Era por volta de meio-dia quando ela apareceu na copa, encostada no batente da porta. Braços cruzados, um sorriso quase infantil no rosto… mas os olhos? Os olhos não mentiam. Lorena estava tramando alguma coisa.
— Caio… termina logo essa comida. Vamos ali comigo.
Eu ainda mastigava distraído, digitando no celular. Olhei pra ela sem entender.
— Agora? Onde?
— Surpresa. — Ela ergueu uma sobrancelha. — Confia.
Era impossível não olhar. Aquele dia ela não vestia o jaleco, nem usava o coque disciplinado. Calça de alfaiataria escura, justa na cintura por um cinto fino. A blusa de seda, leve, sem sutiã, deixava os mamilos discretamente marcados. Salto baixo nos pés, só o suficiente pra impor. E o perfume… o mesmo de sempre. Pecado engarrafado.
O shopping era elegante, discreto. E ela caminhava como se soubesse exatamente onde queria chegar. Em silêncio, entrou numa boutique de lingerie sofisticada.
— A gente vai comprar calcinha agora? — sussurrei, já sentindo as palmas suadas.
— Sim. — Ela sorriu como quem revela um segredo. — Quero te mostrar o que eu uso... e o que ainda vou usar pra vocês.
Ela fez questão de enfatizar o plural. Eu tentei rir, mas estava queimando por dentro.
— Escolhe uma pra mim. Não qualquer uma. Uma que você olhe e pense: essa mulher me quebra no meio.
Minhas mãos tremiam um pouco quando comecei a percorrer as araras. Escolhi uma preta, com tiras que cruzavam os quadris e deixavam as laterais nuas.
— Essa aqui…
Ela pegou a peça, passou os dedos lentamente pelo tecido.
— Boa escolha. Agora mais duas. Uma mais ousada. Outra… mais suave. Aquela que alguém usaria pra provocar no silêncio, entende?
Engoli seco. Escolhi. Uma vermelha, mínima, com uma fenda quase simbólica. A outra, branca, de tule, com um lacinho no cós.
Ela pagou tudo com naturalidade, como quem compra flores. E, na saída, virou pra mim com aquele ar casual:
— O expediente da tarde foi cancelado. Você pode passar em casa, tomar banho, se organizar…
Deu um passo a mais, abaixando o tom da voz:
— Quero que venha jantar comigo hoje. Só nós dois.
E piscou.
— Vai ser… íntimo.
Só balancei a cabeça. Atordoado.
Cheguei com o entardecer. O céu ainda tinha um resto de luz, mas a casa de Lorena já respirava outra atmosfera. Luzes baixas, cortinas leves esvoaçando, o cheiro bom da comida preenchendo tudo. E jazz. Jazz antigo, do tipo que parece saber mais do que mostra.
Ela abriu a porta com um vestido vinho, justo, sem sutiã. Pés descalços, cabelo solto. Tive que me forçar a lembrar como se respirava.
— Entrou no clima, Caio? — ela disse, e me guiou pra dentro com um toque leve nas costas.
A mesa era simples, mas pensada: velas acesas, massa feita por ela, vinho respirando na taça larga. Tudo convidava ao contato, à tensão. E eu… já estava rendido.
Durante o jantar, ela foi leve. Conversas triviais, pequenos flertes escondidos nos detalhes. Até que o assunto veio.
— Você realmente acha que aquela vermelha seria a minha cara?
— Totalmente — sorri, nervoso. — A preta, então… parecia feita pra você.
— Engraçado…
Ela se levantou com a taça na mão, caminhou até o aparador. Pegou a sacolinha com as lingeries. Voltou com calma, deixando-a sobre a mesa.
— Porque eu nunca disse que essas peças seriam pra mim.
Travei.
Ela tirou a vermelha da sacola. Aquela que eu tinha chamado de “ousada”.
— Você disse que essa era a mais provocante, certo?
Assenti, engolindo seco.
— Pois é exatamente essa que você vai usar pra mim hoje.
Meu corpo congelou. Ela não estava brincando.
— Eu…?
— Você. — Ela chegou perto, o sussurro quente no meu ouvido. — Quero te ver com ela. Agora.
Fiquei ali, sem saber como reagir, até que ela estendeu a mão. Firme. Inescapável.
— Vamos. O banheiro é por ali. Já deixei tudo pronto. Toalha, perfume… e o que mais você precisar. Quero você de volta aqui… vestindo isso.
Peguei a peça. Senti o calor da mão dela ainda nela. Me levantei. Trêmulo. E fui.
Lorena passou a ponta dos dedos pelo meu rosto com uma leveza quase… maternal. Depois deslizou até meu pescoço, pousando ali como se sentisse o pulso de algo prestes a explodir dentro de mim.
— Fica assim, quietinho… — ela murmurou. — Não diz nada. Só sente.
Assenti sem pensar. Meus joelhos ainda doíam um pouco contra o tapete, mas não ousei me mover.
