Falei para Júlia sobre toda a nossa conversa e detalhei as propostas do Psiquilord, de forma que ela entendesse bem o papel que eu desempenharia caso aceitasse as ofertas, o tempo que precisaria dedicar a esse novo projeto, e abri meu coração sobre as minhas inseguranças a respeito. Eu tenho um amor gigantesco pela minha clínica que, inclusive, estava passando por uma obra de ampliação, onde eu já teria — e pretendia — me empenhar bastante para obter bons resultados. Também era uma tentativa de me realizar profissionalmente.
— Amor, tem somente uma coisa me incomodando nisso tudo — ela disse.
Imediatamente, imaginei que seria algo relacionado a muito trabalho.
— O quê? — perguntei.
— Isso é algo que você sempre quis, não é? — Juh questionou.
— Não, na verdade, eu nunca cogitei nem que ele soubesse quem eu era... Isso é mais do que eu sempre quis, parece um sonho, é como se o meu cérebro estivesse criando essa expressão inconscientemente — falei, soltando um leve sorriso e deitando ao lado de onde ela estava sentada.
— Então! — ela exclamou animada, sentando em cima de mim. — Você está enxergando muito todos os empecilhos e lados a se pensar e esquecendo de que hoje foi um dia mágico. O ex-bobão que você põe em um pedestal te notou pelo seu incrível talento que qualquer um que observe minimamente o seu profissionalismo perceberia... Você pode até não aceitar, porém, precisa ficar plenamente feliz, porque é algo realmente importante — falou-me na maior empolgação do mundo, com os olhinhos brilhantes.
Era visível que Júlia estava genuinamente feliz por mim.
O que eu ia dizer? A muié tinha toda razão. Eu estava tão preocupada com o peso da minha decisão que não foquei na grandiosidade do presente, do que estava acontecendo realmente. Eu até estava feliz, mas não o suficiente. Eu não estava sabendo aproveitar.
Respirei fundo, sentindo o calor da presença dela ali sobre mim, os olhos atentos, esperando que eu dissesse qualquer coisa, nem que fosse um "é verdade, amor". Mas a verdade era muito maior do que eu conseguia traduzir em palavras naquele momento. Meu coração estava tão ocupado pesando prós e contras, tentando antecipar consequências, que deixei de lado o mais simples: a alegria pura e crua de ser reconhecida.
Fechei os olhos por um instante. Não para fugir, mas para tentar me conectar com aquele momento. Aquele dia. Aquele sentimento que, se eu não tomasse cuidado, escorreria por entre os dedos como areia. Era raro, quase milagroso, ser vista assim por ele, por alguém que representa tanto para mim. E mais ainda: ser vista pelo que eu faço de melhor, pelo que eu sou de verdade.
— É... — murmurei, com um meio sorriso, abrindo os olhos e encarando Juh, que me observava com atenção. — Hoje foi mágico, não foi?
— Finalmente, mulher! — ela exclamou com força, com um sorrisão no rosto.
— E você está certa. Eu preciso parar de tentar entender tudo. Só viver um pouco — disse-lhe, sentindo um alívio muito forte por todo meu corpo.
— Isso, viver. Só isso! Depois, se for pra pirar, a gente pira juntas — falou e me encheu de selinhos.
Talvez não fosse um sonho, mas, se fosse, era um que eu não queria acordar tão cedo.
Segurei firme na cintura daquela gatinha e rolei para cima dela, e em meio aos risos, demos um beijo bem gostoso. Como ela mesma disse no último pov em que postou, as mãos mais ágeis que aquele corpinho conhece começaram a trabalhar, uma deslizando da cintura para segurá-la com maior firmeza e a outra na sua nuca para melhor controlar a pegação que estávamos.
— Amor... Aqui não... — Ela disse em um gemido.
— Por quê? Não seria a primeira vez... Você não quer? — Perguntei, pertinho de sua boca de maneira provocativa.
Não houve resposta, apenas longos suspiros enquanto eu me dedicava ao seu pescoço, deixando-a completamente arrepiada.
— Você não precisa fazer nada... — Falei em seu ouvido e logo após depositei um beijinho — Fica quietinha que eu faço o restante... — Finalizei, já descendo os meus lábios por toda extensão do seu corpo, depositando beijinhos.
Com a ajuda de Juh, retirei o short dela e enquanto eu puxava a calcinha, ela levantou levemente a cabeça.
— Me dá para você não perder de novo —Ela pediu e eu joguei em suas mãos, rindo.
