Desde que me mudei para um apartamento melhor em outro local, fui poucas vezes ao meu antigo bairro e por isso, há um bom tempo não via algumas pessoas. Quando Monica e eu descemos do carro, Fabio e alguns amigos de infância nossos que estavam no portão, imediatamente pararam de conversar e nos olharam. Um deles, brincou dizendo que eu tinha ganhado na Mega Sena.
Na verdade, minha intenção não era ostentar qualquer coisa para ninguém, aquele veículo de 550 mil era um “presente” do deputado Kikinho, mas como quase todo mundo avalia você pelo que tem e não pelo que é de verdade, imediatamente, esses amigos deixaram meu irmão de lado e vieram falar comigo, olhando para o Jeep, como eu estava vestido e também para Monica, que por sinal, estava linda, com um vestido azul-marinho casual e cabelos presos.
Entrei e de cara vi alguém que não esperava: Evelyn. Era para ela apenas deixar nosso filho no aniversário do avô e depois eu o levaria, mas a mesma decidiu ficar e ao me ver ao lado de Monica, não escondeu sua surpresa. Aliás, quase todos olharam para mim e minha ex-namorada da adolescência como se fôssemos ETs. Até a patricinha da Michele, que verdade seja dita, estava muito bonita com uma blusinha verde e uma calça branca apertada que destacava bem seu corpo e principalmente sua bunda, olhou-me incrédula por um tempo.
Cumprimentei a todos, não era uma festa grande, no máximo 30, 35 pessoas. Passei então a conversar com meu pai, que num dado momento me perguntou:
-Depois de tantos anos, você e a Monica...
-Não, não, ela ficou viúva há alguns meses, nos encontramos aquele dia que passei aqui rapidamente para acertar as coisas para o seu aniversário, tomamos um café e ela quis vir para te cumprimentar.
Havia uma grande mesa montada do lado de fora e outras menores. Após um tempo, fui à cozinha e flagrei minha mãe dizendo para uma amiga. “Você viu a sujeitinha que está com o meu filho? O marido nem esfriou no caixão e já está dormindo com outro. Pra mim, os dois já tinham um caso de longa data, ela vinha aqui para ver a família e deviam se encontrar escondidos”. Depois, ainda a ouvi fazendo drama, dizendo que eu tinha dado um presente caríssimo ao meu pai pelo aniversário, mas que no dela nem tinha ligado. Relevei, pois era um dia para comemorar.
Creio que as mudanças pelas quais passei e o fato de estar muito bem tenham sido o tema de algumas rodinhas paralelas durante a festa e isso não deve ter agradado a Fabio, acostumado a ser o centro das atenções, ele estava vivendo um dia de pária com amigos e familiares não dando muita pelota às suas costumeiras bravatas. Ele começou a beber e aquilo me preocupou, pois não queria que estragasse a festa.
Num dado momento em que fui ao banheiro, Evelyn se postou na porta e quando saí, disse de maneira irônica:
-Sempre soube que você e tua namoradinha ainda tinham uma quedinha, era um cuti-cuti, uma mieguice quando um encontrava com o outro na rua. Agora, tua mãe pode falar demais, mas tem razão ao dizer que viuvinha poderia esperar mais um pouco antes de revelar a todos que é uma safada.
Aquilo me irritou, tratei de responder à altura, mas num tom de voz baixo:
-Tô pouco me fodendo para o que você acha ou deixa de achar. Deveria era cuidar da sua vida porque nem da família você é mais.
Depois do passa-fora, Evelyn sossegou, mas Fabio seguia agitado, bebendo, sua voz dava sinais de embriaguez e seguia contando lorotas de que estava perto de fechar mais um negócio e que seria de milhões. Ninguém mais acreditava, só fingiam ouvir.
Passei um tempo conversando com minha irmã e meu cunhado de Minas que cuidava das carnes na churrasqueira. A festa rolou por umas horas e Fabio seguia bebendo. Houve um momento em que Monica e Michele começaram a conversar e me aproximei temendo que minha cunhada, mesmo estando numa M lascada, fizesse alguma desfeita, mas a conversa era sobre locais para passear em São Paulo e acabei me sentando e ouvindo o que falavam.
Pouco depois, Fabio olhou para nós 3 na mesa e surtou de vez. Veio em minha direção e falou alto para que todos ouvissem:
-Porra! Não basta ter roubado a mulher do italiano que acabou de morrer, ainda quer roubar a minha?!