Ela se afastou devagar, os passos suaves, e foi até a estante de madeira próxima à parede. Eu a observei com os olhos atentos, sentindo o peito subir e descer mais rápido. Ela abriu uma gaveta inferior e tirou de lá um pequeno estojo preto.
— Você ainda não sabe, Caio… mas já está em treinamento.
As palavras fizeram meu estômago girar. Treinamento.
— E todo bom aluno precisa ser moldado com calma. Com tato. Com… precisão.
Ela pousou o estojo no braço da poltrona, abriu com cuidado e tirou de dentro uma tira de seda preta, lisa. Quando dobrou-a entre os dedos e parou diante de mim, algo dentro de mim já cedia sem resistência.
— Fecha os olhos.
Obedeci. O toque frio do tecido passou pelo meu rosto, e senti a leve pressão da amarração atrás da cabeça.
Fiquei no escuro. Vulnerável.
— Cada vez que você usar essa calcinha, vai lembrar disso. De mim. Do que eu despertei. — A voz dela agora parecia vir de todos os cantos. — E de como você se viu… pela primeira vez.
Eu ouvia tudo. Os passos, a respiração, o suave farfalhar do vestido. As unhas dela riscaram levemente minha nuca, desceram pela minha coluna até a lombar. Arrepiei por inteiro.
Ela se agachou atrás de mim, e as mãos deslizaram pelas minhas coxas. Puxou a calcinha, só o suficiente pra apertar mais.
— Você gosta de obedecer, Caio?
— Eu… gosto de você me guiando.
— Então você vai ser meu bom menino hoje. Vai me mostrar o quanto consegue se segurar.
Ela passou a mão pelas minhas costas com firmeza. Senti o toque como se deixasse um rastro, um selo. Um aviso.
— Agora se deita no tapete. Sem tirar a venda.
Fiz o que ela mandou. A respiração curta, o corpo à mercê dela. Estava nu, exceto pela calcinha rendada. O cheiro dela, o calor do ambiente… tudo era mais intenso com a visão bloqueada.
Lorena se sentou novamente na poltrona, abriu as pernas diante de mim.
— Você está com fome?
— Um pouco…
— Que bom. Porque eu trouxe sobremesa.
Senti o cheiro de chocolate antes do toque. Um morango, mergulhado em calda, pressionando meus lábios.
— Abre.
Abri. O sabor invadiu minha boca. Ela sujou meus cantos com chocolate de propósito.
— Chupa devagar. Quero ver você comendo bonito pra mim.
Enquanto eu fazia isso, os pés dela roçavam minha cintura, os dedos deslizando sobre o tecido da calcinha. Meu corpo tremia.
— Olha só você… tão obediente. Aposto que nem se reconhece mais.
E era verdade. Eu não me reconhecia. Gemeu escapou dos meus lábios.
Ela se abaixou, tirou a venda e olhou nos meus olhos.
— Agora olha pra mim. Não pisca. Não foge.
Sua mão deslizou sobre a calcinha, apertando levemente o volume evidente.
— Esse corpinho aqui… vai ser moldado por mim.
Roçou os lábios nos meus, sem me beijar.
— E quando o Rodrigo chegar… você vai agradecer por ter começado comigo.
Eu tremia. A boca ainda adocicada pelo morango, o coração descompassado. Ela exalava um controle quase cruel. E aquilo… me deixava ainda mais entregue.
Ela se afastou, os saltos ecoando como batidas de um tambor. Foi até o armário. O som da porta, algo sendo retirado. Quando voltou, segurava um pequeno cabide.
Uma camisola. De seda preta, translúcida. A perversão em forma de elegância.
— Quero ver como você fica com isso. Vá até o banheiro, coloque, e volte com a postura que quero ver no meu menino.
Peguei a peça com as mãos trêmulas. Entrei no banheiro. No espelho… hesitei.
A calcinha já era provocação suficiente. Mas aquela camisola? Parecia feita sob medida.
Vesti devagar. O tecido escorria pelo meu corpo. Quando me olhei por completo… engoli seco. A vergonha e a excitação se misturavam num ponto que me deixava sem ar.
E por trás disso… havia algo mais. O desejo de ser visto. Por ela.
Quando voltei à sala, Lorena estava de pé com uma taça de vinho. Quando me viu, sorriu como se visse uma obra concluída.
— Assim… sim.
Ela me deu uma volta completa, como um artista avaliando sua escultura.
— Olha o que virou o meu Caio… — sussurrou, tocando meu queixo. — Nem parece mais aquele menino travado do primeiro dia.
— Você me... transformou.
Ela riu, curta.
— Eu só tirei a sua casca, amor. O que está aqui… sempre existiu.
Chegou bem perto.
— Mas ainda tem tanta coisa que você precisa descobrir.
Molhou dois dedos com vinho e os levou até minha boca.
— Chupa.
Lambi, devagar, os olhos grudados nos dela.
— Mais. Quero sentir sua língua nos meus dedos como se estivesse dentro de você.