~ Da última vez, não vimos mais a peça, mas não fui eu quem perdi, a água que levou 😔 🤣🤣
Eu namorei aquela pepeca com muito amor, segurei em suas coxas e inseri a minha língua diversas vezes, mas de maneira bem lenta, como um beijo. Juh tinha pequenos espasmos, eu a sentia se contorcer enquanto tentava não fazer muito barulho, contudo, as vezes era inevitável não escutar seus gemidos manhosos. Comecei a intensificar e além de brincar com o seu clitóris, passei a intercalar com firmes lambidas.
Em um movimento repentino e rápido, a gatinha cruzou as pernas, me fixando dentro dela e me segurou pela cabeça soltando um rouco gemido, onde depositou em meus lábios o seu farto mel. Logo após, relaxou o seu copo de uma só vez, respirando bem fundo e mantendo os olhinhos fechados.
Me deliciei sugando todo seus líquidos e dando inúmeros beijinhos.
Sem dizer nada, Júlia me puxou pela camiseta para um beijo delicioso.
Não pudemos ficar por muito tempo abraçadas e nem conversar sobre tudo o que estava pendente, pois já escurecia. As horas se aproximavam das 18:30, mais ou menos, e não estávamos a fim de fazer o caminho inteiro sem luz.
Demos um último mergulho e fomos até o carro com o quadriciclo. Chegando lá, cada uma seguiu em seu veículo.
Pelo horário em que Juh saiu para me encontrar e nós duas inteiramente molhadas, os olhares que recebemos — principalmente dos meus irmãos — denunciavam que todos ali imaginavam o que tinha acabado de acontecer. Pelo menos foi a impressão que eu tive.
As crianças vieram loucas, querendo saber quem tinha ganhado o desafio e, após fazer um pequeno drama dizendo que não sentiram saudade de mim e receber muitos beijinhos negando a minha afirmação, mostrei a foto revelando que Kaká havia vencido.
— O que você deseja para se divertir, campeão? — perguntei.
— Eu quero me divertir no dia 31 — ele disse, com um rostinho decidido de quem já havia planejado aquilo.
— Pois diga... O que quer fazer? — questionei novamente.
— Quero que Mih não deixe a gente — disse o meu filho, de forma enfática.
No mesmo momento, Milena deu um sorriso e esmagou somente a cabeça dele, em um abraço.
— Kaká... Você sabe que não pode pedir isso — falei, mexendo nos cachinhos dele.
— Então não quero ganhar — falou, cruzando os braços e com um bico igualzinho ao que a mamãe dele faz.
— Larga de ser mimado, menino — disse Juh, carregando-o e jogando-o para cima, desmanchando em segundos a marra do boyzinho, que riu até lembrar que estava bravo.
— Mas não é justo... — disse Kaká.
— O papai dela também está com saudade. Mih ficou o Natal com a gente, vai virar o ano com a outra parte da família e depois volta para nós — expliquei, pegando o gurizinho no colo.
— Então deixa ele ir comigo, maaaaae — pediu Mih, também sentando no meu colo.
— E eu vou ficar sem meus dois filhos de um ano para o outro????? — perguntei, inconformada.
— Não... — eles responderam, baixinho.
— Vai ser rápido... Não é a mesma coisa, mas faremos uma ligação, como no ano passado. Eu também queria que Mimi não desgrudasse da gente, mas imagina a saudade que o papai dela está também? — disse Júlia.
E eles se conformaram.
Fomos todos tomar banho, porque ia rolar mais uma fogueirinha fora de época.
— Você deveria descansar, não? — perguntou Juh, com os braços cruzados no meu pescoço, me fazendo roubar um beijinho.
— Não consigo desligar ainda, quero beber — falei, mas ao notar o olhar de reprovação, completei: — Um pouquinhozinho assim — e sinalizei com os dedos, enquanto me aproximava para muitos beijinhos.
— Não vou te dizer mais nada em relação a isso, você não me escuta — ela disse, com um ar de desistência.
— Eu te conheço... Vai sim... — falei, rindo.
— Vou mesmo! — exclamou, convencida.
— E a conversa com seus pais? Como foi? — perguntei, enquanto ia preparando as coisas que eu ia levar para fora.
— Foi muito chata... — Juh respondeu, se jogando na cama — Ficaram pedindo desculpas e falando de uma coisa chamada busca ativa, que é mais rápido para encontrar um adotando. Vai ser um adolescente...
— Huuuum... E como se sente em relação a isso? — perguntei.
— Sentindo que ele vai tomar o meu lugar — respondeu, após respirar fundo.
— O maior problema é sentir que estão te substituindo? — questionei.
— Eu sei que parece egoís... — ela ia dizendo, mas parou abruptamente — Ei, você está me analisando! — Juh disse, apontando para mim.
Comecei a rir.
— Não estou, não... — falei, me dirigindo até a porta.
— Volta aqui, Lore! E pare de me analisar!!!! — ela ordenou, vindo atrás de mim.
