Poker dos Cornos (Revisado)

Da série Poker dos Cornos
Um conto erótico de Mais Um Autor
Categoria: Heterossexual
Contém 1785 palavras
Data: 26/05/2025 18:16:41

Toda a loucura começou numa terça-feira. Sim, é isso mesmo que você ouviu, a loucura que vou contar teve seu início no dia mais pacato da semana, uma terça-feira. Mal a semana começava, e eu já cometia um dos piores erros de toda a minha vida. Marquei de encontrar num bar um amigo que havia perdido o contato com o passar dos anos.

E assim, na minha idade, quando um amigo reaparece, nunca é um bom sinal. Ou ele quer te pedir dinheiro, ou te colocar num esquema de pirâmide. Mas, já que naquela terça-feira eu não queria de jeito nenhum voltar para casa, a melhor opção mesmo era beber com o Fábio.

Ele já havia tentado me contactar algumas vezes durante os últimos anos, e eu sempre dava alguma desculpa para não encontrá-lo. Fábio era um amigo de longa data, moramos até juntos numa época, já que quando eramos mais novos, compartilhávamos do mesmo sonho: virar jogadores profissionais de poker.

Moramos em uma casa alugada por um “investidor”. Na época, parecia um sonho, já que esse investidor, além de pagar o nosso aluguel, pagava a entrada em todos os torneios que jogávamos. Mas, agora, percebo que, na verdade, estávamos em um pesadelo.

Vivíamos como ratos, jogando pôquer por dezoito horas seguidas, trancados no escuro numa casa sem uma janela sequer. Quando conseguíamos algum lucro, quase tudo ia direto para o bolso do “investidor”. Estávamos sempre duros — e, nas semanas em que não vencíamos, simplesmente passávamos fome.

Era uma rotina de altos e baixos, onde a euforia de uma vitória rapidamente se dissipava na realidade das despesas diárias. Diversos dias, só comendo miojo, esperando o próximo torneio, com a crença de que a nossa sorte mudaria.

Pulei fora do barco quando conheci a minha esposa, Amanda. Apesar dela não ser exatamente contra a minha carreira, a instabilidade financeira e emocional de viver de apostas era um motivo de atritos constantes nos nossos primeiros meses de namoro.

E eu já estava exausto daquela rotina, anos nessa luta e os dias de glória nunca chegavam. Decidido a mudar minha vida, abandonei o poker, em busca de uma vida mais estável, construindo pouco a pouco, junto da minha esposa, o nosso futuro.

Mas, ali estava eu, num bar em plena terça-feira, provando que alguma coisa tinha falhado nesse plano. Não estava lá porque queria naquela noite, mas porque eu precisava beber.

Sei que nesses relatos eróticos, as mulheres são sempre magras, bundudas e peitudas. Os homens possuem pirocas de cavalo que jorram leite como uma teta de vaca. E o sexo é sempre uma experiência transcendental. A minha história vai ser um pouco diferente, prometo que vou sempre tentar ser o mais honesto possível, contando nos detalhes toda a insanidade que me aconteceu.

E já que tenho que ser verdadeiro, o motivo por que estava ali, com dor de cabeça, sofrendo e evitando minha própria casa, era um problema extramente comum em homens na minha idade, embora ninguém goste de admitir.

Pela primeira vez na minha vida, eu havia brochado. E sempre quem brocha tem alguma desculpa do tipo – “Ah, eu tinha bebido”, “Não tinha dormido nada na noite anterior” ou “Estava estressado do trabalho” – bom, acho que vou ser o primeiro brocha honesto do mundo. Não tinha uma gota de álcool no meu sangue, dormi como um neném na noite anterior e meu trabalho só é um porre, mas não tem estresse nenhum.

Ser obrigado a assistir à minha esposa batendo com meu pau molenga em sua própria cara, foi a sessão de psicanálise mais intensa que tive na vida.

— Vai, meu gostoso, quero esse pau inteiro dentro de mim. — Amanda disse uma hora, tentando me ressuscitar, embora seu ímpeto só piorasse toda a situação.

Foram quase dez minutos dessa tortura, antes dela finalmente desistir, me abraçando e dizendo que estava tudo bem, como se eu fosse uma criança machucada. E meu passeio no inferno não terminou por aí. O resto da noite ouvi as "soluções" que minha esposa encontrava na internet.

— A gente podia tentar acupuntura, né?

— Amendoim ajuda, sabia? É afrodisíaco.

— Ah, olha aqui! Existem terapeutas especializados nesse tipo de coisa, talvez valesse a pena marcar uma sessão.

As palavras dela entravam por um ouvido e saíam pelo outro. Não é que eu não valorizasse a opinião dela. Só que, na verdade, eu já sabia qual era a solução. O que eu realmente precisava era apenas um dia.

Começaria esse dia indo ao supermercado, comprando tudo que quisesse, sem ter que ficar analisando qual leite está mais em conta. Depois, eu comeria até quase explodir, sem me importar com calorias ou a quantidade de fibra no meu prato. Se eu fosse para o trabalho, seria apenas para chutar a porta do meu chefe e mandá-lo tomar no cu. E, para terminar com chave de ouro, em vez de fazer um papai e mamãe forçado com a minha esposa, estaria com vinte novinhas na cama, arregaçando o cu de cada uma delas.

Era isso que eu precisava. Um dia para me sentir livre de verdade, longe de toda monotonia da vida pacata e estável que eu tinha.