Obedeci, sem pensar.
— Muito bem. Agora senta na poltrona.
Obedeci de novo. A camisola subiu um pouco, revelando a calcinha. Eu estava exposto. E ela sabia disso.
Ligou uma música lenta e foi para o centro do tapete. Descalçou os saltos e começou a se mover. Não era dança. Era ritual. Feitiço.
Olhou por cima do ombro.
— Sabe o que é mais bonito, Caio?
— O quê?
— Ver você tentando resistir. Pensando que ainda pode dizer não.
Ela veio até mim, sentou-se de lado sobre minha perna, rosto colado ao meu.
— Mas você não quer dizer não, quer?
— Eu não sei mais o que eu quero.
— Claro que sabe.
Deslizou a mão pelo meu peito.
— Você quer ser treinado. Moldado. Transformado por mim.
Roçou os lábios no canto da minha boca.
— E depois… lapidado pelo Rodrigo.
Eu gemi. Fraco. Entregue.
— Mas isso ainda vai demorar. Antes disso… você vai se perder por mim. Em mim. Para mim.
Ela se ajoelhou entre minhas pernas, puxou a calcinha devagar.
— Vamos ver se você aguenta brincar comigo… ou se já está entregue.
Quando deslizou o tecido para baixo, meu corpo estremeceu. A camisola subiu quase até a cintura. Eu me sentia exposto, excitado… e sob julgamento.
Ela parou. Franziu a testa.
— Hm. Que interessante…
— O quê?
— Achei que você tivesse entendido as regras do meu jogo, Caio.
Tocou meu baixo-ventre. As coxas. Os olhos dela estavam frios.
— Pelos.
A palavra bateu como um tapa.
— Você ainda tem pelos. Aqui… e aqui…
— Você não falou nada…
Ela virou o rosto devagar.
— Eu preciso falar?
O silêncio foi pior do que um grito.
— Você quer brincar no meu jogo… mas ainda pensa como se estivesse no seu.
Dei um passo atrás dentro de mim mesmo. Baixei os olhos.
— Não quero desculpas. Quero padrão. Quero entrega.
Ela se ajoelhou de novo.
— E por isso… você não vai gozar hoje.
— O quê?
Ela me tocou. Com precisão. Com crueldade doce. Me levou ao limite, mais de uma vez.
E sempre parava.
— Não.
— Por favor…
— Não.
Cada vez mais eu tremia. O corpo em combustão.
— Cada pelo aqui — ela disse, passando os dedos pelos fios — é um lembrete de que você ainda tenta manter controle.
— Eu…
— Shhh.
Um dedo sobre os meus lábios.
— Vai aprender a se preparar. A se oferecer do jeito que eu gosto. Do jeito que eu exijo.
Ela subiu sobre mim, esfregando a própria calcinha em mim — sem me dar o alívio. Só a tortura. Só o desejo.
— Vai dormir com isso preso no corpo. Vai lembrar que quem manda… sou eu.
Quando finalmente se levantou, limpou meu rosto com uma toalha fria. Como quem cuida de algo frágil e valioso.
— Quando estiver como eu gosto… aí sim. Aí eu deixo você gozar.
Se inclinou para um beijo… mas parou antes.
— Hoje… nem isso.
E saiu do cômodo.
Na manhã seguinte, cheguei ao consultório com o corpo ainda latejando da noite anterior. Não consegui dormir direito. A frustração queimava em cada parte de mim — e, ao mesmo tempo, havia algo viciante naquela sensação de ter sido deixado assim… por ela.
Logo cedo, Lorena entrou na minha sala com passos lentos, seguros, como se cada momento já estivesse roteirizado.
Trazia uma pequena sacola de boutique nas mãos.
— Bom dia, Caio.
Ela me olhou de cima a baixo, como se estivesse avaliando um objeto recém-usado.
— Dormiu bem?
Hesitei.
— Mais ou menos…
Ela sorriu, como se fosse exatamente a resposta que queria ouvir.
— Ótimo. Espero que tenha refletido.
Deixou a sacola sobre minha mesa com um gesto calmo.
— Aqui estão as lingeries que você escolheu pra mim. Mas duas delas… são suas agora.
Travei.
— Minhas?
— Sim — ela respondeu, sentando-se à minha frente e cruzando lentamente as pernas. — Uma é pra você usar hoje. Por baixo de tudo. Durante o expediente. Quero que passe o dia com ela marcando sua pele. Quero que cada passo lembre que está sendo moldado.
Com as mãos meio trêmulas, puxei a sacola. Lá dentro, renda preta, recortes ousados. Uma calcinha cavada, justa. E ao fundo, uma outra peça: rosa claro, quase infantil, com lacinho e transparência. Quase um deboche.
— A preta, hoje. A rosa, amanhã — ela disse com a mesma serenidade de quem dita horários numa agenda.
Senti meu rosto queimar.
— E se alguém… perceber?
Ela soltou uma risada baixa.
— Não vão. A menos que você queira que percebam.
