A FORÇA QUE ENCONTRO EM TI - CAPÍTULO 5: A CARTA

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Gay
Contém 2938 palavras
Data: 12/04/2025 06:18:52

— Onde estou? — Abri os olhos e a claridade me cegou por alguns segundos.

— Bem-vindo, George. — Uma voz feminina me cumprimentou. — Sou a enfermeira Kelly. Você está na Cleverfield High School e sofreu um desmaio.

— Desculpa. — Pedi e tentei levantar.

— Calma. — Ela me segurou. — Você sofreu uma queda de pressão. Mudar de escola não é fácil, não é?

Com cuidado, a enfermeira Kelly me ajudou a ficar em pé. O mundo ainda parecia um carrossel, mas eu não queria ficar conhecido como o estranho que desmaiou no auditório. Ela checou a minha pressão e garantiu que tudo estava normal.

A enfermeira Kelly é uma mulher negra de pele retinta, suas tranças estão presas em um coque perfeito e seu perfume leve tem cheiro de jasmim. Educada, ela explicou que, em alguns casos de ansiedade, a pressão poderia oscilar e me pediu para encontrar com o orientador pedagógico no fim da aula.

— O seu amigo está esperando. — Ela avisou, apontando para frente.

— Amigo?

— Sim. — Respondeu, pegando em meu ombro. — Bem, senhor Sanches, está liberado por enquanto. Pode ir para a aula. — Orientoug a enfermeira.

Ao sair da enfermaria, encontrei Emmett, que correu na minha direção e perguntou se estava tudo bem. Estranhei sua reação, afinal, nunca fomos próximos. Muito pelo contrário, Emmett me tratava como um doente, principalmente quando estava perto do time de futebol.

— O que você está fazendo aqui? — Questionei, mais grosso do que gostaria.

— Qual é. Os sobreviventes precisam se unir...

— Corta essa, Montgomery-Kerr. Nós nunca fomos amigos. Só fica longe de mim. — Pedi, pegando meu celular para verificar o número da sala. — Inglês na sala 503.

Os corredores dessa escola são frios e claros demais para minha visão. O médico explicou que eu teria muitas dificuldades, mas viveria normalmente. Será que estou sendo castigado? E se isso for uma pegadinha da vida? No fim do dia, Zeek e Rachel vão aparecer junto com o apresentador do programa e dizer que tudo é uma brincadeira.

Antes de entrar na sala, parei para enxugar uma lágrima. A partir de agora, eu teria que me acostumar com essa realidade. Uma realidade onde eu não tenho amigos ou um futuro digno. Ao abrir a porta, me deparei com diversos rostos que nunca vi.

As pessoas me observam com curiosidade; alguns comentam sobre o meu espetáculo no auditório. Atrás de mim, escutei a porta abrir, e Emmett apareceu com uma confiança ímpar no olhar. Pelo menos, alguém conseguia fingir normalidade nesta situação.

— Olha só, os alunos novos. George Fletcher Sanches e Emmet Montgomery-Kerr, certo? — Perguntou o professor, que se aproxima e nos cumprimenta. — Eu me chamo Marcus Carter e dou aula de Inglês. Por favor, sentem-se e fiquem à vontade. Estamos estudando autores da literatura inglesa. — Orientou.

De cabeça baixa, sentei na primeira cadeira no meu prejudicado campo de visão. O Emmet optou sentar no fundo da sala. Os alunos não disseram nada, mas eu percebi os olhares, alguns curiosos, outros com pena, e existiam os alunos maldosos também. O professor começou sua aula e explicou sobre a cronologia da literatura nos Estados Unidos. Enquanto isso, fiquei inerte em pensamentos sombrios.

Desde o Furacão Fernandes, minha vida não foi mais a mesma. Até meus pais perceberam minhas mudanças. Eu não faço isso por mal, apenas existe uma dor dentro de mim e não sei como fazê-la se dissipar. Eu não quero ser o adolescente rebelde ou a pessoa traumatizada escrota, quero apenas ser eu. É pedir demais?

No fim da aula, os alunos voam para minha mesa como moscas. "Como foi sobreviver ao Furacão?", "É verdade que você é cego?", "Conseguiu entrar no furacão?", "É tão pavoroso quanto dizem?". Fui bombardeado com perguntas idiotas. Porém, sinto alguém me puxar. É o Emmet, que quase me faz atropelar todos os colegas.

De uma maneira bruta, quase violenta, ele me levou para o corredor. Em seguida, pergunta se estou bem e confirmo com a cabeça. O que será que deu nele?

— Não liga para as perguntas e comentários, cara. — Ele pediu.

— E você está ligando? — Eu perguntei de maneira grosseira.

— Estou lidando melhor que você. Ou vai desmaiar?

