no meio da multidão, mas meus dedos cumprem seu papel e enquanto meus olhos varrem o lugar.

Luana já está na última canção e não vejo Rubens em lugar algum, começo a contar os minutos até a música acabar, assim que tocou o último acorde saio do palco enquanto ainda estão aplaudindo, é meio óbvio que ele não está mais aqui dentro então o primeiro lugar onde o procuro é do lado de fora, escuto a voz da Luana me chamado, mas estou tão preocupado com Rubens que apenas sigo em minha busca.

Só consigo pensar no que Ben me disse, Rubens está deprimido, eu sei que não deveria me preocupar, mas sou tomado por um preocupação que supera a razão, ele não está no Fuscão, mas antes que comece a pirar vejo ele do outro lado da rua, sentado em no meio fio e olhando para o celular, atravesso a rua um pouco mais aliviado por ele ainda está ali e não ter tentado voltar pra casa sozinho.

— O que aconteceu?

— Nada, só precisava sair de lá um pouco — Você ligou? — Pergunto.

— Não, só estou olhando fotos antigas — Rubens diz com a voz cheia de tristeza.

— Rubens eu — estou pensando no que dizer, mas não consigo pensar em nada — desculpe.

— Não se desculpe, você só está tentando me ajudar e tem ajudado — ele me encara com os olhos marejados — mas ainda dói sabe?

— Foi a música né?

— Foi uma linda declaração — ele diz com um sorriso tímido e fraco — Antônio.

— O que?

— Você pode não me arrumar mais encontros a cegas com suas amigas por favor — fico em choque, tentei ser o mais casual possível e ele ainda sim percebeu.

— Eu achei que seria bom pra você conhecer outras pessoas, foi mau.

— Tudo bem, só que — ele para de falar e respira fundo, existe um peso em seu peito.

— Rubens, pode me contar qualquer coisa, morre aqui.

— Eu não gosto Antônio — ele diz com dificuldades.

— De encontro as cegas? Tudo bem não faço mais.

— De mulher Antônio — fico paralisado, não sei se entendi direito então ele repete para se fazer claro o suficiente — meu noivo era um cara Antônio, eu sou gay.

— Rubens eu, eu — estou em completo choque, não sei como agir, ele fica ainda mais triste com minha reação e então apoia as mãos nos joelhos para se levantar, mas antes que eu consigo pensar seguro seu braço.

— Antônio? — Rubens tenta protestar, mas o interrompi com um abraço apertado, o abraço mais apertado que já dei em alguém na vida, com seu rosto apoiado no meu peito ele não consegue se segurar e começar a chorar.

Ficamos uns minutos assim, com ele chorando enquanto o seguro com força, depois ele começa a sair do meu abraço aos poucos, enxuga as lágrimas, ele parece confuso, mas um pouco mais aliviado.

— Desculpa, só não estava esperando por isso, tipo não ligo pra isso Rubens, isso não muda nada entre a gente beleza?

— Sério? — Pergunta com sua voz ainda chorosa.

— Claro que não Rubens, sou seu amigo por quem você é, você é um cara foda e isso basta pra mim.

— Obrigado — o abraço de novo e lhe dou um beijo na testa.

— Por isso não contou pra sua família sobre o noivado? — Ele faz que sim com a cabeça.

— Esse cara é um babaca de ter te perdido Rubens, na moral você é um partidão cara e se ele não viu isso azar o dele.

— É complicado — ele ainda ama muito esse cara pra defender — Antônio por favor.

— Não vou falar sobre isso com ninguém, prometo.

— Obrigado, o Ben não pode saber.

— Não vou contar, mas acho que você devia pensar sobre isso, Benjamin te ama muito e acho que ele não iria ligar pra isso também.

— Não posso fazer isso — ele tem medo de contar ao irmão, pelo menos é o que parece.

— Tudo bem, você quem sabe, mas aí, quer ir embora?

— Não, vamos ficar, preciso beber um pouco e esquecer — Rubens volta a guardar o celular no bolso, depois se coloca de pé e voltamos juntos para dentro.

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Foto de perfil de R ValentimR ValentimContos: 74Seguidores: 44Seguindo: 2Mensagem não recebo mensagens por aqui apenas por e-mail: rvalentim.autor@gmail.com

Comentários

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A confiança,compreensão e respeito são sentimentos que ambos estamos tendo mutuamente pode fortalecer uma relação de amizade que se encaminha para um namoro.

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Poxa, Rafa, como fica a ansiedade pelo próximo capítulo? A construção passo a passo do vínculo entre Antônio e Rubens está lindo de acompanhar.

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Cada vez melhor. Pensando se esses dois vão ficar juntos. Acho que ambos merecem. Ansioso.

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Meu Deus, eu fico contando as horas pra ler o próximo capítulo... Tô viciado aaahhh

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