E saiu da sala. Simples assim. Sem olhar pra trás.
O dia se arrastou. Cada atendimento parecia um teste. A renda apertava, roçava, marcava a virilha. A cada vez que eu cruzava as pernas, sentia — a lembrança viva do comando dela. Meu pau latejava o tempo todo, sem espaço ou possibilidade de ficar ereto de verdade. Era castigo, sim. Mas disfarçado de prazer.
No fim do expediente, ela reapareceu. Sem sacola dessa vez. Só ela.
— Amanhã. Sete e meia da manhã. Estarei na porta do prédio — disse, com um tom calmo. — Vai faltar o expediente da manhã. Vou te levar pra um processo de… correção.
Engoli seco.
— Depilação — ela completou, olhando direto nos meus olhos.
Arfei.
Ela sorriu, firme.
— A cera vai te lembrar da dor de ser negligente.
No dia seguinte
Ela me esperava com óculos escuros, vestido bege colado ao corpo, salto alto. O carro já estava ligado. Entrei calado. Ela também não disse nada. Apenas repousou uma mão sobre minha coxa e apertou levemente. Como quem confirma a posse.
O lugar era discreto, elegante. Quando entramos, a mulher que nos recebeu sorriu ao vê-la.
— Sala reservada?
— Sempre — Lorena respondeu.
Ela me lançou um olhar firme.
— Tira tudo. Vai ficar só com a camisola que trouxe na bolsa.
— Camisola? — perguntei, já sentindo o calor subir.
Ela ergueu as sobrancelhas com um ar irônico.
— Você achou que eu ia deixar você pelado na frente de outra mulher?
E puxou da bolsa uma camisola de cetim vermelho. Curta. Sem alças. Delicada. Provocante.
Meu rosto deve ter ficado em chamas, mas obedeci.
Quando saí da cabine, senti o olhar da depiladora deslizar sobre mim. Ela quase segurou o riso — e Lorena só observava, imóvel, com aquele sorrisinho contido que me desmontava.
A sessão começou pelas pernas, subiu para as coxas, até o púbis. Eu me contorcia a cada puxada. A dor me obrigava a respirar fundo. Os olhos marejaram. E ela ali. Sempre ali. Observando.
— Quieto. Aguente. Você quis jogar comigo — ela sussurrou ao pé do meu ouvido em certo momento, e aquilo me atravessou como ferro em brasa.
No carro, depois
Eu mal conseguia sentar. A pele ardia. Meu corpo inteiro latejava com um desejo amarrado, contido, domado.
Ela dirigia devagar, como se não houvesse pressa no mundo. O trânsito estava leve. Parou num sinal, virou o rosto pra mim.
— Agora, sim, você está começando a entender.
— Entender o quê? — perguntei, quase sem fôlego.
— O que é ser nosso.
Franzi a testa.
— Nosso?
Ela sorriu de leve. Um sorriso curto, mas que carregava promessas.
— Hoje à noite, Rodrigo vai jantar com a gente. Ele vai te conhecer melhor.
Pousou a mão sobre minha coxa de novo. Dessa vez, mais firme.
— E se ele gostar… — seu olhar cravou no meu. — Aí sim, Caio. Seu treinamento vai realmente começar.
Jantar para três
Cheguei ao endereço pontualmente às 20h. A residência era elegante, de alto padrão, com luzes baixas visíveis da varanda. Minhas mãos suavam. Por baixo da calça social, eu vestia a camisola fina que Lorena havia mandado. A pele ainda ardia da depilação. Meus passos eram contidos, como se cada movimento precisasse de permissão.
Ela abriu a porta como se já estivesse me esperando há horas.
— Boa noite, Caio. Está lindo.
Seus olhos deslizaram pelo meu corpo com lentidão.
— Entrou no clima?
Entrei. O perfume do ambiente era envolvente, e uma trilha de jazz suave preenchia o ar. O apartamento era silencioso, com uma atmosfera que parecia pensada para me desmontar aos poucos.
— Rodrigo está terminando de se arrumar — ela disse, indo até a bancada da cozinha e pegando duas taças de vinho. Estava descalça, com um vestido justo, preto, de decote profundo e fenda generosa. Estonteante. Inalcançável.
— Fique à vontade. Sente-se ali.
Obedeci. As pernas desconfortáveis por causa da camisola sob a calça. Eu me sentia exposto, mesmo totalmente vestido. A sensação de estar nu diante dela — diante deles — era mais psicológica do que física. Mas era real.
Ela se sentou ao meu lado. Seu perfume me cercava. Pegou o vinho, tomou um gole, e me olhou de lado.
— Sabe o que mais gosto em você, Caio?
— Não… — respondi, tentando manter o controle da voz.
— A forma como você tenta esconder o desejo.
Ela passou os dedos lentamente pela taça.
— Você finge que está no controle, mas a cada gesto meu… você cede.
Abaixei o olhar. Ela tinha razão. Eu sabia disso.
