A Submissão de Caio - Parte 1

Um conto erótico de Caio - Pedro escritor
Categoria: Heterossexual
Contém 5332 palavras
Data: 29/05/2025 19:57:15

Eu já tava ali há alguns meses. Quando entrei, o consultório era cheio: duas recepcionistas, mais dois auxiliares, um outro estagiário meio sonsão que ficava no canto dele. Lorena era a chefe de tudo, mas com aquele jeito que enganava. Ria fácil, fazia piadas com duplo sentido sem piscar, andava de jaleco branco por cima de uns vestidos curtos demais pro ar-condicionado, e tinha o dom de te deixar confortável... até demais.

A crise veio como um vento. Os cortes foram rápidos. Uma recepcionista saiu, depois o outro estagiário, depois a segunda auxiliar. E, num piscar de olhos, muitas tardes acabaram sendo só minhas e dela. Só eu e Lorena naquele consultório onde o relógio parecia mais barulhento que a broca.

Eu continuei porque gostava. Do ambiente, dela, da forma como ela me tratava.

Lorena... ela tinha um jeito difícil de explicar. Uns dias, parecia uma irmã mais velha de bom humor. Em outros, virava uma provocadora profissional. Os olhos verdes sempre atentos, o cabelo preso meio de lado, a boca carnuda falando baixo quando chegava perto — e eu sempre reparando demais, tentando parecer natural enquanto a libido me entregava nas entrelinhas.

Hoje era uma dessas tardes em que tudo parecia devagar. Pacientes desmarcados. A luz do fim de tarde entrando pela janela da sala de espera. E eu ali, sentado perto da bancada da esterilização, limpando instrumentos por limpar, quando ouvi a voz dela:

— Caio... que tédio, né? — ela apareceu no corredor, encostada na porta da sala, com o jaleco aberto e um vestido justo por baixo, de alcinha, vinho escuro. Tava de salto baixo, e ainda assim andava com aquela postura de quem sabe que comanda o ambiente.

— Pior que tá mesmo — respondi, sem tirar os olhos dela. Ou melhor, tentando tirar.

Ela veio andando devagar até a bancada e pegou um bombom da caixinha que ela mesma deixava ali pra pacientes. Desembrulhou, mordeu metade e me estendeu o resto, sorrindo de canto.

— Quer? Ou vai fazer pose de durão? — falou com aquele tom brincalhão, mas com uma camada fina de algo mais por trás. Um desafio. Um flerte sem aviso.

Peguei o bombom, meio sem saber se mordia onde ela mordeu ou se dava um novo. Acabei dando uma mordida exatamente onde a marca da boca dela ficou. Eu vi quando ela notou.

— Obediente, hein — soltou, sorrindo. Depois virou e foi até a sala de atendimento, deixando o cheiro do perfume no ar.

Fiquei parado um tempo. Aquilo não era mais só brincadeira. Ou talvez fosse. Mas o corpo dela, a forma como falava comigo, o jeito de olhar... Tava tudo mais carregado.

Fui atrás, com um pano na mão, fingindo que ia organizar a bandeja de instrumentos. Ela tava sentada na cadeira do dentista, girando devagar, de pernas cruzadas. O jaleco aberto deixava ver o decote do vestido justo, e as coxas nuas até quase o alto.

— Senta aqui — apontou pro banquinho giratório ao lado dela.

Sentei. Ela girou a cadeira até ficar frente a frente comigo. Os olhos verdes colados nos meus. Os joelhos quase encostando.

— Me conta, Caio... tu namora? Ou tá só aproveitando a juventude?

Eu ri, coçando a nuca, tentando desviar o olhar.

— Tô... solteiro. Aproveitando, eu acho.

— E aproveita bem? — ela perguntou, mais baixo. A cadeira dela girou um pouco mais, o joelho agora tocava o meu.

— Faço o que dá — respondi, engolindo seco. Minha voz saiu mais rouca do que o normal.

Ela sorriu.

— Acho fofo esse teu jeitinho — disse. — Meio tímido, meio curioso... E sempre vermelho quando eu falo alguma besteira.

— É que... você fala sem filtro — disse, rindo, tentando manter o controle.

— Eu falo porque gosto de ver a reação. E você sempre tem umas ótimas.

Ela levantou, passou por trás de mim e, sem aviso, encostou a mão no meu ombro.

— Você... — ela disse, voltando a se apoiar no balcão. — Tem cara de certinho... mas por dentro, tem fogo.