Quando me alcançou, eu soltei tudo que segurava e a agarrei contra a parede, surpreendendo-a com um beijo, que logo foi muito bem correspondido.
— Lore? O que aconteceu com o "amor"? — perguntei no ouvido dela.
— Eu não quero soluções agora, eu quero só reclamar — Juh falou, apoiando a cabeça no meu peito.
— Tá bom, gatinha, sinta-se à vontade para reclamar quando quiser — disse, e fiz um rápido cafuné em seu cabelo. Ela sorriu.
Ao descer, estendi um edredom no gramado para as crianças brincarem. Também sabia que iam acabar dormindo. Fui procurar Júlia e ela estava fazendo vitamina para ela e os nossos filhos. Aproveitei e cortei as várias frutas e sementes que ela sempre evita.
— É, mamãe... Não vai dar pra te ajudar hoje — disse Mih, rindo.
— Cortou tudinho e bateu — completou Kaká.
— Vocês dois são uns caras de pau — brinquei, e eles riram.
Juh ficou olhando para os copos prontos com um olhar triste... Mas, depois de muito tempo, bebeu tudo.
Ficamos um bom tempo na fogueira conversando. O assunto central era a gravidez de Loren. Todo mundo dando conselho, e Victor e ela visivelmente felizes. Aproveitamos para conversar de forma mais clara com as crianças sobre o titio ou a titia que viria para a família. Júlia trouxe o assunto, e eu só ajudei com algumas palavrinhas. Eles ficaram muito felizes e foram para o outro lado conversar com os avós.
Depois disso, a gatinha ficou bem quietinha no meu colo. Trocamos alguns beijinhos. Fiz bastante carinho até que foi passando. Não sei se meus irmãos perceberam o que ocasionou a quietude, porém a interação deles ajudou a mudar o clima instalado. Eles começaram a implicar uns com os outros e logo estávamos todos rindo.
— O que você aprontou para mim, hein, Lorenzo? — Juh perguntou.
— Ai, amor, esquece isso — falei, virando uma latinha de cerveja.
— É melhor esquecer mesmo, Juh. Lorenzo é bem sem noção às vezes — disse Sarah.
— Você também sabe? Me diz o que é!!! — falou a gatinha.
— É um presente meu e dele para você — falou a minha irmã, rindo.
Victor também ria.
— Não é certo isso. Todo mundo sabe, menos eu — ela disse.
— É zoando com sua cara, você não vai gostar. Quando eu vi, achei babaquice — falei.
— Acho que a Juh quer ver. Pega lá, Lorenzo — disse Loren.
— Eu querooo! Me fala onde tá que eu pego — Juh se ofereceu.
— Faço questão de pegar — disse o meu irmão, se levantando.
Nesse momento, Sarah colocou as mãos no rosto e fez um sinal de negação com a cabeça.
— Amor, você vai se irritar. Não é uma brincadeira saudável — adverti.
— Sobre o que é? — Juh me perguntou, com um sorriso.
— Irmão — respondi, e o sorriso desapareceu.
— Ahhhh, não... — ela lamentou, com uma carinha de choro.
Eu a abracei e, nisso, meu irmão voltou e entregou a camisa. Juh leu. Sua expressão agora era de brava. Ela simplesmente enrolou a camisa e tacou na fogueira.
Ficamos todos alguns segundos em silêncio. O pessoal do outro lado, que não estava participando da conversa, ficou sem entender nada e, de repente, Juh começou a rir. Isso fez com que o efeito manada tomasse conta de nós e também a acompanhamos nas risadas, quebrando o clima ruim que havia se estabelecido.
Aos poucos, todos foram se retirando. Nós juntamos a Milena e o Kaique, que dormiam no edredom, cobertos com uma manta e vários blocos de montar espalhados por todo canto.
— Acho que você tem que conversar direito com Loren e Lorenzo, amor... Explicar direitinho tudo que está rolando com você, porque eles estão preocupados — disse Júlia, esticando o braço para fazer carinho em mim.
— Vou fazer isso — respondi, desanimada.
— E eu preciso de uma ideia para zoar os dois... Não sei o quê — ela disse, pensativa, e eu sorri.
— Pede ajuda aos seus filhotes. Com certeza eles terão várias opções — disse-lhe, e isso visivelmente clareou suas ideias.
— Acho que tá na hora de subir com eles — ela disse, passando a mão no cabelo de Mih, que estava mais próxima dela.
— A gente tem que urgentemente começar a fazer eles irem para a cama quando estiverem com sono — lamentei.
— Eu gosto! — Juh disse, convencida.
Levamos as criaturinhas para cima, tomamos um banho e, como eu não conseguia relaxar para dormir, a minha adorável esposa me fez uma incrível massagem que me fez capotar até o dia seguinte.