— E hoje? — arrisquei perguntar.
— Hoje você será observado. Testado.
Antes que eu pudesse reagir, uma voz grave soou perto da entrada.
— Achei que vocês já tivessem começado sem mim.
Me virei.
Rodrigo.
Alto, moreno, barba cerrada, ombros largos. Vestia apenas uma calça de linho e uma camisa semiaberta no peito. Ele tinha uma presença que preenchia o cômodo — e um olhar que parecia pesar mais do que palavras.
— Então você é o Caio.
— Sim, senhor — saiu antes que eu conseguisse pensar.
Ele sorriu brevemente e foi até Lorena, beijando-a com uma naturalidade que me arrepiou. Depois se virou para mim.
— Você obedece bem?
Antes que eu respondesse, Lorena falou por mim:
— Está aprendendo. Tem muito a corrigir ainda. Mas hoje... é um bom dia para começar.
O jantar correu entre pratos leves, vinho, e uma tensão quase palpável. Rodrigo fazia perguntas diretas, incisivas, mas sempre com um tom controlado. Eu me esforçava para manter a postura. Para não corar demais. Para não tremer.
— Lorena me contou que você está usando algo especial por baixo. Está confortável?
Engoli em seco. Vi o brilho no olhar dela, se divertindo com meu embaraço.
— Um pouco… — murmurei.
Rodrigo se levantou e veio até mim.
— Fique em pé.
Obedeci, devagar.
Ele puxou levemente a cintura da minha calça e espiou por dentro, como se inspecionasse uma peça de vitrine.
— Bonita escolha. Fica melhor em você do que eu imaginava.
Lorena assistia à cena com um sorriso perverso.
— Ele ainda tem vergonha — comentou. — Mas está se acostumando. A camisola está colando na pele, não é, Caio?
Fechei os olhos por um segundo. Meu corpo inteiro parecia em chamas. Aquele jogo… estava me consumindo.
Rodrigo voltou ao lugar e se sentou com calma.
— Sente-se de novo. Sem cruzar as pernas.
Obedeci.
Lorena se aproximou e sussurrou no meu ouvido, a voz grave, quente, imperativa:
— Hoje não é sobre gozar.
Sua mão pousou na minha coxa e começou a subir, lentamente.
— É sobre ser moldado. E amanhã… será mais intenso.
Rodrigo completou:
— Se for aprovado hoje, amanhã verá o que é obediência de verdade.
Fiquei calado. Sentia o coração batendo fora do ritmo. O vinho. A camisola. A presença deles. O controle absoluto do ambiente. Era só um jantar — mas parecia um ritual.
E eu… eu já estava entregue.
Depois do jantar, Lorena recolheu os pratos com uma naturalidade doméstica que contrastava com tudo o que estava acontecendo. Eu quis ajudar, mas ela só me lançou um olhar — daqueles que dizem “não”. Fiquei sentado. Rodrigo me observava como se estudasse um experimento. O silêncio entre nós não era desconfortável. Era denso.
Quando ela voltou, trazia três taças. Um vinho mais forte, mais escuro. Entregou uma a cada um e ficou de pé, diante da poltrona onde eu estava. Rodrigo estava mais ao fundo, encostado na bancada da cozinha, braços cruzados.
— Levanta, Caio — ela disse. A voz era calma, mas não aceitava recusa.
Me levantei. As pernas um pouco trêmulas, a camisola colando na pele.
— Tira a camisa.
Engoli em seco. As mãos foram ao botão, e cada movimento parecia ampliar o silêncio da sala. Quando a camisa caiu, senti o ar frio no corpo. Meus mamilos arrepiaram.
— Agora a calça — ela continuou, como se dissesse “fecha a janela”.
Hesitei por um segundo, e Rodrigo se moveu, apenas um passo — mas o suficiente pra me lembrar de onde eu estava.
Soltei o cinto. Abri o zíper com os dedos trêmulos. A calça caiu, e ali estava eu: de camisola vermelha, fina, quase transparente — e por baixo dela, a calcinha fio-dental preta que Lorena havia escolhido. A renda cavada desaparecia entre as minhas nádegas, e a parte da frente mal cobria o volume constrangido da minha excitação.
Senti o rosto queimar. A camisola revelava mais do que escondia. E eu sabia — era isso o que eles queriam.
Lorena deu um passo à frente, inclinou levemente a cabeça e soltou, como quem comenta o tempo:
— Essa sua bunda... é mais feminina que a de muita mulher.
Fiquei paralisado.
— Redondinha, marcada... e agora, completamente entregue. Essa calcinha realça cada curva. A costura da renda entra direitinho no meio dela. Como se seu corpo tivesse sido feito pra isso.
Rodrigo se aproximou por trás. Pude sentir sua presença antes de qualquer toque. Suas mãos foram lentas ao levantar a barra da camisola, expondo minhas nádegas. A calcinha já havia escorregado um pouco com o movimento da calça. Ele ajeitou com os dedos, puxando a fita até que ficasse bem ajustada entre elas.