Sorri sem jeito, mas sem desviar o olhar.

— E você? Tem cara de quem já fez de tudo.

Ela deu uma risada curta e debochada.

— E fiz mesmo. Ou quase tudo. — virou-se pra mim com o olhar brilhando. — Quer ouvir umas histórias? Ou vai se fazer de desinteressado?

— Depende do tipo de história.

— Ah... aquelas que a gente não pode contar em almoço de família.

O coração acelerou. Me ajeitei no banco, já sentindo a respiração mais pesada.

— Uma vez... — ela começou, encostando no balcão, olhando pra fora — atendi um cara lindo. Trintão, bronzeado, tatuagem subindo do pescoço pro braço... e o hálito mais delicioso que já senti.

— E aí? — perguntei, me inclinando, mais curioso do que queria admitir.

— Ele flertava o tempo todo. Dizia que tinha medo de dentista, mas voltava só pra ver meu sorriso. Eu ria, entrava na onda... até que um dia, ele me perguntou se podia me pagar com um jantar.

— E você foi?

— Claro que fui. Tava separada naquela época. Fui, bebi, fiquei. Ele era um tesão. Meio babaca, mas um tesão.

Ela olhou pra mim, avaliando minha expressão.

— Tá vermelho?

— Eu? Imagina — respondi, disfarçando o calor no rosto.

— Adoro contar essas coisas. Ainda mais quando tem plateia que escuta com esse olhar de menino curioso.

— Eu só tô prestando atenção.

— Sei. Tá imaginando a cena toda, aposto.

Sorri, desviando o olhar.

Ela cruzou os braços, pensativa.

— Sabia que você me lembra ele um pouco?

— Sério?

— O olhar. Meio doce, mas com malícia escondida. E o jeito de escutar... como se quisesse ouvir mais do que eu tô contando.

Fiquei em silêncio, absorvendo tudo. O silêncio ficou carregado.

Ela então mudou de assunto, casualmente:

— Aquele paciente de hoje... o das duas e meia. O que achou?

— O alto, de camisa preta?

— Esse. Bonito, né?

— Achei.

Ela me encarou, arqueando a sobrancelha com um sorriso provocador.

— É raro você comentar homem, hein...

— Não comento. Mas... né. Difícil não notar.

Ela sorriu com os olhos. Como quem ganha uma carta rara.

— Gosto disso em você. Não precisa fingir. Aqui você pode ser você.

Ficamos quietos por um momento.

— Café? — ela disse, quebrando o clima.

— Quero.

— Então vamos lá em cima. Me ajuda com o açúcar. Tá num armário que só você alcança.

Ela saiu andando pelo corredor, e eu fui atrás, ainda com o gosto do bombom na boca, mas com outro sabor crescendo na mente. Um mais perigoso. Mais quente. Mais inevitável.

A copa do consultório era minúscula, mas com a luz baixa da janela lateral e o cheiro de café recém-passado, parecia outro universo comparado ao resto da clínica. Lorena se encostou na pia, de caneca na mão, mexendo o açúcar como quem gira pensamentos.

— Sabe, Caio… tem dias que só dá vontade de flertar com a vida.

— Flertar com a vida? — ri, soprando meu café. — Você faz isso o tempo todo.

— É meu esporte favorito — respondeu, olhando pela janela. — Gosto de observar as reações das pessoas. Principalmente as que não sabem que estão sendo provocadas.

Ela se virou, apoiando a lateral do corpo no balcão. O vestido subia um pouco mais ali. Sabia o efeito que causava. E usava isso com elegância.

— Você observa muito, Caio. Já percebi. Só não fala o que pensa.

— Talvez eu pense demais antes de falar.

Ela chegou mais perto, como quem testa limites.

— E o que você pensou da história que contei antes?

— Que você não parece ter medo de nada.

— Engano seu — disse, mordendo o canto da boca. — Tem coisas que ainda me dão frio na barriga. Mas eu gosto disso. Me excita.

Silêncio.

— E você? O que te excita?

Tomei o último gole do café, fingindo que precisava pensar. Mas ela já sabia a resposta: ela mesma, ali, falando daquele jeito.

— Ainda tô descobrindo.

— Adoro gente em fase de descoberta — ela disse, sussurrando quase. — Dá vontade de participar.

Antes que eu respondesse, a campainha tocou. Paciente novo, horário encaixado.

— Vamos ver quem é o último do dia — ela disse, ajeitando o jaleco e já retomando o tom profissional.

