Eu nunca tinha pensado que poderia sentir isso. Não assim, tão intenso, tão confuso, tão... meu.
Desde pequena, eu sempre gostei das meninas. Não de um jeito casual, como quem apenas admira, mas de um jeito que fazia meu coração disparar, que me fazia imaginar toques, sorrisos, risadas a sós. Só que, crescendo, aprendi a esconder isso. Aprendi que ser bissexual não era para todo mundo, não era para mim — não daquela forma.
Então eu me casei com Leonardo. Ele era meu porto seguro. Grande, forte, protetor. Com seus 1,80m e seus 110 quilos de músculos, ele preenchia tudo ao meu redor. Eu amava estar nos braços dele, sentir a força dele me dominar, a segurança dele me envolver. Ele era meu mundo.
Mas dentro de mim, uma faísca sempre ficou acesa, esperando.
Isabela entrou em nossas vidas sem pressa, como um vento diferente soprando no nosso cotidiano. Loira como eu, sim, mas com um corpo de atleta, definido, firme, de quem joga vôlei e conhece seus limites e os ultrapassa. Ela não era só bonita — ela era potência, era liberdade, era fogo.
Eu sentia isso, mesmo que não quisesse admitir.
Eu me peguei, várias vezes, imaginando. No começo, eram pensamentos rápidos, quase uma sombra. Depois, se tornaram mais claros, mais vivos. Imaginava eles juntos, o jeito que ele a tocava, o jeito que ela reagia, os gemidos que eu ainda não tinha ouvido, mas que eu podia sentir na pele.
Eu não sentia ciúmes, ou pelo menos não só ciúmes. Sentia uma mistura estranha: desejo, excitação, um formigamento no corpo que nunca tinha experimentado antes. Queria ser parte daquilo. Queria ver. Queria sentir.
Numa noite qualquer, quando Leonardo saiu para um treino com Isabela, eu fiquei sozinha. Sentei na cama e comecei a tocar meu corpo devagar, pensando nela, pensando neles. A imaginação me queimava por dentro. O que eu faria se estivesse ali? O que eu sentiria ao ver meu marido com outra mulher? E se eu pudesse participar, mesmo que fosse só como espectadora?
Aquilo era novo. Aquilo era estranho. Aquilo me assustava, mas também me atraía.
Eu não queria perder Leonardo. Eu queria me encontrar.
Eu queria entender essa nova parte de mim.
Eu queria ser mais do que eu era.
Eu queria ser cuckquean.
E quando a ideia tomou forma dentro de mim, senti uma paz.
Uma sensação de que, finalmente, eu estava me conhecendo de verdade.
E pela primeira vez, desejei que aquilo acontecesse.