— Cala a boca, otário. Você não tem noção de como está sendo pra mim...

— Eu não sei? Caralho, quem tá aleijado? Eu perdi a porra do braço, Sanches. E você é a única pessoa que me entende...

— Eu não quero saber de você, Emmet. Nos últimos anos, fez da minha vida um inferno. Me julgava por ser gay e praticava bullying comigo. Tem noção de quantas vezes eu cheguei chorando em casa por causa das roupas que vocês do time de futebol danificavam com tinta ou água suja? — Perguntei, apontando na direção dele. — Agora quer ser o meu amigo? Só porque somos deficientes? Sabe de uma coisa, eu quero que você vá para a casa do caralho! — Gritei. Foi então que percebi que todos olhavam para nós.

Os olhos de Emmet variavam entre decepção, vergonha e medo. Ele não perdeu tempo e sumiu entre os alunos. Porra, eu que só queria passar o ano letivo sem ser percebido agora sou o centro das atenções em Cleverfield High School.

Os alunos cochichavam e apontavam para mim. Um dos inspetores me chamou, pois o coordenador pedagógico desejava me ver. Ótimo, George. Bom começo. Sai do armário de uma maneira muito agradável.

Na hora do intervalo, peguei a comida e sentei em uma das mesas vazias do refeitório. E adivinha? A luz aqui é muito forte também. No meu prato nada me chamou a atenção, fiquei brincando com a comida. Porém, uma voz chamou por mim. À minha frente estava uma moça negra, usando muitos tons de rosa e com um sorriso muito falso no rosto.

Ela se chamava Jennifer Harris, uma aluna do terceiro ano e uma das abelhas rainhas da escola. Jennifer tirou uma foto comigo. Ela estava cercada de pessoas, aparentemente seus seguidores. Os alunos em volta olhavam e, como sempre, cochichavam sobre mim.

— Querido George, uma pena tudo o que aconteceu com você. Ninguém merece passar por uma situação tão trágica. — Ela lamentou.

Percebi que ela gravava um vídeo e o pânico começou a tomar conta do meu peito. Levantei e bati com as duas mãos na mesa.

— Você é sem noção, garota? Não vê que eu quero ficar em paz? — Questionei, e todos ficaram assustados. A própria Jennifer parecia contrariada e respirou fundo para não perder a pose.

— Tudo bem, gente. — Disse Jennifer, soando falsa. — Ele ainda está traumatizado, mas por favor, não esqueçam de fazer sua doação na #salvejacksonville. — Desligando o celular. — Qual é a tua, garoto, não se enxerga? — Com um sorriso malicioso, se aproxima de mim. — Gente, nem parece até parece um pirata. — Sai do refeitório com todos os seus seguidores.

O meu coração palpitava forte e constante. É isso, estou infartando. Deixei a comida de lado e segui para o banheiro. Ao entrar, arregalei o único olho bom, pois haviam duas pessoas, cada uma segurando uma vela, enquanto uma música estranha saía do celular.

— Er, aqui é o banheiro? — Perguntei com medo.

— Sim, mas agora é a sede da nossa seita. — Disse o rapaz. Ele é loiro, mas tem mechas roxas nos cabelos e usa óculos de grau.

— Se... seita...

— Tranquilo. — Pediu a moça, que, assim como o rapaz, era loira, mas tinha mechas pretas nos cabelos. Os dois usavam roupas pretas. — Somos bruxos do bem. Pode, por favor, fechar a porta?

Eu apenas obedeci e fiquei olhando para os dois, que continuaram o ritual. Aparentemente, o feitiço era para que Jennifer ficasse com dor de barriga. Ok, eu não fui contra, a vadia merecia um castigo divino e nada melhor que dois bruxos para o trabalho.

Cruzei os braços e por um minuto esqueci todas as preocupações. Por algum motivo, eu simpatizei com os dois. Eles finalizaram o ritual e apagaram as velas.

— Já? — Questionei, ainda com os braços cruzados.

— Sim. Qual o seu nome?

— Sou George. E vocês?

— Sou Nathan e essa é minha irmã Sofia. — O rapaz disse. — Você é novo?

— Sim. Fui transferido da Freedom High School...

— A escola do Furacão. Sinto muito, viu.

Essa foi a interação mais estranha que tive na vida. A gente ficou se olhando e ninguém disse nada, até que alguém entrou no banheiro e a moça saiu. Não demorou muito e o irmão foi atrás. Eles parecem ser pessoas legais, mas não posso fazer isso. Eu não quero trair o Zeek. Eu sei que ele morreu, mas parece que alguém pode roubar o lugar dele.

Eu só queria que o dia acabasse. Eu não aguentava mais a claridade daquele lugar, os olhares de pena e os comentários nada discretos. Aquela bosta de dia tinha que acabar.