Mas quando abriu a porta da recepção, seus olhos acenderam.

— Uau…

O cara entrou como se o ambiente fosse pequeno demais pra ele. Devia ter quase dois metros de altura, ombros largos, peitoral que preenchia a camiseta justa. Pele escura, reluzente sob a luz do fim de tarde. Tatuagens discretas nos braços fortes, e uma voz grave que fez meu estômago vibrar:

— Boa tarde. Doutora Lorena?

— Sim, claro. Pode entrar — ela disse, sorrindo com brilho nos olhos. — Caio, organiza a ficha dele, por favor?

Enquanto eu digitava os dados, ela puxou papo com o paciente, voz doce, atenta, rindo aqui e ali. Mas vez ou outra, virava o rosto na minha direção, com um olhar malicioso.

Minutos depois, ela chamou:

— Caio, traz o protetor bucal pra mim, por favor.

Entrei na sala devagar, entregando o item. Ele estava deitado na cadeira, camiseta dobrada no peito, revelando o abdômen trincado. E ali, quase como um sussurro, Lorena falou pra mim, do lado do ouvido:

— Olha as mãos dele… já viu veia mais saltada?

Engoli seco.

— Será que lá embaixo é tão... generosa quanto aqui?

Ela disse isso com um tom quase maternal, debochado, mas quente. Meus olhos seguiram involuntariamente para o volume dele. A calça de moletom não escondia muito. E ela percebeu.

— Tá vendo como é bom observar? — sussurrou, e piscou.

Saí da sala mais quente que o café de antes.

No fim do expediente, ela passou pela sala de esterilização com um ar travesso.

— Vem cá, Caio. Quero te mostrar um negócio.

Fui atrás, já dominado por um tipo de nervosismo diferente. Ela encostou a porta da copa e voltou a encher as duas canecas com mais café.

— Que homem, hein? — disse, bebendo com calma.

— É… impressionante.

Ela sorriu.

— Eu adoro negros. A pele, o cheiro, o contraste… Me pegam de um jeito que poucos conseguem.

Fiquei em silêncio. Ela me olhava com um tipo de sinceridade excitante.

— Você nunca ficou com homem, né?

— Nunca. Mas... não sei. Às vezes fico curioso.

Ela apoiou a caneca e chegou mais perto, devagar.

— E se um dia, por acaso… você tivesse a chance de viver algo fora da curva? Com alguém... ou com dois?

— Dois?

Ela riu.

— Calma, foi só um pensamento. Mas já que tô falando demais… me conta. Tem algum fetiche? Alguma coisa que te excita de verdade?

Respirei fundo. Tentei não parecer tímido, mas tudo em mim estava entregue.

— Acho que... ser guiado. Sabe? Alguém com mais experiência… conduzindo. Mandando.

Ela mordeu o lábio. Chegou ainda mais perto.

— Isso... eu sei fazer muito bem.

Silêncio. Olhares. Um clima prestes a explodir.

Ela quebrou o feitiço de leve:

— Amanhã você chega mais cedo? Tenho uns arquivos pra te mostrar.

— Chego sim.

— Ótimo. Quem sabe a gente continue essa conversa... com mais calma. E menos roupa pesada.

Ela saiu da copa. E eu fiquei ali, com o corpo em brasa e a cabeça a mil.

Cheguei antes da hora, como ela pediu. Mas não era só profissionalismo. Era uma ansiedade quente, difícil de disfarçar.

A clínica ainda cheirava a desinfetante fresco e café amanhecendo. O som do salto dela vindo pelo corredor me tirou do transe.

— Que pontual. Gosto disso — disse, tirando os óculos escuros e me olhando de cima a baixo. — Dormiu bem?

— Não muito — confessei, rindo. — Fiquei com umas cenas na cabeça.

Ela arqueou uma sobrancelha.

— Cenas, é?

— Do paciente... de ontem. Das coisas que você falou.

— Ah, o Davi. O modelo? — disse como se fosse nada demais. — É bonito mesmo, né? Mas sabe o que mais me chamou atenção?

— O quê?

Ela se aproximou, encostando no balcão da recepção.

— O jeito como você olhava pra ele... sem perceber. A curiosidade escorrendo no teu rosto. Tão inocente e sujo ao mesmo tempo.

Corei. Ela riu.

— Isso é bom, Caio. Curiosidade é o primeiro sinal de que o corpo quer mais do que a cabeça acha que aguenta.