— Hm — ele murmurou. — Essa bunda foi feita pra ser usada.
Lorena se abaixou diante de mim, passando as mãos pela parte interna das minhas coxas depiladas, como se estivesse avaliando uma peça rara.
— Ainda sente vergonha? — ela sussurrou.
Assenti, quase sem ar.
Ela sorriu, satisfeita.
— Ótimo. Olha pra mim — ela disse.
Levantei os olhos.
— Respira. E sente. Isso é controle. Isso é entrega. Está sentindo?
Assenti, sem conseguir falar. O pau pressionava contra o tecido, preso, mas vivo.
Rodrigo se aproximou. Lentamente. Pegou minha taça da minha mão, tomou um gole, e a colocou de lado. Depois, levantou uma alça da camisola com o dedo e deixou-a estalar de volta contra meu ombro.
— Bonito. Humilhado do jeito certo — disse ele, baixo.
Fiquei imóvel. Cada palavra dele reverberava no meu peito.
— Deita ali no tapete — Lorena apontou.
Me abaixei, sem saber o que esperar. O vinho fazia minha cabeça girar leve. O calor no ventre, o suor nas costas, o nervosismo martelando no peito.
Ela se ajoelhou ao meu lado, e com um gesto lento, levantou a barra da camisola. Suas unhas longas roçaram minha coxa depilada. Fiquei arqueado de tensão.
— Vai dizer alguma coisa, Caio? — ela perguntou.
— Eu… não sei — sussurrei.
Rodrigo se ajoelhou do outro lado.
— Está lindo assim. Mas falta algo.
— Falta entrega — completou ela.
Os dois me observavam. Juntos. Como se eu fosse o centro de um culto silencioso.
Ela levou a mão até minha virilha e apertou levemente, com precisão. O gemido escapou da minha garganta sem permissão.
— Shhh… hoje não é pra gozar, lembra?
Assenti, mordendo os lábios.
Rodrigo passou a mão pela lateral da minha costela, pelo tórax, pelo pescoço, até que seus dedos seguraram meu queixo.
— Vai olhar pra mim agora. Quero ver seus olhos enquanto ela te toca.
Lorena puxou a camisola pra cima, revelando tudo. Meu sexo estava duro, pulsando, preso e humilhado por aquele tecido feminino.
Ela o envolveu com uma das mãos. Apertou devagar, só o suficiente pra me fazer perder o ar — e depois soltou.
— Está quase pronto, Caio.
— Pronto pra quê? — consegui perguntar, num fio de voz.
Rodrigo sorriu, inclinando-se até que sua boca quase tocasse meu ouvido:
— Pronto pra ser nosso brinquedo. Nosso projeto. Nosso prazer.
Fiquei ali, no chão, com os dois ao meu redor. Não era mais um jantar. Era um rito. Era uma iniciação.
E eu sabia, com cada parte do corpo, que aquela noite… não terminaria ali.
Rodrigo ajeitou a gola da camisa, como se nada ali fosse fora do comum, e disse, com voz baixa, firme:
— Ajoelha.
Minhas pernas cederam antes que eu processasse. Estava ali, no tapete macio da sala, com a camisola erguida até a cintura, a calcinha fio dental cravada entre as nádegas, o rosto quente de vergonha e tesão. A humilhação era tão real quanto o pulsar do meu pau, encolhido e sufocado pelo tecido rendado.
Lorena se sentou no sofá à minha frente. Cruzou as pernas, deixando à mostra a pele clara, o salto pendendo da ponta dos dedos. O olhar dela era o de sempre — calmo, absoluto.
— Coloque as mãos no chão — ela disse. — Quero ver você de quatro. Devagar.
Engoli em seco. Me virei, as palmas no tapete, os joelhos afastados. Sentia o ar tocar minha pele exposta. A calcinha mal escondia nada agora. Estava vulnerável. E sabia disso. E queria isso.
Rodrigo se aproximou por trás. Sua mão grande pousou sobre a minha bunda, apertando-a com força. Depois estalou um tapa seco, firme. Um gemido escapou da minha garganta — de dor e alívio.
— Vai aprendendo — ele murmurou. — Corpo bonito, bunda obediente.
Lorena estendeu uma taça de vinho, tranquilamente.
— Beija o salto — ela disse.
Me virei parcialmente, tremendo. Me aproximei da ponta do salto dela e beijei. Primeiro um toque leve. Depois, mais uma vez, com a boca aberta. Ela soltou um risinho.
— Boa cadelinha.
Rodrigo segurou meus quadris e puxou a calcinha até o meio das coxas. A sensação de ter a pele tão exposta, a bunda erguida e observada, me fazia perder a noção do tempo.
— Você ainda está duro — ele comentou, seco.
— Sim, senhor — minha voz saiu trêmula.
— Isso é bom. Significa que está pronto.
Senti o dedo dele escorregar por entre as nádegas, apenas provocando, só pra me fazer estremecer. Me contorci sem querer.
