O rabinho mais cobiçado da empresa

Um conto erótico de Kherr
Categoria: Gay
Contém 12250 palavras
Data: 24/05/2025 13:03:41

- Vaca, filha da puta do caralho! Cadela sapatona! – vinha esbravejando o Kyoshi ao voltar a estação de trabalho ao lado da minha.

- Ei calma, vai acabar tendo um troço! – exclamei

- E vou mesmo, mas antes fodo essa lésbica de merda! – retrucou, referindo-se à nossa chefe, a diretora do departamento. – Acredita que a filha da puta me mandou refazer essas planilhas e o relatório alegando que estão cheios de erros? Ela nem olhou direito para essa porra e foi logo me esculachando!

- Ela apontou onde estavam os erros? – perguntei

- Não acabei de dizer que ela nem leu essa porra? Só disse que estava cheio de erros sem mencionar um sequer. Vaca! E o pior é que me mandou refazer tudo e deixar em cima da mesa dela ainda hoje! Faltam 45 minutos para eu poder sair desse inferno, como vou refazer toda essa merda? Terei que varar a madrugada tentando descobrir onde estão esses tais erros. – continuou esbravejando.

- Me deixe dar uma olhada, vamos resolver isso juntos! – comuniquei.

- Não quero te prender no escritório, você deve ter coisa bem melhor para fazer do que revisar essa merda toda. – devolveu ele.

O Kyoshi e eu fomos admitidos na empresa no mesmo dia e, desde então foi se desenvolvendo uma amizade que só crescia a cada dia de convívio. Ele era super competente e minucioso no que fazia e eu podia jurar que não havia erros nas planilhas e no relatório que ele apresentou à nossa chefe. Ela, Isabela, implicava com todos os homens do departamento e até de outros setores da empresa. Tinha-os como concorrentes ao acesso à mulherada. Bastava o cara ter um pinto entre as pernas para ela o desprezar e espezinhar quando podia. Todos na empresa tinham certeza de que ela era sapatona e que babava atrás das garotas mais novinhas e descompromissadas e até das casadas mais delicadas e sensíveis. Ela as tratava como bibelôs, se empertigava toda ao abordá-las e vivia tecendo elogios ora quanto à maneira como estavam vestidas, ora quanto ao corte de cabelo novo, ora a outro aspecto momentâneo qualquer que despertasse sua atenção. Já com os homens, só faltava os mandar para o inferno, pois para outros lugares menos pudicos, eu a flagrei mandando um bocado deles pelas costas.

Rosalia Isabela Cacciatore era o nome da generala opressora, uma quarentona até razoavelmente desejável de corpo, o que lhe rendia alguns olhares de homens desavisados, mas que tinha um rosto virilizado. O nariz grande e levemente adunco, uma boca larga com lábios grossos que estavam quase sempre com o batom vermelho borrado; quando sorria, o que só era comum para as mulheres, surgiam os dentes também grandes e largos, os olhos escuros eram inexpressivos, só se iluminavam quando saravam uma mulher sensual e bonita, as sobrancelhas mais pareciam duas taturanas e a pele grossa do rosto estava forrada por uma lanugem sutil. Não havia nada de atraente nela, era uma mulher feia, e aqui digo mulher porque nasceu com os cromossomos XX, embora seus trajes quase provassem o contrário. Éramos dois gays no departamento, o Fábio que mais parecia uma borboleta saltitante e eu que, de tão discreto e enrustido, nem era percebido como tal, exceto por ela, cujo faro para o fora do padrão era mais aguçado que o dos cachorros. Talvez fosse por isso que ela nos tratava diferente dos demais homens do departamento, e até com certa gentileza, pois não representávamos nenhum perigo ou concorrência para os objetos de desejo dela. Eu era respeitoso tanto em relação a sexualidade dela quanto a maneira de interação no trabalho, mas confesso que não sentia a menor simpatia por ela. Foi por isso que ela acabou elegendo o Fábio com seus modos extravagantes e seu jeito de se vestir espalhafatoso como uma espécie de consultor de moda. A coisa não devia funcionar muito bem, uma vez que o Fábio a orientava a escolher determinadas roupas mais chamativas e coloridas enquanto ela continuava adquirindo peças que poderiam até ser usadas pelos homens. Estava sempre metida num terninho, ora calça e paletó combinando, ora com tecidos e cores diferentes, abaixo do qual usava blusas fechadas até o pescoço que mais se pareciam camisas masculinas de tão sóbrias. Nem mesmo os scarpins reluzentes sobre os quais se equilibrava amenizavam a aparência masculinizada. Queria ver ela ficar de mau humor e sair dando coices para todo lado, era só flagrar um carinha dando em cima de uma de suas pupilas. A mulher virava o bicho e o carinha levava um esbregue que o deixava desorientado por uma semana. E foi certamente isso que a fez descarregar a raiva sobre o pobre do Kyoshi que andava suspirando pela Tamiko, uma sansei miudinha e delicada como uma boneca que lhe retribuía o assédio com sorrisos contidos e um olhar de derreter corações, sem nem desconfiar das intenções escusas da chefe.

- Agora me fala, onde estão esses erros, caralho? – questionou o Kyoshi depois de revisarmos toda a papelada.

- Você sabe que não tem nenhum erro, foi só a maneira que ela encontrou para te punir por estar flertando com a Tamiko. Está na cara que ela arrasta um trem pela japonesinha. O negócio dela é derrubar a concorrência! – afirmei

- Cadela sapatona! O que ela está precisando é de uma pica na boceta, se é que ela tem uma e sabe para que serve! – retrucou ele, furioso, me fazendo rir.

- Tome cuidado com as palavras, meu amigo! Vai que o grelo dela é maior que sua piroquinha nissei! – devolvi caçoando.

- Até você deu para me esculachar, seu veadinho enrustido? Vou te mostrar o que é uma piroquinha nissei quando enfiar minha rola no seu cuzinho! Quando ficar com as preguinhas arregaçadas você me diz se é uma piroquinha! – devolveu zangado e ultrajado.

- Ui, ui, isso é uma promessa ou puro blefe? – retorqui rindo

- Vai me ajudar com essa merda ou vai continuar tirando sarro com a minha cara? – indagou.

- Só estou tentando te distrair, fazer você rir e esquecer o que essa megera te disse! Bobalhão! – devolvi. – Vamos mudar a ordem desses dados nessa planilha e nessa, mude esse parágrafo do relatório para depois desse outro aqui, pronto! Todos os dados agora estão certos e a chefona não tem mais do que reclamar! – emendei, enquanto ele me encarava e começava a rir.

- Sabe que eu te amo, não sabe? Se eu não fosse tão chegado em garotas eu até dava um belo trato nessa sua bundona tesuda! Valeu, cara! Você é demais! Vamos fazer essas alterações e sair daqui. O jantar de hoje é por minha conta! – disse ele ao espalmarmos as mãos um contra o outro.

Passava das dez da noite quando o Kyoshi colocou a pasta com as planilhas e o relatório sobre a mesa da generala. Como de costume, ela ainda estava na empresa, como se não tivesse casa ou vida social além do trabalho.

- Ainda por aqui, Leo? – perguntou ela quando me viu acompanhado do Kyoshi, para quem ela nem se dignou a olhar.

- Estava adiantando algumas coisas para amanhã! – respondi

- Não é a primeira vez que te vejo por aqui bem depois do término do expediente. – retrucou ela

- Faço isso para escapar do trânsito, ao invés de ficar perdendo tempo preso dentro do carro, vou adiantando o serviço. – esclareci.

- Gosto muito do seu trabalho, Leo! Vejo um grande futuro para você dentro da empresa. – elogiou.

- Obrigado! Procuro dar o melhor de mim!

- Isso fica bem perceptível! – exclamou ela, fazendo com que o Kyoshi se voltasse para mim.

Não fizemos outra coisa durante o jantar que não meter o pau na generala castradora, os ouvidos dela deviam estar pegando fogo enquanto ríamos a não mais poder.

- Você sacou que a vaca sapatona estava dando em cima de você, não sacou? O que foi aquilo – é bem perceptível que você dá o melhor de si? Cara, a sáfica, grelo duro está cobiçando sua bunda na maior cara de pau, filha da puta! – descarregou revoltado o Kyoshi por ter sido sumariamente ignorado por ela, até quando passou descompromissadamente os olhos sobre as planilhas e o relatório afirmando que agora estava a contento.

- Eu quase caio na risada quando ela afirmou que o relatório ficou a contento, sem se dar conta de que era exatamente o mesmo que você já havia apresentado. Eu não te disse que ela está implicando com você por conta da Tamiko, como ela faz com todos os caras que estão cercando as garotas que ela está cobiçando? Basta o cara ter um cacete no meio das pernas para ela querer castrá-lo. Isso é pura insegurança, ela precisa provar que é tão capaz quanto qualquer macho. Sabe que no fundo tenho pena dela!

- Só você mesmo para ter pena daquela cadela, tenha santa paciência, Leo!