Na hora do almoço, estávamos só nós dois. A cidade derretia lá fora. Aqui dentro, o ar condicionado segurava o calor — mas só do lado de fora.

Ela abriu uma marmita chique, dessas que parecem delivery gourmet. Tirou uma lasanha vegetariana e uma garrafa de suco natural. Me ofereceu com naturalidade.

— Divide comigo? Você parece meio aéreo hoje. Vai desmaiar.

Sentei no banco de frente pra ela. A luz da copa batia de lado no rosto dela, acentuando os contornos. Fiquei um tempo em silêncio, comendo devagar, até que ela começou:

— Uma vez, tive um caso com dois caras. Ao mesmo tempo.

Olhei pra ela, surpreso. Ela mastigava como se tivesse dito "tive aula de pilates".

— Como foi?

— Intenso. Mas era mais do que sexo. Era sobre... entrega. Saber que eu podia mandar. Ou obedecer. E os dois sabiam brincar nos dois papéis. Um deles era como você.

— Como eu?

— Quieto, observador. Mas quando soltava… nossa. Eu adorava ver ele sendo conduzido. Abria a boca como quem pedia mais.

Engoli a saliva. Ela me encarou por um segundo, longa demais pra ser só conversa.

— Caio… você se deixaria levar?

— Não sei — sussurrei. — Talvez... se eu confiasse.

Ela sorriu. Um sorriso de quem já sabia a resposta.

— Confiança é afrodisíaco. Quando a gente confia… a gente goza mais forte.

Final da tarde. Último horário. A recepção vazia. Silêncio.

Campainha.

— Ué — ela disse. — Não tem ninguém marcado agora.

Abri a porta. Davi. O mesmo de ontem. Camiseta cinza colada no peito, calça jeans leve, óculos escuros pendurados na gola.

— Oi. Acho que esqueci meu fone aqui ontem — disse, simpático, mas com uma presença que ocupava o corredor.

— Claro, entra — Lorena respondeu.

Ele entrou, e ela sorriu pra mim ao lado, cochichando:

— Pronto. Nosso brinquedo voltou.

Meu coração disparou.

Ela guiou Davi até a sala. E lá, entre frases profissionais e busca pelo tal fone, ela tocava o braço dele de leve, ria demais das piadas, e falava alto de propósito:

— Caio, você viu o tamanho da mão dele? É impossível esquecer, né?

Eu estava na porta. Olhei. Ele riu também, meio tímido.

— Doutora tá entregando minhas armas aí.

— Eu só gosto de saber se o que parece, é — respondeu ela, virando pra mim. — E o Caio tem olho clínico. Ele percebe as coisas. Até o que não devia.

Ele olhou pra mim. Sério, firme. E disse:

— É bom quando alguém percebe a gente direito.

Silêncio. Clima tenso.

Lorena finalizou:

— Se quiser voltar outro dia... mesmo sem dor de dente, a gente arranja desculpa.

— Pode deixar.

Ele foi embora. E o consultório pareceu pequeno demais pra conter o que ficou no ar.

A sala está em silêncio. Só a luz suave do refletor odontológico acesa. Lorena gira lentamente na cadeira, tirando as luvas com um estalo seco, enquanto Caio termina de limpar os instrumentos.

Ela o observa. Com gosto.

— Você já percebeu… como certas pessoas contam segredos com mais facilidade quando estão de boca aberta? — diz, com um sorriso torto.

— Tipo… no moooomento exato em que tão deitados na cadeira, vulneráveis, sem conseguir responder. — Ela imita o som de alguém tentando falar com a boca cheia.

Caio ri, meio sem graça.

Ela continua:

— Já teve homem que se excitou só de eu encostar o dedo na língua dele. Literalmente. Dava pra ver a calça subir, mesmo com avental por cima. E teve um... — Ela gira de novo, de frente pra ele — ...que gozou só com uma limpeza. Juro.

Ele engasga numa risada abafada.

— Tá rindo, mas eu vi. E só de lembrar... — Ela olha pra ele por cima dos óculos — fico quente.

Ela se levanta, caminha até ele e segura um pedaço de chocolate meio amargo que estava no potinho.

— Abre a boca.

— Hã?

— Vamos ver se você sabe obedecer.

Caio obedece, um pouco hesitante. Ela aproxima o chocolate devagar, toca os lábios dele com os dedos.

— Boa... Agora lambe. Isso... — Ela deixa o pedaço escorregar entre os dedos, entrando lentamente na boca dele.