Todos nos olharam, Monica ficou extremamente sem graça e Michele o mandou calar a boca e parar com o vexame, mas o show de Fabio estava só começando.
Com um copo de cerveja pela metade na mão e cambaleando, ele disse com voz pastosa:
-Você esssssssssstá se achando o cara, né? Só porque arrumou um emprego melhor, vem aqui todo metido a eleganteeeeeee, com um carrão, mulher gosssssssstosa, mas isso aí não vai durar muito, não, logo, logo, você vai fracassar e estará novamente numa churrascaria meia-boca me servindo café como naquela noiteeeeee.
Meu pai correu até onde estávamos e berrou:
-Para com isso, Fabio! Você já bebeu demais! Vai embora!
-Tenho que falar umas verdadesssssssssss...Depois eu vou. Tá todo mundo aqui, ó (disse apontando para todos os lados) pagando pau para eeeesse trouxa, achando que ele é um vencedor, mas isso é um otário que tá vivendo apenaaaaaas uma fase de sorte e querem saber um segredo bom?!
Nesse momento, minha irmã já tinha pegado meu filho e os dela e os levado para dentro, pois sabia que haveria confusão.
Meu pai ainda tentou segurá-lo, mas Fabio não parava e se soltou:
-Ele é tão perdedor, maaaaaaaaaaaas tão perdedor, que eu comi a mulher dele na casa dele, na cama dele, na poltrona essssspecial dele e o trouxa nunca desssssconfiou de nada AHAHAHAHAHA. Mas isso foi antesss de conhecer a minha esposa, depois eu parei de comer aquela putaaaaaaa ali... (apontando para Evelyn que a essa altura estava pálida) e parei porque sou fiel, maaaaas se quisesse tava comendo até hoje. Taí a verdade, eu comi sim a tua mulher e muitaaaaaas vezes. Você não é o bonzão, eu que sou e sempre serei!
Houve um imenso burburinho, as pessoas não acreditavam na baixeza de Fabio. Evelyn saiu desembestada para a rua. Ele tinha contado sobre o caso que teve com minha ex-mulher, mas como bom canalha que era, mentiu dizendo que tinha sido na época de solteiro, quando, na verdade, já estava casado com Michele. Meu irmão ainda teve tempo para dizer mais uma merda:
-Agora, você tá com a grandona aí, maaaaas se eu não fosse casado, passaria rola nela e na cama de vocêssss.
Meu pai perdeu a paciência e desferiu um violento tapa na cara de Fabio e em seguida disse:
-Eu tenho vergonha de ser teu pai! Fora daqui, vagabundo nojento!
Fabio colocou a mão no rosto e olhou para o meu pai assustado. Rapidamente, várias pessoas começaram a ir embora. Um dos nossos amigos do bairro, disse ao meu irmão:
-Cara, tenho que admitir, desta vez você se superou! Parabéns! Estragou a festa de aniversário do teu pai e passou atestado registrado em cartório de que tá puto de inveja do irmão.
Fabio ficou furioso, tentou xingar, mas logo foi a vez de Michele dizer:
-Irresponsável, eu já sabia que você já era, agora mau-caráter a esse ponto, eu não esperava
Fabio tentou se explicar:
-Eu tive um caso com a Evelyn antessss de te conhecer, nada a ver, amor, ela que ficava no meu pé.
-Você disse que seu irmão tinha uns certos problemas e isso só torna a história ainda mais suja. – Disse Michele já saindo furiosa.
Não entendi direito aquele diálogo sobre eu ter “certos problemas”, certamente, era mais uma mentira de Fabio para me depreciar, mas não dei atenção àquilo, procurei, junto com minha irmã e meu cunhado, acalmar meu pai que estava muito nervoso, vermelho e para complicar tinha problemas de hipertensão.
Fabio foi atrás de Michele e em pouco tempo, quase todos tinham ido embora. Foi aí que minha mãe começou o seu espetáculo chorando como uma atriz e dizendo que a culpa não era do “Fabinho”, mas de Evelyn que o seduzira. Sobrou até para mim, ela disse que se eu não tivesse me exibido tanto, meu irmão não se irritaria.
