Eu ainda estava digerindo tudo o que aconteceu naquela primeira noite. As sensações misturadas de desejo, vergonha e submissão fervilhavam dentro de mim sempre que eu lembrava. E o pior — ou o melhor, dependendo do ponto de vista — era que Daniel sabia. Ele via nos meus olhos o quanto aquilo me devastava e, ao mesmo tempo, me deixava duro.
Nos dias seguintes, ele me tratou como sempre: frio, prático, sem o mínimo esforço para me agradar. E eu, claro, fazia tudo por ele. Lavava suas roupas, cozinhava e aceitava qualquer coisa que ele dissesse, mesmo quando me machucava por dentro. Ser o namorado dele era como ser um funcionário submisso num contrato sem direitos. Mas eu continuava ali. Por ele. Pelo que ele fazia comigo.
Na sexta-feira à noite, ele chegou do trabalho com aquele ar sério, bonito, sem sequer me cumprimentar direito. Jogou as chaves na mesinha e falou:
— Hoje à noite vai ter visita. Quero que a casa esteja limpa. E você vai se comportar.
— Visita? Quem?
Ele me lançou um olhar de aviso.
— Não é da sua conta.
Senti o estômago gelar. Eu já sabia. Era mais um.
Passei as duas horas seguintes limpando tudo. Banheiro, cozinha, troquei a roupa de cama. Daniel ficou no sofá, no celular. Em nenhum momento me ajudou ou comentou nada. Quando terminei, ele me mandou tomar banho.
— Quero você cheiroso, depilado e pronto pra obedecer.
Meu pau ficou duro na hora. Ele percebeu e sorriu, daquele jeito cruel dele.
Depois do banho, vesti apenas uma cueca preta, como ele mandou. Fiquei esperando no quarto, sentado na beirada da cama. O coração batia forte. Quando ouvi a campainha tocar, minha garganta secou.
Ouvi vozes. Risadas. Ele não fazia esforço nenhum pra esconder. Eles foram pra sala. Por curiosidade — ou masoquismo — me aproximei da porta entreaberta e espiava sem ser visto. Daniel estava sentado no sofá, perna cruzada, com uma bebida na mão. E ao lado dele, um rapaz mais novo, moreno, corpo sarado, camisa justa. Parecia à vontade. Tocava o joelho do Daniel, ria alto, olhava como se estivesse em casa.
Vi quando Daniel sussurrou algo no ouvido dele e o garoto sorriu. Eles se beijaram. Longo. Molhado. Meu coração apertou. Eu podia sentir meu rosto arder, meus olhos encherem de lágrimas. Mas minha cueca já estava encharcada.
Logo depois, Daniel se levantou e olhou pra direção do corredor.
— Vem cá, Lucas.
Engoli seco. Caminhei até eles. O garoto me olhou com certo desprezo, e Daniel apontou pra mim como se eu fosse um objeto.
— Esse é o Lucas. Meu namorado. Ele mora aqui. Obedece tudo o que eu mando. E vai obedecer você também, se eu quiser.
O garoto riu. Me analisou de cima a baixo.
— Ah, então é esse o corno?
A palavra me atingiu como um tapa. Daniel passou o braço pelos ombros dele e respondeu:
— É. Mas ele adora ser corno.
Eu fiquei parado, com os olhos no chão. Sem resposta. Sem coragem. Eles riram.
— Vai pro quarto — Daniel mandou. — E espera de joelhos.
Obedeci sem hesitar.
Minutos depois, os dois entraram no quarto. Daniel estava sem camisa, e o convidado também. Eles nem olhavam pra mim. Começaram a se beijar na minha frente, a se tocar. Eu ajoelhado, assistindo tudo, sentindo meu rosto queimar de vergonha e tesão.
— Fica bem quietinho aí, ursinho — disse Daniel, debochado. — Hoje você só assiste. Pode se tocar, se quiser. Mas não pode gozar sem minha permissão.
O garoto me olhou com um sorriso sádico.
— Ele é meio fofo até. Dá vontade de usar ele depois também.
Daniel riu.
— Pode usar. Ele é todo nosso hoje.
E então eles começaram.
Daniel empurrou o garoto na cama, beijava o pescoço dele, lambia seu peito. As calças caíram. Os gemidos começaram. Eu, ajoelhado, não conseguia tirar os olhos. Minhas mãos já estavam dentro da cueca, me tocando lentamente, envergonhado, submisso, totalmente entregue.
Quando Daniel penetrou o garoto, o quarto se encheu de gemidos e o som dos corpos se chocando. Eu tremia. Queria tocar mais forte, queria gozar, queria me esconder... mas também queria continuar vendo. Queria sofrer aquilo. Porque aquela era minha posição. Inferior. Obediente. Traído e humilhado.
E amado, talvez? Não. Isso não.
No meio do ato, Daniel olhou pra mim, os olhos fixos, intensos, dominadores.
— Tá gostando, gordinho? Tá vendo o que é um homem de verdade fodendo? Você nunca vai ter isso.
Assenti em silêncio. Sentia lágrimas escorrendo pelas bochechas.
E meu pau mais duro feito uma rocha