Mãe das Maldades

Um conto erótico de Casal Tatuíra
Categoria: Heterossexual
Contém 1956 palavras
Data: 12/04/2025 16:32:21

Felipe carregava consigo, como um pecado original, a lembrança daquele sonho de infância. Não era apenas a vergonha que o corroía, mas o prazer clandestino que o acompanhava, como um vício secreto. Naquele crepúsculo entre o sono e a vigília, ele se via deitado numa sala estranha, alheia, um quarto de desejos que não ousava nomear. E ali, como uma aparição sacrílega, estava ela: sua mãe, nua, serpenteando no sofá, os olhos semicerrados num êxtase que ele jamais lhe imaginara.

Os seios, brancos e pesados, eram acariciados por uma mão que não era dela — uma mão viril, cúmplice de algum adultério onírico. Mais abaixo, os pelos negros, uma floresta de pecado, eram revirados por dedos ávidos, como se buscassem no ventre dela algum relicário profanado. E então, o golpe final: o rosto da mãe se voltava, os lábios ávidos colados à boca de um homem que surgia por trás. Não era o pai. Era Pierre, o amigo de sorriso lascivo que trabalhava com ele.

Felipe tratava aquilo como um sonho, sim, mas que sonho! Um delírio que o enojava e, ao mesmo tempo, lhe inflamava as veias. Quantas noites ele se debruçara sobre essa imagem, reconstruindo-a em detalhes sórdidos? Visualizou-a com outros.homens, em.outros lugares, alhlgumas vezes, tomado de desejo, visualizou a si mesmo possuindo a propria mãe. Será que Pierre a penetrava no "anel dos prazeres", como diziam os malditos? Ou será que seu membro, longo como um botulão, alcançava as entranhas rosadas e úmidas daquela que fora, em vida desperta, a santa do lar?

Após cada êxtase solitário, vinha a culpa, um remorso católico que o esmagava. Mas a carne é fraca, e a memória, mais fraca ainda. No dia seguinte, lá estava ele outra vez, entregue à volúpia daquela mãe imaginária, luxuriosa, devassa — uma mãe que só existia naquele quarto maldito de sua mente. E assim seguia, condenado a desejar o que mais odiava: a queda daquela que deveria ser intocável.

Soninha — assim a chamavam, com um diminutivo que era uma mentira piedosa. Casta no nome, mas não nos olhos. Não era feia, não. O tempo, esse cafetão impiedoso, havia-lhe cobrado o aluguel em rugas sutis e umas "gordurinhas" que, longe de ofender, davam-lhe o ar de um pecado bem-assado.

Ah, mas Soninha! Seu sorriso — doce como hóstia, envenenado como escárnio. A boca, entreaberta, era um convite ao beijo e à asfixia. Fechada, transformava-se numa sentença. E os olhos? Eram de Capitú envelhecida, mas ainda capaz de incendiar um confessionário. Havia neles uma malícia elegante, discreta como um punhal de veludo.

E o corpo... Meu Deus, o corpo! Não era magro, não. Era farto, como os pecados da quaresma. Seios redondos — "honestos", diriam as beatas, enquanto mordiam os lábios. A cintura, ainda uma promessa. E o traseiro... Ah, o traseiro! Um trono, um altar onde se sacrificavam virilidades. Cada passo seu era um convite ao crime — e Felipe, pobre Felipe, já homem feito, sentia o chamado, o perfume, a mística daquela mulher que poderia parar um exército em marcha, só para depois esmagá-lo sob o salto. Mas era doce, tão doce... Como uma faca embalada em mel.