- Você já pensou por tudo o que ela precisou passar para chegar aonde chegou? É a única diretora mulher da empresa e, a diretoria inteira questiona pelas costas a capacidade dela. E, sejamos sinceros, ela é competente naquilo que faz, não dá para negar. Talvez seja por isso que ela abomine os homens, porque sempre foi rejeitada por eles. – argumentei

- E qual homem não vai rejeitar um estrupício daqueles, fala sério! Aposto que se fizerem um mapeamento genético dela, vai ter uma porrada de cromossomos Y e um cagagésimo de cromossomos X. – devolveu irritado.

- Bem, você não me convidou para esse jantar para ficar falando da chefa! Me conta a quantas anda o seu caso com a Tamiko. – questionei para mudar de assunto.

- Essa é outra parada mal parada, desculpe o trocadilho!

- Como assim?

- Cara, que garota difícil! Ela não me deixa chegar junto, é mais escorregadia que sabonete.

- Se toca japonês tarado, eu até posso imaginar como é esse seu tal de “chegar junto”! A coitada vai fugir mesmo! - argumentei

- Chega de falar de mim, vamos falar de você! Acho que a nossa amizade já me permite te fazer uma pergunta mais íntima. – começou ele, medindo as palavras enquanto me encarava.

- Lá vem bomba! – exclamei

- Não, sério, Leonardo! – continuou ele

- E das grandes, para me chamar de Leonardo é porque vai ser explosiva!

- Dá para calar essa boca ao menos um segundo? Leo, você é um puta de um cara lindo, educado, gentil, prestativo, por que não mostra esse seu outro lado de gay que pode fazer a felicidade de um bocado de caras? Você se esconde atrás de um personagem, faz de conta que não ouve quando um cara elogia sua beleza e charme, por que tanto medo? O mundo está mudando, ser gay não é mais o mesmo tabu de séculos atrás. Se continuar tão enrustido nunca vai encontrar um cara que te mereça, que possa te dar todo amor que você merece! – eu o ouvia em silêncio, pois me questionava diversas vezes com as mesmas questões.

- O mundo pode até estar mudando, mas continua perigoso e agressivo para os gays. Não estou disposto a levar uma surra de um maluco qualquer com quem cruzar pela rua só porque não sou tão macho quanto ele. Além do mais, os caras que realmente valem a pena, os machos de verdade, não aqueles que às vezes fazem o papel de macho numa relação, não procuram nada além de sexo com um gay. O bissexual ativo, macho de verdade, só quer enfiar o pauzão dele num cuzinho gay algumas vezes e nada mais. Ele não quer compromisso, ele não quer ser visto ao lado de um gay, ele jamais vai admitir que gosta do rabo de outro cara. Para a sociedade ele quer ser visto como heterossexual, não como um cara que sente um tesão incontrolável pelo cuzinho de um gay, mesmo que realize esse desejo entre quatro paredes. – argumentei

- Tá, pode até ser, mas você não é bobo e já deve ter percebido que tem pelo menos meia dúzia de caras no departamento, e mais um dobro disso por toda empresa, que estão a fim de você. Talvez nem todos sejam como você descreveu, pode haver um que queria estar com você por outros motivos que não apenas sexo. Como um cara desses vai chegar em você se você repele todos eles como se fosse a porra de um repelente de mosquitos?

- Porque tenho medo de sair machucado! Não pense que ser gay é fácil, já zoaram muito comigo, já me disseram coisas abomináveis, já me fizeram chorar muito, e eu não quero isso para a minha vida. Do jeito que estou agora está bom, mesmo que sinta falta do carinho e do corpo de outro homem. – afirmei.

- Se esses caras te ouvissem falar, cairiam aos seus pés implorando pelo seu amor! E guarda isso, não existe amor que em algum momento não doa! – disse, cobrindo minha mão com a dele.

- E o que continua fazendo sentado aí ao invés de cair aos meus pés? – perguntei para desanuviar o clima.

- Sabe o que é, eu só tenho uma piroquinha nissei e essa sua bundinha tesuda precisa levar uma pica de negão! – sentenciou debochando.

- Cruzes, Kyoshi! Tô fora! – retruquei. Ele riu ainda mais. – Valeu por se importar comigo! – acrescentei

- Cara, você é simplesmente demais! Me sinto privilegiado com a sua amizade, mesmo quando você fala da minha piroquinha. Um dia ainda te mostro o quanto está enganado! – retrucou

- Me poupe!

Eu tinha para mim que esse japonês safado devia ter um pauzão de deixar qualquer um com inveja, pois sempre que começavam a zoar com ele por conta dos pintinhos pequenos dos orientais, ele ficava na moita bem ao estilo reservado dos japoneses se escondendo por trás de gestos e palavras cerimoniosas.

Nem mesmo para ele eu revelei que havia sim um cara no departamento que me tirava o sono. Lucas era o macho mais sedutor e másculo da empresa. As garotas e mesmo algumas casadas suspiravam por ele, pelo jeitão de garanhão insaciável, pelo volumão em suas calças que as podia fecundar e garantir uma prole cheia de atributos. Só havia um problema, ele estava noivo e, quem já tinha visto a felizarda, afirmava tratar-se de uma beldade única. Embora isso nunca tivesse sido um empecilho para ele espichar os olhos atrás de uma garota ao passar por ela. Com tanta testosterona circulando naquele corpão viril não era de se estranhar que eu me sentisse extremamente atraído por ele, a ponto de já ter tido alguns sonhos eróticos que me fizeram acordar no meio da noite com a cueca toda melada. Ele, por seu lado, parecia nem saber que eu existia. Como nossas estações de trabalho ficavam em extremos opostos do departamento nossos encontros aconteciam esporadicamente durante alguma reunião convocada pela generala, ou no elevador durante a chegada e saída na empresa, ou ainda na saleta do café. Não passava de um coleguismo formal e respeitoso. Como a maioria dos colegas ele nem devia desconfiar da minha sexualidade, para todos eu era aquele sujeito reservado, gentil, prestativo, educado e com um gosto refinado para se vestir e interagir. Nem mesmo quando a galera resolvia se juntar aos finais de expediente para jogar boliche numas canchas que havia próximo à empresa, ou para happy hours que se estendiam noite adentro nos barzinhos badalados da redondeza, e das quais na maioria das vezes eu não participava, o levaram desconfiar que os olhares que eu lhe dirigia eram carregados de tesão reprimido. Rolavam sim, pela empresa inteira, algumas fofocas e principalmente observações em relação ao tamanho e formato voluptuoso da minha bunda; mas como a política da empresa seguia a onda do politicamente correto, da diversidade, da justiça social e racial visando muito mais a lucratividade do que propriamente aquilo que se apregoava, esses comentários ficavam restritos a grupinhos fechados e feitos à meia-boca para evitar problemas.

Dessa vez resolvi acompanhar a galera após o expediente ao proporem uma disputa de duplas no boliche. Havia alguns dentre eles muito feras e para deixar a disputa mais equilibrada resolveram sortear as duplas no Jankenpô, caí com o Lucas. Seria o destino me dando uma forcinha? Ele não parecia tão feliz com o resultado quanto eu, certamente subestimando minha habilidade.

À medida que as duplas foram perdendo e saindo, numa disputa cada vez mais acirrada, ele e eu continuávamos firmes no páreo. Os caras que já haviam saído e bebericavam espalhados pelos sofás atrás das nossas canchas, comentavam à meia-boca cada um dos meus lançamentos, uma vez que ao lançar a bola minha bunda se destacava na calça justa. Os mais devassos precisaram até ajeitar as rolas para disfarçar a comichão que os atormentava. Ao passo que o Lucas vinha comemorar efusivamente comigo toda vez que os garrafões eram derrubados fazendo um strike e, mais ainda, quando ele chegava a me levantar do chão quando completávamos um turkey.

- Cara, você é muito bom nisso! – exclamou quando restavam apenas três duplas e nós éramos a com mais pontos. Acho que foi a primeira vez em que ele reparou em mim, embora o Kyoshi e o Claudio, outro colega do departamento, afirmassem que o tinham visto espichar o olhar para a minha bunda com o mesmo interesse que sacava a mulherada.

Acabamos sendo os vencedores daquela noite, o que nos rendeu duas despesas totalmente pagas para as próximas duas baladas, onde a galera também costumava se juntar a cada mês, bancadas pelos perdedores.

Chovia torrencialmente há horas quando deixamos as canchas de boliche. O Lucas tinha deixado o carro dele na revisão no dia anterior e dependia de uma carona, que me pediu meio sem-graça por não sermos tão próximos assim.

- Claro, sem problema! – exclamei

- Sei que sua casa fica no caminho da minha, pode me deixar lá, depois eu peço um Uber ou pego um táxi, valeu! – retrucou ele.

- Te deixo em casa, não esquenta! Nesse temporal não vai ser fácil encontrar um táxi ou Uber disponível.

- Beleza! Obrigado!

Havíamos passado alguns quarteirões do meu prédio quando nos deparamos com as avenidas e ruas que davam acesso à casa dele totalmente bloqueadas pela enchente. Tentamos, sem sucesso, seguir rotas alternativas indicadas pelo GPS, mas a situação era tão calamitosa quanto.

- Vamos voltar para a minha casa, você pernoita lá e amanhã damos um jeito de você ir para a sua casa para trocar de roupa e seguir para a empresa. – sugeri

- Pô cara, valeu! Não queria te dar todo esse trabalho!

- Não é trabalho algum! É meu caminho mesmo! – devolvi, voltando a sentir aquela mesma sensação de que o destino estava me dando um empurrãozinho.