Despedi do meu pai, peguei meu filho e antes de sair disse no ouvido da minha mãe:
-O Fabio é um canalha e irá pagar pelo que fez hoje, esteja certa disso, mas fique tranquila, você segue sendo a pessoa mais cruel e desprezível que já conheci.
Ela quis fazer uma cena, mas me retirei junto com Monica e meu filho. Já na porta da casa da minha ex-namorada, pedi mil desculpas e ficamos conversando sobre tudo, ela ainda ficaria uma semana no Brasil e a convidei para nos encontramos antes dela ir.
Já em meu apartamento, cheguei à conclusão de que precisava foder definitivamente com Fabio, o problema seria como, pois o mesmo estava já estava destruído financeiramente, devendo até para agiotas pelo que soube e dar-lhe umas porradas seria muito pouco.
As coisas ainda se complicariam muito, no meio da madrugada, recebo uma ligação desesperada de minha irmã dizendo que meu pai passou mal e o levaram para o hospital, ainda não sabiam o que era. Fui rapidamente para lá e pouco depois, nos informaram que ele tinha sofrido um AVC e seu estado era grave. O fato já não estar bem de saúde somado ao nervoso que passou em pleno dia do aniversário devem ter sido a causa.
No final do outro dia, soubemos que se meu pai sobrevivesse, eram grandes as chances dele não falar mais e depender da gente para tudo. Foi um baque violento, fiquei enfurecido queria matar Fabio, se ele não tivesse aprontado aquela merda toda, talvez isso não tivesse ocorrido. Chorei bastante e fiquei com a cabeça aérea por dias. Já o safado, tratou de se esconder e só ligava para ter notícias.
Após uns 5 dias, indo e voltando do hospital, acabei me encontrando com Monica. Novamente, tomamos um café e ficamos conversando sobre nossas dores. Já na hora de deixa-la na porta da casa da sua mãe acabamos nos beijando com imensa volúpia, até achei que iria rolar e imaginei de leva-la ao meu apartamento. Entretanto, ela parou e disse aflita:
-Preciso de um tempo maior, Renato...Estou me sentindo muito atraída por você, mas ainda estou vivendo o luto pelo Gianlucca.
Ajeitando-me no banco, um tanto sem graça, respondi:
-Claro, entendo perfeitamente.
-Vamos fazer assim, daqui a alguns meses, voltarei ao Brasil e se você estiver livre, a gente pode conversar com mais calma, quem sabe termos uma nova história, mas até lá, para não perdermos o contato, podemos ir nos falando pelas redes, Whats, o que acha?
-Vou adorar, Monica. -Respondi, segurando e depois beijando sua mão, antes que ela descesse.
No dia seguinte, Monica voltou para a Itália, enquanto eu fiquei na agonia com a situação do meu pai. Foram 12 longos dias, indo e voltando do hospital, até que recebemos a notícia de seu falecimento. Meu mundo desabou, meu pai e melhor amigo tinha partido com apenas 63 anos.
Apesar do momento trágico, minha irmã, meu cunhado e mais algumas pessoas pediram que eu não fizesse nada com Fabio durante o velório. Mesmo totalmente devastado, não o peguei em respeito ao meu pai, mas pouco antes de ir embora, me aproximei do meu irmão e disse:
-Anota bem essas palavras, daqui a pouco tempo, você irá se lamentar por não ter ido no lugar dele. O que te espera é bem pior do que a morte.
Fabio não conseguiu me encarar, ficou inerte, olhando para o chão.
Fiquei algumas semanas totalmente aéreo, alternando entre chorar, ficar deitado e beber. Creio que só uns 20 dias depois, consegui começar a botar as ideias no lugar. Foquei em meu trabalho, novos e grandes rolos estavam surgindo e eu queria ganhar cada vez mais.
Passei a conversar praticamente todo dia com Monica por videochamada, estávamos nos dando bem e talvez no futuro, pudéssemos ficar juntos. Entretanto, como não tínhamos nenhum compromisso, acabei mergulhando mais fundo no mundo da putaria, transando ainda mais do que antes, creio que era uma forma de não pensar em tudo o que ocorrera.
