Chega a ser assustador como um pequeno momento, um que você achava ser irrelevante, pode mudar totalmente a vida de uma pessoa. Uma mísera frase, que poderia ser até considerada banal, pode partir um coração ou até destruir um casamento, e foi isso que aconteceu comigo.
Tudo aconteceu em uma noite de domingo, no churrasco na casa do meu cunhado. O meu nome é Oscar e eu sou casado a quase 10 anos com Lívia, uma linda mulher de 35 anos, com um corpo incrível. Nós dois temos um filho, Arthur, de outro relacionamento de Lívia, mas que eu amo como se fosse meu próprio filho.
Pois bem, o que aconteceu foi que nessa noite estávamos todos comemorando a promoção do meu cunhado, ele havia se dado bem no trabalho e não só subido na hierarquia da empresa, mas também ganhado um emprego em uma das filiais nos Estados Unidos.
O cara tinha ganhado na loteria praticamente, então estávamos todos felizes por ele, comemorando seu sucesso financeiro. Mas é como dizem: "Sorte no jogo, azar no amor" e para ele não foi diferente.
Por mais que meu cunhado estivesse em um ótimo momento no trabalho, em compensação sua vida pessoal, e mais especificamente romântica, era um desastre. Ele não namorava sério já a alguns anos, e as poucas mulheres com quem ficava não duravam nem um mês antes de pularem fora.
Nós dois estávamos na mesa, tomando uma cervejinha na beira da piscina, enquanto comíamos e conversávamos junto a alguns amigos e nossas namoradas/esposas.
Nessa conversa meu cunhado estava sendo cobrado por nós sobre sua companheira de vida, até agora inexistente, e nós brincávamos que ele iria conseguir uma bela gringa que iria roubar seu coração nos EUA.
Ele sorriu e brincou, falando:— Não tem jeito, sou um desastre no amor. Acho que tenho que encarar os fatos e aceitar que vou morrer sozinho. — Ele disse, com um tom dramático e cômico.
Todos nós sorrimos e eu tomei a dianteira, comentando: — Pois é, meu amigo. O amor é difícil, mas alguns tem a sorte de encontrar a pessoa amada no melhor momento. — Falei isso e olhem para minha esposa, que bebia e sorria com a conversa.
— Pô, não esfrega na minha cara não. — Ele falou, brincando. — Nem todo mundo é que nem você e a Lívia que tem o casamento perfeito. Vocês tiveram sorte de se encontrarem, mas eu sou azarado no amor.
— Ah não foi sorte, foi técnica. — Brinquei um pouco, falando em um tom divertido. — A verdade é que eu sou um mestre da sedução.
Quando eu falei isso Lívia, que já estava meio felizinha demais com a cerveja na mão, se virou pra mim e me encarou com um brilho no olhar.
— Mestre da sedução? Hahaha — Ela sorriu, me dando um tapinha no ombro. — Essa é boa, amor. Você me conheceu quando eu era mãe solteira, se eu não tivesse o Arthur pra criar eu nem tinha te dado bola Hahaha
Ela comentou, sorrindo com a "piada", mas quando ela falou isso o clima da conversa mudou.
Todos ficaram chocados e encararam Lívia em silêncio. Já Eu? Bem, meu coração parecia que ia sair do meu peito, eu senti um enjôo, como se tivesse tomado um soco no estômago.
Lívia virou o copo e finalmente olhou a cara de velório e o silêncio desconfortável no rosto das pessoas na mesa. — Gente? Eu disse alguma coisa?
Nesse momento eu me levantei da cadeira, dando as costas para Lívia e todos alí e sai, sem dizer uma palavra.
Lívia me viu saíndo e encarou os outros, com uma confusão estampada no olhar.
— Amor? Pra onde você vai? — Eu a ouviu falar, mas já estava saindo do quintal e pegando minhas chaves. — Gente, o que aconteceu? — Ela perguntou as pessoas na mesa, mas todos viraram o rosto, sem querer se meter na coisa toda que estava acontecendo.
— Lívia...— Meu cunhado falou, tocando o ombro da irmã. — Você vacilou demais agora viu, pegou pesado.
— Ma...mas, era só uma piada. Eu fui um pouco rápida com ele no nosso namoro porque eu realmente queria um pai pro Arthur, mas depois eu realmente em apaixonei por ele.
— Isso não é uma coisa legal de se dizer, você deve ter magoado de verdade o Oscar.
Ela ficou sem entender, mas levantou nervosa da cadeira e correu atrás de mim, passando como um raio pelo quintal e pela sala e abrindo a porta da frente, só pra me ver arrancando com o carro e sumindo de vista na rua.
Eu apertava o volante com força enquanto dirigia. Senti meu peito apertado e um calafrio na ponta dos dedos, eu não acreditava nisso. Quando eu conheci Lívia ela era mãe solteira e Arthur tinha uns 4 anos de idade, quando eu a chamei pra sair ela aceitou na hora, nós tivemos química quase de forma instantânea e logo no primeiro encontro nós dormimos juntos.
Alguns meses depois eu a pedi em casamento e o resto vocês sabem. Mas agora, quando eu lembrava disso tudo, eu só sentia um dor tremenda. Eu me sentia sujo, como se tivesse sido usado, enganado, feito de trouxa.
Vieram na minha mente os comentários da minha sogra, de quando eu a conheci, e ela falou algo tipo: "Nossa, finalmente se ajeitou. Esse não é o tipo de cara que você costumava sair"
Com tanta coisa passando pela minha mente eu só dirigi, ignorando as mensagens e chamadas que vibraram no meu celular, ainda pensando no que eu iria fazer.