Felipe, envolto nas brumas de memórias antigas, revive o passado, e é assaltado por uma suspeita que o paralisa: e se, em vez de um sonho, tivesse entrevisto a mãe, a intocável Soninha, em uma comunhão pecaminosa de corpos suados, entregando-se a um amante com a fúria de quem foge da própria vida? A lembrança o atormenta, e ele, numa das raras vezes que se permite mergulhar nesse abismo, conjectura sobre a beleza dos amantes — a mãe, com sua boca vermelha que abraça a malícia, e o amigo do pai, talvez um homem de presença magnética, dono de uma casa que agora ele recorda com nitidez: o sofá de couro gasto, as paredes de um bege desbotado, os quadros tortos e os móveis que cheiravam a madeira velha. Era a casa de Pierre, sim, ele tem certeza, e a dúvida o consome: teria a mãe tido a audácia de se entregar ali, às escondidas, ou o pai, resignado, sabia da perdição da esposa? Pior ainda, num delírio que o faz suar frio, Felipe se pergunta se o pai não apenas sabia, mas compactuava, talvez até observando ou — num escândalo que Rodrigues descreveria com deleite — compartilhando a esposa num ritual de sombras e silêncios.No limiar entre a vigília e o sono, Felipe não sabe o que viu: seria o pai uma figura espectral, assistindo à traição com olhos mortiços, ou um cúmplice ativo, partilhando a carne da mulher que jurou amar? Outras lembranças vieram à mente: as vezes que ele saiu nua do banheiro sabendo que estaria à vista do filho. A vez que ela o flagrou cheirando sua calcinha suja no cesto ou, ainda mais esclarecedor, a vez que ela.o.flagrou em prazer solitário e sorriu aquele sorriso que animaria até o Davi de mármore. Seriam convites à investida? Estaria ela dando liberdade a ele de também tomar posse daquele corpo?

A incerteza o devora, e o desejo, esse monstro que Nelson Rodrigues tão bem conhecia, toma conta dele. Felipe, então, trama uma ousadia digna de um conto rodriguiano: lançará uma isca à mãe, um gesto ambíguo, carregado de intenções. Se ela morder, se o sorriso provocativo de Soninha ceder ao chamado, ele extravasará nela os desejos mais secretos, aqueles que o envergonham e o excitam em igual medida. Se ela recuar, o momento se dissipará como um mal-entendido, um constrangimento que o subúrbio engolirá em seu silêncio cúmplice. Felipe, nesse instante, é a encarnação do tormento: um filho que deseja a mãe, um homem que desafia o sagrado, um pecador que, entre a dúvida e a luxúria, caminha para sua própria perdição.

Felipe foi aquela noite mesmo à casa da mãe. Morava sozinha desde que enviúvara. Sabe o destino por que, ela não.manteve nenhum.romance. Ao.menos que Felipe soubesse.

Ela estava ali, recostada no sofá de veludo desbotado, com um livro entre as mãos — ou melhor, fingindo ler. O volume, um romance francês de capa gastinha, mal disfarçava seu verdadeiro propósito: ser apenas um adereço na cena que ela mesma compunha, como uma atriz que sabe estar sendo observada.

O cabelo castanho, cortado em ondas que mal roçavam os ombros, caía sobre seu rosto com uma negligência estudada. Nada naquela moldura era acidental — cada fio parecia dizer: "Olhe, mas não toque." A blusa vermelha, justa e sem mangas, colava-se a ela como uma segunda pele, revelando curvas que a vida doméstica ainda não ousara desfigurar. Os detalhes em renda eram um paradoxo: recato e provocação, como um pecado confessado em voz baixa.

As calças de alfaiataria, xadrez bege e marrom, tentavam — em vão — dar-lhe um ar de matrona séria. Mas ali, naquela sala de paredes sufocantes, Soninha era pura contradição: a dona de casa que se sentava com as pernas levemente abertas, a mãe que um dia fora amante, a santa que ainda guardava no corpo as cicatrizes de antigos ardores.

O sorriso, leve e quase ausente, não enganava: era o sorriso de quem sabe que o desejo alheio a cerca, invisível e pesado como o ar antes da tempestade.