Dois meses e meio após meu pai falecer, outra bomba estoura. Por volta das 6h da manhã, meu celular toca e é minha mãe dizendo que Fabio tinha sido preso no Mato Grosso do Sul, acusado de tráfico internacional de drogas. Parece que o maninho usou o caminhão da transportadora para trazer caixas de cerveja do Paraguai, mas no meio da carga, tinham vários quilos de maconha. Ela começou a chorar e dizer que eu tinha que ir para lá com um advogado para ajuda-lo, pois se tratava de um engano. Obviamente, que além de comemorar por dentro, fui curto e grosso:
-Quero mais é que ele apodreça na cadeia e não me ligue mais para falar desse verme!
Tráfico internacional de drogas é um crime inafiançável, somente em alguns poucos casos, o criminoso consegue responder em liberdade e para isso, precisa de bons advogados. Como Fabio estava quebrado, seria pouco provável que conseguisse sair da cadeia antes do julgamento, exceto se conseguisse provar que tinha sido um mal-entendido.
Decidi comemorar a prisão do meu irmão com uma festinha de arromba em meu apartamento. Chamei Rubens e mais 4 garotas e varamos a noite, dançando, transando e bebendo.
Apesar da minha mãe e até da minha irmã terem tentado novamente pedir que eu ajudasse Fabio, obviamente, não mexi uma palha.
Com o volume de negócios crescendo, Rubens e eu montamos um escritório discreto, mas muito bem decorado. Cada um tinha a sua sala e uma secretária. Era ali que nos reuníamos frequentemente com Kikinho e outras pessoas importantes para tratar de diversos esquemas.
Eis que num final de tarde sou surpreendido quando minha secretária me avisa que minha cunhada Michele estava lá e pedira para falar comigo. Apesar daquela confusão na festa, ela continuou vivendo com meu irmão. Naquele momento, deduzi que era mais uma vindo me pedir para ajudar Fabio ,e quase não a recebi, mas até que seria gostoso para a alma, ver a patricinha arrogante, que no passado, me tratava como um Zé Ninguém digno de pena, vir se rebaixar. Pedi que a deixasse entrar.
Michele entrou com uma expressão aflita, estendi-lhe a mão já me preparando para o chororô que viria, mas para a minha surpresa, ela tinha vindo para pedir ajuda, mas não para o meu irmão. Com muita vergonha, mas falando calmamente, minha cunhada disse:
-Renato, peço desculpas por vir ao seu trabalho, ainda mais que nunca fomos próximos, mas não tenho mais a quem recorrer. Já falei com um monte de gente e todas me disseram não, estou desesperada, preciso de um emprego, as coisas já estavam terríveis antes do Fabio ser preso, mas agora estou no fundo do poço. Ele deixou um monte de contas atrasadas, luz, condomínio, fora as dívidas com agiotas que estão vindo me cobrar em tom ameaçador. Estou sem quase nada de dinheiro e não quero pedir aos meus pais porque eles já me jogam na cara por terem que cuidar da minha filha e ter me casado com um vagabundo. O problema é que só tenho experiência como recepcionista, o teu irmão não deixava que eu trabalhasse, por causa do ciúme, então só aparece vaga para vendedora comissionada ou no máximo para ganhar um salário mínimo.
Enquanto Michele falava de seus dramas, passei a admirar sua beleza, aquela loira natural de 25 anos, aparentando ter menos, era realmente linda, estava usando um camisa branca social de botões que desenhavam bem seus seios e uma calça jeans preta colada e salto alto. Seus cabelos volumosos pareciam ter saído de um comercial de shampoo e condicionador e seu rosto tinha um ar angelical.
De repente, me veio uma ideia tentadora. “Seria fantástico fingir que quero ajuda-la, ser seu protetor, mas deixando subentendido que quero algo em troca. Imagine a cara do meu irmão na cadeia recebendo uma foto da sua esposa sentada em meu colo ou nós dois na cama? Seria a vingança perfeita”. Viajei alto, mas segui ouvindo-a.
Até que num momento, Michele ficou um pouco emocionada.
-Estou tentando me reaproximar da minha filha, sabe? Quero que ela venha morar comigo, o Fabio não deixava, mas agora quero isso, e também voltar a estudar, parei no 2º do curso de Direto. Só que como vou poder ser uma boa mãe e voltar a estudar se nem a droga de um emprego consigo? Outro dia, fui ao supermercado e passei a humilhação de não poder comprar um iogurte que ela queria porque estava com o dinheiro contado para outras coisas.