— Gosta de chocolate?

— Uhum.

— Então me agradece.

Ele pisca, surpreso.

— Como assim?

— Agradece por te dar prazer. Com educação.

— Obrigado… — ele diz, com um fio de voz.

— Boa. Tá aprendendo. — Ela passa um dedo na boca dele, limpando um pouco do chocolate derretido. — Agora limpa minha mão com a língua.

Ele hesita. Olha pra ela. O pau já marcando a calça.

Ela apenas levanta uma sobrancelha.

Caio obedece. Lambe.

Ela suspira de leve, satisfeita.

— Bonito, Caio. Não achei que fosse tão fácil de treinar.

Ele cora. Ela nota a ereção evidente.

— E esse volume? É pra mim ou pro chocolate?

— Os dois… eu acho.

Ela ri. Quase maternal, quase predadora.

— Sabe, quando eu conto essas histórias, fico lembrando do que eu fiz com um ex. Ele era mais novo também. Gostava de ser chamado de bom menino. Você gosta disso?

Caio não responde. Mas os olhos entregam.

— Gosta. Eu sabia. E eu adoro ensinar.

Ela vai até a porta. Tranca.

Volta, se senta na cadeira. Cruza as pernas devagar.

— Deita na poltrona. Quero que imagine o que eu tô te contando. E não toca em nada sem minha permissão. Entendido?

Caio apenas obedece. Já sem saber se é ele quem quer, ou se já é dela.

A luz suave do refletor odontológico está acesa, apontada para o rosto de Caio, que respira fundo, deitado na cadeira. Lorena está sentada ao lado, pernas cruzadas, um leve sorriso no canto da boca. Ela brinca com o botão do jaleco entre os dedos, os olhos fixos nele.

— Fecha os olhos, Caio…

— Tá.

— E ouve a minha voz.

Ele obedece. A ereção marcando a calça, o coração acelerado. A voz dela entra como um sussurro quente.

— Te contei que já tive um paciente que me deixou molhada só de olhar.

— O Davi?

Ela sorri, satisfeita.

— Ele mesmo. Aquele homem parecia esculpido. Ombros largos, aquele cheiro de rua e corpo… as mãos dele… você viu? Cheias de veias, dedos longos…

— Uhum…

— E quando ele sentou aqui… bem aí onde você tá… meu corpo respondeu na hora. E sabe o que eu fiz?

— O quê? — Caio pergunta, num fio de voz.

— Fechei a sala. Como agora. Apaguei a luz do corredor. Me aproximei dele… e disse que precisava “checar algo”.

Ela se levanta. Anda até atrás da cadeira, como se revivendo a cena. A voz desce de tom.

— Peguei no queixo dele. Forcei a cabeça pra trás. Ele olhou dentro dos meus olhos, com aquele olhar de quem sabe tudo que pode fazer com um corpo.

Caio engole em seco.

— Abaixei o jaleco dele… tinha vindo direto da academia. Suado. Quente. Passei a mão no peito dele como quem tá “limpando um resíduo”. Ele entendeu. Ficou duro na hora.

— Você encostou?

— Não. Ainda não. Só fiquei provocando. Até ele perguntar se podia me beijar. E eu deixei. Ali mesmo. Entre a pia e a cadeira. Beijo forte, com língua. Pegando na minha bunda com vontade, como se fosse dele.

Lorena abaixa o tom, quase no ouvido de Caio.

— Sabe o que ele fez depois?

Caio balança a cabeça, os olhos ainda fechados.

— Me virou de costas. Me deitou nessa mesma cadeira onde você tá. Arriou minha calcinha com uma mão só… e começou a me chupar.

A respiração de Caio fica mais pesada. Ele segura os braços da cadeira, tenso.

— Ele fazia com a língua o que homem nenhum fez. Me deixava gemendo de boca aberta, sem conseguir conter. Eu agarrava os lençóis descartáveis… me contorcia… e gozei ali mesmo. Com ele segurando minhas coxas com força, me lambendo sem parar.

Ela faz uma pausa. Observa o volume na calça dele. E continua:

— Depois, me virou de frente. Tirou o próprio pau pra fora. Enorme. Veias grossas, quente. Passou na minha boca antes… e depois enfiou devagar.

— Você… gozou de novo?

— Gozei três vezes, Caio. Ele com uma mão apertando meu pescoço, e a outra segurando minha cintura. Sentando forte, fundo. A sala toda cheirando a sexo. E eu querendo que durasse pra sempre.