Só que não acabou. O conselheiro pedagógico, o Sr. Mars, me chamou. Aparentemente, o corpo docente passou o dia me observando e relataram os dois ataques de raiva que tive, além do desmaio no auditório.

O Sr. Mars é um homem bonito, com uma barba muito estilosa, alguns cabelos grisalhos e uma cara de quem já passou por muita coisa aqui na escola. Ele me entregou um panfleto de orientação psicológica. Aparentemente, eu precisaria passar em um terapeuta para controle de raiva e estresse pós-traumático. Eu estava tão cansado para argumentar que apenas aceitei a ordem e marquei os dias que passaria na psicóloga da escola, Evelyn Moore .

— Senhor Sanches, estamos muito felizes em recebê-lo, mas saiba que existem regras de convivência nesta instituição. — Avisou o Sr. Mars. — As portas da minha sala estarão sempre abertas para você, viu? E, por favor, cuide dos seus colegas também, assim como eu quero que eles cuidem de você.

— Pode deixar. — Soltei, louco para acabar com o assunto e ir para casa.

O dia na Cleverfield High School tinha sido um verdadeiro desastre. Cada olhar curioso, cada cochicho abafado pelos corredores me fazia querer desaparecer. Meus ombros estavam tensos quando cheguei em casa, jogando as chaves sobre a mesa da entrada e subindo as escadas rapidamente.

Meus pais estavam na cozinha, preparando o jantar junto com minha irmãzinha, Anne. Ouvi sua risada infantil e o barulho das panelas, mas não quis interagir. Não agora. Eu precisava ficar longe das pessoas e descansar.

Entrei no meu quarto, fechei a porta e soltei um longo suspiro. Joguei minha mochila sobre a cama e me deitei, encarando o teto. Meu coração ainda estava acelerado, talvez por toda a tensão do dia. Inspirei fundo, tentando acalmar os pensamentos caóticos que me atormentavam.

— Filho, a janta está pronta, vá tomar um banho e desça, por favor. — A voz da minha mãe veio acompanhada de uma leve batida na porta.

— Ok, mãe. — Respondi, sem energia para discutir.

Me levantei devagar e comecei a tirar a roupa. Quando olhei no espelho, vi meu reflexo e, como sempre, senti um aperto no peito. Retirei o tapa olho e encarei meu rosto no espelho. Eu parecia um monstro. Não importava quantas vezes tentasse me acostumar, a sensação de ser incompleto nunca desaparecia.

Suspirei pesadamente e fui até minha mochila para pegar o celular, na esperança de mandar uma mensagem para Zeek. Eu daria qualquer coisa para ter aquele sorriso faceiro do meu melhor amigo. Mas, ao abrir a mochila, algo chamou minha atenção.

Havia um envelope ali. Branco, simples, mas com meu nome escrito à mão na frente.

"Para, George."

Franzi o cenho. Peguei a carta com cuidado e sentei na cama.

— Uma carta? — Murmurei para mim mesmo antes de abrir o envelope.

Dentro, um pedaço de papel dobrado meticulosamente. Meus dedos suavam levemente quando comecei a desdobrá-lo. Meu coração acelerou novamente, mas dessa vez não por causa da escola. Algo dentro de mim dizia que essa carta mudaria tudo.

***

Querido George,

Eu nem sei como começar isso, mas acho que o primeiro passo é admitir que errei. E errei muito. Você não tem ideia de quantas noites eu fiquei deitado, encarando o teto, desejando poder voltar no tempo e fazer tudo diferente. Mas não posso. O que posso fazer agora é te pedir perdão.

Durante anos, eu fiz da sua vida um inferno. E tudo porque você era quem eu não tinha coragem de ser. Você nunca se escondeu, nunca tentou ser alguém que não era para agradar os outros. Você foi forte, enquanto eu fui fraco. E, ao invés de admitir isso, eu ataquei você. O problema nunca foi você, George. O problema sempre fui eu.

O furacão levou tudo. Nossos amigos, nossas casas, nossas vidas como eram antes. Mas, de uma maneira que eu não consigo explicar, ele me deixou algo: a verdade. Sobre mim, sobre você, sobre tudo. Sobre como eu passei anos negando quem sou, e como eu deixei essa negação virar raiva. Raiva que eu despejei em você.

Eu queria ter sido como você. Eu queria ter tido a coragem de me assumir, de ser livre, de enfrentar tudo de cabeça erguida. Mas eu me escondi atrás de um escudo de arrogância e crueldade. E agora que o furacão arrancou tudo de mim – literalmente –, eu vejo que esse escudo era uma farsa. Agora sou só eu, e eu preciso lidar com isso.

