Os meses se passaram naquele ritmo monótono, com Charlie e Olivia vivendo vidas paralelas sob o mesmo teto. Até que, em uma tarde qualquer, durante uma conversa casual na sala dos professores, um colega de trabalho soltou uma recomendação inesperada:
— Cara, você que gosta de literatura, já leu alguns contos eróticos online? Tem uns sites com histórias bem… intensas. — o professor de História disse com um sorriso malicioso, antes de mostrar rapidamente um site no celular.
Charlie, movido por curiosidade e talvez um tédio reprimido, decidiu dar uma olhada quando chegou em casa, abriu o computador e se deparou com diversos tipos de contos, os heterossexuais, homo, velhas, novinhas, entre outros tipos de fetiche. Olivia estava trabalhando em um evento de casamento, então ele teve a tarde toda para explorar.
Foi assim que ele descobriu os contos de traição, cuckold ou corno em português.
No início, leu por pura curiosidade. Histórias de homens que sentiam prazer em ver suas esposas com outros homens. A princípio, achou estranho, até mesmo perturbador. Mas, sem perceber, continuou lendo.
E então, uma noite, enquanto Olivia dormia nua e tranquila ao seu lado, ele se pegou imaginando.
E se fosse ela?
E se fosse Olivia, com outro homem?
A imagem invadiu seus pensamentos sem pedir licença: Olivia, de quatro na cama, gemendo enquanto um homem mais forte, mais imponente, a possuía. Ele, Charlie, assistindo, incapaz de intervir, só observando, excitado contra sua própria vontade.
Seu coração acelerou. Seu pau endureceu, ficou duro como não ficava desde o início de seu namoro.
E, antes que pudesse pensar melhor, sua mão desceu pelo corpo, mas parou rapidamente com medo de acordar sua esposa, mas a ideia dela com outro o excitava muito.
O que começou como uma curiosidade passageira tornou-se um hábito secreto.
Charlie começou a ler esses contos toda vez que Olivia não estava em casa. E, mais do que isso, começou a fantasiar.
Às vezes, quando eles faziam amor, ele fechava os olhos e imaginava outro homem no seu lugar. Outras vezes, quando Olivia saía para eventos do buffet, ele se perguntava: Será que ela está flertando com alguém? Será que algum convidado a deseja?
A ideia o excitava e o envergonhava ao mesmo tempo.
Ele nunca mencionou nada para Olivia. Como poderia? Como explicar que, depois de anos de relacionamento, ele agora tinha esse desejo estranho, quase proibido?
A obsessão de Charlie pelos contos eróticos tornou-se mais intensa com o tempo. O que começara como uma curiosidade oculta transformou-se em algo mais profundo, mais urgente. Ele não queria apenas ler aquelas histórias – queria escrevê-las, fantasiar sobre o mesmo tema.
Foi assim que, em uma noite em que Olivia trabalhava até tarde, ele abriu seu laptop e começou a digitar. Usou o pseudônimo de Homero como autor dos contos.
O primeiro conto chamava-se "A Esposa e o Estranho".
Nele, Mariana (não Olivia – nunca Olivia, pelo menos não no papel) encontrava-se sozinha em um bar depois de uma discussão com o marido. Um homem mais velho, de mãos calejadas e olhar dominador, aproximava-se dela. A narrativa era detalhada, quase cinematográfica: o jeito como ele puxava seu cabelo, a forma como ela gemia ao ser penetrada por trás, a expressão de êxtase no rosto dela quando percebia que o marido assistia, escondido no canto escuro do quarto.
Charlie escreveu até os dedos doerem. Quando terminou, estava ofegante, com o coração acelerado e o corpo tenso. Ele não conseguia parar de imaginar Olivia – não, Mariana – naquela situação.
Foi então que postou seu primeiro conto no mesmo site onde começou a ler por indicação de seu colega da escola.
Nos dias seguintes, os contos multiplicaram-se:
"O Preço da Traição" – o mais ousado de todos, no qual o marido vendia a esposa para um desconhecido, apenas para observá-los.
"A Noite do Vinhedo" – inspirado nos eventos que Olivia tanto trabalhava, com a mulher seduzida por um sommelier francês entre os barris de vinho.
Em um trecho do conto escrito por Charlie, "A Noite do Vinhedo" (inspirado em Olivia, mas usando o nome "Carolina"):
O sommelier francês a empurrou contra os barris de carvalho, suas mãos ásperas subindo sob o vestido justo que ela usara para o evento.
— "Tu es magnifique", ele murmurou em seu ouvido, os dedos encontrando a renda da calcinha e rasgando-a sem cerimônia.
Carolina tentou protestar, mas seu corpo já respondia, úmido e traidor. Quando seus lábios encontraram os dele, tudo o que conseguiu foi um gemido abafado.
O homem era mais forte, mais experiente. Girou-a de costas, pressionando-a contra a madeira envelhecida enquanto desabotoava as calças com uma mão.
— "Regarde-moi" (olha pra mim), ele ordenou, virando seu rosto para o pequeno espelho pendurado na parede do porão.
Ela viu seu próprio reflexo: lábios inchados, olhos vidrados de desejo, o decote desarrumado revelando os seios que ele apertava com força. Viu também ele - o marido - parado na escada, observando com os punhos cerrados e o olhar ardendo de ciúmes e... excitação?
O sommelier não perdeu tempo. Penetrou-a com um empurrão bruto que fez Carolina gritar, suas unhas cravando-se na madeira dos barris de vinho.
— "Plus fort" (mais forte), ela suplicou em francês que não sabia que conhecia, seu corpo traindo qualquer resquício de decência.
Ele a fodia com movimentos brutais, cada socada ecoando no porão silencioso. O vestido subiu até sua cintura, revelando as nádegas avermelhadas pelas palmadas que ele aplicava entre cada estocada.
— Dites à votre mari ce que vous ressentez (diga ao seu marido como você se sente), ele ordenou, puxando seu cabelo para trás.
Carolina olhou novamente para o espelho, para os olhos escuros do marido que a observava, e soluçou:
— Eu... eu nunca senti algo assim...
Foi quando o orgasmo a atingiu como um vinho forte - intoxicante, inevitável. Seu corpo contraiu-se violentamente, os gemidos ecoando entre as garrafas envelhecidas enquanto o francês a preenchia completamente.
No espelho, ela viu o marido finalmente se mexer - sua mão desaparecendo dentro das calças, masturbando-se freneticamente enquanto assistia sua esposa ser possuída por outro homem bem na sua frente...
Cada história era mais explícita que a anterior. Charlie escrevia com uma mistura de vergonha e êxtase, imaginando sempre o mesmo rosto, o mesmo corpo, os mesmos gemidos abafados que conhecia tão bem.
Mas havia um problema: ele nunca usava o nome Olivia.
Era sempre Mariana, Carolina, Juliana – qualquer nome que não a expusesse diretamente. No papel, ela podia ser corrompida, usada, desejada por outros. Na vida real, porém, a ideia de confessar esse desejo aterrorizava-o. Até mesmo o fato de se isso realmente acontecesse, não saberia como agir.
E se ela achasse nojento?
E se ela o visse diferente?
Uma parte dele queria compartilhar esses escritos com ela, talvez até lê-los em voz alta durante o sexo. Outra parte, porém, temia o julgamento – ou pior, o riso, desprezo e até mesmo o término do seu relacionamento com sua esposa.
Não sabia como lidar, mas não parou de escrever e postar seus contos sobre suas fantasias.
Continua...
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