A semana seguinte começou como qualquer outra. Segunda-feira arrastada, e-mails entediantes, conversa fiada no setor. Mas dentro da minha cabeça, o clima era outro. A imagem da Clara voltando daquele encontro com o Gordo não saía da minha mente. O olhar dela… o silêncio… a forma como gemeu diferente quando a penetrei naquela noite. Tinha alguma coisa acesa nela. Algo novo. Algo perigoso.
Na terça, logo cedo, ela se arrumou com um cuidado incomum. Cabelo solto e bem escovado, maquiagem leve, mas marcante. A calça jeans colada parecia pintada no corpo, e a blusinha preta rendada deixava a barriga levemente à mostra. Eu notei. E ela percebeu que eu notei.
— Vai sair? — perguntei, casual.
— Só um café com uma amiga da faculdade — respondeu, mexendo no cabelo.
— Aquela que você quase nunca fala?
— É… a própria.
Ela me deu um beijo rápido e saiu com o celular já na mão. Eu esperei quinze minutos, até ouvir o portão se fechar, e peguei o meu.
Mensagem do Gordo.
“Tá vindo. Disse que precisava me dizer umas coisas pessoalmente. Irmão… ela me chamou. Ela TOMOU a iniciativa.”
Meu coração disparou.
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Era isso. Clara tava entrando no jogo. Talvez sem perceber, talvez achando que ainda controlava tudo, mas tava ali. E o Gordo, desgraçado que era, sabia jogar com esse tipo. Dava um passo, recuava dois, fingia que desistia… só pra voltar mais forte. Sabia fingir respeito, sabia parecer fofo… mas era um lobo com pele de cordeiro. E agora… ela tava dando chance pro lobo chegar mais perto.
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No fim da tarde, ela voltou. Tão linda quanto saiu. Mas o olhar… o olhar tava diferente. Um brilho estranho. Excitação misturada com culpa.
— Como foi o café? — perguntei.
— Tranquilo. Muita fofoca.
— Falaram de mim?
Ela riu, mas desviou.
— Claro que não.
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Mais tarde, na hora do banho, aproveitei pra dar aquela olhada no celular dela. Nada demais nas notificações… mas o histórico de apps mostrava que ela tinha apagado o WhatsApp por alguns minutos no meio da tarde. E reinstalado logo depois.
Na hora, entendi.
Ela tava começando a esconder.
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No dia seguinte, o Gordo me chamou pro almoço. Sentamos num boteco afastado, e ele pediu cerveja como quem tava comemorando.
— Tua mulher é uma delícia, Lucas. Mas mais que isso… é um desafio. Daqueles que fazem o cara sonhar com a vitória antes mesmo de acontecer.
— Cuidado pra não se queimar — falei, seco.
— Já tô queimando. Mas com tesão. Ontem… ela veio diferente. Me olhando no olho, me cortando com frasezinha torta. Disse que “não devia ter ido”. Mas tava lá. Bonita pra caralho. Com aquele cheiro que sobe pela espinha e faz o pau endurecer sem esforço.
Fechei os olhos, respirei fundo.
— E aí?
— Não toquei nela. Só palavras. Só provocação. Falei que achava que ela era do tipo que finge desprezo pra esconder vontade. Que mulher fiel demais às vezes só precisa de um elogio certo, na hora certa, pra descobrir que ainda tá viva.
— E ela?
Ele deu um gole na cerveja, olhando fixo.
— Riu. Mas o olho dela… aquele olhar, irmão. Ela me desejou. Por um segundo. Eu senti. E ela também.
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Voltei pra casa com o pau latejando dentro da calça. A imagem dela olhando outro cara com desejo me destruía e me excitava ao mesmo tempo. Eu tava ficando doente com aquilo. Mas não queria parar. Tinha algo em ver ela sendo testada que me virava do avesso. Um tipo de prazer masoquista. Um fogo que queimava devagar, torturando cada parte do meu ego.
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Na sexta-feira à noite, ela se arrumou mais uma vez.
— Vai sair de novo?