A verdade, George, é que eu tenho medo. Medo de dormir e sonhar com os gritos dos nossos amigos, sendo levados pelo vento. Medo de lembrar da dor, do desespero, da sensação de que aquele seria o meu fim. Medo de nunca conseguir me perdoar por tudo que fiz com você. Mas, mais do que isso, medo de nunca conseguir o seu perdão.

Eu entendo se você nunca quiser falar comigo de novo. Eu mereço isso. Mas se, por algum milagre, houver um espaço em você para me perdoar, eu prometo que vou passar o resto da minha vida tentando ser alguém melhor. Não só para você, mas para mim mesmo.

Obrigado por ser quem você é, George. O mundo precisa de mais pessoas como você.

Com arrependimento e respeito,

Emmett

***

Recebi a carta do Emmett hoje. Ele deve ter colocado o envelope na minha mochila quando desmaiei. A princípio achei que fosse algum tipo de brincadeira, ou até uma armadilha maldosa, como tantas que ele e os outros armavam na escola. Mas não. Era sincera. Cada palavra pingava arrependimento. Ele se desculpava pelos empurrões, pelas risadas às minhas custas, pelas vezes em que me fez querer desaparecer. No fim, ele escreveu: "Obrigado por ser quem você é, George. O mundo precisa de mais pessoas como você."

Fechei a carta com as mãos trêmulas e liguei o computador. Não sei por quê. Talvez para fugir do que sentia. Ou para tentar me lembrar de um tempo em que, mesmo com a dor, eu ainda tinha o Zeek, ou pelo menos, uma versão digital dele.

Procurei os vídeos antigos. Eu e ele gravávamos tudo — nossas besteiras, desafios, piadas internas. Achei um em que disputávamos Mortal Kombat. Ele gritava, todo animado: “Toma essa, perdedor!” e depois gargalhava. E eu ria junto, mesmo perdendo. Era isso que a gente fazia: perdia e ganhava juntos. Mas agora… só eu fiquei aqui.

As lágrimas vieram antes que eu pudesse segurar.

— Por que você me abandonou, Zeek? — Minha voz saiu falhada. — Eu preciso tanto de você, meu amigo…

A porta bateu suavemente.

— Filho? — Era a mamãe. Me ouviu chorando e entrou sem esperar resposta.

Eu estava ali, jogado no chão, só de cueca, com o rosto molhado e o peito pesado. Ela não disse nada no começo, só me abraçou. Aquele abraço quente, firme, de quem segura o mundo pra gente quando a gente não consegue mais.

— Calma, filho. Essa dor é grande, mas vai se dissipar — Ela disse, encostando o rosto no meu.

— Como o Zeek teve coragem de fazer isso? Ele sabe que eu não sou nada sem ele, mãe. Eu não posso passar por tudo isso só…

— O Zeek te amava, George. Ele era o teu melhor amigo. Ele não te abandonou, filho. Apenas cumpriu a missão dele aqui na terra. O Zeek foi feliz, George. Encontrou um amigo tão verdadeiro que o amou como irmão.

O quarto se encheu com a voz do meu pai.

— Sabe... — Ele disse, carregando a Anne no colo — quando você se assumiu não foi fácil pra mim. Eu tive uma outra criação e relutei pra entender.

Ele se sentou na cama. Anne escapou dos braços dele e caminhou até mim, me abraçando com aquelas mãozinhas pequenas. Me desarmei por completo.

— Um dia, o Zeek apareceu aqui em casa — Meu pai continuou. — Você tinha ido ao dentista com sua mãe e a Anne. Eu estranhei. Perguntei: "A que devo a visita, Zechary?". E ele me respondeu, com toda coragem do mundo: “A gente precisa ter uma conversa de homem pra homem.” Aquele garoto de 16 anos me deu uma lição. Disse que minha obrigação era te amar incondicionalmente. Que ele nunca permitiria que eu te fizesse mal. Ele te amava mais do que você pode imaginar. O que aconteceu foi uma tragédia, filho. Mas tenho certeza que o Zeek não quer te ver desistindo da vida. Viva por ele. Faça valer a pena a chance que a vida te deu.

Me levantei e o abracei. Forte. Como se pudesse me ancorar ali pra sempre.

E ali, entre lágrimas, abraços e memórias, eu entendi. O Zeek não se foi por escolha. E o que ele deixou em mim é mais do que saudade — é missão.

Preciso honrar quem partiu. Preciso viver pelos que não podem mais. E se um dia eu puder fazer por alguém o que o Zeek fez por mim, então talvez, só talvez, eu consiga devolver ao mundo um pouco do que ele me deu.

Eu vou viver, Zeek. Por você. Por nós.

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Comentários

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Cara, não da, toda vez que leio os capítulos desse conto, eu não consigo segurar as lágrimas!

O conto passa todo o sentimento, muito bem escrito, meus parabéns!

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