Lorena se inclina sobre ele. Sussurra:

— E sabe o que mais me excitou?

— O quê?

— Imaginar você assistindo. Deitado aí, obediente… enquanto ele me fodia gostoso. E você olhando. Morrendo de vontade de participar. Mas sem poder tocar em nada.

— Puta que pariu… — Caio sussurra, quase num gemido.

Ela beija a testa dele. Depois, as têmporas. E vai até a boca.

Mas para a um milímetro.

— E se eu chamasse ele de novo? Pra um atendimento especial. Você ia ficar aí quietinho? Assistindo? Fazendo tudo que eu mandasse?

Caio não consegue responder. Apenas geme.

Ela sorri.

— Isso é só o começo, Caio. Você ainda vai entender como é ser nosso.

A sexta-feira foi um porre.

Gente demais, tempo de menos. Um entra, outro sai, telefone tocando, criança chorando, velho reclamando de anestesia, adolescente de aparelho novo querendo selfie com a doutora Lorena. Eu já tinha olhado pro relógio umas trinta vezes. Faltava uma hora pro fim do expediente e eu tava no modo automático: máscara torta, luvas suadas, vontade de sumir.

Lorena percebeu. Sempre percebe. Ela é fogo e radar. Quando me viu largado na recepção com os olhos virando pro nada, só riu e disse baixinho:

— Aguenta mais um pouquinho, Caio. Depois te dou uma recompensa.

Ela piscou. E seguiu com o paciente.

Aquilo me deu uma sobrevida. Não sabia se era promessa de chocolate ou outra história quente. Mas continuei ali. Sobrevivi até o último agendado sair — um senhor cheio de TOC que levou quinze minutos pra aceitar que podia abrir a boca com a máscara abaixada.

Depois que ele saiu, fechei o computador. Apaguei as luzes da recepção. Já ia travar a porta de vidro… e então, ele apareceu.

Davi.

Negro, alto, largo. Ombros que pareciam feitos pra amparar o mundo. Camiseta colada ao corpo, calça jogger mostrando cada curva da coxa. Um sorriso no canto da boca. E um olhar que atravessou o vidro e me pegou direto no ventre.

Travei.

Abri só uma fresta da porta. Fingi casualidade.

— Não tem horário marcado, esqueceu algo de novo?

Ele balançou a cabeça, ainda sorrindo.

— Tô achando que não preciso.

Antes que eu dissesse qualquer coisa, ouvi a voz da Lorena vindo do fundo da sala, quase cantando:

— Caio... pode deixar entrar. Ele é meu.

Engoli seco. Aquilo não parecia só mais um atendimento.

Davi passou por mim devagar, o perfume dele me acertando o peito. Eu fechei a porta atrás e fiquei ali, meio perdido, até ouvir a voz dela de novo.

— Vem também, Caio. Fecha tudo e vem.

Olhei pro relógio. Já passava das sete. Peguei minhas coisas devagar, apaguei a recepção e fui. Quando entrei na sala principal, senti o clima diferente. Não era só a luz baixa. Era ela.

Lorena estava sentada na poltrona de canto, com as pernas cruzadas e um vestido justo de malha cinza. Sem jaleco, sem salto. Só ela. Sexy, casual, no comando.

Davi tava de pé, encostado na maca, e me olhou de cima abaixo, com aquele mesmo sorriso vagabundo. Eu fechei a porta devagar.

— Senta, Caio. — ela apontou pra cadeira do acompanhante, onde os pacientes costumam deixar suas bolsas. — Só observa. Hoje eu vou mostrar uma coisa pra você.

Sentei, sem dizer uma palavra. O coração batia tão alto que eu ouvia nos ouvidos. Ela levantou da poltrona e foi até Davi, que se manteve firme, olhando pra ela como quem já sabia o que vinha. E então, como numa encenação estudada, ela passou o dedo devagar pelo braço dele, e depois pelo peito.

— Lembra quando eu te falei sobre aquele paciente que eu transei aqui dentro, Caio? — ela me olhou com malícia. — Era ele.

Minha garganta secou.

— E hoje... você vai ver com seus próprios olhos.

Ela tirou o elástico do cabelo, os fios castanhos caindo livres, depois se ajoelhou em frente a Davi. A blusa dele subiu com o movimento, revelando o abdômen firme, o volume por baixo da calça crescendo visivelmente. E tudo aquilo diante de mim. Eu estava paralisado. Hipnotizado.