Alojei-o no quarto de hóspedes, depois de ajeitar a cama e garantir que tivesse um mínimo de conforto.

- Muito legal o seu apartamento! Você tem muito bom gosto! Faz tempo que mora aqui? – perguntou ele

- Uns três anos, mas tudo só ficou pronto alguns meses atrás.

- O meu não está tão arrumadinho assim, acho que sou meio relaxado. Eu estava prestes a começar uma reforma, mas quando terminei com a minha noiva, desisti. Para mim, do jeito que está, está ótimo. – havia um tom amargurado em sua voz ao mencionar o fim do relacionamento, mas eu não falei nada para não parecer invasivo.

- Bem, é isso aí! Na última porta do armário perto da parede tem coberta e travesseiros extras se precisar. Deixei toalhas no banheiro caso queira tomar um banho. Se precisar de mais alguma coisa, estou no quarto ao lado.

- Valeu! Nem sei como agradecer!

- Boa noite, Lucas!

- Boa noite, Leo! Durma bem! – devolveu ele. Eu sabia que não seria assim, com ele ali no quarto ao lado eu ia ter outros daqueles sonhos eróticos com aquele machão cuja simples presença me perturbava até a raiz dos cabelos.

Tomei uma ducha, vesti apenas uma cueca samba-canção de seda com as quais costumava dormir e fui me deitar, mais inquieto que o habitual. Menos de um quarto de hora depois, o Lucas apareceu na porta do quarto. Até levei um susto quando me deparei com seu vulto. Acendi a luz da cabeceira e quase me engasgo com a própria saliva, ele estava completamente pelado, o corpão atlético e musculoso encostado no batente da porta, o baita caralhão livre e solto atraía meu olhar como se fosse um imã.

- Desculpe te incomodar mais do que já estou, mas você teria um copo de leite? Tenho o hábito de tomar um copo de leite morno antes de deitar, me ajuda a conciliar o sono. – disse

- Claro! Senta por aí, vou até cozinha pegar para você! Quer adoçado ou ao natural?

- Ao natural! Valeu, desculpe a chateação!

Quando voltei ao quarto ele estava sentado na minha cama, recostado na cabeceira com as pernas ligeiramente afastadas o que proporcionava uma visão ampla da enormidade e sensualidade de seu sexo, ficava até difícil deglutir a saliva que se juntou na minha boca; isso sem mencionar que meu cu deu para piscar mais que semáforo emperrado.

Ele tomou o leite sem pressa, a cada gole seu pomo-de-adão se movia tão sensualmente que me embaralhava os pensamentos, a isso se juntava o torso maciço com pelos entre os mamilos que depois seguiam numa trilha até se juntarem aos pubianos, tão adensados que camuflavam uma parte do pauzão e as bolas do saco. Os braços e as coxas eram extremamente musculosos expressando força, virilidade e potência. O rosto anguloso com aquela barba por fazer era um verdadeiro tormento, pois ensejava que fosse tocado e afagado por mãos carinhosas, as minhas estavam coçando.

Despedimo-nos mais uma vez. A certeza de que passaria a noite em claro agora se confirmou. Como eu ia dormir sabendo que aquele macho tão desejado estava a poucos passos, nu, esparramado na cama onde eu também queria estar?

Esses pensamentos me atormentavam, cenas de sexo tórrido e explícito entre mim e ele se formavam na minha mente, eu me agarrava aos travesseiros e virava de um lado para o outro na cama com o pau priápico distendido dentro da cueca. Preciso bater uma punheta, disse a mim mesmo, correndo para o banheiro e começando a me masturbar.

- Leo! Você já está dormindo? – era a voz dele, e fez meu pinto murchar dentro da palma da mão.

- Oi! – respondi afobado, voltando a enfiar a pica na cueca. – Precisa de alguma coisa? – perguntei ao voltar ao quarto e o encontrar novamente encostado no batente da porta.

- Cara, me desculpe, estou meio agitado, não sei se tomei uns tragos a mais ou se é o tesão reprimido. Desde que terminei o noivado não tenho transado e isso me deixa inquieto. Estou tenso, nem o leite morno está ajudando. – afirmou. Minha vontade foi de dizer para ele socar aquela caceta enorme no meu cuzinho e se saciar até não mais poder, mas eu era covarde demais para isso e, ele certamente não estaria interessado num cu de homem.

- Deita aqui com a cabeça voltada para a peseira da cama deixando os ombros livres, vou te fazer uma massagem, talvez te ajude a relaxar.

- Faria isso por mim? – perguntou com um sorriso tímido. Eu faria tesudão, eu faria muito mais se você curtisse o cuzinho de um gay, pensei com meus botões.

Amassar aqueles ombros largos e fortes, sentir o calor de sua pele, olhar para seu rosto se desanuviando aos poucos com meus toques e massagens sobre aquele tanto de músculos, estava fazendo bem a ambos. Ele suspirava de quando em quando com os olhos fechados e se entregava ao deslizar das minhas mãos sobre seus ombros e nuca. Aos poucos, notei que o caralhão dele começava a se mover, encorpar ainda mais. A ereção seguia seu rumo começando a soerguer aquela tora de carne como se fosse uma grua, meu olhar não se desviava por nada daquele caralhão e minhas mãos amassavam com mais força aqueles músculos rijos e tensos.

- Cacete, Leo! Me desculpe pelo vexame! Não consegui segurar! – disse ele, apressando-se a sentar na cama para disfarçar a ereção consumada. – Como eu disse, estou a perigo! Isso é uma porra, estou super envergonhado!

- Não tem problema, é compreensível! Volte a deitar e relaxa! – devolvi, fazendo-o recostar-se dessa vez sobre os travesseiros, antes de espalmar as mãos sobre o peitoral vigoroso dele e afagar aquele tanto de pelos sedosos.

Por um tempo fiquei movendo as pontas dos dedos no mesmo sentido em que os pelos estavam inclinados formando um redemoinho entre os mamilos. Ele continuava com os olhos fechados como se estivesse imerso num devaneio prazeroso.

-Leo! – ronronou longamente como um grande felino quando meu primeiro beijo com os lábios úmidos tocou o peitoral.

Depositei o segundo, o terceiro, suaves e prolongados, enquanto os dedos caminhavam sobre a trilha de pelos rumo ao ventre trincado dele, sempre seguidos de outro beijo. Fiz os dedos pararem às margens da virilha, também colocando ali mais um beijo que abalou todo seu corpo. Meu rosto estava a centímetros da cacetão grosso e cabeçudo que latejava no mesmo ritmo acelerado de seu coração. Eu estava encantado por seu formato perfeito e majestoso, pelas veias que dilatadas que pulsavam sob a pele e pela glande exuberante totalmente desencapada do prepúcio. De tão embevecido não percebi que se passaram alguns segundos sem que eu movesse os dedos ou pousasse outro beijo. Ele abriu os olhos para ver o que estava acontecendo, porque não era agraciado por aqueles toques sutis que haviam elevado seu tesão às alturas. Ao invés de adentrar no denso matagal de pentelhos, eu contornei a virilha, as pontas dos dedos caminharam para o lado sobre uma das coxas musculosas e peludas, seguidos dos mesmos beijos úmidos que tocavam a parte interna das coxas tão próximos do sacão dele que ele podia sentir o ar da minha respiração resvalando nos colhões. Depois mudaram de lado, fazendo o mesmo na outra coxa, só toques tão sutis quanto o cair de uma pluma, tesão puro, tesão tão alucinado que o pauzão já começava a doer de tão duro e distendido. Ao abrir novamente os olhos por um breve momento e me encarando como se estivessem me perguntando – por que parou, por que me priva desses lábios quentes e molhados, por que não coloca minha rola na sua boca e a devora? – eu peguei delicadamente o caralhão pesado e comecei a escorregar a ponta da língua pela parte debaixo dele, descendo quase até o sacão e voltando até onde a cabeçorra se destacava em espessura do corpo da pica. O Lucas voltou a fechar os olhos e deitou a cabeça no travesseiro, soltando um grunhido baixinho. Eu estava onde ele queria. Eu lambia a verga por todos os lados quando ela subitamente começou a soltar o pré-sêmen que eu ia lambendo e me deliciando com seu sabor, impedindo que ele escorresse para dentro dos pentelhos pubianos. O visgo translúcido era tanto que precisei fechar os lábios ao redor da chapeleta e sorvê-lo diretamente na origem, o que fez o Lucas começar a se estremecer todo rugindo mais alto a cada uma das minhas sugadas. Aos poucos, ele foi abrindo e puxando as pernas para trás, meu rosto estava dentro da virilha dele e suas mãos me agarraram pelos cabelos ao mesmo tempo em que ele erguia a pelve e metia o caralhão mais fundo na minha boca.

- Leo! Leo, cacete, Leo! – era tudo que escapava por entre seus dentes cerrados., enquanto minha língua e minha boca não paravam de trabalhar sua pica.

O primeiro jorro de porra entrou com tudo e desceu praticamente direto pela garganta, engoli-o às pressas. A cada nova golfada minha boca se enchia do esperma leitoso e amendoado que eu tratava de engolir tão rápido quanto possível para não me afogar nelas. O Lucas tinha voltado a erguer a cabeça, não tirava o olhar prazeroso de mim observando embevecido como eu ia mamando e devorando seu leite de macho, lambendo o que escorria pela jeba até não restar sequer uma única gota de sua virilidade.