— Uhum. Só um vinho com a Gabi. Você vai ver jogo, né?
Fiz que sim, mas no fundo eu sabia.
Assim que ela saiu, o Gordo mandou:
“Hoje ela me mandou um áudio. Disse que não entende o que tá acontecendo. Que quando fala comigo se sente ‘estranha’. Que é como se algo estivesse desenterrando uma parte que ela nem lembrava que existia. Irmão… ela tá perto. Muito perto.”
Respondi com um simples:
“Não força.”
Ele respondeu:
“Jamais. É ela quem tá vindo.”
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A noite passou devagar. Cada segundo parecia uma tortura. Quando Clara voltou, era quase meia-noite. A maquiagem um pouco borrada, o cabelo mais bagunçado, e a respiração mais pesada. Entrou, me deu um beijo demorado e foi direto pro banheiro.
Quando saiu, só de toalha, veio até mim no sofá.
— Me espera no quarto.
— Tá bem?
Ela olhou nos meus olhos.
— Tô com tesão.
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No quarto, ela tirou a toalha com pressa. Subiu em cima de mim, esfregando a buceta molhada no meu pau duro, os olhos semicerrados, como se estivesse em transe.
— Me fode — disse, baixo.
Meti com força. Ela gemeu alto. Mais alto do que nunca. Gemia como se precisasse se limpar de algo. Como se quisesse reafirmar que ainda era minha. Mas cada movimento dela… cada rebolada… tinha um peso diferente.
Como se estivesse tentando apagar o que sentiu com outro.
Ou talvez… reforçar.
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Depois que gozamos, deitamos em silêncio. O corpo dela ainda tremia. Mas os olhos… evitavam os meus.
E eu sabia.
Ela tinha ido longe demais. Ainda não tinha cedido de verdade. Ainda não tinha se entregado. Mas a fronteira… já tinha sido cruzada.
E o Gordo… sabia disso.
O sábado amanheceu abafado. Clara acordou mais tarde do que o normal, com o corpo ainda mole da transa da noite anterior. Eu fiquei observando enquanto ela se espreguiçava nua, de barriga pra cima, com um braço por cima dos olhos. A luz filtrada da janela destacava cada curva do corpo dela. A pele lisa, a barriga reta, os peitos se movendo com a respiração… e a buceta ainda inchada, marcada pelo gozo da véspera.
Ela abriu os olhos e me viu olhando.
— Tá me encarando por quê?
— Tô tentando entender como uma mulher assim ainda é só minha.
Ela riu e virou de lado, cobrindo o corpo com o lençol.
— Para com isso…
Mas não era brincadeira. Não mais.
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Passei o dia calado, mas ligado. Cada gesto dela me dizia algo. O jeito como mexia no celular enquanto lavava a louça, como trancava a tela quando eu passava por perto. O sorriso de canto que aparecia às vezes, sem motivo. Estava diferente. Clara continuava minha, mas parecia estar levando um segredo na bolsa.
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Mais tarde, fui ao mercado. Enquanto andava pelo corredor do congelado, o celular vibrou.
Era o Gordo.
“Hoje ela me mandou mensagem. Disse que não consegue parar de pensar no nosso papo. Que sonhou comigo. Que acordou assustada.”
“Eu perguntei: ‘Assustada por quê?’ Ela disse: ‘Porque eu gostei’.”
Meu pau endureceu ali mesmo, entre as embalagens de lasanha e nuggets. Fiquei imóvel por alguns segundos, digerindo aquilo.
Clara estava sonhando com ele.
E pior: confessando.
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Voltei pra casa com o coração disparado. Quando entrei, ela tava na cozinha, de short jeans e regata branca. Sem sutiã. O bico do peito marcando. O cabelo preso num rabo de cavalo despretensioso. Uma cena simples. Mas pra mim, naquele momento, era o retrato do desejo.
— Comprou vinho? — ela perguntou, sem tirar os olhos do fogão.
— Comprei. Do tinto que você gosta.
Ela sorriu.
— Boa. Vai bem hoje à noite.
— Vai ter ocasião especial?