Michele era arrogante e cabeça oca por ter se envolvido e, pior, casado, com meu irmão, mas senti um pouco de pena, pois me coloquei no lugar dela. Decidi que iria ajuda-la, mas com segundas intenções, valeria a pena tentar seduzir aquela linda mulher e com o plus de que isso destruiria de vez Fabio, pois, verdade seja dita, o canalha era doido por ela.
Caprichando nos meus dotes de ator, demonstrei empatia:
-Você devia ter me procurado antes, somos família! Vou te ajudar, mas temos que ir por partes. Realmente, arrumar um emprego com pouca experiência pode demorar, só que pelo visto seus problemas são para hoje. Vamos fazer assim, resolvemos o que for mais urgente e vou tentando ver se acho um emprego para você.
Michele se mostrou surpresa com a minha receptividade, mesmo sem entender direito em como a ajudaria no começo. Perguntei mais sobre as dívidas e sobre sua situação em casa e soube que só não tinha chegado ao ponto de passar fome, porque a mãe lhe dava algum dinheiro para comprar o necessário. Olhei no relógio, já eram 16h. Decidi perguntar
-Você veio como para cá?
-De metrô.
-Então vamos fazer assim, eu te levo para sua casa e no caminho você me conta mais sobre a sua situação, mas já adianto que farei o que for possível.
Michele parecia aliviada, por um momento, me senti mal por querer me aproveitar da situação, mas a verdade é que se não fosse comigo, logo ela transaria com outro, pois com meu irmão preso e linda como era, não faltariam pretendentes.
Quando eu já estava saindo com Michele, vi Rubens em sua sala com a porta aberta, após dar uma bela secada em Michele, ele arregalou os olhos para mim fazendo uma careta de espanto, como quem diz “-Que peixão, hein, malandro?”.
Como citei antes, meu irmão e ela estavam morando num apartamento de COHAB bem no extremo da Zona Oeste. No caminho, Michele foi me contando das muitas portas que fecharam em sua cara.
Acabei entrando em seu apartamento, era uma gaiola como eu previra e o local era terrível, com uns caras mal-encarados na frente do prédio, fiquei até receoso de deixar o carro ali. Fui prático, pedi as contas atrasadas de Michele, estavam todas no nome de Fabio então, eu disse:
-O que estiver no nome dele, você não precisa se preocupar em pagar.
-Mas e a luz e o condomínio? Também tem os agiotas que sabem onde moro.
-Sei como resolver isso. Arrumarei um lugar bom para você ficar, no máximo em 3, 4 dias, você se muda.
-Mudar? Mas como? Desculpa, mas se for para ficar na casa da sua mãe, não dá. Ela consegue ser pior que meus pais e se for para outro lugar, seguirei sem poder pagar.
-Não, para lá não. Vou arrumar um lugar melhor que esse e quanto ao aluguel, deixe por minha conta no começo, não esquente a cabeça com o valor.
-Nossa, Renato! Mas vai ficar pesado para você.
-Não, eu atuo na área de imóveis e conseguirei um lugar bom. Agora, sobre a sua situação financeira, para poder se manter nesse começo, quero te ajudar. Você tem PIX?
Envergonhada, Michele disse
-Tenho, mas não pre...
-Não esquenta a cabeça, somos família e sou eu que estou oferecendo, você só me pediu para conseguir um emprego que veremos depois, mas temos que focar no hoje.
Michele me passou o PIX e na mesma hora, transferi 6 mil para sua conta.
-Passei um dinheirinho para você poder fazer as compras do mês, supermercado essas coisas.
A irmã do meu marido demonstrava um grande alívio e começou a me agradecer longamente sem acreditar que depois de tudo o que Fabio fez, eu estivesse sendo tão legal para ele. Porém eu a cortei e disse:
-Enquanto o Fabio estiver preso, pode contar comigo para tudo. Não se humilhe pedindo nada para ninguém, fale comigo, se puder te darei na hora. Quanto ao emprego, pensarei em algo, mas não garanto que será rápido, mas vamos nos falando.
Antes de eu sair, ela me abraçou, senti seu perfume suave. Eu iria mesmo ajudar Michele, mas moveria mundos e fundos para poder fodê-la e depois fazer com que meu irmão soubesse de tudo.
Os jogos estavam começando, mas eu também teria que lidar no futuro com um outro problema: o novo namorado de minha ex-mulher.