- Conseguiu relaxar agora? – perguntei, encarando o brilho excitado de seu olhar.

- Isso foi demais, Leo! Demais, cara! Nem sei há quanto tempo não me sinto tão bem! – respondeu ele. – Vem cá, deita no meu peito! – emendou com outro ronronar.

Eu estava nas nuvens, só podia estar sonhando, precisava me beliscar para saber se aquilo não era outro daqueles sonhos eróticos; mas o bater do coração dele, sua mão afagando meus cabelos, a quentura prazerosa daquele corpão não eram apenas um sonho, estava acontecendo. Ele colocou a mão sobre a minha, a qual estava deslizando ao redor do umbigo dele, e a empurrou para dentro da virilha até ela tocar seu membro excitado. A fiz escorregar até o sacão, palpei suavemente cada uma das bolas sentindo sua consistência e o quanto ainda estavam abarrotadas.

Foi por isso que ele não demorou a rolar para o lado, abraçado a mim, de modo a eu ficar debaixo dele. Um chupão seguido de uma mordiscada na pele do pescoço me causou um arrepio que desceu feito um raio pela minha coluna até parar no cuzinho. Depois do primeiro vieram outros mais impulsivos, mais obstinados que desciam pelas minhas costas, entremeados de beijos e lambidas. Meu corpo estava quente como se tomado por uma febre, agitado, às portas de convulsionar quando ele apartou as nádegas polpudas e foi mordiscando as laterais lisinhas até chegar ao reguinho onde a barba dele espetava a pele imaculadamente alva.

- Lucas, ai Lucas! – gemi quando a língua dele rodopiou sobre as minhas preguinhas excitadas. Só para me provocar, ele repetiu o gesto não parando mais de mordiscar e lamber meu cuzinho, os entremeando com dedadas insaciáveis enquanto eu me sentia prestes a desfalecer de tanto tesão.

Ele puxou minha cabeça para trás pelos cabelos, cobriu minha boca com a dele num beijo voraz e lascivo. Com a outra mão, apontou a cabeçorra do caralhão sobre a portinha plissada do meu cuzinho e a empurrou para dentro numa estocada potente.

- Ai Lucas! Ai! – gani ao sentir a carne delicada e sensível do meu ânus se rasgando toda. Ele me beijou com mais intensidade e desejo, esperando eu me entregar à sua volúpia desenfreada.

Fazia tempo, muito tempo, que não enfiavam uma pica no meu cu, e eu estava tão apertado quanto no dia em que um dos meus primos, na adolescência, me desvirginou. Foi durante a faculdade que senti pela última vez um cacete entrando e abrindo meu cuzinho, e isso estava tão no passado que eu já nem me lembrava mais de como a dor e o prazer se uniam para tornar aquele ato algo tão especial.

Percebendo como eu era apertado, o Lucas se empurrava lenta e cuidadosamente para dentro de mim, controlando, sabe-se lá a que custo, a tara infindável que estava sentindo. Ele se agarrou ao meu torso, fungava na minha nuca, amassava os biquinhos dos meus mamilos entre seus dedos grossos e arfava estimulado pelo tesão, socando o cacetão o mais profundamente que podia naquele casulo macio que o encapava. Estar novamente grudado em um macho me levou rapidamente ao orgasmo. Enquanto levava o caralhão no cu, gemendo e me contorcendo todo debaixo dele, comecei a esporrar numa felicidade que parecia não ter fim. A carência do Lucas também o levou ao clímax pouco depois, fazendo-o gozar outro tanto de sêmen cremoso para desopilar os colhões abarrotados. Os urros dele escapavam roucos a cada jorro que ia enchendo meu ânus com seu preciso líquido viril.

Lembro-me de ele ter adormecido pouco antes do que eu, deitado em cima de mim na mesma posição em que me fodeu, enquanto esperava o cacetão amolecer. Antes de ser tomado pelo sono, ainda balbuciei – hoje não foi um sonho – e mergulhei na bruma escura coberto pela quentura do corpão do Lucas.

Na manhã seguinte acordei na mesma posição, agarrado a um travesseiro, com a bunda toda exposta virada para cima, mas sem o peso daquele macho que me devolveu a esperança de dias menos solitários. Dei uma travada nos esfíncteres só para ter certeza de não haver sonhado, o ardor no ânus e aquela umidade que o preenchia todo confirmaram não se tratar de mais um sonho.

- Lucas! ... Lucas! – chamei quando não o vi na cama. – Lucas! ... Você está por aí? – repeti, ao procurá-lo pela casa. Ele havia partido.

Só encontrei o bilhete dele na mesa de cabeceira, do lado no qual ele havia dormido, quando estava prestes a sair para o trabalho – Obrigado pela noite maravilhosa! Obrigado por tudo! Mil vezes obrigado, Leo! – diziam as letras inclinadas da caligrafia dele. Sorri feito um bobalhão. Meu peito estava tão agitado que respirar havia se tornado fácil, como se a cada inspirada e tomada de ar a felicidade viesse junto. Ele deve ter saído cedo para poder passar na casa dele, trocar de roupa e seguir para o trabalho, pensei com meus botões; e saí rumo à empresa tamborilando o volante ao som da balada romântica que estava saindo pelos autofalantes do carro. Cheguei antes dele à empresa, mas não antes do Kyoshi que apenas me encarou e começou a rir.

- Você está com uma cara de quem teve um encontro com um passarinho, o papacú-de-cabeça-vermelha! – exclamou gozando.

- Pirou, seu japonês tarado? – devolvi abespinhado

- Nunca te vi com essa cara!

- Que cara, seu degenerado? Só tenho essa! – só me faltava esse nissei da piroquinha pequena começar a fuçar onde não devia.

- Estou sabendo! Mas, no horário do almoço, você vai me dar todos os detalhes de como ficou com essa cara, nem pense em se esquivar! – retrucou com uma certeza dominando seus pensamentos.

O Lucas chegou atrasado ao setor e ficou em sua estação sem vir me procurar. Trocamos alguns olhares furtivos, porém em nenhum deles ele me devolveu o sorriso que lhe dirigi, na verdade, estava bastante sério para quem teve uma noite de sexo ardente. Eu estava ao lado da máquina de xerox imprimindo uns relatórios quando ele se aproximou, não sem antes se certificar que não havia ninguém por perto.

- Oi!

- Oi! Tudo bem? Por que não me acordou, eu podia ter feito um café e depois te levar para trocar de roupa na sua casa. – afirmei.

- Tudo, tudo bem! Valeu por ontem! – sussurrou de volta, olhando para ver se alguém se aproximava. – Então! Aquela coisa de ontem não significou nada, não é? Foi totalmente sem importância, não foi? – perguntou cauteloso temendo ser ouvido, no que mais parecia uma afirmação do que uma pergunta. No mesmo instante senti como se tivessem me jogado dentro de uma banheira de água gelada.

- Claro, foi! Foi! – devolvi de pronto, tomado pelo espanto. – Foi sem importância, é lógico! – balbuciei com as poucas palavras que me vieram à mente, e que me pareceram ser exatamente as que ele queria ouvir.

- Legal, então! Era isso que eu precisava saber, só para esclarecer! Não significou nada! Ainda bem, não é mesmo? Não significou nada! – resmungava ele procurando se convencer do que dizia, e mais constrangido do que uma criança pega fazendo uma travessura.

Peguei a papelada que a fotocopiadora havia expulsado e fui a passos largos para a minha mesa. O mundo estava desabando sobre a minha cabeça. O som dolorido martelava minha cabeça – não significou nada, não teve importância – eu só queria chorar, chorar até não mais sentir o ardor e o esperma dele formigando no meu cuzinho arreganhado.

- O que aconteceu, você está branco feito uma vela? – perguntou o Kyoshi

- Nada! Não aconteceu nada! Me esquece!

- Caralho, que bicho te mordeu? Chegou aqui cantando feito um passarinho e agora parece que viu um fantasma! Foi ela? Foi a vaca sapatona, ela te disse alguma coisa?

- Para Kyoshi, por favor, para! Já disse que não aconteceu porra nenhuma! – exclamei exasperado, antes de seguir em direção ao banheiro e me trancar numa das cabines, soluçando até ficar sem fôlego, e repetindo para mim mesmo – Leo, você é um imbecil! Um puta de um imbecil que achou que aquele cara ia sentir qualquer coisa por você, seu idiota iludido!

O Lucas e eu nunca fomos de conversar muito durante o expediente, até porque nossas estações de trabalho ficavam algo distantes. No entanto, sempre mantivemos uma convivência cordial tanto na empresa quanto nas saídas com a galera. A partir daquele dia se instalou um clima estranho, evitávamos ficar próximos, os cumprimentos passaram a se restringir a um simples – Oi! – constrangido, durante as reuniões procurávamos nos sentar o mais afastados possível e essa súbita mudança de atitude começou a ser notada por todos.

- Tá rolando algum problema entre você e o Lucas? – perguntou-me o Claudio que também era muito amigo do Lucas.

