Máscaras do Desejo: EP 4

Um conto erótico de Raell22
Categoria: Heterossexual
Contém 1506 palavras
Data: 07/04/2025 19:43:20

Eu fiquei estática, o corpo travado na cadeira como se o chão tivesse virado gelo. O som do meu nome — “Lara” — na voz firme da minha mãe ecoava na minha cabeça, apagando todo o resto. Meu coração batia tão rápido que eu sentia ele no pescoço, mas não conseguia mexer um músculo, nem respirar direito. Ela sabia. Todo o esforço — a peruca, as lentes, a maquiagem, a voz inventada — desmoronou num segundo, e eu tava ali, nua na frente dela, sem saber o que fazer, o que dizer.

Ela me encarou por mais um instante, os olhos frios cortando através de mim, e então um sorriso torto abriu no rosto dela, um misto de ironia e desprezo. “O que foi, Lara? Tá achando que uma peruca e uma maquiagem barata iam me enganar?”, ela perguntou, a voz baixa mas afiada, quase rindo. “Você acha mesmo que eu não reconheceria minha própria filha?” Cada palavra era um tapa, e eu senti o calor subir pelo rosto, a vergonha me engolindo inteira enquanto ela segurava o pendrive na mão, o peso daquele vídeo entre nós.

Eu tava chorando, as lágrimas escorrendo sem parar, a voz engasgada. "Como você sabia?", perguntei, olhando pra ela, perdida. "Se você sabia, por que me fez fazer isso?"

Ela deu um suspiro longo, quase impaciente. "Tudo tem um motivo, Lara. Mas eu tô feliz que você enfim serviu pra algo."

"O que você quer dizer com isso?", consegui falar, o choro me cortando.

Ela inclinou a cabeça, um sorriso amargo nos lábios. "Você achou gostoso dar pro seu pai, não achou?"

Eu fiquei muda, o coração disparado, o nervosismo me travando. Não respondi, não conseguia, e ela continuou, os olhos fixos em mim.

"Não precisa dizer. Eu sei que no fundo você é só uma puta que ele vai usar como quiser. Igual eu fui um dia."

"Como assim?", perguntei, a voz tremendo, tentando entender.

Ela riu, seca. "Seu pai sempre foi um comedor nato, Lara. Ele sabia comer uma mulher como ninguém, e eu amava isso nele. Era louca por ele. Mas depois que eu engravidei de você, ele perdeu o apetite por mim. Meu corpo mudou, não era mais o que ele queria. Ele começou a procurar outras, e tudo isso por causa da maldita da minha filha — você."

Eu sacudi a cabeça, chorando mais forte. "Eu não tenho culpa de ter nascido!"

"É verdade", ela disse, o tom cortante. "Você não tem culpa de ter nascido. Mas nasceu, e desde então ele não me olhou mais do mesmo jeito. Começou a me trair com qualquer uma que cruzasse o caminho dele."

"E por que você me usou pra isso?", perguntei, as lágrimas sufocando as palavras.

Ela me encarou, o olhar duro, quase vazio. "Eu queria me livrar desse peso. Quando descobri o que você fazia nas escondidas, soube que podia me ver livre de dois pesos da minha vida de uma vez."

Continuação!

“Eu queria me livrar desse peso”, ela disse, o olhar duro, quase vazio. “Quando descobri o que você fazia nas escondidas, soube que podia me ver livre de dois pesos da minha vida de uma vez.”

“Como você descobriu?”, perguntei, a voz fraca, as lágrimas ainda caindo.

Ela deu um sorriso torto. “Uma amiga sua me contou. Disse que você se fantasiava, testava homens e mulheres por aí, pegava dinheiro pra isso. Na hora eu pensei: perfeito. Era minha chance de usar você pra juntar provas contra ele, pra eu sair desse casamento com alguma coisa nas mãos.”

“Você planejou tudo isso?”, falei, o choro engasgando as palavras.

“Não sabia se ia dar certo”, ela continuou, o tom seco. “Mas eu tinha certeza que você ia tentar, pelo menos por causa do dinheiro. Você devia achar que ele era um inocente, coitado, que não ia cair na sua lábia.” Ela riu, um riso curto e cruel. “Quando você ligou e disse que ele era fiel, eu soube na hora que era mentira. Minha filhinha tinha levado uma surra de pica do pai e não sabia como sair dessa.”

“Por que você me fez ir de novo, então?”, perguntei, as mãos tremendo.

“Dessa vez eu queria acabar com isso de uma vez”, ela disse, os olhos brilhando de um jeito doente. “Por isso pedi o vídeo. Queria provas que ele não pudesse negar.” Ela riu de novo, mais alto, inclinando a cabeça pra trás. “Mas ver você, a filhinha maldita que acabou com minha vida, sendo engolida numa suruba com o próprio pai? Isso foi muito melhor do que eu esperava.”

