Um Calor Repentino

Da série Putinho Vermelho
Um conto erótico de Tiago Campos
Categoria: Homossexual
Contém 1300 palavras
Data: 27/05/2025 10:53:01
Assuntos: Homossexual, Gay, Fantasia

Enquanto minha vó se virava em direção ao balcão para pegar um copo e a jarra ainda pesada de suco, um pequeno movimento no chão, vindo de debaixo do velho armário da despensa, chamou sua atenção perifericamente. Era uma barata — grande, escura, com um brilho repulsivo em seu exoesqueleto, cruzando a parte aberta do piso da cozinha com uma velocidade perturbadora. Era gorda e inegavelmente nojenta. A barata, com sua presença indesejada, cruzava o caminho. Minha vozinha, que a viu rapidamente no canto do olho, congelou por uma fração de segundo, seus olhos arregalando-se em uma mistura de horror e repulsa. Então, um grito agudo e penetrante escapou de seus lábios — um som puro de aversão profunda.

O sobressalto súbito fez suas mãos se contraírem instintivamente. A jarra de plástico que ela segurava, cheia até a boca com o vibrante suco de laranja, inclinou-se violentamente. Antes que ela pudesse reagir, o líquido frio e pegajoso jorrou para fora, derramando-se sobre a frente de seu vestido, criando uma mancha escura e crescente no tecido claro, e formando uma poça que se espalhou ao redor de seus pés. “Ai, meu Deus do céu! Que nojo! Que coisa horrível!”, ela exclamou, sua voz tremendo visivelmente com a repulsa e talvez um toque de constrangimento pela cena que se desenrolava. Seu corpo todo parecia reagir negativamente à presença do inseto e à bagunça resultante.

Meu primeiro impulso foi levantar rapidamente para ajudar. “Vó, espera um pouco, deixa eu te ajudar a secar isso!”, eu disse, já pegando um pano de prato limpo de um gancho próximo, pronto para tentar minimizar o estrago. Mas ela me afastou com um gesto gentil, embora seu rosto ainda estivesse contorcido pela aversão e o choque persistente. “Não, não, meu amor, não se preocupe com isso, é só suco”, ela disse apressadamente, já limpando a poça. “Mas… ah, que coisa. Vou ter que tomar um banho rápido e colocar outra roupa. Que desastre! Não demoro nada, prometo”, ela decidiu em voz alta, seus movimentos tornando-se mais apressados. Dona Adelaide se virou na direção do corredor que dava para o banheiro, e então, lembrando-se do convidado à mesa, seu semblante mudou sutilmente ao se dirigir a ele.

Virando-se para o xerife Charles, que havia permanecido sentado, observando a pequena crise com uma calma notável. Ela ofereceu um pequeno sorriso apologético, seu ar antes alegre foi momentaneamente abalado pelo incidente. “Mil perdões, Charles! Que confusão acabei de fazer! O senhor acabou de chegar e eu já apronto uma dessas”, ela suspirou, um toque de autodepreciação em sua voz. “Vou ter que fazê-lo esperar mais uma meia hora, no máximo. É coisa de velha desastrada mesmo, e essas baratas me dão um pavor danado que chego a ter pesadelos!”

O homem da lei, com uma paciência notável e inabalável, respondeu com seu sorriso familiar e tranquilizador. Ele não havia demonstrado qualquer sinal de impaciência durante o ocorrido. “Não se preocupe de jeito nenhum, Dona Adelaide. De maneira alguma”, ele disse, sua voz calma e firme, transmitindo segurança. “Acontece com todo mundo, um susto bobo desses arrepia qualquer um. E ainda são sete e meia da manhã”, acrescentou, confirmando o horário, “temos tempo de sobra, não há pressa nenhuma. Por favor, fique à vontade para se limpar sem se afobar.” Suas palavras, ditas com tanta compreensão genuína e serenidade, pareceram aliviar visivelmente minha avó.