- Não, não está rolando nada! Por que haveria de rolar alguma coisa entre nós? – devolvi

- Sei lá! Dá para notar que tem uma parada estranha entre os dois.

- É o seguinte, não tem parada estranha nenhuma e seria legal se ninguém metesse o nariz onde não é chamado. – retruquei. Bastava alguém fazer qualquer referência ao Lucas para eu soltar os cachorros e, segundo os boatos que andavam circulando pelo departamento, o Lucas fazia o mesmo em referência a mim.

- Aquela carona que você deu para o Lucas naquela noite depois do boliche deu merda, não deu? – perguntou-me o Kyoshi, poucos dias depois, voltando ao assunto que me deixava irritado.

- Esse papo outra vez? Cara, dá para me deixar em paz?

- Não, não dá caralho! A gente é amigo, não sou tonto, vocês dois estão agindo estranho desde aquele dia, estão se evitando como se fossem portadores de alguma doença contagiosa. Onde um está o outro foge ou nem aparece. Se isso não é estranho, é o quê?

- Talvez seja porque descobrimos que não temos afinidades, é isso! – retruquei

- Tá me zoando? Fala sério, Leo! Acha que sou tão burro que não sei que você sempre esteve a fim do cara? Ou que ninguém reparou como ele olhava para você? Não tem afinidades! Essa não cola! – já não dava mais para esconder dele o quanto eu estava decepcionado com o Lucas, mas não era hora de ficar me queixando e, muito menos, de alguém ficar sabendo da noite tórrida de sexo e luxúria que tivemos.

Não fui à primeira balada na qual os perdedores do boliche tiveram que pagar as despesas, inventando uma desculpa qualquer só para não ter que ficar no mesmo grupinho do Lucas. Cerca de um mês depois, no segundo encontro com a mesma finalidade, não consegui escapar, ia dar muito na vista que ele e eu estávamos nos evitando.

Por sorte, pouco depois de chegarmos à casa noturna, encontrei com um ex-colega da faculdade e sua esposa acompanhados de um casal para o qual os dois estavam tentando fazer o papel de cupido, mas que ambos sacaram que não ia rolar. Isso me permitiu escapar um pouco da galera e me juntar a eles de quando em quando, dividindo a atenção entre as duas mesas. Henry, o cara que estava acompanhando meu ex-colega era um tremendo tesão de macho e que não estava se mostrando nem um pouco interessado na garota que estavam querendo lhe empurrar, embora ela fosse muito bonita. Na primeira troca de olhares entre mim e ele, ao sermos apresentados, não pude deixar de sentir um frenesi daqueles que nos indicam a possibilidade de construir uma história com aquela pessoa. Tive a impressão que com ele se deu o mesmo, quando demorou a soltar a minha mão que prendera sensualmente na dele.

Eu havia voltado a me juntar com a galera da empresa quando, algum tempo depois, o Henry veio me chamar para dançar, uma vez que a pista da casa noturna estava bombando com pares sem distinção de gênero. Louco para não ter que ficar me esforçando para disfarçar meu estranhamento com Lucas, e sendo um cara que curtia muito dançar e, para o que eu, sem nenhuma modéstia, tinha uma habilidade quase inata, topei seguir com ele para a pista. O Henry foi fuzilado pelo olhar mordaz do Lucas.

Ficamos um bom tempo na pista, que o Henry aproveitou para me passar umas cantadas. Por alguma razão eu me senti lisonjeado com elas, apesar de algumas terem sido picantes e mais diretas do que recomendadas para quem havia acabado de se conhecer. Acho que desde a decepção com o Lucas eu precisava da aprovação de um cara como o Henry, que me fizesse sentir atraente, desejado, capaz de satisfazer os anseios de um homem másculo como ele. Caso contrário, eu talvez nem tivesse dado bola para o Henry. Ao final da seleção de músicas que o DJ tocou e, ao iniciar uma de músicas lentas que fizeram os pares se abraçarem, eu disse ao Henry que precisava voltar para junto da galera, mas antes de seguir em direção à mesa, ele envolveu libidinosamente a minha cintura com as duas mãos, e isso não passou despercebido nem pelo meu ex-colega de faculdade, nem pela galera do departamento.

- Veaaado! Bicha, minha amiga, o que foi aquilo? O bofe só faltou te enrabar em plena pista, amiga! – exclamou escandalosamente o Fábio com sua voz estridente, assim que me juntei à galera. Encarei-o indignado com a ousadia, mas ele continuou. – Tem alguém por aqui se corroendo por dentro desde que o bofe te levou para a pista. Quisera eu ser tão sortuda, amiga! Desejada por dois tesões de macho como esses. – emendou.

- Cara, é o seguinte! Não sou seu amigo, muito menos amiga! Jamais dei o direito de alguém me chamar de veado e bicha como você acabou de fazer. Se gosta que te definam com esses adjetivos, problema seu, mas nunca mais volte a usá-los comigo! A minha sexualidade só é da conta daqueles para quem eu quiser e revelar, não para ser anunciada da maneira baixa e vil como você acabou de fazer. Se você saiu do armário e se sente bem com isso, tudo bem; mas não queira expor a sexualidade dos outros se eles não quiserem ou estiverem prontos para isso. Cada um tem seu tempo. Ao fazer qualquer julgamento infundado a meu respeito pense antes de falar, pois como eu já disse, não sou seu amigo, somos colegas de trabalho, e nunca te dei essa liberdade! – despejei furioso no mesmo tom exaltado com o qual ele me expôs diante da galera.

O clima fechou ao redor da mesa, ninguém se atreveu a abrir a boca, apenas se entreolharam estranhando a maneira raivosa e fora dos meus padrões com a qual revidei as afirmações jocosas do Fábio. Ele mesmo ficou pasmo, sem ação.

- Me desculpe, Leo, foi uma brincadeira, saiu sem pensar! Valeu? – gaguejou ele, quando todos os olhares se voltaram em sua direção.

- Brincadeira o caralho! Foda-se! – revidei novamente, deixando a balada.

- Espera Leo, não vá embora assim! Você está muito nervoso, se acalme! – disse o Kyoshi que veio ao meu encalço.

- Me deixe, Kyoshi, ou vai sobrar para você também! De uma hora para outra todo mundo resolveu se meter na minha vida, merda! – ele me deixou ir, sabia que naquele estado eu não ia frear meus sentimentos muito menos as palavras.

Ao chegar em casa ainda estava puto; puto com a vida; puto com aquele veado abichanado que, sabe-se lá por que, me expôs diante de todos; puto por não ter me deixado levar pelas cantadas do Henry que, se aceitas, agora me teriam levado a estar nos braços dele transando até o tesão arrefecer; puto por eu sempre querer ser o cara perfeito que ajuda todo mundo, que é compreensivo com todos, que se doa para todos; puto, mas muito puto mesmo, com o Lucas que aceitou e se refestelou com as minhas carícias para depois vir me dizer que a transa cheia de carinho que tivemos não significou nada, que não teve importância. Pergunta se não é para ficar puto?

Fiquei o final de semana todo remoendo essas paradas, tentando descobrir porque eu andava tão exaltado por qualquer coisinha, procurando uma maneira de me desculpar com a galera pelo meu comportamento intempestivo, e até com o Fábio que foi infeliz tanto na escolha no momento quanto das palavras ao fazer aquela brincadeira estúpida. O Kyoshi, o Claudio, a Tamiko e mais um pessoal ficou me ligando o final de semana todo, mas não atendi nenhuma das ligações e nem respondi as mensagens. Eu precisava de um tempo, eu precisava de férias, concluí, uma vez que já tinha algumas acumuladas. É isso, amanhã chego na generala e peço minhas férias para poder me afastar de toda essa confusão.

- Não! Férias agora nem pensar, Leo! Estamos no meio de três projetos enormes que estão dando um puta trabalho para a equipe e você está pensando em férias! Definitivamente não! Volte para sua mesa e dê o melhor de si! Quando a pressão desses projetos acabar você sai em férias. – afirmou ela.

- Só quero te lembrar que o RH já me enviou um aviso dizendo que estou com duas férias vencidas e que preciso marcar a data para desfrutá-las. – lembrei-a.

- Com o RH eu me entendo! Nada de férias para você por enquanto! – determinou querendo me ver fora de suas vistas. Por pouco não volto para a minha estação xingando a sapatona com os mesmos adjetivos que o Kyoshi costumava usar.

Também fui pedir desculpas ao Fábio pela minha reação violenta. Ele ainda estava constrangido e visivelmente arrependido de ter feito aquela brincadeira fora de propósito, e também voltou a se desculpar comigo. Éramos gays, os únicos do departamento, mas não tínhamos nada em comum, nunca rolou empatia entre nós. Para ser sincero, nunca simpatizei com ele. Sei que cada um tem o direito de viver sua vida como deseja, mas nunca gostei daqueles gays que fazem questão de esfregar sua sexualidade na cara das pessoas, querendo que elas engulam seu modo de agir, sob a alegação de serem discriminados pela sociedade. É bem verdade que vivemos numa sociedade preconceituosa, no entanto, eu me pergunto, o quanto essas minorias não fazem para contribuir com esse preconceito. Posso estar redondamente enganado, mas acredito que quando nos ajustamos à sociedade e ao mundo como ele é, não nadando contra a correnteza, vivendo nossas vidas não em duplicidade nem enrustidos, mas de maneira natural sem deixar de fazer aquilo que nos dá prazer, muitos desses preconceitos cairiam por terra. Escandalizar a sociedade com trejeitos, comportamentos excêntricos, palavreados esdrúxulos não contribuem para uma aceitação. Devemos sim, enfrentar e punir aqueles que se arvoram de juízes da moral, que fazem justiça com as próprias mãos, que saem agredindo todos aqueles que fogem do padrão moralista que a sociedade impõe. O direito a individualidade é sagrado, e isso precisa ser respeitado por todos, nem que seja por força da justiça. Foi meio assim que desabafei com o Fábio, que me ouviu calado, talvez me achando mais maluco do que julgava. Isso pouco me importava, as desculpas foram pedidas, se seriam aceitas o problema era dele.