Eu não aguentei mais. As lágrimas explodiram, o choro saindo alto, descontrolado. “Você é um monstro!”, gritei, a voz quebrando, e levantei da cadeira, as pernas bambas. Não conseguia olhar pra ela, não conseguia respirar. Saí correndo do café, empurrando a porta com força, o ar frio batendo no meu rosto enquanto as lágrimas escorriam. Não sabia pra onde ir, não sabia o que fazer, só sabia que precisava fugir dela, dele, de tudo.

Eu saí correndo do café, empurrando a porta com força, o ar frio batendo no meu rosto enquanto as lágrimas escorriam. Não sabia pra onde ir, as pernas tremiam, o peito apertado como se alguém tivesse enfiado a mão lá dentro e arrancado tudo. Minha cabeça girava — as palavras da minha mãe, o riso dela, o vídeo, tudo me engolindo vivo. Corri pelas ruas sem olhar pra trás, o som dos carros e das pessoas virando um borrão. Só tinha um lugar pra ir: a casa da tia Simone.

Cheguei lá ofegante, as mãos trêmulas abrindo a porta. A tia tava na sala, assistindo TV, mas assim que me viu, levantou num pulo, o rosto mudando na hora. “Lara, o que aconteceu?”, ela perguntou, a voz cheia de preocupação, mas tinha algo mais ali, um peso que eu não entendi de cara. Achei que ela viu o estado que eu tava — o rosto inchado de chorar, os olhos vermelhos —, mas não era só isso. Eu não aguentei, desabei no colo dela, o choro explodindo de novo, alto, descontrolado. “Tia, eu fiz tudo errado”, solucei, agarrando a blusa dela. E contei tudo, cada pedaço sujo da história: o plano de ganhar dinheiro testando gente, a mãe me usando contra o pai, as transas com ele, o vídeo, a suruba. Tudo.

Ela ouvia quieta, o rosto sério, sem dizer uma palavra. Não tinha choque, não tinha surpresa, só silêncio. Eu levantei a cabeça, as lágrimas ainda caindo. “Você não vai falar nada?”, perguntei, a voz rouca, quase implorando.

A tia suspirou fundo, os olhos baixando por um segundo. “Me desculpa, Lara”, ela disse, baixo, quase um sussurro. “Eu não sabia se era montagem ou o que era isso.” Ela pegou o celular na mesa, hesitou, e me mostrou a tela. Meu coração parou. O vídeo — aquele vídeo — tava ali, aberto num grupo da família no WhatsApp. Alguém tinha jogado ele lá, e em minutos já tava espalhado por tudo. Ela rolou a tela, mostrando sites de fofoca, pornô, Twitter, tudo explodindo com títulos que me cortavam como facas: “Filha safada dando em suruba com o próprio pai”. Outro: “Putinha se fantasia e dá pro pai roludo”. Mais um: “Vadia dá pro pai e pros amigos em suruba gostosa, muito puta essa safada”. Era viral, o mundo inteiro vendo, rindo, julgando.

“Tá na Internet, Lara”, ela disse, a voz tremendo um pouco. “E no grupo da família... sua mãe tá se fazendo de vítima. Olha.” Ela abriu as mensagens, e lá tava: minha mãe mandando áudios chorosos, dizendo que o marido e a filha não prestavam, que ia pedir o divórcio e me expulsar de casa, que eu era uma vergonha. “Como isso vazou?”, gritei, o pânico subindo. Peguei meu celular correndo, abri o aplicativo onde ela me contratou, precisava dos prints, das provas que ela tinha armado tudo, que ela era o monstro. Mas não tinha nada. As conversas, os pedidos, o histórico — sumido. O app apagava tudo se o cliente pedisse, um mecanismo de segurança. Ela tinha me apagado de lá, me deixado sem defesa.

O ar sumiu dos meus pulmões. “Não, não, não!”, eu gritava, jogando o celular no chão, as mãos no cabelo, puxando com força. “Ela me destruiu, tia, ela me fodeu!” O choro virou um berro, o peito apertando tanto que eu não conseguia respirar direito. A tia veio pra mim, tentando me segurar. “Calma, Lara, respira, eu te ajudo”, ela dizia, mas eu não ouvia mais. O quarto escureceu, as paredes girando, o som da voz dela ficando longe. “Tia, eu não aguento...”, murmurei, as pernas cedendo, tudo ficando preto enquanto eu caía no chão.

Nota do autor: Esse é só pra voltar a ativa, tenho estado com pouco tempo pra produzir, e como sabem eu estou fazendo pelo celular e isso me desanimou bastante, então não tenho tido muito compromisso, mas vou trazendo no meu tempo os novos episódios!!

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Comentários

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Caraca que mãe ordinária essa e o pai mais ainda e quem leva a culpa é a filha ! Ela errou em não dar um basta quando soube que o Pai era o cliente mas nada justifica o que a mãe dela fez. Agora só resta a ela mudar de cidade ,estado ou do país .

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Raell, acabei de leros contos agora, sensacional, você é muito nisso, mas colocou a personagem em uma sinuca de bico que fico tentando imaginar como você vai tirar ela disso. Sei que quando a gente pensa em uma história pensa no inicio no enredo e no final e vou aguardar ansiosamente pela continuação. Mais uma vez parabéns. Caco

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