Lorena bebeu mais um gole de vinho, cruzando as pernas de novo.
— Olha como ele já responde. Mal começamos.
Rodrigo inclinou-se e sussurrou em meu ouvido:
— Hoje, você vai aprender a servir. E não tem volta, Caio.
Fechei os olhos.
Eu já sabia. Não tinha volta desde a primeira vez que disse sim.
— Hoje — disse Lorena, encostando-se ao batente da porta — vamos subir um degrau.
Eu estava ajoelhado no tapete, ainda de camisola, a calcinha fio-dental moldando minha bunda com perfeição. Sentia o tecido colado entre as nádegas, e a pele ainda ardia dos toques e tapas anteriores.
Rodrigo, sentado no sofá, me observava em silêncio. A presença dele era sólida, constante, como se o ar da sala se curvasse ao redor do seu corpo.
Lorena veio até mim e parou atrás das minhas costas. Um pano escuro desceu pela lateral do meu rosto.
— Fique completamente imóvel, Caio.
Eu obedeci.
Ela amarrou a venda devagar, com calma cruel. O tecido cobria meus olhos e mergulhava tudo num breu absoluto. O coração disparou. Cada som se intensificou. Cada cheiro, cada respiração… parecia mais próximo, mais íntimo.
— Sabe por que estou te vendando?
— Pra… me testar?
— Não. Pra te libertar — sussurrou ela, rente ao meu ouvido. — Quando não se vê, o corpo sente melhor. Você perde o controle e sente mais verdade. Você sente a gente.
Senti os dedos dela afagando minha nuca. Um toque carinhoso. Em seguida, um tapa seco na bunda.
Rodrigo se aproximou. Eu ouvi os passos dele. Ouvi o zíper da calça. O tilintar do cinto.
— Deite com o peito no tapete. Bunda empinada. As mãos estendidas à frente.
Obedeci, cada movimento hesitante, cego. A vergonha queimava mais do que nunca. Mas junto dela… vinha algo mais quente ainda: a excitação de não ter mais escolha.
Rodrigo acariciou minhas nádegas com o dorso dos dedos, depois as afastou lentamente. A calcinha já praticamente não cobria nada. Ele passou os dedos sobre o elástico, e comentou:
— Tão apertada… essa calcinha está marcando sua bunda como se fosse feita sob medida. Uma bunda de menina. Redonda, sensível… feita pra ser guiada.
Lorena falou ao fundo:
— Ele precisa aprender a entregar mais. A confiar mesmo sem ver.
Senti as mãos deles ao mesmo tempo — uma na coxa, outra entre os ombros. A respiração pesada. E o toque mudou: não era mais só contato. Era intenção.
Rodrigo se ajoelhou atrás de mim, encostando seu quadril no meu. Não havia penetração, nem seria permitido ainda. Mas sua presença ali, firme, com o volume da ereção pressionando a calcinha, me tirava o fôlego.
— Sente isso? — ele disse. — Isso é o que espera por você quando for digno. Por enquanto… só pode imaginar.
Lorena se abaixou à minha frente, puxou meu rosto pela mandíbula, e disse com suavidade autoritária:
— Abra a boca. Só a boca. Nada de tocar com as mãos.
Obedeci. A respiração dela estava perto. Ela segurou algo. Um dedo. Um bico. Um cinto. Não sabia. Eu só sentia.
Ela roçou algo quente nos meus lábios. Um toque úmido, controlado.
— Engula. Lentamente. E não tire a venda até que eu permita.
Minha boca se moveu devagar, sentindo cada textura, cada salgado, cada umidade. Lorena guiava com os dedos, corrigia ângulos, apertava o queixo.
— Você está indo bem, Caio. Mas está tenso.
Rodrigo completou:
— A tensão denuncia o medo. E medo… é o que te impede de pertencer.
Lorena aproximou a boca do meu ouvido:
— Vamos te ensinar a ter medo do jeito certo.
Então algo mudou. As mãos deles sumiram por um instante. O silêncio caiu como uma pedra. Meu corpo todo estava em alerta.
Lorena sussurrou:
— Agora, você vai ficar aí. Imóvel. Com a venda. E vai escutar.
Os dois se afastaram. Ouvi os passos deles. O som de beijos. Risos baixos. Uma taça colocada sobre a mesa. Ela gemeu, mas distante. Rodrigo falou algo, mas inaudível.
E eu fiquei ali. Vendado. Empinado. O corpo à flor da pele. A calcinha molhada colando entre as coxas. O peito pressionado contra o tapete.
Fiquei ali, ajoelhado no tapete, o corpo em alerta, o rosto ainda quente do toque de Rodrigo. Lorena caminhou atrás de mim em silêncio, e, quando voltou a se posicionar à frente, trazia algo entre os dedos.
— Mãos para trás, Caio — ela ordenou com firmeza, mas calma.
Obedeci sem pensar. Senti o tecido firme de uma faixa se encostar ao meu rosto.