A Isabela estava para ser promovida e transferida para uma filial do grupo e, assim que o boato começou a circular, a euforia tomou conta do departamento. Tenho para mim que ninguém gostava dela e não viam a hora de se livrar das arbitrariedades e do temperamento litigioso com o qual tratava especialmente os homens. Não que as mulheres e garotas do departamento também não a quisessem ver pelas costas, pois o assédio que sofriam muitas das vezes extrapolava o bom senso. Algumas, e entre elas a coitada da Tamiko e da Cristina, tremiam à aproximação dela, pois o bullying e as ameaças que sofriam para se entregarem à tara dela era tão explícita e difícil de provar que se sentiam encurraladas como presas prestes a serem devoradas. A partir do momento em que não aceitaram os favores e investidas dela, nunca mais tiveram uma bonificação no salário nem uma promoção. Esse também era mais um dos motivos pelos quais o Kyoshi tinha tanto ódio da sapatona, saber o que ela fazia com a garota pela qual estava apaixonado sem poder tomar uma providência o deixava mortificado. Ele já havia expressado diversas vezes que, se fosse um homem ele podia ir lá tomar satisfações e até arrebentar a cara dele, mas sendo ela supostamente uma mulher, ficava de mãos atadas.

Antes da generala sapatona deixar o cargo, tinha sido incumbida de escolher entre os gerentes o novo diretor do departamento. Ela só abriu a questão uma semana antes de deixar o cargo, e propôs que todo o departamento votasse num nome para ser o novo diretor e que ela endossaria essa escolha coletiva. Nunca se viu tanta agitação no setor nos dias que se seguiram, não se falava noutra coisa que não a sucessão. Eduardo Lopes, Leonardo Hechtinger, Luciana Farias e Lucas Accardi passaram a ser os nomes mais mencionados, o que me deixou surpreso por estar nessa lista, uma vez que não fazia ideia do quanto a turma me estimava. Que isso não era outro resquício de inferioridade que todo gay experimenta alguma vez na vida, não restava dúvida. Eu nunca me achava bom o suficiente, nunca era perfeito o bastante porque lá no fundo, eu sentia que tinha um defeito, era homossexual e isso não combinava com o padrão universalmente aceito. Sim, nós gays talvez sejamos tão problemáticos porque estamos em constante luta com nós mesmos, com o que nos enfiaram na cabeça, com o que esperam de nós, sem levar em consideração que ninguém é perfeito, que ninguém é melhor do que nós, que ninguém é mais privilegiado por ter nascido heterossexual.

- Sabe da última? – questionou-me o Kyoshi. – Parece que o Lucas está falando para o pessoal votar em você, que ele não quer o cargo e vai dar o voto dele para você. – esclareceu

- E qual a razão disso? Ele está há mais tempo na empresa, é super competente, seria o melhor diretor que poderíamos desejar. O meu voto é para ele! – devolvi

- Isso vai ser interessante! – exclamou ele, com aquela sua cara de japonês safado.

- O que vai ser interessante? Do que está falando?

- Um votando no outro, um tecendo elogios ao outro, um torcendo pelo outro! Eu sempre desconfiei que aí tinha coisa! Você nega de pé junto, mas sei que arrasta um trem pelo Lucas. Por mais que tente disfarçar e negar, você gosta do cara, e gosta muito, para caralho! – afirmou

- Japa, você precisava ser estudado por psicólogos, antropólogos e sociólogos porque você é o japonês mais fofoqueiro e abelhudo que existe! De onde você tira tanta besteira? O Lucas e eu, onde já viu! – exclamei, ele começou a rir e foi cutucar o Claudio.

- Você ouviu, Claudio? E ele ainda tem a coragem de negar que estão apaixonados um pelo outro! Depois o louco sou eu! – exclamou o Kyoshi

- Isso ainda vai parar na cama, escreve o que eu estou dizendo! – afirmou o sacripanta do Claudio, entrando na jogada para me aporrinhar.

- Se é que já não parou! – exclamou o Kyoshi, me encarando com um risinho sarcástico e mais do que suspeito.

- Vocês definitivamente não prestam e deram para zoar comigo, não foi? Cacete, nem aqui se tem um minuto de sossego! – os dois continuaram a trocar olhares como se soubessem que o Lucas e eu transamos.

Não demorei a descobrir de onde eles tiraram essa suspeita. O Lucas fazia parte de um time de futebol de salão que haviam formado na empresa, a turma se juntava numa quadra a cada quinze dias para disputas entre os departamentos e, após uma dessas partidas, quando estavam tomando umas cervejas, um cara do departamento financeiro teria feito um comentário sobre um bando de machos da empresa que estava louco para meter as picas no meu rabinho carnudo, citando inclusive alguns nomes de notórios cafajestes que adquiriram a fama depois de treparem com algumas mulheres da empresa e não fazerem segredo disso, e dentre eles o dele próprio.

- Não sou de reparar em bunda de homem, mas a do Leo eu foderia até deixar aquele rabão arregaçado! – teria dito, e recebido o aval de mais alguns dos presentes.

- Sem dúvida, que bunda é aquela, meu irmão? Perfeitinha, pedindo para ser enrabada! – teria exclamado outro.

- Fora que o Leo é um cara do bem, se numa transa ele for tão gentil e carinhoso como é no trato com todos, cara, eu dispensava essas piranhas egoístas e interesseiras e trocava por ele! – teria acrescentado mais outro.

- Que porra de papo idiota é esse? Viraram bichas, foi? Desde quando gostam de falar de bunda de homem? – teria questionado exaltado o Lucas.

- Não precisa ser bicha para sentir um tesão da porra pela bunda do Leo! Aquilo é rabo para mais de horas de orgia! Qualquer macho em sã consciência não dispensaria um rabinho daqueles! Fico só imaginando como não deve ser o cuzinho que está escondido no meio daquela carne toda! Só de imaginar fico de pau duro! – a observação desse último teria sido a gota d’água para o Lucas perder as estribeiras e sair na porrada com o sujeito.

Depois do incidente e, à meia-boca, o boato de que o Lucas morria de ciúmes de mim se espalhou pela empresa como rastilho de pólvora. Ninguém se atrevia a mencionar nada abertamente, mas entre os círculos mais íntimos aquilo já era fato consumado, e foi exatamente disso que o Kyoshi e o Claudio ficaram sabendo.

A Isabela determinou que a votação para eleger o novo diretor do departamento aconteceria durante um daqueles chatos retiros promovidos pela empresa para, segundo ela – alinhar as ações gerenciais ao business core da empresa – e, como das outras vezes, seria conduzido por um daqueles “coaches” que tinham mais fama do que conteúdo, mas que conseguiam com suas performances teatrais convencer até um asno pangaré a se achar um cavalo puro-sangue. A votação seria fechada e em turnos, com cada um dos gerentes explicitando seu voto diretamente a ela e aos demais diretores presentes no evento, até que o nome mais citado seria anunciado e empossado no cargo.

O evento foi realizado num hotel-fazenda não muito distante. Os gerentes foram distribuídos em duplas nas suítes reservadas e o treinamento realizado no salão de convenções, os horários das refeições também seriam destinados à confraternização. Fui alocado numa suíte com um gerente do departamento de TI, Rogério, pouco mais velho do que eu, casado, atraente e com aquela aura de macho safado, o que lhe rendia suspiros afervorados da mulherada. Meu contato com ele se limitava a encontros casuais pelos corredores da empresa, uma vez que nossos departamentos ficavam em andares distintos, e sempre me pareceram profissionais e respeitosos. Contudo, já na primeira noite, toda aquela postura parcimoniosa caiu por terra quando ele se despiu no quarto, tomou uma ducha e regressou peladão como se estivesse fazendo propaganda daquele bagulho generoso que sacolejava entre suas pernas. Não dava para dizer que não havia certo charme e muita virilidade naquele troço, mas exibi-lo tão acintosamente me pareceu uma provocação, um ultraje. Cheguei a conjecturar em o advertir sobre a atitude devassa, mas isso só poderia lhe dar a confirmação das fofocas que corriam pela empresa, de que eu era gay, por mais que fosse difícil notar. Além do que, sejamos sinceros, qual gay não se delicia com um equipamento sexy como aquele. Ao perceber que eu não era indiferente ao seu sexo exposto, liberou seu lado cafajeste e toda vez que eu estava me trocando, ele manipulava o bagulho que chegava a ficar duro com a contemplação das minhas coxonas e nádegas, mesmo elas estando parcialmente cobertas pela cueca.