Ela me olhou por cima do ombro, com um olhar que era metade ironia, metade provocação.
— Toda noite com você devia ser especial, não?
Ri de leve, mas sabia: ela tava diferente. Jogando.
•
Depois do jantar, ficamos na sala vendo série. Ela se deitou com a cabeça no meu colo, mas o celular não saía da mão. Uma hora, deu risada de alguma coisa.
— O que foi?
— Um meme.
— Mostra aí.
— Besta demais. Nem vale a pena.
Aquilo me corroía por dentro. Mas continuei calado. Fingindo leveza. Fingindo controle.
•
Às onze, fomos pro quarto. Ela tirou a roupa com calma, como quem se exibe. Entrou no banho e deixou a porta do boxe entreaberta. Fui atrás. A água caía sobre os ombros dela, escorrendo pelas costas nuas, descendo até a bunda firme, empinada, molhada. Me aproximei e abracei por trás.
— Hoje cê tá toda minha, né?
Ela encostou a cabeça no meu ombro, mas não respondeu. Só respirou fundo. As mãos dela vieram até meu pau, já duro, e ela começou a masturbar devagar. Depois se virou, ajoelhou no boxe e me olhou nos olhos.
— Fica quieto.
E começou a chupar.
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Chupava com vontade, com raiva. Como se quisesse limpar a mente, expulsar os pensamentos. Mas eu sabia o que era aquilo. Culpada. Ligada. Confusa.
Enfiei na boca dela com força. Ela engasgou, mas não parou. Só olhava pra mim com aqueles olhos vidrados.
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Depois, fomos pra cama. Coloquei ela de quatro. Segurei firme na cintura e entrei com força. A bunda batia nas minhas coxas com cada estocada. A respiração dela acelerava. O cabelo colado no rosto, os gemidos abafados no travesseiro.
— Tá gemendo alto hoje, Clara… — falei, com a voz grave.
Ela apenas gemeu mais alto.
— Fala pra mim… — continuei, metendo mais fundo — sonhou com o quê?
Ela enrijeceu.
— Sonhou com ele, né?
Ela não respondeu. Mas o corpo dela respondeu por ela.
Rebolou.
Se entregou.
Gozou gemendo meu nome. Mas os olhos, mesmo cerrados… escondiam outra coisa.
No domingo, acordei sozinho. Ela já tava na cozinha, mexendo no celular enquanto preparava café. Virei o rosto e olhei pro criado-mudo. O celular dela estava ali.
Desbloqueado.
Coração na garganta, mãos suadas, abri o WhatsApp. Vi a conversa.
GORDO: “Eu quero te ver de novo. Não pra te tocar. Só pra te olhar. Só pra você saber que ainda tá viva.”
CLARA: “Você é um perigo.”
GORDO: “E você é a mulher mais difícil que eu já desejei. E isso só me dá mais fome.”
CLARA: “Para com isso.”
GORDO: “Me diz que não ficou molhada quando leu.”
Silêncio.
Depois, uma única mensagem dela.
CLARA: “Não respondo esse tipo de coisa.”
Mas não apagou.
Coloquei o celular de volta no mesmo lugar. Levantei, fui até a cozinha e abracei ela por trás. Ela se assustou um pouco.
— Tá tudo bem? — perguntei, como quem não viu nada.
— Tudo — disse, com um sorriso curto.
Naquela tarde, ela recebeu uma ligação. Saiu no quintal pra atender. Fiquei na janela, só observando. A voz era baixa, mas dava pra perceber o tom. Não era da Gabi. Nem de nenhuma amiga.
Quando voltou, estava séria.
— Preciso dar uma volta. Pensar.
— Pensar no quê?
— Em mim.
— Tá bem.
— Não. Mas vou ficar.
E saiu.
Naquela noite, não transamos. Ela deitou virada pra parede. E eu fiquei ali, de olhos abertos, ouvindo a respiração dela desacelerar até dormir.
Na tela do meu celular, a última mensagem do Gordo:
“Ela tá lutando contra o que sente. Mas já perdeu.”
“É só questão de tempo.”