— Vamos brincar com seus sentidos. E com a sua confiança.
A venda cobria meus olhos, e o mundo sumia. Ficando somente o som da respiração deles… os passos no tapete… o ranger do couro no sofá.
Minha pele pareceu ganhar ouvidos próprios. Tudo me tocava. O ar, o silêncio, a antecipação.
A respiração de Lorena passou rente ao meu pescoço.
— Seu corpo está reagindo como eu esperava — ela sussurrou. — A camisola grudando, a calcinha tão justa que mal esconde essa bundinha deliciosa que você carrega…
Ela passou os dedos pela curva da minha nádega. Me arrepiei inteiro.
— Tão redondinha, tão feminina… Essa renda preta parece feita sob medida pra te envergonhar e te deixar lindo ao mesmo tempo.
Ouvi Rodrigo se aproximar. Senti os dedos dele no meu queixo, firmes, levantando meu rosto vendado.
— Você não precisa ver. Só obedecer.
A mão dele segurou minha nuca. A de Lorena voltou para minha cintura.
— Boca aberta, Caio — ela disse. Suave. Precisa.
Fiz o que mandou.
Senti o toque morno de um dedo entre meus lábios. Era ela.
— Não vai usar a boca como se fosse sua. Ela é nossa agora — sussurrou. — Lamba devagar. Mostre que sabe ser útil.
Obedeci. Primeiro com a língua leve. Ela me guiava, corrigia, estimulava. Cada pequeno movimento virava um comando.
— Boa língua… mais mole. Sem ansiedade. Aprenda a obedecer com a boca também.
Rodrigo riu baixo.
— Ele aprende rápido.
Senti mãos deslizarem pela minha nuca, descendo pelas costas, até segurarem meus quadris.
— Fica exatamente assim. Se mexer sem permissão… vamos parar. E vai dormir com a camisola colada no pau duro.
A ameaça me travou. O desejo também. Era insuportável… e viciante.
O jogo continuou: toques leves, palavras ditadas ao ouvido, respiração quente contra minha pele. Eles me moldavam com mãos, gestos e silêncio.
A venda não me deixava ver nada. Mas eu os sentia por todos os lados.
A cada instrução obedecida, mais elogios baixos. A cada hesitação, um aperto, um aviso, um “melhore”.
Fui engolido por aquilo.
Submisso. Vendado. Com a pele latejando e a alma em suspensão.
E, no fim, quando achei que ia quebrar, Lorena se abaixou até meu ouvido.
— Ainda não é hora de te usar por completo.
Rodrigo completou:
— Mas está chegando.
Lorena alisou meu rosto com a ponta dos dedos e disse, num sussurro abafado:
— Você está ficando pronto, Caio.
A venda continuava firme nos meus olhos. Sentia o carpete sob minha pele nua, o tecido da camisola ainda colando entre as coxas, o corpo quente, mas imóvel.
Lorena me guiou até ali sem dizer uma palavra.
— Aqui. É onde você vai dormir hoje — murmurou, com um tom tão doce que quase me fez chorar.
O chão ao lado da cama deles. Um travesseiro macio. Nada mais. O cheiro dos dois no quarto já era um tormento. Os lençóis, o perfume dela, o calor dele.
— Não vai se cobrir — disse Rodrigo. — Hoje, você dorme assim. Vendado, com a camisola colando no seu corpo… e ouvindo.
Senti os passos deles afastando-se. O ranger do colchão. Um leve sussurro. Depois, o silêncio. O quarto ficou úmido de tensão.
Então… começou.
Primeiro, risos baixos. Depois, um beijo que eu escutei com o corpo inteiro. O som das roupas deslizando, o lençol se mexendo, a respiração ficando mais pesada.
— Você acha que ele está ouvindo? — Lorena cochichou.
Rodrigo respondeu, com a voz rouca:
— Ele deve estar morrendo por dentro. Olha como ele está quieto…
— Quieto… e duro. Aposto que está se contorcendo por baixo da calcinha — ela riu.
Eu tremia. A camisola grudada, meu sexo preso, envergonhado, implorando. Mas eu não podia me tocar. Não podia me mover. Apenas escutar.
Lorena gemeu baixo, abafado, e eu quase chorei.
— Será que ele vai aguentar até o fim? — ela perguntou entre suspiros.
Rodrigo murmurou:
— Se quebrar, dorme amarrado amanhã. Se obedecer… pode ganhar um novo teste.
— Você ouve isso, Caio? — ela sussurrou, como se estivesse ao meu lado, mas sabia que estava acima de mim, no gozo deles. — Isso é o som de quem sabe o que quer. E, se você continuar se entregando, um dia… vai merecer.
Meus olhos ardiam sob a venda. O corpo vibrava de desejo, mas a alma… a alma flutuava. Eu não era mais meu.
E dormi assim: duro, trêmulo, vendado. Ouvindo Lorena gemer. Ouvindo Rodrigo comandar. Sendo moldado pelo som do que ainda não era meu.