Lógico que nunca revelei esse desejo inconfessável para a minha esposa. Somente concordei com a ideia dela de tentar na próxima vez uma massagem relaxante e assistir a um pornô, virei para o lado e capotei. Claramente, não resolvia o problema, apenas o empurrava para o futuro, quando talvez um Lucas menos exausto seria capaz de lidar com ele.

E, de certa forma, era isso que estava fazendo naquela terça-feira. Me encontrar com o Fábio era a minha forma de resolver a situação.

Sei que vou parecer uma pessoa má ao confessar isso, mas a vida dele sempre foi uma bagunça — carreira, família, dinheiro, relacionamentos… nada dava certo. Encontrar com ele me faria sentir melhor comigo mesmo. Seria como olhar para um espelho, que revelava como minha vida poderia ter sido, caso não tivesse escolhido o caminho mais estável.

Sim, a desgraça de Fábio era “boa” para mim, mas juro que eu não sou um completo psicopata. Sei que esses sentimentos eram errados, e até me sentia bastante culpado com meu egoísmo. Para compensar, já tinha até decidido que, se ele me pedisse algum dinheiro naquela noite, eu o ajudaria — desde que não fosse uma quantia absurda.

Esse era todo o contexto que me levou a um bar terça-feira à noite. Agora, consegue imaginar o meu choque quando Fábio chegou dirigindo uma BMW novinha?

Claramente, meu amigo não precisava de dinheiro. Fora que, se o objetivo dele fosse me colocar num esquema de pirâmide, com toda a certeza do mundo, eu aceitaria. Seja lá o que fosse, estava funcionando — e muito — para ele.

Quando me viu, Fábio correu para me abraçar e me deu um beijo na bochecha, como se fosse um mafioso. Antes que eu conseguisse processar o que estava acontecendo, ele deslanchou a falar, umas mil palavras por segundo, perguntando da minha vida, da minha esposa, do meu trabalho, da minha felicidade.

Rapidamente, a empolgação dele já tinha sugado toda a energia dentro de mim. Me sentia exausto, pensei até em pedir a ele para bebermos em silêncio, como dois cowboys em um filme de faroeste.

Ainda assim, contei a ele tudo que aconteceu na minha vida nos últimos anos, e mesmo caprichando nos detalhes, essa parte da conversa não durou mais do que o tempo entre fazer o pedido e o garçom trazer as nossas bebidas.

Depois que Fábio descobriu tudo sobre a minha vida, era minha vez de entender qual foi o pacto com o diabo que ele fez para conseguir um carrão daqueles.

Perguntei se ainda jogava pôquer, mas ele me cortou no meio da frase, chamando o garçom e pedindo mais uma rodada.

Insisti e perguntei o que ele andava fazendo da vida. Ele se levantou, disse que estava apertado, e foi ao banheiro.

Na última investida, fui bem direto, perguntando como ele tinha comprado aquele carrão. Porém, Fábio fingiu se distrair com as moças que chegavam no bar e foi até a mesa delas puxar papo.

Bom, se ele não queria contar, deveria ser algo vergonhoso ou errado. Provavelmente aquele viado devia estar vendendo drogas. Desisti de entender como ele tinha ganho aquela grana, e foquei no meu copo.

Enquanto ele puxava papo com todos os rabos de saia do bar, tomei uma, depois outra… até a tristeza tomar conta de mim. Totalmente descontrolado pelo álcool, interrompi o xaveco dele, chamando-o para fumar.

Na nossa conversa fora do bar, abri meu coração a ele. Contei tudo que tinha acontecido na noite anterior, dramático como só o excesso de álcool permitia. Era ridículo, meu olho chegou até a lacrimejar, como se, ao invés de brochar, eu tivesse descoberto que tinha câncer.

Antes que desabasse ali mesmo, fazendo o maior papelão da minha vida, Fábio se aproximou e passou o braço pelo meu ombro, me puxando para perto.

— Meu irmão, cê sabe que nossa história é antiga, né? — disse, dando uma leve apertada nas minhas costas.

Balancei a cabeça, lutando para retomar o controle das minhas emoções.

— Não conto para ninguém de onde tá vindo meu dinheiro, pra não fuder o esquema — continuou, os olhos fixos nos meus — mas, cara, cê tá precisando, não posso deixar meu irmãozinho na pior.

Ele fez uma pausa longa, não sei se querendo aumentar o impacto emocional daquele momento ou se apenas estudava as minhas reações.

— Se eu te contar, tem que prometer que nunca vai abrir o bico pra ninguém.

Arregalei os olhos, possuído pela curiosidade. Sem nem pensar se era sensato ser o detentor de um segredo daquele calibre, assenti mais uma vez com a cabeça, pronto para saber qual era a galinha dos ovos de ouro dele.

— Conheci um clube de poker aonde só vão uns ricaços da porra. Eles são horríveis! Dá pra ganhar uma puta grana… Se você quiser, consigo colocar você na mesa.

<Continua>

Aos leitores,

Depois de um ano e várias mensagens me xingando (com razão), eu terminei esse conto. Não apenas terminei na história, como reescrevi todos os capítulos iniciais, adicionando alguns elementos novos. Quem já tinha lido a primeira versão, acho que pode reviver a história e descobrir os detalhes novos, que serão fundamentais na conclusão. Já quem é a primeira vez que encontra esse conto, espero que aproveite!

Fico sempre aberto para críticas, elogios e sugestões! No mais, espero que gostem, até porque ler e reler as 16 mil palavras do conto demorou semanas, um trabalho brutal.

Como sempre, no meu blog já tem o próximo capítulo! ouroerotico.com.br/

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