— Vai tirando a roupa, devagar — ela disse pra ele, com a voz baixa, quente.

Davi obedeceu sem uma palavra. Primeiro a camiseta, revelando o tronco forte, escuro, as veias nos braços saltando. Lorena não tirava os olhos dele. Nem eu.

Eu tava duro. Completamente. O jeans mal disfarçava.

E Lorena percebeu. Ela olhou pra mim e sorriu, como quem brinca com um brinquedo novo:

— Você tá excitado, Caio?

Não consegui responder. Só balancei a cabeça devagar. E então ela voltou o olhar pra Davi, agora abrindo o zíper da calça dele, como se abrisse um presente.

— Hoje... você só assiste.

— Mas vai sentir tudo.

Lorena puxou a calça de Davi com calma, como se saboreasse o momento. O volume já escapava por baixo da cueca escura, e quando ela a desceu, o que se revelou fez meu corpo inteiro tremer.

— Isso aqui, Caio… — ela disse sem olhar pra mim, com a voz baixa e firme, os olhos fixos no que tinha diante dela — foi dentro de mim, naquela poltrona. A mesma em que você senta quando fica me olhando com cara de perdido.

Ela segurou o membro dele com uma mão firme, como se o exibisse. Eu quase gemi.

— Já imaginou, Caio? — ela falou de novo, agora se voltando pra mim, o olhar direto. — Esse tamanho todo te preenchendo?

Fechei os olhos por um segundo, mordendo o lábio. Minhas mãos estavam suadas, os dedos apertando as coxas. Estava duro demais.

Ela voltou pra ele, começou a beijar devagar, da base até a ponta, a boca se abrindo, a saliva escorrendo. Era um espetáculo. Uma apresentação feita pra mim. E Davi… Davi deixava, com as mãos atrás da cabeça e um olhar direto, viril, poderoso.

Ela engolia cada vez mais fundo, fazendo barulhos úmidos, gemendo como quem sente prazer em dominar. Às vezes olhava pra mim de lado, e sorria com a boca cheia, me deixando ainda mais louco.

— Tira o pau pra fora, Caio — ela mandou, do nada, sem mudar o tom.

Obedeci sem pensar. Baixei o zíper, a cueca, e libertei. A sensação do ar frio e da tensão no ar me fez estremecer.

Ela se levantou, lambendo os lábios como se tivesse terminado uma refeição, e montou em Davi ali mesmo, virada pra mim, o vestido subindo, a calcinha sendo puxada pro lado. Sem pudor, sem freio.

— Quero que veja bem. Olha o jeito que ele me abre.

E quando ela desceu sobre ele, num movimento cheio, inteiro, meus olhos se arregalaram. O som do corpo dela batendo no dele, os gemidos, o ritmo. Tudo era sujo, quente, e ao mesmo tempo elegante. Era controle. Poder.

Ela cavalgava com a cabeça erguida, os olhos nos meus. Às vezes gemia alto, às vezes sussurrava só pro Davi. Mas o tempo todo me olhava, me prendia, como se eu fosse parte.

— Você gosta de me ver assim, Caio? — perguntou entre um gemido e outro. — Gosta de ver como ele me fode de verdade?

— Gosto… muito… — murmurei, a mão deslizando pelo meu pau, cada vez mais entregue, os joelhos moles, o corpo tremendo.

Ela se inclinou pra frente, beijando Davi com força, depois voltou a sentar mais forte, mais fundo, o som ficando molhado, obsceno.

— Olha o quanto ele tá duro pra você, Lorena — disse Davi, ofegante, olhando pra mim por um instante.

Ela riu, entre um gemido e outro.

— Ele tá se preparando, né, Davi?

— Tá querendo sentir isso aqui também — respondeu ele, as mãos cravadas na cintura dela.

E então ela gozou.

Foi visível. O corpo arqueou, os dedos se cravaram no peito dele, a respiração parou por um segundo. Ela gemeu alto, forte, sem vergonha. E logo depois, foi ele.

Davi empurrou com força e gozou dentro dela, os dois gritando juntos, suados, conectados.

E eu? Eu estava ali, com o pau na mão, o corpo em brasa, olhando os dois se esvaziarem. A cena mais intensa da minha vida.

Ela se virou de novo pra mim, ainda montada, e disse:

— Você ainda vai estar aqui… quando for sua vez.

A respiração de Lorena ainda estava descompassada. Ela se mantinha sentada no colo de Davi, os cabelos colados no rosto, o vestido amarrotado, o corpo escorrendo desejo.