Ele se aproxima, devagar, os passos quase inaudíveis no assoalho que range como um cúmplice relutante. A sala, com suas paredes sufocantes e o cheiro de madeira velha, parece prender o ar, tornando o momento ainda mais denso. Felipe para diante dela, o corpo tenso, os olhos fixos nos dela — aqueles olhos de Capitú envelhecida, que brilham com uma malícia que poderia incendiar um confessionário. Então, ele se inclina, sob o pretexto de pegar algo na mesinha ao lado, mas o movimento é calculado: sua mão roça de leve o joelho dela, um toque que é ao mesmo tempo acidental e deliberado, leve como uma pluma, mas pesado como um pecado. Ele deixa a mão ali por um segundo a mais do que o necessário, os dedos quentes contra a calça xadrez, sentindo a textura do tecido e, por baixo, o calor do corpo dela. Enquanto se ergue, ele a encara, e sua voz sai num tom baixo, quase um sussurro, carregado de uma intimidade que não deveria existir: “Mãe, você já sentiu saudades de algo que nunca teve?” A pergunta, aparentemente inocente, é uma lâmina de dois gumes, um desafio disfarçado de reflexão. Ele observa cada detalhe da reação dela: o modo como o sorriso leve de Soninha vacila, a forma como os olhos dela se estreitam por um instante, como se tentassem decifrar a intenção por trás das palavras. O corpo dela, farto e pecaminoso, parece se retesar por um momento, os seios redondos subindo com uma respiração mais funda, o traseiro — aquele trono de perdição — ajustando-se no sofá com um movimento quase imperceptível.

Ela responde, a voz rouca, quase um ronronar: “Às vezes, Felipe, a gente sente saudade do que nunca teve… mas talvez ainda possa ter.” A frase, carregada de promessas, é o sinal que ele esperava, e Felipe, agora, sabe que o abismo não é mais apenas uma possibilidade — é um destino que ele e a mãe, juntos, estão prestes a abraçar.

As bocas abertas se aproximam, famintas, e o abismo engole Felipe e Soninha num instante de perdição absoluta. A mão dela, trêmula mas decidida, roça o peito de Felipe, os dedos deslizando como se quisessem gravar cada contorno daquele corpo proibido, enquanto as mãos dele, ávidas e sem pudor, assuntam as coxas dela, apertando a carne macia sob a calça xadrez com uma urgência que não se contém.

O turbilhão do desejo os sacode, e o que começa com beijos tímidos logo se transforma num vendaval de abraços, gemidos e suspiros que ecoam pela sala sufocante. A boca da mãe é doce, macia, saborosa, um néctar que Felipe prova com a devoção de um herege, cada chupada e mordida selando o pacto profano que eles agora consumam. O perfume dela, aquele aroma tão familiar que outrora significava lar, agora se transmuta em lascívia pura, envolvendo-o como uma névoa que embriaga e condena.

Felipe a toma nos braços, erguendo-a do sofá com a força de quem carrega um troféu e uma maldição. As pernas dela o abraçam, envolvendo sua cintura com uma intimidade que faz o sangue dele ferver, e ele a segura pelo traseiro — aquele trono de pecados que ele tanto venerou em segredo. As pontas de seus dedos, mesmo por cima dos tecidos, encontram os pontos de prazer de Soninha, roçando de leve o calor que emana dela, e ela arqueia o corpo, entregando-se ao toque com um gemido que é ao mesmo tempo súplica e ordem. No meio da devassidão, um instante de lucidez a faz falar, a voz entrecortada pelo desejo:

“Na cama, me leva pra cama.” A frase é um trovão na alma de Felipe, a confirmação de que cada fantasia, cada tormento, valeu a pena.

Ele a carrega pelo corredor, os passos pesados de quem marcha para o próprio inferno, mas com o coração leve de quem finalmente alcança o que sempre desejou. Cada momento de culpa, cada gozo solitário em que ele se perdeu imaginando aquela mulher — que agora não é mais mãe, mas uma deusa da luxúria —, cada vez que a espiou trocando de roupa, o corpo farto se revelando em silhuetas furtivas, cada roce calculado enquanto dormiam na mesma cama em noites de calor, tudo, tudo valeu a pena. Eles cruzam o umbral do quarto, e a cama, com seus lençóis brancos que outrora simbolizavam a pureza do lar, agora se torna o palco de sua danação. Felipe a deita com uma reverência profana, e Soninha, com os olhos em chamas, puxa-o para si, selando o destino que ambos, em silêncio, sempre souberam que viria.

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Comentários

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Muito boa, excitante, erótica sem ser pornográfica.. fiquei meladinha me colocando no lugar dos personagens.. Bj.

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