- Você é solteiro, não é, Leo? – perguntou certa feita, enquanto acariciava o pauzão após o banho refestelado na cama.

- Sou, por quê?

- Já te disseram que é um partidão? Esse corpão gostoso da porra faz a gente pensar em possibilidades que jamais imaginamos. – respondeu

- Onde quer chegar com essa conversa? É meio estranho esse papo, não acha?

- Não quero chegar a lugar algum, mas para ser bastante sincero, estou sentindo um tesão da porra nesse momento e faria de um tudo para sentir esse rabão engolindo meu cacete. – não houve sequer rodeios, ele tascou o desejo libidinoso na minha cara na maior cara de pau.

- Isso é meio desrespeitoso, não acha? Tanto para comigo quanto para sua mulher que não deve nem sonhar que tem um marido safado como você.

- É dos safados que elas gostam mais! Você podia ter o mesmo gosto, afinal estamos sozinhos nesse quarto e o que rola entre essas quatro paredes fica entre essas paredes. – o salafrário devia estar com tanto tesão que não media as palavras.

- Pois é, é nesse aspecto que eu me diferencio da sua mulher, não curto safados! – exclamei. Ele esboçou um risinho petulante, para disfarçar o desapontamento por não conseguir o que queria.

- É uma pena! Como você pode ver, poderia rolar uma festinha muito boa! – retrucou, tirando a mão de cima do cacete e o exibindo totalmente ereto. Precisei inspirar fundo e forte para que minha força de vontade não ruísse diante daquela visão.

A Isabela e os demais diretores me encaram surpresos quando proferi meu voto para o novo diretor, numa saleta onde só estava a diretoria.

- Lucas Accardi!

- Tem certeza, Leo?

- Absoluta! – respondi

- Os últimos dois nomes que restaram foram o seu e o do Lucas, e estão empatados com o mesmo número de votos. Por que não vota em si mesmo, seria o novo diretor? – questionou a Isabela.

- Porque o acho mais qualificado e por ele estar há mais tempo na empresa e sempre ter se destacado pela competência e também contar com a estima da equipe. – respondi

- Sua qualificação em nada fica a desejar em relação a dele; quanto a estima da equipe, a quantidade de votos que você recebeu fala por si. – observou um dos diretores, com o qual eu tinha um excelente relacionamento.

- Gostaríamos que você refletisse por mais um dia, o evento termina amanhã e você terá tempo de analisar melhor a questão e mudar seu voto. – disse a Isabela, o que me fez perceber que sua escolha pessoal recaía sobre mim.

- Agradeço a atenção, mas acredito que não vou mudar de opinião. – devolvi, certo de que não o faria.

É estranho como não existem segredos que perdurem dentro de uma grande corporação. Essa votação que deveria ser secreta até o anúncio do novo diretor, já tinha caído na boca do povo. Quem trouxe a novidade para o grupinho onde eu estava reunido durante o coffee break foi um gerente do departamento comercial.

- Estão dizendo por aí que você não votou em si mesmo, que o Lucas e você estão empatados, e que se o tivesse feito seria nomeado como novo diretor, isso procede?

- Não sei de onde você tirou isso, mas eu já dei o meu voto! – menti, pois o Lucas também estava no grupinho e ficou pasmo com a notícia. Só pela maneira como ele passou a me encarar, percebi que teríamos um problema.

Foi no horário do almoço que ele me puxou pelo braço até um canto do restaurante próximo a entrada para a cozinha, onde apenas funcionários do hotel-fazenda deveriam circular.

- Que história é essa, Leo? Por que votou em mim e não em si mesmo?

- Por que acho o certo a se fazer!

- Não, não é! Está me fazendo sentir um idiota ingrato e egoísta! Eu votei em mim mesmo! – afirmou

- Qual o problema? Não havia nenhuma restrição quanto a votar em si mesmo.

- Mas não quando isso prejudica a sua ascensão! Eu vou lá mudar o meu voto! – afirmou determinado

- Não seja tolo, Lucas! Se mudar o seu voto voltamos a ficar empatados, o que isso resolve? Pense na equipe que está confiando em você! – argumentei

- Cacete, Leo! Não quero ser o responsável por você não ser o novo diretor. Não posso fazer isso com você, caralho! Vai lá e vota em si mesmo, agora! – ele esmagou meu braço com tanta força que tive que protestar. – Desculpe! Estou tão irritado com essa situação que já nem sei mais o que estou fazendo. Desculpe, machucou?

- Não vejo razão para você estar tão irritado! É apenas um cargo, e eu nem sei se, de fato, estou interessado nele. Não se aflija, está tudo bem para mim!

- E se a diretoria resolver te promover transferindo-o para uma filial, ou te realocar noutro departamento, uma vez que é notório o quanto admiram seu trabalho e querem te recompensar por isso? – ponderou

- Então me mudo! Viu como não está prejudicando minha ascensão se aceitar o cargo!

- Caralho, Leo! Que se foda o cargo! Eu não posso ficar é sem você! – exclamou tão exaltado que o Claudio veio ao nosso encontro depois de observar o que estava rolando. Aproveitei para escapar, e fui direto confirmar meu voto junto a diretoria.

Eu tinha ido dormir tarde na véspera, ao voltar da festa de aniversário de uma prima, e metade da manhã do sábado já havia transcorrido quando estava me espreguiçando na cama e decidindo o que fazer naquele dia ensolarado. Era o primeiro final de semana depois o treinamento gerencial e do anúncio do Lucas como novo diretor do departamento. O interfone estava tocando pela quarta vez, eu tinha ignorado as anteriores e, agarrando o travesseiro, decidido a não o atender, mas a insistência me levou a cambalear sonolento até ele.

- Seu Leonardo, bom dia, tem um Sr. Lucas aqui na portaria querendo falar com o senhor, ele disse que é seu colega de empresa, posso liberar a entrada? – disse o porteiro.

- Diga que eu não estou atendendo o interfone, que você acha que eu saí!

- Perdão, Seu Leonardo, mas ele está me ouvindo conversar com o senhor.

- Está bem então, deixe ele subir! – o que mais me restava fazer, a não ser correr e vestir algo mais adequado do que a cueca de seda que estava usando.

Atrapalhado e agitado com aquela visita inesperada, não encontrava nada à mão para vestir e a campainha já havia tocado três vezes quando resolvi atender assim mesmo. O Lucas já tinha me visto nu, que pudores sem sentido eu estava tendo?

- Oi!

- Oi! O que faz aqui a essa hora? – perguntei, querendo demonstrar certa indignação por ele aparecer sem avisar, mas quando o vi naquela bermuda, camisa aberta no peito com todos aqueles pelos sensuais que uma vez já foram afagados pela minha mão e aquele rosto precisando de um barbeador, perdi o rumo do que ia dizer.

- Posso entrar? – eu nem havia reparado que continuávamos na porta

- Sim, é claro, entre!

- Precisamos conversar! – disse ele, voz firme, olhar penetrante, obstinação inquestionável.

- Sobre? Se for aquela história da votação, já está tudo resolvido! – sentenciei, sentindo que estava ficando nervoso, que minhas mãos estavam frias, que a presença dele, particularmente eu estando com tão pouca roupa cobrindo o corpo, estava me deixando fora dos eixos.

- Sobre nós! – respondeu rápido, sem desviar o olhar na minha seminudez. – Você está um tesão da porra, Leo! – afirmou, me deixando ainda mais constrangido.

- O que há para falar sobre nós? – indaguei, dando uns passos atrás para me afastar daquele corpão sobre o qual eu queria pular e daquele rosto cuja boca parecia estar clamando pela minha.

- Desde aquela noite que pernoitei aqui não tenho um minuto de sossego! Já não tinha antes, mas depois da maneira como você me acolheu, meu tesão está me matando! Como você pode dizer que aquilo tudo não significou nada, que não teve importância?

- Epa, epa, espere um pouco! Não fui eu quem disse isso! Foi você quem veio falar comigo na empresa no dia seguinte e disse que aquilo não foi importante, que não significou nada para você! – devolvi

- Eu ... eu ... é porque eu achei que não tinha sido importante para você! Nunca fomos muito próximos na empresa, você sempre está cercado por caras que não fazem parte da minha rodinha de colegas e como a maioria dos caras na empresa, nem desconfiava que você pudesse ser gay. Foi só naquela noite, quando, minha nossa santinha, você fez aquela massagem e tocou esses lábios no meu cacete que eu percebi que não estava apenas atraído sexualmente por você, mas que estava gostando de verdade de você! – confessou, me deixando boquiaberto.

- E eu achei que você tinha se arrependido do que aconteceu, e que não queria que ninguém soubesse que esteve com um gay. Pensei que estava preservando sua fama de garanhão ao me dizer que não foi importante para você e quando passou a me evitar. Que mais eu podia pensar? – indaguei.

- Estou pouco lixando para o que pensam de mim! Foda-se a opinião dos outros! Meu noivado terminou por sua causa!

