O Autor do Meu Desejo - Parte 1 - O Encontro na República

Um conto erótico de Charlie Taylor
Categoria: Heterossexual
Contém 1000 palavras
Data: 09/04/2025 12:59:48

O ano era 2005, e a vida universitária no interior do Rio Grande do Sul fervilhava entre aulas, festas e aquele clima peculiar de liberdade e descobertas. Em meio às repúblicas estudantis de Caxias do Sul, onde a tradição gaúcha se misturava ao frenesi da juventude, dois jovens estavam prestes a se cruzar de uma forma que mudaria seus destinos—pelo menos por aquela noite.

Charlie vinha de uma família de descendência polonesa e alemã, criado em uma pequena cidade próxima, onde os valores tradicionais eram lei. Filho de um agricultor e uma professora, ele cresceu entre livros e o cheiro da terra, mas sempre com um pé no mundo das palavras. Sua paixão pela literatura o levara até a faculdade de Letras, mas, assim como muitos jovens daquela geração, ele também carregava dentro de si um conflito silencioso: a tensão entre o que sua família esperava dele—um bom casamento, filhos, uma vida estável—e o desejo de explorar o mundo, os prazeres da carne e as histórias que ninguém ousava contar em voz alta.

Olivia, por sua vez, vinha de uma família tradicional brasileira, onde as mulheres eram criadas para serem boas donas de casa—mas ela sempre soube que seu lugar era entre panelas, temperos e fogões, não apenas servindo, mas comandando. A gastronomia era sua válvula de escape, sua forma de expressar uma sensualidade que, em sua cidade natal, seria considerada imprópria. Morena de olhos profundos e lábios carnudos, ela sabia do poder que tinha sobre os homens, mas, depois de um término recente, estava mais interessada em diversão do que em compromissos.

Ambos carregavam histórias semelhantes—famílias rígidas, expectativas sufocantes e um desejo ardente de provar que a vida podia ser mais do que o script que lhes haviam escrito. E, naquela noite, em uma república cheia de corpos suados, música alta e álcool barato, seus caminhos estavam prestes a se colidir.

O calor do verão gaúcho pesava no ar, misturando-se ao cheiro de cerveja derramada e ao doce aroma de corpos em movimento. A república "Beco dos Artistas" estava no auge da festa, com estudantes dançando, rindo e se esfregando uns nos outros sem pudor. As luzes piscantes lançavam sombras sensuais sobre as paredes, e o som abafado da música fazia com que todos precisassem se aproximar para conversar—ou para outras coisas.

Olivia estava encostada na parede, segurando um copo de vodka com energético que mal tinha gosto de álcool, tão doce estava. Seu vestido preto, justo e curto, colava em seu corpo como uma segunda pele, destacando cada curva—o bumbum arredondado, as coxas torneadas, os seios médios que balançavam levemente a cada respiração. Ela observava o ambiente com um olhar meio desinteressado, meio provocante, como se estivesse à espera de algo—ou alguém—que finalmente a tirasse daquele tédio.

Foi então que ele apareceu.

Charlie atravessava a sala com passos largos, uma garrafa de cerveja na mão e um sorriso despretensioso no rosto. Alto, com seus 1,82m e ombros largos, ele chamava atenção sem esforço. A camiseta branca, já um pouco transparente de suor, colava em seu torso musculoso, e o jeans justo deixava pouco à imaginação sobre o que havia por baixo. Seus olhos castanho-claros brilhavam sob a luz fraca, e quando eles se fixaram em Olivia, ela sentiu um frio quente percorrer sua espinha.

"Merda."

Ele sorriu, como se soubesse exatamente o que ela estava pensando, e começou a se aproximar. Olivia fingiu não notar, mas seu coração acelerou quando ele parou a poucos centímetros dela, o calor do corpo dele já invadindo seu espaço.

— Quer outra? — a voz dele era grave, carregada de um sotaque interiorano que fez algo dentro dela se contrair.

Ela ergueu o copo vazio, arqueando uma sobrancelha.

— Depende. Você tá oferecendo ou só perguntando?

Charlie riu, os olhos percorrendo seu corpo de cima a baixo antes de responder.

— Tô oferecendo. — Ele inclinou-se para pegar outra garrafa de cerveja gelada de uma mesa próxima, e quando a entregou a ela, seus dedos se tocaram por um instante—suficiente para que um choque de desejo percorresse ambos.

Olivia bebeu, consciente de que ele observava cada movimento, desde a maneira como seus lábios envolveram o gargalo até a suave elevação de seu pescoço quando engolia.

— Então que curso você faz?

— Letras, respondeu ele.

—Letras, é? — ela perguntou, tentando soar desinteressada.

— Isso. E você, deixa eu adivinhar... Gastronomia? — Ele se aproximou mais, seu braço encostando no dela.

— Acertou. — Ela sorriu, desafiante. — Mas não me diga que você é daqueles que acha que lugar de mulher é na cozinha.

Charlie deu uma risada baixa, o olhar escurecendo.

— Eu acho que lugar de mulher é onde ela quiser. Mas, no seu caso…

— Ele inclinou-se para sussurrar no seu ouvido, o hálito quente fazendo-a tremer.

— Eu adoraria ver você na cozinha. E no quarto. E no meu carro.

Olivia riu, mas o arrepio que percorreu seu corpo não mentia.

— Que atrevido.

— Você gosta. — Ele respondeu, e antes que ela pudesse rebater, ele a puxou para um beijo.

Foi como se um fio estivesse sido puxado—o primeiro contato foi suave, quase hesitante, mas quando Olivia respondeu, abrindo a boca para ele, tudo mudou. O beijo se aprofundou, tornando-se voraz, e suas mãos se moveram com urgência—ela agarrou seu cabelo quase loiro, puxando-o para mais perto, enquanto ele segurou sua cintura, apertando-a contra seu corpo. Ela podia sentir ele, duro e quente, pressionando contra sua coxa, e um gemido escapou de seus lábios.

— Tá muito gente aqui… — ela murmurou, mas suas mãos já desciam pelas costas dele, explorando cada músculo.

— Meu carro tá lá fora. — Ele respondeu, a voz rouca de desejo.

Olivia não pensou duas vezes.

Sem se separarem completamente, os dois se moveram em direção à saída, trocando beijos molhados e mãos curiosas. Ninguém na festa notou quando eles sumiram—afinal, era só mais uma noite de calor, álcool e desejo naquela república.

Mas para Charlie e Olivia, aquela seria uma noite que nenhum dos dois esqueceria.

Continua...

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