Ela assentiu, um pequeno suspiro de alívio escapando de seus lábios, e se apressou pelo corredor, suas passadas rápidas diminuindo até o som suave de suas sandálias desaparecer ao virar o corredor, deixando-me sozinho com o xerife. Um silêncio se instalou novamente na cozinha, diferente da calma anterior. Era um silêncio preenchido pela expectativa, quebrado somente pelo barulho distante da água correndo no chuveiro, vindo do fim do corredor — um lembrete da pausa inesperada. Sentado à mesa, de frente para a figura alta e tranquila do xerife, senti uma mistura de timidez e intensa curiosidade. O choque inicial com a barata e o suco derramado já passara, e minha mente voltou-se imediatamente para a presença incomum da autoridade ali, tão cedo, em um dia de semana. Respirando fundo, reunindo a coragem necessária no silêncio, decidi dar voz à pergunta que inquietava minha mente desde que ele chegou.

Olhando para ele, um pouco sem jeito, quebrei finalmente o silêncio. “Xerife Charles…”, comecei, minha voz talvez um pouco mais baixa do que o normal, “… não tem problema o senhor sair assim, no meio do seu serviço, só para levar a minha vozinha no mercado hoje?”, perguntei, sentindo um leve desconforto por estar questionando, mesmo que indiretamente, o motivo pelo qual aquele homem estava aqui, em uma função que parecia tão… pessoal. Mas a curiosidade sobre por que a autoridade máxima da polícia local estava servindo como motorista para minha avó era genuína demais para ser ignorada.

Um som baixo e agradável, um riso contido que parecia vir do fundo de seu peito, preencheu o pequeno espaço. Era um som de divertimento, mas completamente desprovido de zombaria. Ele sorriu, o mesmo sorriso amigável. “Não se preocupe com isso, Tiago”, ele disse, usando meu nome com uma familiaridade gentil. “Meu posto está perfeitamente coberto, pode ficar tranquilo. Tenho trinta oficiais capacitados que estão cuidando de tudo na minha ausência na delegacia e nas ruas. Eles podem dar conta do serviço e muito mais sem mim por algumas horas.”

Ele inclinou-se ligeiramente para trás na cadeira, seu sorriso inabalável, a cordialidade permanecendo em seus olhos. “Minha prioridade nesta manhã”, ele acrescentou, seu olhar permanecendo firme e reconfortante, comunicando uma seriedade por trás da leveza, “é ajudar sua avó. Ela é uma figura importante aqui no vilarejo, e às vezes a gente precisa ir além do dever oficial para cuidar das pessoas que importam na nossa comunidade. Levar Dona Adelaide para fazer suas compras é o mínimo que posso fazer.” Suas palavras foram ditas com uma simplicidade e bondade que instantaneamente dissiparam minhas dúvidas de uma maneira que me fez sentir um profundo respeito por ele.

O xerife Charles se levantou da mesa com um suspiro quase inaudível, esticando as costas com um movimento fluido que revelou a força contida sob o tecido do uniforme. Suas articulações estalaram de leve, um som discreto na quietude da cozinha. Ele pegou sua xícara de café, agora vazia, e a levou até a pia, enxaguando-a sob a água fria da torneira com um gesto prático e familiar. Terminado o rápido enxágue, ele pegou seu chapéu preto, que parecia uma extensão de sua própria autoridade calada, e o colocou cuidadosamente na bancada de madeira clara.

Meus olhos o seguiram involuntariamente, sem que eu pudesse desviar o olhar, absorvendo cada detalhe de sua figura imponente. A camisa cáqui esticava-se sutilmente sobre seus ombros largos e o peitoral definido, e o cinto de couro grosso ostentava o distintivo e a arma parecia acentuar a linha firme de sua cintura e quadris. Ele era alto, com uma musculatura sólida que não era exibida, mas claramente presente sob o uniforme bem ajustado, uma presença física palpável e poderosa. Apesar de sua idade, que minha avó havia mencionado casualmente, ser cinquenta e oito, ele possuía uma vitalidade e um porte que eram inegavelmente atraentes de uma forma madura e confiante, um contraste marcante e perturbador com a brutalidade seca e sem charme de Johnny.

De repente, uma onda de calor subiu pelo meu peito, ardendo na garganta e se espalhando rapidamente pelo corpo como um fogo incontrolável. Foi uma reação física primária, inesperada e avassaladora, um desejo súbito e intenso que me pegou completamente desprevenido. Era como se a persona que eu mantinha sob controle, a “vadia perfeita” que eu só permitia se manifestar em momentos específicos e calculados, irrompesse com uma força total e impiedosa, tomando o controle de cada nervo, cada pensamento.

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