Eu continuava sentado na poltrona, o pau ainda ereto, os olhos arregalados, o coração socando meu peito como se quisesse sair.

Lorena virou o rosto lentamente pra mim. Um sorriso cheio de malícia apareceu em seus lábios, mas diferente de antes — agora era sereno, como se ela soubesse exatamente o que tinha feito comigo. E sabia.

— Fica assim não, Caio — ela disse com a voz doce, mas carregada de tensão —, hoje você viu o que acontece quando eu gosto de alguém.

Ela saiu de cima de Davi devagar, o gozo escorrendo pelas coxas, caminhou nua até a pia da sala, lavando rapidamente o rosto e pegando um lenço.

Davi apenas se ajeitou, calmo, tranquilo, como se tudo aquilo fosse rotina. Ele olhou pra mim com aquele mesmo olhar de homem feito, daqueles que sabem que são desejados — e que não precisam provar mais nada.

— Boa noite, novinho — disse ele, me encarando antes de sair pela porta dos fundos, com a camisa sobre o ombro.

Ficamos sozinhos de novo. O silêncio do consultório era tão pesado quanto antes do estouro.

Lorena se aproximou de mim com passos lentos. Pegou uma toalha, limpou com cuidado minha testa suada, depois meus lábios. Ajoelhou-se na minha frente e sussurrou:

— Você ainda vai sentir como ele... mas diferente. Vai ser mais fundo. Vai ser mais seu.

Eu tremi.

Ela se levantou, deu meia-volta e foi se trocar na salinha dela, deixando a porta entreaberta. De onde eu estava, via o sutiã escuro cair no chão, depois a calcinha, e ela se vestindo devagar, provocando sem dizer nada.

Vesti minha cueca e a calça com dificuldade, ainda duro. Quando ela voltou, estava impecável: jeans escuro, camisa branca levemente transparente, batom novo. Como se nada tivesse acontecido.

— Meu marido tá vindo buscar a gente. A gente te deixa em casa.

Assenti, quase em transe.

[Na frente do consultório – carro de Rodrigo]

O carro parou, um sedã preto, vidros fumês. Rodrigo saiu do banco do motorista e deu a volta pra abrir a porta pra Lorena.

Ele era tudo o que eu esperava e mais: alto, corpo atlético, a barba muito bem-feita, camisa social justa no peito largo. A mão firme no volante, o sorriso contido, os olhos escuros e atentos. Imediatamente senti algo entre admiração, respeito e medo.

— O famoso Caio — ele disse com uma voz grave e pausada. — Já ouvi falar bastante.

— Só coisas boas, espero… — respondi sem saber onde enfiar os olhos.

Ele sorriu. Não respondeu. Olhou pra Lorena, depois de novo pra mim.

Entramos no carro, eu no banco de trás, ela ao meu lado. Rodrigo dirigia calado, mas havia algo ali. Um silêncio cheio de tensão.

De repente, Lorena quebrou o ar:

— O Caio assistiu tudinho hoje. Ficou durinho, obediente. Tá quase pronto.

Rodrigo soltou uma risada curta, sem olhar pra trás.

— Gosta de obedecer, Caio?

Engoli seco. Não respondi.

Lorena riu e passou os dedos pela minha coxa.

— Ele tá sóbrio ainda, amor. Mas quando for você a mandar, ele vai entender o que é ser tocado de verdade.

Rodrigo fez um leve “hmm”, e sua mão esquerda tamborilava no volante. A tensão era insuportável.

Lorena encostou o rosto no meu pescoço e sussurrou:

— Acha que tava excitado hoje, Caio? Espera até ele te deixar de joelhos e você sentir quem manda mesmo…

Senti o pau endurecer de novo. Rodrigo, lá na frente, ajeitou o espelho retrovisor e me encarou por ele, sem expressão.

Aquela viagem curta parecia eterna. O ar dentro do carro estava impregnado de luxúria, domínio e promessas não ditas.

Quando paramos na frente do meu prédio, Rodrigo virou a cabeça por um instante.

— A gente se vê em breve, Caio. E quando eu chamar... não quero dúvida.

Abri a porta em silêncio. Saí tremendo, sem saber se era de medo, de desejo ou dos dois.

Antes que eu fechasse a porta, Lorena soprou:

— Vai se preparando. O próximo passo é seu corpo todo sendo nosso.

E então o carro sumiu na esquina.

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