- Que maluquice é essa? O que foi que eu fiz para ser responsabilizado pelo término do seu noivado? – questionei

- Não saía da minha cabeça, foi isso que você fez! Nem quando eu estava transando com a Juliana você ficava fora dos meus pensamentos, e foi justamente durante uma transa, quando eu estava gozando dentro dela, que seu nome escapou da minha boca e a deixou furiosa. Ela se desvencilhou de mim quando eu ainda estava esporrando e me perguntou quem era essa cadela da Leo. Sem escapatória, eu disse que não era “essa”, mas “esse” e falei de você, o que a deixou tão furiosa que jogou a primeira coisa que encontrou pela frente me acertando em cheio na cara. Ela te conhece, lembrou o quanto você é bonito e sensual e não suportou saber que eu pensava em você quando estava trepando com ela. Foi por isso que apareci no trabalho por dois dias com aquele curativo adesivo dizendo que tinha me machucado durante o barbear.

- Você é maluco, Lucas! Nem sei o que dizer, cara! Vá pedir desculpas para ela, talvez te perdoe se for sincero no pedido.

- Sou maluco, sim! Sou maluco por você, e não tenho a menor intensão de voltar com ela ou com quem quer que seja, eu quero você, Leo! – asseverou. – Não me diga que não sente nada por mim. Ninguém é tão carinhoso como você foi naquela noite, cobrindo meu pau com esses lábios, se entregando com tanta generosidade e desapego quando entrei em você. Eu nunca tinha sentido as fibras dos meus músculos vibrarem tanto quando me despejei dentro de você e você me devolveu aqueles beijos, aquelas carícias. Não diz que não gostou de mim! – suplicou, começando a se aproximar de mim feito um predador pronto a dar o bote.

- Você sabe que não posso afirmar uma coisa dessas! Nunca senti tanta dor quanto quando me disse que o que tivemos naquela noite foi sem importância.

- Então por que não me questionou, não veio me pedir explicações?

- Para promover um escândalo na empresa? Todos andam desconfiados de que sou homossexual, seria o que estavam esperando para ter certeza. E você já andou municiando a galera quando deu umas porradas naquele sujeito depois da partida de futebol de salão.

- Ele estava falando da sua bunda, da bunda onde eu tive meu melhor gozo, da bunda que foi moldada para ser só minha, cacete! O que você queria que eu fizesse, que deixasse aquele bando de machos cafajestes que perseguem seu rabinho levar vantagem?

- Que fosse mais discreto, já estaria de bom tamanho!

- Depois de tudo que precisei fazer para ter você em meus braços, para finalmente conseguir entrar em você?

- O que quer dizer com isso, o que você precisou fazer para colocar seu pauzão em mim?

- Você acha que tenho o hábito de tomar leite antes de me deitar, eu mal tomo leite no café da manhã! Você acha que eu estava insone naquela noite por estar estressado? Eu estava insone porque não podia deixar passar aquela chance de finalmente ter você em minhas mãos, ainda mais quando estava usando apenas uma cueca como agora, com todo esse bundão tesudo me atiçando. Quando você sugeriu aquela massagem eu me agarrei àquela oportunidade e jurei que não a perderia, e aí veio você, meigo, beijando e acariciando meu peitoral, brincando entre os meus pelos, pegando na minha rola com uma sutileza e carinho sem par; antes de começar a me mamar até eu não aguentar mais e encher sua boca com meu leite, eu estava realizado Leo! O que mais eu podia desejar que não unir meu corpo ao seu colocando minha pica no seu cuzinho receptivo? – indagou, quando já estava tão perto que eu podia sentir o calor de seu corpo.

- Quer dizer que me enganou, que me usou, não é? – perguntei com o tesão tão aflorado que meu ânus se contorcia.

- É, você acha que eu te usei? Você ainda não viu nada! – retrucou libidinoso

- E o que mais falta eu ver? Esse pauzão suculento e duro não vendo a hora de sair dessa bermuda, ou essa boca passeando libertina pelo meu corpo? – perguntei, sensualizando a voz.

- Falta você ver o que vou fazer com você agora, falta você ver o quanto eu te desejo e o como quero que seja todo meu! – respondeu, me puxando contra o peito e colando vorazmente a boca na minha, enquanto as mãos arriavam minha cueca e se apossavam sôfregas da minhas nádegas.

Quando me soergueu por elas já sabendo onde ficava o quarto, me carregou pendurado ao seu pescoço até a beira da cama. Antes de me soltar sobre ela, enfiou um dedo no meu cuzinho que instintivamente se travou ao redor dele e extraiu meu primeiro gemidinho consensual. O sorriso esperançoso que iluminava seu rosto me dizia o que desejava. Abri a braguilha, baixei bermuda e cueca até elas caírem aos seus pés, e fechei a mão ao redor do caralhão grosso, levando-o direto à boca. Um suspiro alto saiu dos lábios dele quando suguei delicadamente a cabeçorra estufada.

- Leo, cacete! Como senti falta disso! – gemeu, lançando a cabeça para trás e fechando os olhos para que nada o desviasse daquela sensação prazerosa

O cheiro másculo dele estava impregnado em toda virilha e ao mesmo tempo em que me deixava inebriar por ele, fui chupando e lambendo o pauzão pesado, me afundando cada vez mais nos pentelhos densos até chegar ao sacão. Primeiro o segurei, depois acariciei as bolas com toques sutis das pontas dos dedos. Notei quando a musculatura pélvica dele se retesou excitada. Como naquela noite, beijei a parte interna de suas coxonas musculosas, tocando os lábios molhados sobre a pele peluda. O Lucas grunhia, afastando mais as pernas para que eu chegasse com a boca mais rápido às suas bolas. Abocanhei uma sugando e massageando-a com delicadeza, pois ela guardava a essência daquele macho por quem eu estava apaixonado. Enquanto lambia e chupava a outra, o cacetão roçava meu rosto liberando um pré-gozo que ia melando minhas bochechas. Voltei a envolver a glande melada com os lábios e comecei a sugar o melzinho perfumado que escorria dela. Com uma das mãos espalmadas sobre o ventre dele, fixei meu olhar no dele, servil e submisso naquele instante para que ele soubesse que o tinha elegido não apenas diretor do departamento, mas meu macho, para quem eu queria me entregar em igualdade de posição, sem subserviência, sem me subestimar enquanto passivo, mas como um parceiro do mesmo nível, deixando claro que só em momentos como aquele eu o deixaria exercer sua dominância máscula.

- O que eu faço com você, Leo? Me diz, quando esse seu olhar me deixa perdido, me faz sentir uma paixão sem fim! – balbuciou ele, instantes antes de ejacular seu leite cremoso e farto na minha boca gulosa.

- Só me penetra, Lucas! Me penetra e seja meu macho! – retruquei, quando terminei de engolir toda a porra que ele ejaculou e lamber o caralhão até não restar uma única gota dela.

Ele não perdeu um segundo sequer. Com o tesão à mil, puxou-me pelas pernas até minhas ancas ficarem na beira da cama e o cuzinho rosado surgir piscando no reguinho apartado. A penetração foi lenta, mas firme. O cacetão insaciado nem chegou a amolecer e foi sendo empurrado para o fundo do meu cu com impulsos vigorosos que me faziam gemer, enquanto a dor do arregaço das pregas dominava todas as sensações que vinham daquela parte do meu corpo. Com o pauzão atolado até o saco no meu cuzinho, o Lucas se inclinou sobre mim, beijou avidamente minha boca deixando a saliva escorrer e se misturar com a minha. Sua língua lambia minha úvula. Eu o envolvi em meus braços, o aconcheguei no ânus apertando a musculatura ao redor do falo latejante e gemi o nome dele envolto em prazer e luxúria. Eu me sentia completo com aquele macho pulsando nas minhas entranhas e me agarrava a ele, cravando e arranhando suas costas com as pontas dos dedos.

- Ai Lucas! Meu homem! Minha paixão! Meu amor! – era tudo que saía dos meus lábios entre sussurros e gemidos de prazer.

- Estou aqui, paixão! Estarei sempre aqui para você, amor! Mostra o quanto me quer, Leo! Mostra o quanto me deseja e me ama, Leo! – grunhia ele, acelerando as estocadas que reverberavam por toda minha pelve.

Sentindo sua carne rija, envolta na minha, me estocando fundo, um frenesi percorreu meu corpo e o orgasmo veio com tudo, só me dando chance de gemer – Lucas – antes do meu pinto começar a ejacular feito um chafariz.

- Isso, meu querido! Isso mesmo, goza e mostra para o teu macho o quanto você me ama! – exclamou ele, segundos antes de liberar um urro e esporrar todo meu cuzinho como se seu caralhão fosse uma mangueira. – Cacete, Leo! Achei que não ia dar conta de gozar tão em seguida, mas você me faz descobrir coisas com as quais nunca sonhei. Você é tão especial para mim, Leo! – ronronou ele, afagando meu rosto entre os beijos que trocávamos.

Não definimos um futuro, só tínhamos uma certeza, seguiríamos juntos até onde todo aquele amor nos levasse, e foi com isso em mente que toda uma vida compartilhada começou.

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Comentários

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Terminei o conto estando triste. Jurava que ele ia ficar com amigo japonês. Mas no fim ficou com esse Lucas 🙄

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É o melhor. Cara vc não existe. Que mente brilhante e que imaginação para criar esses romances sexuais,tesudos que me deixam louco de tesão e com uma inveja doida desses seus protagonistas. Chega, tu é fodão, obrigado pelo conto,forte abraço e bom domingo.

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